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Fisiologia humana II

Docente: Laura Gonçalves

Sumário: Estudo sobre o funcionamento do sistema renal

O sistema urinário é composto pelos rins e por outras estruturas acessórias. O estudo da função renal é
chamado de fisiologia renal, da palavra em latim renes, que significa “rins”.

Anatomia do sistema renal

 Rins direito e esquerdo


 Uréter
 Bexiga urinária
 Uretra

Iniciaremos seguindo o trajeto que uma gota de água segue desde o plasma até a sua excreção na urina. A
produção da urina inicia quando a água e os solutos se deslocam do plasma para o interior dos rins nos
tubos ocos (néfrons), que compõem a maior parte dos dois rins. Esses túbulos modificam a composição do
líquido à medida que ele passa ao longo dessas estruturas. O fluido já alterado, agora chamado de urina, deixa
os rins e passa por um tubo, chamado de ureter. Existem dois ureteres, cada um partindo de um rim e se
dirigindo para a bexiga urinária. A bexiga se expande e é preenchida com a urina até que, em um reflexo,
chamado de micção, ela se contrai e elimina a urina através de um único tubo, a uretra.

A uretra, nos homens, sai do corpo através do corpo do pênis. Nas mulheres, a abertura uretral é encontrada
anterior às aberturas da vagina e do ânus. Devido à extensão mais curta da uretra nas mulheres e sua
proximidade com bactérias originárias do intestino grosso, as mulheres são mais propensas que os homens
a desenvolverem infecções bacterianas na bexiga urinária e nos rins, ou infecções do trato urinário (ITUs).

A causa mais comum de ITUs é a bactéria Escherichia coli, uma habitante natural do intestino grosso humano.
A E. coli não é prejudicial enquanto presente apenas no lúmen do intestinogrosso, mas é patogênica quando
alcança a uretra. O sintoma mais comum de uma ITU é dor ou ardência durante a micção e aumento na
frequência de micção. Uma amostra de urina de um paciente com uma ITU muitas vezes contém muitos
eritrócitos e leucócitos, nenhum dos quais é encontrado normalmente na urina. As ITUs são tratadas com
antibióticos.

Os rins Os rins são o local de produção da urina. Cada rim situa-se em um lado da coluna vertebral ao nível da
décima primeira e décima segunda costelas, logo acima da cintura. Embora eles estejam abaixo do diafragma,
eles estão tecnicamente fora da cavidade abdominal, entre o peritônio membranoso, que reveste o abdome, e
os ossos e os músculos do dorso. Devido à sua localização atrás da cavidade peritoneal, os rins são algumas
vezes descritos como órgãos retroperitoneais.
Elementos vasculares dos rins

A superfície côncava de cada rim está voltada para a coluna vertebral. Os vasos sanguíneos renais, os nervos,
os vasos linfáticos e os ureteres emergem a partir dessa superfície. As artérias renais, as quais são ramos da
parte abdominal da aorta, fornecem sangue para os rins. As veias renais levam sangue dos rins para a veia
cava inferior.

O sangue entra no rim pela artéria renal, antes de seguir para as artérias menores, e, depois, para as arteríolas
no córtex . Nesse ponto, o arranjo dos vasos sanguíneos forma um sistema porta, um dos três presentes no
corpo. Lembre-se que um sistema porta é formado pela presença de duas redes de capilares em série (uma
após a outra).

No sistema porta renal, o sangue flui das artérias renais para uma arteríola aferente. Das arteríolas aferentes,
o sangue passa para uma primeira rede de capilares, uma rede em forma de novelo, chamada de glomérulo.
O sangue que deixa os glomérulos passa para uma arteríola eferente, e, então, para uma segunda rede de
capilares, os capilares peritubulares, que cercam o túbulo renal. Nos néfrons justamedulares, os longos
capilares peritubulares que penetram na medula são chamados de vasos retos . Por fim, os capilares
peritubulares convergem para a formação de vênulas e pequenas veias, enviando o sangue para fora dos rins
através da veia renal.

Estrutura microscopica dos rins

Os rins recebem 20 a 25% do débito cardíaco, embora constituam apenas 0,4% do peso total do corpo (120-
170 gramas cada). Essa alta taxa de fluxo sanguíneo através dos rins é crítica para a função renal.Uma secção
transversal através de um rim mostra que o seu interior é dividido em duas camadas: um córtex externo e uma
medula interna. As camadas são formadas pelo arranjo organizado de túbulos microscópicos, chamados de
néfrons.

Cerca de 80% dos néfrons de um rim estão presentes quase que completamente no interior do cortex (néfrons
corticais), ao passo que os outros 20% – chamados de néfrons justamedulares – penetram no interior da medula
.
O néfron é a unidade funcional do rim. (Uma unidade funcional é a menor estrutura que pode efetuar todas as
funções de um órgão.) Cada um dos cerca de 1 milhão de néfrons de cada rim é dividido em segmentos e cada
segmento é intimamente associado com vasos sanguíneos.

