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D0ENçAs

RENAIs

DOENÇAS
RENAIS

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INTRODUÇÃO
Os rins são os órgãos do sistema urinário responsáveis pela formação da urina.
Apresen- tam um formato que lembra o de um feijão, e possuem um tamanho
compreendido entre 10 cm e 13 cm de comprimento e peso de 120 g a 180 g.
Externamente, percebe-se que o rim é revestido pela cápsula verdadeira, pela
gordura perirrenal e pela fáscia renal. Internamente, percebe-se duas porções distintas, o
córtex e a me- dula, regiões onde estão os néfrons, unidades funcionais dos rins.
Órgãos vitais para o funcionamento do nosso corpo, os rins merecem atenção. Entre
os principais cuidados que devemos ter com eles estão: ingestão de água e redução do
consumo de sal. Os cálculos renais e a insuficiência renal são alguns dos problemas que os
acometem.

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ANATOMIA DOS RINS


Os rins são dois órgãos que fazem parte do nosso sistema urinário. Estão localizados
na região lombar, acima da cintura, um em cada lado da coluna vertebral. O rim direito
normal- mente é menor que o esquerdo e está em uma posição um pouco mais baixa.
Possuem o formato de feijão, com uma borda convexa e uma borda côncava. Na
região côncava, encontra-se o hilo, uma espécie de fissura pela qual passam vasos
sanguíneos e lin- fáticos, nervos, e a pelve renal (porção dilatada do ureter).

O rim é envolvido mais externamente por uma cápsula, denominada cápsula


verdadeira, uma membrana lisa aderida intimamente ao órgão. Externamente a essa
cápsula, encontra-se a gordura perirrenal, formada por tecido adiposo. Por fim, temos a
fáscia renal, que ajuda a man- ter o rim em sua posição normal, garantindo que o órgão
ligue-se a estruturas vizinhas.
Analisando-se a estrutura interna do rim, podemos perceber duas regiões distintas: o
córtex e a medula. A medula é uma região central e mais escurecida, enquanto o córtex é
uma região periférica e mais pálida.
A medula é formada pelas pirâmides renais, que possuem ápices que convergem for-
mando as papilas, que se projetam em cálice menor. Os cálices menores unem-se e
formam cálices maiores, os quais desembocam na pelve renal. A região do córtex, por sua
vez, estende-
-se da cápsula até a base das pirâmides.
O rim humano caracteriza-se por ser multilobar. Cada lobo é formado por uma
pirâmide e pelo tecido cortical, que está na base dessa pirâmide e também em suas
laterais.
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Passando pelo córtex e pela medula estão os chamados néfrons, as unidades


estruturais dos rins. Estima-se que um rim humano pode apresentar 1 milhão de néfrons.
Cada néfron é formado por um corpúsculo renal e um longo túbulo.
O corpúsculo renal é formado pelo glomérulo, um enovelado de capilares, e por uma
re- gião expandida que envolve o glomérulo, chamada cápsula glomerular ou cápsula de
Bowman. Parte da cápsula um longo túbulo, que apresenta três regiões: o túbulo contorcido
proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal. Este último abre-se no túbulo coletor.

FUNÇÃO DOS RINS


Os rins são órgãos responsáveis por garantir o equilíbrio interno do nosso corpo,
produ- zindo a urina, que elimina uma série de resíduos do metabolismo e substâncias em
excesso no meio interno. Os rins funcionam, portanto, como grandes filtros que garantem a
filtragem do sangue e a retirada das toxinas e outras substâncias. O processo de filtragem
do sangue e for- mação da urina ocorre nos néfrons. Os rins são responsáveis, ainda, por
outras funções, como secreção de hormônios e ativação da vitamina D.

Excreção de produtos finais de diversos

metabolismos; Produção de hormônios;

Controle do equilíbrio

hidroeletrolítico; Controle do

metabolismo acidobásico; Controle

da pressão arterial. 4
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FORMAÇÃO DA URINA

A formação da urina é um processo importante que ocorre nos rins, um dos órgãos
que compõem nosso sistema urinário. Por meio da urina, eliminamos substâncias
que se encontram em excesso e que são tóxicas para o nosso corpo, como é o
caso da ureia, formada durante o metabolismo dos compostos nitrogenados.

ONDE OCORRE A FORMAÇÃO DA URINA?

A urina é formada no interior dos rins, em uma região conhecida como néfrons.
Os néfrons, que medem cerca de 30 a 55mm, são as unidades funcionais dos rins.
Eles são formados basicamente pelo corpúsculo renal e um tubo longo que
desemboca nos tubos coletores de urina.

O corpúsculo renal é constituído pelos glomérulos, que são formados por um


enove- lado de capilares envoltos por uma cápsula renal, também chamada de
cápsula de Bowman. Ligado ao corpúsculo, encontra-se um longo tubo que pode
ser dividido em três partes: túbulo proximal, alça néfrica ou de Henle e túbulo
distal.

O sangue chega aos rins pela artéria renal, que se ramifica até formar as chamadas
ar- teríolas aferentes. Cada uma dessas arteríolas penetra em uma cápsula renal e
forma o glomérulo renal. A arteríola que sai do glomérulo é chamada de arteríola
eferente.