O néfron inicia em uma estrutura oca globular, chamada de cápsula de Bowman, a qual envolve o glomérulo.O
endotélio do glomérulo é unido ao epitélio da cápsula de Bowman, de modo que o líquido filtrado dos capilares
passa diretamente para dentro do lúmen tubular. O conjunto formado pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman
é chamado de corpúsculo renal.

A partir da cápsula de Bowman, o filtrado flui para o interior do túbulo proximal e, após, para a alça de Henle,
um segmento em forma de grampo que desce até a medula e, posteriormente, retorna para o córtex. A alça de
Henle é dividida em dois ramos, um ramo descendente fino e um ramo ascendente com segmentos fino e
grosso. O fluido, então, chega até o túbulo distal. Os túbulos distais de até oito néfrons drenam para um único
tubo maior, chamado de ducto coletor. (O túbulo distal e seu ducto coletor formam o néfron distal.) Os ductos
coletores passam do córtex para a medula e drenam na pelve renal.

Da pelve renal, o líquido filtrado e modificado, agora chamado de urina, flui para o ureter no seu trajeto rumo à
excreção. Observe, como o néfron se torce e se dobra para trás sobre si mesmo, de modo que a parte final do
ramo ascendente da alça de Henle passa entre as arteríolas aferente e eferente. Essa região é denominada
aparelho justaglomerular.
Funções do sistema urinário

Imagine beber uma lata de refrigerante (355 mL) a cada três minutos: após 24 horas, você terá ingerido o
equivalente a 90 garrafas de dois litros. A ideia de colocar 180 L no seu trato gastrintestinal é irreal, mas essa
é a quantidade de plasma que passa nos néfronsa cada dia. Como o volume médio de urina que deixa o rim é
de apenas 1,5 L por dia, mais de 99% do líquido que entra nos néfrons precisa voltar para o sangue, caso
contrário, o corpo desidrataria rápidamente.

1. Regulação do volume do líquido extracelular e da pressão arterial. Quando o volume do líquido


extracelular diminui, a pressão arterial também diminui. Se o volume do líquido extracelular e a pressão arterial
caem até níveis muito baixos, o corpo não pode manter um fluxo adequado de sangue para o encéfalo e outros
órgãos essenciais. Os rins trabalham de uma maneira integrada com o sistema circulatório para assegurar que
tanto a pressão arterial quanto a perfusão tecidual permaneçam em uma
faixa aceitável.

2. Regulação da osmolalidade. O corpo integra a função renal com o comportamento, como a sede, para
manter a osmolalidade do corpo em um valor próximo de 290 mOsM. Analisaremos as vias reflexas para a
regulação do volume do LEC e da osmorlaridade posteriormente.

3. Manutenção do equilíbrio iônico. Os rins mantêm a concentração de íons-chave dentro de uma faixa normal
pelo balanço entre a sua ingestão e a sua perda urinária. O sódio (Na_) é o principal íon envolvido na regulação
do volume do líquido extracelular e da osmolalidade. As concentrações dos íons potássio (K_) e cálcio (Ca2_)
também são estritamente reguladas.

4. Regulação homeostática do pH. O pH plasmático é normalmente mantido dentro de uma faixa muito estreita
de variação. Se o líquido extracelular se torna muito ácido, os
rins excretam H_ e conservam íons bicarbonato (HCO3) que atuam como tampão. Inversamente, quando o
líquido extracelular se torna muito alcalino, os rins excretam HCO3 e conservam H. Os rins exercem um papel
importante na regulação do pH, mas não são capazes de corrigir desequilíbrios no pH tão rapidamente quanto
os pulmões.

5. Excreção de resíduos. Os rins removem produtos do metabolismo e xenobióticos, ou substâncias estranhas,


como fármacos e toxinas ambientais. Os produtos do metabolismoincluem a creatinina do metabolismo
muscular e resíduos nitrogenados, como a ureia e o ácido úrico. Um metabólito da hemoglobina, chamado de
urobiolinogênio, dá a ela sua cor amarela característica. Os hormônios são outras substâncias endógenas
retiradas do sangue pelos rins. Exemplos de substâncias estranhas excretadas pelos
rins incluem o adoçante artificial sacarina e o ânion benzoato, parte do conservante benzoato de potássio, que
você ingere toda vez que bebe um refrigerante diet.

6. Produção de hormônios. Embora os rins não sejam glândulas endócrinas, eles desempenham um
importante papel em três vias endócrinas. As células renais sintetizam eritropoetina, a citocina/hormônio que
regula a produção dos eritrócitos. Os rins também liberam renina, uma enzima que regula a produção de
hormônios envolvidos no equilíbrio do sódio e na homeostasia da pressão sanguínea. Por fim, as enzimas renais
auxiliam na conversão da vitamina D3 em um hormônio ativo que regula o equilíbrio do Ca2

Funções dos nefrons

Três processos básicos ocorrem nos néfrons: filtração, reabsorção


e secreção.