QUAIS SÃO AS ETAPAS DO PROCESSO DE


FORMAÇÃO DA URINA?
O processo de formação da urina ocorre em três etapas básicas: filtração, reabsorção e
secreção.

FILTRAÇÃO:

A primeira etapa da formação da urina é o processo de filtração, que ocorre no


interior do corpúsculo renal. Em razão da alta pressão do sangue no interior dos
capilares do glomérulo, substâncias extravasam para o interior da cápsula renal. O
filtrado resul- tante, que possui composição semelhante à do plasma sanguíneo,
mas com menor quantidade de proteínas, segue em direção aos túbulos renais.

Aproximadamente 1,6 mil litros de sangue são filtrados diariamente, formando 180
litros de filtrado. Desses 180 litros, são formados apenas dois litros de urina por dia,
o que demonstra uma grande reabsorção.

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REABSORÇÃO:

Nessa etapa, algumas substâncias do filtrado são reabsorvidas para o sangue. Esti-
ma-se que 65% do total de sódio e água presentes no filtrado sejam reabsorvidos
no túbulo proximal. A glicose e os aminoácidos são quase que completamente
reabsor- vidos. Na alça néfrica, são reabsorvidos principalmente sais. Já o túbulo
distal apre- senta alta capacidade de reabsorção de íons. Estima-se que cerca de
99% do filtrado seja reabsorvido nessa etapa de formação da urina.

SECREÇÃO:

Ocorre a transferência de moléculas presentes no sangue para dentro do lúmen do


néfron. Entre os principais produtos secretados, podemos citar o hidrogênio,
potássio e amônia.

DOENÇAS NOS RINS


O nosso corpo possui duas estruturas pequenas
que trabalham com eficiência na eliminação de re-
síduos. Pesando 150 g cada, os rins fazem parte do
nosso sistema excretor e osmorregulador, tendo como
função filtrar e excretar substâncias não úteis
presentes no sangue. Essa atividade é extremamente
importante e, quando não é executada
perfeitamente, é o sinal de que há algum problema
ou doença nos rins e que pode trazer muitas
complicações.
As doenças que acometem os rins são
diversas e
algumas são específicas desses órgãos, enquanto outras são ocasionadas por
inflamações em outras partes do corpo. Há doenças renais podem variar de brandas até
graves, as quais cau- sam um impacto maior no funcionamento dos rins, provocando até a
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sua perda.
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1. NEFRITE

Trata-se de uma inflamação na parte filtrante do rim, conhecida como glomérulo. A


nefri- te aguda é mais comum de ocorrer devido à infecção por bactérias. Quem contrai
essa doença tem grandes chances de se curar espontaneamente.
No caso da nefrite crônica, o quadro de inflamação é mais grave. É possível notar um
aumento na quantidade de proteína e de sangue na urina e constatar que há uma elevação
da pressão arterial. Em casos mais graves de nefrite crônica, pode-se observar também,
náuseas e vômitos, fadiga extrema mesmo após um descanso e cãibras, principalmente à
noite.

SINTOMAS

Diminuição da quantidade

de urina; Urina avermelhada;

Excesso de suor, especialmente na cara,

mãos e pés; Inchaço dos olhos ou das pernas;

Aumento da pressão arterial;

Presença de sangue na urina.

2. INFECÇÃO URINÁRIA

Essa doença é mais frequente entre as mulheres e geralmente acontece na bexiga.


En- tretanto, a infecção se torna mais grave quando atinge os rins. Os sintomas,
basicamente, são dor, ardência e urgência para urinar. Febre, dor lombar e calafrios também
podem acompanhar casos mais graves desta doença.

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SINTOMAS

Ardência ao urinar;

Necessidade de urinar com urgência várias vezes ao

dia; Urina avermelhada (com sangue);

Dores no “pé da barriga”, abaixo do abdômen.

Em casos de Pielonefrite (infecção nos rins), calafrios e cansaço também podem ser
no- tados pelos pacientes.

3. CÁLCULO RENAL

Quando minerais e outras substâncias se aglutinam e são depositados nos rins, pode
formar o cálculo renal. Essa doença provoca dor intensa, geralmente no lado do abdômen e
nas costas. Pode vir acompanhada de náuseas.

SINTOMAS

A apresentação clássica é a cólica renal, descrita como sendo


uma das piores dores conhecidas. Caracteriza-se por dor intensa,
geral- mente de início súbito, na região lombar, que pode se
irradiar para a parte anterior do abdome e eventualmente para os
testículos no
homem e para a vulva nas mulheres. Na maior parte das
vezes os qua-
dros são acompanhados de náuseas, vômitos, sudorese fria e palidez
cutânea sendo que tais pacientes invariavelmente são levados ao serviço de
emergência para anal- gesia endovenosa.

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4. OBSTRUÇÃO URINÁRIA

A parada de cálculos no interior das vias urinárias (ureteres, bexiga e uretra) dificulta a
passagem da urina e causa a sua obstrução. Um sintoma característico dessa doença é a
falta ou pequena quantidade de volume da urina e a dor ao urinar. Se não tratada
adequadamente poderá levar a perda do rim.

SINTOMAS

Dificuldade em começar a urinar;

Dificuldade em esvaziar totalmente a

bexiga; Gotejamento ou fluxo de urina

fraco;

Perda de pequenas quantidades de urina

durante o dia; Incapacidade de sentir quando a

bexiga está cheia; Aumento da pressão abdominal;

Falta de vontade de urinar;

Tensão e esforço para forçar a saída da urina

da bexiga; Micção frequente;

Noctúria (acordar mais de duas vezes à noite


para urinar).

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5. TUMORES RENAIS MALIgNOS

Essa doença é conhecida como câncer dos rins. As células sofrem mutações,
dividem-se incontrolavelmente e acabam destruindo o tecido do órgão, levando a sua
falência funcional. Os principais sintomas são sangue presente na urina e obstrução urinária.
Em casos mais avan- çados da doença são palpadas massas abdominais e dor lombar
intensa.

SINTOMAS

Presença de sangue

na urina. Dor lombar de um

lado.

Massa (caroço) na
lateral ou na parte inferior
das costas.

Fadiga.

Perda de

apetite. Perda

de peso.

Febre.

Anemia.

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IMPORTANTE

O QUE SÃO DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS?


As Doenças Renais Crônicas (DRC) são um termo
ge- ral para alterações heterogêneas que afetam tanto a
estrutura quanto a função renal, com múltiplas cau-
sas e múltiplos fatores de risco. Trata-se
de uma doença de curso prolongado, que pode
parecer benigno, mas que muitas vezes se torna
grave e que na maior parte do tempo tem
evolução assin- tomática. Na maior parte do
tempo, a evolução da
doença renal crônica é assintomática, fazendo
com que o diagnóstico seja feito tardiamente. N esses
casos,
o principal tratamento imediato é o
procedimento de hemodiálise.

INSUFICIÊNCIA RENAL
CRÔNICA

Ocorre a perda parcial da


função renal, de forma lenta,
progressiva e irreversível.

INSUFICIÊNCIA RENAL
CRÔNICA TERMINAL

Perda da função renal maior do que 85 a 90%, que leva ao aumento de


toxinas e água no organismo mais do que ele consegue suportar, sendo
necessário, então, iniciar um tratamento que substitua a função dos rins.

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TFG
ESTÁGIOS TAXA DE
FILTRAÇÃO
Funciona bem porem já apresenta
sinal de lesão (proteína ou sangue na
urina).
POUCA 1 >
90
Leve diminuișão da
filtrașão. Apresenta lesão LEVE
2 60-

3
Diminuișão modera da filtrașão
89
Apresenta lesão e alterașão MODERADA 30-59
laboratorial
Diminuișão avanșada da filtrașão
Apresenta lesão, alterașão laboratorial
e aparecimento de sintomas
GRAV
E 4 15-

5
FALÊNCI > 29
Falência renal. A
Necessidade de Diálise ou Transplante
Renal.
RENAL. 15

QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO DAS DOENÇAS


RENAIS CRÔNICAS?
Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são:

Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2).

Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial acima de 140/90


mmHg
em duas medidas com um intervalo de 1 a 2 semanas.

Idosos.

Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²).

Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente


vascular
cerebral, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca).

Histórico de Doença Renal Crônica na família.

Tabagismo.

Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que necessitam de


ajustes em pacientes com alteração da função renal.
Um dos principais fatores de risco para doença renal crônica é a diabetes e a hiper-
tensão, ambas cuidadas na Atenção Básica, principal porta de entrada para o
Sistema Único de Saúde (SUS), em uma das 42.885 Unidades Básicas de Saúde
distribuídas em
todo o Brasil. 12
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IMPORTANTE
Muitos fatores estão associados tanto à etiologia quanto à
progressão para a perda de função renal. Por estes motivos,
é importante reconhecer quem são os indivíduos que estão
sob o risco de desenvolver a doença renal crônica, com o
objetivo do diagnóstico precoce e início imediato do
tratamento.

COMO É FEITO O DIAgNÓSTICO DAS DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS?

Existem diversas formas de aferir as funções renais, incluindo um exame de urina e


exa- mes detalhados dos rins, conforme cada caso. No entanto, do ponto de vista clínico a
função excretora é aquela que tem maior correlação com os desfechos clínicos. Todas as
funções re- nais costumam declinar de forma paralela com a sua função excretora. Na
prática clínica, a função excretora renal pode ser medida por meio da Taxa de Filtração
Glomerular (TFG). Para o diagnóstico das doenças renais crônicas são utilizados os seguintes
parâmetros:

TFG alterada;

TFG normal ou próxima do normal, mas com evidência de dano renal ou


alteração no exame de imagem;

É portador de doença renal crônica qualquer indivíduo que, independente


da causa, apresente por pelo menos três meses consecutivos uma
TFG<60ml/min/1,73m².

COMO É FEITO O TRATAMENTO DAS DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS?

Para melhor estruturação do tratamento dos pacientes com doenças renais


crônicas é ne-
cessário que, após o diagnóstico, todos os pacientes sejam classificados da seguinte
maneira:

Estágio 1: TFG ³ 90mL/min/1,73m² na presença de proteinúria e/ou


hematúria ou al- teração no exame de imagem.