1.Filtração é o movimento de líquido do sangue para o lúmen do néfron. A filtração ocorre apenas no
corpúsculo renal, onde as paredes dos capilares glomerulares e da cápsula de Bowman são modificadas para
permitir o fluxo do líquido.
Uma vez que o fluido filtrado, chamado de f iltrado, chega ao lúmen do néfron, ele se torna parte do
meio externo ao corpo, da mesma forma que as substâncias no lúmen intestinal fazem parte do meio
externo. Devido a essa razão, tudo que é filtrado nos néfrons é destinado à excreção na urina , a não
ser que seja reabsorvido para o corpo. Após o filtrado deixar a cápsula de Bowman, ele é modificado
pelos processos de reabsorção e secreção.

O volume de fluido que é filtrado para dentro da cápsula de Bowman por unidade de tempo é a taxa de filtração
glomerular (TFG). A TFG média é de 125 mL/min, ou de 180 L/dia, uma taxa impressionante, considerando-
se que o volume plasmático total é de apenas cerca de 3 litros. Essa taxa significa que os rins filtram todo o
volume plasmático 60 vezes por dia, ou 2,5 vezes a cada hora. Se a maior parte do filtrado não fosse reabsorvida
durante a sua passagem pelo néfron, ficaríamos sem o pA autorregulação da TFG é um processo de controle
local, no qual o rim mantém uma TFG relativamente constante frente às
flutuações normais da pressão arterial. Uma função importante da autorregulação da TFG é proteger as
barreiras de filtração da pressão arterial alta que pode danificá-laslasma em apenas 24 minutos de filtração.

A depuração descreve quantos mililitros de plasma que passam pelos rins são totalmente limpos de um soluto em um dado
período de tempo.

2. reabsorção é um processo de transporte de substâncias presentes no filtrado, do lúmen tubular de


volta para o sangue através dos capilares peritubulares.

3.A secreção remove seletivamente moléculas do sangue e as adiciona ao filtrado no lúmen tubular.
Embora a secreção e a filtração glomerular movam substâncias do sangue para dentro do túbulo, a
secreção é um processo mais seletivo que, em geral, usa proteínas de membrana para transportar
as moléculas através do epitélio tubular.

4.Excreção : garante a estabilidade das funções fisiólogicas do organismo.É principal responsável


pelo controle da quantidade de água eliminada pelo organismo e pela eliminação de sais minerais e
das excretas nitrogenadas.
Reflexo da micção

Uma vez que o filtrado deixa os ductos coletores, ele já não pode mais ser modificado, e a sua composição não
se altera. O filtrado, agora chamado de urina, flui para a pelve renal e, então, desce pelo ureter, em direção à
bexiga urinária, com a ajuda de contrações rítmicas do músculo liso. A bexiga urinária é um órgão oco cujas
paredes contêm camadas bem desenvolvidas de músculo liso. Na bexiga, a urina é armazenada até que seja
excretada no processo conhecido como micção.

A bexiga urinária pode se expandir para armazenar um volume aproximado de 500 mL de urina. O colo da
bexinga é contínuo com a uretra, um tubo único pelo qual a urina passa até alcançar o meio externo. A abertura
entre a bexiga e a uretra é fechada por dois anéis musculares, chamados de esfincteres.

O esfincter interno da uretra é uma continuação da parede da bexiga e é formado por músculo liso. Seu tônus
normal o mantém contraído. O esfincter externo da uretra é um anel de músculo esquelético, controlado por
neurônios motores somáticos.

A estimulação tônica proveniente do sistema nervoso central mantém a contração do esfincter externo, exceto
durante a micção. A micção é um reflexo espinal que está sujeito aos controles consciente e inconsciente pelos
centros superiores do encéfalo. À medida que a bexiga urinária se enche com urina e as suas paredes se
expandem, receptores de estiramento enviam sinais através de neurônios sensoriais para a medula espinal. Lá,
a informação é integrada e transferida a dois conjuntos de neurônios. O estímulo da bexiga urinária cheia
estimula os neurônios parassimpáticos, que inervam o músculo liso da parede da bexiga urinária. O músculo
liso contrai, aumentando a pressão no conteúdo da bexiga urinária.

Simultaneamente, os neurônios motores somáticos que inervam o esfincter externo da uretra são inibidos. A
contração da bexiga urinária ocorre em uma onda, a qual empurra a urina para baixo, em direção à uretra. A
pressão exercida pela urina força o esfincter interno da uretra* a abrir enquanto o esfincter externo relaxa. A
urina passa para a uretra e para fora do corpo, auxiliada pela gravidade.

Este reflexo de micção simples ocorre principalmente em crianças que ainda não foram treinadas para o controle
dos esfincteres. Uma pessoa que foi treinada para o controle esfincteriano
adquire um reflexo aprendido, que mantém o reflexo da micção inibido até que ele ou ela deseje
conscientemente urinar.

O reflexo aprendido envolve fibras sensoriais adicionais à bexiga urinária, que sinalizam o grau de enchimento.
Centros no tronco encefálico e no córtex cerebral recebem essa informação e superam
o reflexo de micção básico, inibindo diretamente as fibras parassimpáticas e reforçando a contração do esfincter
externo da uretra. Quando chega o momento apropriado para urinar, esses mesmos centros removem a inibição
e facilitam o reflexo, inibindo a contração do esfincter externo da uretra.

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