Estágio 2: TFG ³ 60 a 89

mL/min./1,73m². Estágio 3a: TFG ³ 45 a

59 mL/min./1,73m². Estágio 3b: TFG ³

30 a 44 mL/min./1,73m². Estágio 4: TFG

³ 15 a 29 mL/min./1,73m². 13
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A classificação deve ser aplicada para tomada de decisão no que diz respeito ao
encami- nhamento para os serviços de referências e para o especialista, conforme cada
caso. Para fins de organização do atendimento integral ao paciente com doença renal
crônica (DRC), o trata- mento deve ser classificado em conservador, quando nos estágios de
1 a 3, pré-diálise quando 4 e 5-ND (não dialítico) e Terapia Renal Substitutiva (TRS) quando 5-
D (dialítico)
O tratamento conservador consiste em controlar os fatores de risco para a progressão
da DRC, bem como para os eventos cardiovasculares e mortalidade, com o objetivo de
conservar a TFG pelo maior tempo de evolução possível.
A pré-diálise consiste na manutenção do tratamento conservador, bem como no pre-
paro adequado para o início da Terapia Renal Substitutiva em paciente com DRC em estágios
mais avançados.
A Terapia Renal Substitutiva é uma das modalidades de substituição da função renal
por meio dos seguintes procedimentos:

Hemodiális

e; Diálise

peritoneal;

Transplante

renal.

Para os pacientes com Doença Crônica Renal, o S U S oferta duas modalidades de Tera-
pia Renal Substitutiva (TRS), tratamentos que substituem a função dos rins: a hemodiálise,
que bombeia o sangue através de uma máquina e um dialisador, para remover as toxinas do
orga- nismo. O tratamento acontece em clínica especializada três vezes por semana.
A diálise peritoneal feita diariamente na casa do paciente e a diálise peritoneal, que é
feita por meio da inserção de um cateter flexível no abdome do paciente, é feita diariamente
na casa do paciente, normalmente no período noturno.

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ACESSO E REgULAÇÃO DAS DOENÇAS RENAIS


CRÔNICAS
É papel da Atenção Básica a atuação na prevenção dos fatores de risco e proteção
para a doença renal crônica. Os profissionais de saúde desse nível de atenção devem estar
preparados para identificar, por meio da anamnese e do exame clínico, os casos com
suspeita e referenciá-
-los para a Atenção Especializada para investigação diagnóstica definitiva e
tratamento.
A Atenção Especializada, por sua vez, é composta por unidades hospitalares e
ambu- latoriais, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico responsáveis pelo acesso às
consultas e exames especializados.
Logo, o acesso à Atenção Especializada é baseado em protocolos de regulação
geren- ciados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, as quais competem
organizar o aten- dimento dos pacientes na rede assistencial, definindo os
estabelecimentos para os quais os pacientes que precisam do cuidado deverão ser
encaminhados.
O Ministério da Saúde - por meio do Departamento de Atenção Especializada e
Temática, da Secretaria de Atenção à Saúde (CGAE/DAET/SAS) - é o gestor, a nível federal,
das ações na Atenção Especializada às pessoas com doenças renais crônicas. Compete à
pasta definir nor- mas e diretrizes gerais para a organização do cuidado e efetuar a
homologação da habilitação dos estabelecimentos de saúde aptos a ofertarem o
tratamento aos doentes renais crônicos, de acordo com critérios técnicos estabelecidos
previamente.
Além disso, cabe ao Ministério da Saúde ofertar apoio institucional às Secretarias de
Saú- de dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no processo de qualificação e de
consoli- dação da atenção em saúde, bem como promover mecanismos de monitoramento,
avaliação e auditoria, com vistas à melhoria da qualidade das ações e dos serviços
ofertados, considerando as especificidades dos serviços de saúde e suas responsabilidades.

COMO PREVENIR AS DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS?

A prevenção das doenças renais crônicas está diretamente relacionada a estilos e


con- dições de vida das pessoas. Tratar e controlar os fatores de risco como diabetes,
hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares e tabagismo são as principais formas de
prevenir doen- ças renais. Essas doenças são classificadas como Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT), que respondem por cerca de 36 milhões, ou 63%, das mortes no
mundo, com destaque para as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença
respiratória crônica. No Brasil, corresponderam a 68,9% de todas as mortes, no ano de 2016.
A ocorrência é muito influenciada pelos estilos e condições de vida.
O tratamento de fatores de risco das Doenças Crônicas Renais faz parte das
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estratégias lideradas pelo governo federal, previstas no Plano de Ações Estratégicas para o
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a taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por Doença Renal Crônica em 2% ao ano; deter o
crescimento da obesidade em adultos; aumentar a prevalência de atividade física no lazer;
au- mentar o consumo de frutas e hortaliças; e reduzir o consumo médio de sal.
Para prevenção e tratamento da Doença Renal Crônica, o Sistema Único de Saúde
(SUS) conta com a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, na
Atenção Básica e Especializada, com a realização de transplantes.

PREVENÇÃO

Fazer exames periódicos com acompanhamento

médico; Seguir o tratamento prescrito para diabetes e/ou

pressão alta;

Perder excesso de peso seguindo uma dieta saudável e um programa de


exercícios periódicos;

Parar de fumar, se for fumante;

Evitar o uso de grandes quantidades de analgésicos vendidos sem

receita; Fazer mudanças na dieta, como reduzir o sal e a proteína;

O que
Limitar a ingestão de bebidas alcoólicas.

fazer para Pratique exercícios

se físicos regulares, pelo


150
menos
prevenir? por
minutos
semana

Evite o excesso de sal nas comidas


assim como carne vermelha e
gorduras em excesso.

Mantenha seu peso corporal sob


contro- le assim como a pressão
arterial o coles- terol e a glicose.

Não fume
as substâncias liberadas pelo
cigarro sobrecarregam os rins.

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IMPORTANTE

TRATAMENTO CONSERVADOR
É o tratamento realizado por meio de orientações importantes, medicamentos e dieta,
visando conservar a função dos rins que já têm perda crônica e irreversível, tentando evitar,
o máximo possível, o início da diálise - tratamento realizado para substituir algumas das
funções dos rins, ou seja, retirar as toxinas e o excesso de água e sais minerais do
organismo.

TRANSPLANTE RENAL
É a forma de tratamento em que, por meio de uma cirurgia, o paciente recebe um rim
de um doador (vivo ou cadáver). Neste tratamento o paciente tem que fazer uso de
medicações que inibem a reação do organismo contra organismos estranhos, neste caso, o
rim de outra pessoa, para evitar a rejeição do “novo rim”. Necessita de acompanhamento
médico contínuo.

TRANSPLANTE RENAL NO BRASIL


O Brasil é o segundo país em termos absolutos de transplante renal no mundo (cerca
de 6.000 Tx renais ao ano), atrás dos Estados Unidos com cerca de 20.000 ao ano.
Infelizmente esse número é baixo e estamos em 25º colocado dentre os países com mais
doadores (vivos + falecidos), não sendo capaz de suprir a nossa demanda. Mesmo com
quase 6.000 transplantes renais ao ano (e uma mortalidade de 1.300 pacientes aguardando
em fila) a entrada de novos pacientes é cerca de 10.000 ao ano. Estima-se que existam
cerca de 130.000 pacientes em diá- lise no Brasil e que cerca de 30.000 deles estão
inscritos em programa de transplante renal em algum serviço habilitado (22.000 ativos em
lista- habilita do são Txrenal).
Os dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) de dezembro de
2018 mostram um cenário de pouca comemoração. Apesar de um grande aumento no
número de transplantes renais entre 2008 e 2012 (42%), esta taxa de crescimento não se
manteve, tendo sido de apenas 9% nos últimos 6 anos. Esta estagnação está relacionada a
fatores associados a pouco aumento no número 17 de doadores falecidos e uma redução
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transplantes renais realizados (nove transplantes a menos que no ano anterior).

PROgRAMA DE TRANSPLANTE RENAL: CRITÉRIOS


Para se inscrever em um programa de transplante renal o paciente deve ser
encaminha- do por um nefrologista a um centro de transplante credenciado. Neste Centro
são apresenta- dos os tipos de transplante e os riscos de cada um deles. Para o Transplante
inter vivos o doa- dor também deve ser informado sobre os riscos e a técnica cirúrgica. No
Brasil, visando maior controle sobre o tráfico e venda de órgãos, o doador vivo não
relacionado (não consanguíneo) deve ter autorização judicial.

INSUFICIÊNCIA RENAL AgUDA


É a perda súbita da capacidade de seus rins filtrarem resíduos, sais e líquidos do
sangue. Quando isso acontece, os resíduos podem chegar a níveis perigosos e afetar a
composição quí- mica do seu sangue, que pode ficar fora de equilíbrio.
Também chamada de lesão renal aguda, a insuficiência é comum em pacientes que já
estão no hospital com alguma outra condição. Pode desenvolver-se rapidamente ao longo
de algumas horas ou mais lentamente, durante alguns dias. Pessoas que estão gravemente
do- entes e necessitam de cuidados intensivos estão em maior risco de desenvolver
insuficiência renal aguda.
Insuficiência renal aguda pode ser fatal e requer tratamento intensivo. No entanto,
pode ser reversível. Tudo depende do estado de saúde do paciente.

SINTOMAS DE INSUFICIÊNCIA RENAL AgUDA

Sinais e sintomas de insuficiência renal aguda podem incluir:

Diminuição da produção de urina, embora, ocasionalmente, a urina


permaneça nor-
mal;

Retenção de líquidos, causando inchaço nas pernas, tornozelos

ou pés; Sonolência;

Falta

de fome;

Falta de ar;

Fadiga;

Confusão;

N áusea
e vômitos; 18
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Convulsões ou coma, em casos graves;

Dor ou pressão no peito.


Às vezes, insuficiência renal aguda não causa sinais ou sintomas e é detectada através
de
testes de laboratório realizados por outra razão.

DIAgNÓSTICO DE INSUFICIÊNCIA RENAL AgUDA

Insuficiência renal aguda é mais frequentemente diagnosticada durante uma


internação hospitalar para outra causa. Se você já está no hospital, exames realizados por
outros proble- mas podem encontrar a doença renal.
Se você não está no hospital, mas tem sintomas de lesão renal, o médico irá
perguntar sobre seus sintomas, quais medicamentos você toma, e quais exames você fez.
Seus sintomas podem ajudar a apontar a causa do seu problema renal.
Entre os exames que fazem o diagnóstico de insuficiência renal aguda
estão: Medições da produção de urina;

Exames de urina;

Exames de

sangue;

Exames de imagem,
como ultrassom e
tomografia
computadorizada;

Remoção de uma
amostra de tecido
de rim para o teste
(biópsia).

TRATAMENTO DE
INSUFICIÊNCIA
RENAL AgUDA

O tratamento provavelmente será focado naquilo que está causando a insuficiência re-
nal, e por isso poderá variar. Por exemplo, o paciente pode precisar restaurar o fluxo de
sangue para os rins, parar todos os medicamentos que estão causando o problema ou
remover uma obstrução no trato urinário.
No entanto, existem algumas recomendações que são gerais para o tratamento
da insu-
ficiência renal aguda. Confira:

MUDANÇAS NA DIETA

Deverá ser feita uma restrição alimentar


19 e de líquidos. O objetivo é reduzir a
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PROgNÓSTICO

Durante a recuperação da insuficiência renal aguda, pode ser recomendada uma


dieta especial para não sobrecarregar os rins. Você pode ser encaminhado para um
nutricionista.
Dependendo da situação, o nutricionista pode recomendar que você:
Escolha alimentos com menos potássio. Exemplos incluem maçãs, couve, feijão verde,
uvas e morangos. O excesso de potássio no sangue pode baixar a pressão arterial
Evite produtos com adição de sal. Reduza a quantidade de sódio que você come
todos os dias, evitando produtos com adição de sal, incluindo congelados, sopas enlatadas
e fast foods. Outros alimentos com adição de sal incluem salgadinhos, conservas de
legumes e car- nes processadas e queijos. O excesso de sódio no sangue pode elevar a
pressão arterial
Limite o consumo de fósforo, uma vez que seu excesso no sangue pode enfraquecer
os ossos e causar coceira da pele. O nutricionista pode lhe dar recomendações específicas
sobre o consumo de fósforo na sua situação.

IMPORTANTE
Quando os rins se recuperarem, a dieta pode voltar ao normal.

CURIOSIDADES

ESTATÍSTICA NO BRASIL

No Brasil, 20 milhões de brasileiros sofrem com a doença renal, sendo que 100 mil
preci- sam de diálise. A média de atendimento é de 500 a 999 pacientes atendidos a cada
milhão de habitantes.

ESTATÍSTICA MUNDIAL

A cada ano, mais de 2 milhões de pessoas morrem prematuramente devido à falta


de tratamento para insuficiência renal, alerta um estudo publicado na revista The Lancet. As
esti- mativas indicam que, na melhor das hipóteses, só metade dos pacientes com
insuficiência renal no mundo recebeu tratamento em 2010. A previsão dos autores,
pesquisadores da Universida- de de Sidney, na Austrália, é de que, até 2030, o número de
óbitos mais que dobre, alcançando 5,439 milhões, especialmente na Ásia.
Na Índia, na Indonésia e na África, os dados são quase alarmantes: menos de 50
pessoas são tratadas a cada milhão. Na China, na Rússia, na Bolívia, no Peru e na Venezuela,
os números são menos piores, com 100 a 499 pessoas tratadas.

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DIÁLISE

O tratamento de hemodiálise compreende os princípios físicos de ultrafiltração (retirada


de líquidos) e de difusão (remoção de toxinas e restos do metabolismo proteico, mas também
permite suplementar o paciente com elementos em falta como o bicarbonato).
A máquina de hemodiálise é muito complexa, mas o seu sector mais importante é o
filtro de diálise, denominado pelos franceses como “rim artificial”. É nesse filtro que se
efetuam as duas funções mais relevantes da diálise (ultrafiltração e difusão).
Funciona com diversos módulos de forma a permitir assegurar que a ultrafiltração e
difu- são sejam efetuados de forma eficaz e segura. Um paciente em programa regular de
hemodiálise pode ser anúrico (urina menor de 100 cc/24 horas) e apresentar-se no início de
uma sessão de hemodiálise, por exemplo, com 4 Kg (litros) para retirar por ultrafiltração e
com potássio no seu sangue superior a 6 mEq/L (Normal < 5.0 mEq/L). No final dessa sessão
de diálise, decorrendo sem complicações, deve ter retirado esses 4 litros e normalizado o seu
valor de potássio, este por difusão.
Os pacientes em hemodiálise necessitam de um acesso vascular para efetuar essa
técnica. Preferencialmente uma fístula arteriovenosa para hemodiálise. Em alternativa pode
ser utilizado um cateter de hemodiálise ou uma prótese arteriovenosa.
A maioria das sessões de hemodiálise possui uma duração de quatro horas. As
complica- ções mais frequentes das sessões de hemodiálise são as câimbras e a hipotensão.
Em geral re- lacionam-se com a remoção de volume (peso) por ultrafiltração. A hipotensão é
menos frequente em DPCA porque a ultrafiltração é mais suave, ao longo de 24 horas.
A infeção do acesso vascular em hemodiálise ou a peritonite em DP são complicações
que podem ser mais graves mas são pouco frequentes e, sendo detectadas
atempadamente, não impedem a continuação nessas técnicas.
Os efeitos secundários ou colaterais da diálise são raros e eminentemente técnicos.
Desta- cam-se as reações aos filtros de hemodiálise de tipo anafilático mais frequentes no
passado com a utilização de óxido de etileno na esterilização dos filtros ou com
determinados tipos de filtros com fibras de AN69.
Hemodiálise em casa (no domicílio) era pouco utilizada no nosso país. Exige condições
domiciliárias ótimas, bem como uma seleção positiva dos pacientes para esta técnica de auto
di- álise. As suas vantagens são comparáveis à diálise peritoneal permitindo maior autonomia
do pa- ciente bem como a possibilidade de efetuar mais tempo de diálise, por exemplo
durante a noite.
DIÁLISE PERITONEAL:

Diálise realizada através de uma membrana (fina camada de tecido) chamada peritônio.
O peritônio está localizado dentro da barriga e reveste todos os órgãos dentro dela. Ele deixa
pas- sar, através de seus pequenos furos, as toxinas e a água que estão em excesso no
organismo. A diálise peritoneal é feita com a colocação de um líquido extremamente limpo
dentro da barriga através de um cateter. O líquido deve permanecer dentro da barriga por um
período determinado pelo médico e, quando ele for retirado, vai trazer junto com ele as
toxinas e o excesso de água e sais minerais. Esta diálise é feita em casa, após o treinamento
do paciente e de seus familiares. 21
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FÍSTULA ARTERIOVENOSA:

Ligação entre uma pequena artéria e uma pequena veia, com a intenção de tornar a
veia mais grossa e resistente, para que as punções com as agulhas de hemodiálise possam
ocorrer sem complicações. A cirurgia é feita por um cirurgião vascular e com anestesia local.
A diálise permite substituir as seguintes funções dos rins:

Eliminação de líquidos. Se uma pessoa normal urina cerca de 1.5 litros/dia


um pacien- te em hemodiálise poderá retirar por cada sessão de hemodiálise, por
exemplo, 3.0 a
4.5 litros;

Controle ácido-base. O doente insuficiente renal crônico em diálise apresenta


acidose metabólica. Necessita de receber bicarbonato na diálise, através do
líquido dialisante, por um mecanismo de difusão;

Eliminação de potássio. Estes níveis elevados (acima de 7.0 mEq/litro) pode


provocar paragem cardíaca. A diálise permite a sua eliminação através do
mecanismo já refe- rido de difusão;

Eliminação de restos do metabolismo proteico. Os doentes em diálise


apresentam va- lores de ureia elevados no seu sangue. No caso da hemodiálise,
esses valores são re- duzidos de forma significativa em cada sessão de diálise e
voltam a subir até à sessão seguinte. Esta oscilação de valores tem um aspeto
gráfico parecido com os dentes de uma serra de corte comum.

SINTOMAS

A maioria das pessoas não apresenta sintomas graves até que a insuficiência
renal esteja
avançada. Porém, o paciente pode observar que:

Sente-se mais cansado e com menos

energia; Tem dificuldades para se concentrar;

Está com o apetite

reduzido; Sente dificuldade

para dormir; Sente cãibras à

noite;

Está com os pés e


tornozelos inchados;

Apresenta inchaço ao redor dos olhos, especialmente pela


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manhã; Está com a pele seca e irritada;
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QUAL A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE


MULTIDISCIPLINAR?
Quando um grupo de profissionais trabalha conjuntamente, a percepção de problemas
clínicos é maior, visto que cada um deles avalia o paciente objetiva e subjetivamente. Isso
pos- sibilita diferentes abordagens de questões específicas e ajuda na escolha das terapias
mais adequadas.
Logo, quando a equipe é formada por muitos profissionais, maiores serão as chances
de que o paciente tenha seu caso investigado de um modo mais detalhado e com mais
crité- rio nas decisões. Por consequência, essa forma de trabalho eleva a qualidade da
assistência e possibilita o alcance de melhores resultados nos tratamentos. Sob o âmbito
hierárquico, a multidisciplinaridade é vista como uma excelente estratégia para otimizar
serviços e processos. Essa equipe precisa ser composta por profissionais de diferentes
áreas, mas que possam somar habilidades e competências para assegurar mais qualidade
aos serviços oferecidos.
As equipes multiprofissionais de uma instituição de saúde podem trabalhar diversas
ini- ciativas em prol da prevenção e da promoção da saúde. Vale destacar, porém, que o
paciente precisa ser visto sob um contexto biopsicossocial, já que a interação mente e corpo
influencia bastante os resultados do tratamento.
Por isso, os profissionais que integram essas equipes devem manter-se
constantemente atualizados por meio de cursos de capacitação técnica, simpósios,
congressos e similares. Des- sa maneira, eles estarão mais aptos à identificação dos
problemas que aumentam a demanda, obstruem o sistema e lotam hospitais. Muitas vezes,
isso acontece por falta de atenção e cuida- do na escolha das intervenções.
Assim, é de suma importância uma interação singular e o envolvimento de todos na
ado- ção de medidas mais eficazes. O trabalho em equipe pode se tornar diferenciado ao
ponto de olhar para o paciente como um todo e proporcionar um atendimento mais
humanizado.

MANEJO CLÍNICO

O acompanhamento dos pacientes com


DRC deve se dar de forma integrada, na Rede de
Atenção à Saúde, visando retardar a progressão da
doença renal e, quando necessário, realizar encami-
nhamento em tempo oportuno para a especialidade
focal adequada. Para evitar o agravamento da DRC,
deve-se buscar 5 orientar o paciente para a mudança
de fatores associados com a progressão da doença. A
seguir, orienta-se o manejo clínico da DRC na AB,
con- 23
forme os estágios da doença (BRASIL, 2014).
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ESTÁgIOS 1 E 2:

Deve-se tratar os fatores de risco modificáveis de progressão da DRC e doença car-


diovascular através do controle da glicemia, da hipertensão arterial, dislipidemia,
obe- sidade, doenças cardiovasculares, tabagismo e adequação do estilo de vida.
Reco- menda-se: 1. Diminuir a ingestão de sódio (menor que 2 g/dia)
correspondente a 5g de cloreto de sódio, em adultos, a não ser se contraindicado;
2. Realizar atividade física compatível com a saúde cardiovascular e tolerância:
caminhada de 30 minutos 5x por semana para manter IMC < 25; 3. Abandono do
tabagismo; 4. Para o controle da hiper- tensão, os cuidados devem ser os
seguintes: a. o alvo pressórico para pacientes com DRC é < 130/80 mmHg. b.
Todos os pacientes diabéticos e/ou com RAC ≥ 30 devem utilizar inibidores da
enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores de receptores da
angiotensina (BRA). 5. Para pacientes diabéticos, deve-se manter a he- moglobina
glicada em torno de 7%. 6. Realizar avaliação anual da TFG e albuminúria.

ESTÁgIOS 3A E 3B:

Assim como nos estágios 1 e 2, deve-se tratar os fatores de risco modificáveis de


pro- gressão da DRC e doença cardiovascular. Além da diminuição da ingestão de
sódio e da prática de atividade física, recomenda-se a correção da dose de
medicações como antibióticos e antivirais de acordo com a TFG. Os alvos para o
controle da hipertensão são os mesmos dos estágios 1 e 2. Conforme as Diretrizes
Clínicas para o Cuidado ao Paciente Renal (BRASIL, 2014), para pacientes em
estágio 3B, as unidades de atenção especializadas em doença renal crônica
poderão matriciar o acompanhamento do paciente nesse estágio da DRC 6.

ESTÁgIOS 4 E 5:

Pacientes com estágio 4 da DRC devem ser acompanhados por equipe


multiprofissio- nal composta de, no mínimo, médico nefrologista, enfermeiro,
nutricionista, psicólogo e assistente social, nas unidades de atenção especializadas
em DRC. Para pacientes com estágio 5 da DRC, o acompanhamento deve ser
realizado por nefrologista e equi- pe multiprofissional nas unidades de atenção
especializadas. Em ambos os estágios, os pacientes devem manter o vínculo com
as unidades da Atenção Básica.

IMUNIZAÇÕES

As disfunções causadas pela DRC resultam em alterações na resposta imune, em con-


sequência da baixa produção e do declínio rápido dos níveis de anticorpos (CUNHA et al,
2009). Estes pacientes devem, portanto, ser vacinados precocemente porque a redução da
TFG está associada com redução da capacidade de soroconversão (BRASIL, 2014).
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As pessoas portadoras de DRC devem ter seus registros vacinais periodicamente


avalia- dos, para verificar a necessidade de atualização do calendário 10 vacinal, conforme
as indica- ções do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/MS). O
PNI/MS tem calendários vacinais diferenciados para cada fase do ciclo da vida: para as
crianças, adolescen- tes, adultos, gestantes e pessoas idosas.
Além das vacinas de calendário, disponíveis rotineiramente nas unidades de saúde,
exis- tem, ainda, as chamadas vacinas especiais, disponibilizadas pelos Centros de
Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para pacientes portadores de
determinadas condições clíni- cas, como é o caso da DRC. O acesso às vacinas especiais
ocorre mediante prescrição do mé- dico assistente. O CRIE publica um manual, revisado
periodicamente, que deve ser consultado para maiores informações sobre vacinas
disponíveis e suas respectivas indicações.
Em situações de imunossupressão grave, as vacinas de vírus vivos atenuados - tríplice
viral, varicela e febre amarela - podem estar contraindicadas pelo risco de reversão à
infecção pelo vírus vacinal. Para as vacinas inativadas, nestas mesmas situações, pode-se
considerar o adiamento para um período em que a resposta imunológica possa ser mais
efetiva.
A vacinação deve ser um tema recorrente nas consultas da pessoa portadora de DRC
com a equipe multidisciplinar, especialmente nas consultas médicas. O médico assistente
pode avaliar as situações de indicação e contraindicação das vacinas de calendário, bem
como a in- dicação das vacinas especiais e a necessidade de esquemas modificados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOg RÁFICAS


Ministério da saúde. Doenças renais: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção
Disponível: https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/doencas-renais
Acesso: 03/05/2021

Sociedade Brasileira de Nefrologia. Insuficiência Renal


Disponível: https://
www.sbn.org.br/orientacoes-e-tratamentos/doencas-comuns/insuficien- cia-renal/
Acesso: 04/05/2021

M D.SAÚDE. N efrologia
Disponível: https://
www.mdsaude.com/nefrologia/sintomas-doenca-renal/ Acesso:
05/02/2021

M AN U A L M S D Versão Saúde para a Família. Doença Renal Crônica


Disponível: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-eurin%C3%A-
1rios/insufici%C3%AAncia-renal/doen%C3%A7a-renal-cr%C3%B4nica-drc

PEBMED. Transplante renal: critérios, indicações e o panorama brasileiro


Disponível:https://pebmed.com.br/transplante-renal-criterios-indicacoes-e-o-panorama-bra-
sileiro/
Acesso: 07/05/2021

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