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Uroanálise

Uroanálise

Introdução a uroánalise

Objetivo:

 Estudo da urina
 Reavivar a utilidade do exame de urina.
 Fornecer o conhecimento necessário à correta interpretação do
exame sumário de urina e do sedimento urinário.
 Proteinúria
 Hematúria
Uroanálise

A urinálise, foi um dos primeiros de todos os testes laboratoriais, é atualmente


o exame mais realizado, sendo um importante recurso no quis respeito ao
auxilio do diagnostico de doenças. 4.000 anos a. C. foram encontradas
indicações detalhadas sobre a interpretação da urina, com base em seus
aspectos e características, em placas de cerâmica dos sumérios e babilônicos.
Em busca das origens dos estudos uroscópicos, vamos encontra-se em antigos
textos a descrição da urina do diabético, com referências ao seu adocicado
sabor e à atração que exercia sobre as formigas. Hipócrates
foi o primeiro a afirmar que a urina se formava por filtração do sangue
nos rins. Durante séculos o exame de urina limitou-se à observação pura e
simples de seu aspecto e cor, o que favorecia a ação de charlatões.
Os progressos gerais em anatomia e fisiologia, ocorridos nos séculos
seguintes, permitiram melhor compreensão das funções dos órgãos humanos e
a investigação mais objetiva da composição da urina, associando suas
variações químicas a quadros mórbidos específicos.
A invenção do microscópio foi um dado definitivo para a pesquisa dos fluidos
humanos. Com esse novo aparelho, os pesquisadores puderam estudar de
forma mais completa a urina e documentar as alterações associadas a estados
mórbidos. Iniciava-se assim a microscopia médica.O século XIX registrou o
advento da flebotomia, fato que deflagrou o início dos
estudos relativos à composição do sangue e à correlação existente entre as
alterações dos componentes sanguíneos e as doenças. Nesse período, o
exame de urina foi relegado o segundo plano.
Os testes rápidos com tiras surgiram na segunda metade do século XX. As
contagens quantitativas do sedimento urinário, segundo Addis e outros,
tornaram-se comuns. Mais recentemente, a automação, a introdução de
anticorpos monoclonais e a tecnologia de PCR tornaram específicas e, ainda
mais importantes, determinados testes urinários.

Exame urinário
Consiste em riqueza de informações uteis no que diz respeito a doenças
envolvendo os rins e o trato urinário inferior. Pode ser utilizado para avaliação
diagnóstica de distúrbios funcionais (fisiológicos) e estruturais (anatômicos) dos
rins e trato urinário inferior, bem como para acompanhamento e obtenção de
informações prognósticas.
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É uma ferramenta diagnostica:


 Útil na abordagem de patologia nefrológica, urológica e sistémica
(vasculites, neoplasias…);
 Fácil e rápido de realizar;
 Baixo custo (dipstick)

A área envolve interpretação:

EXAME
CLINICA
SEDIMENTOCOSPIA
QUIMICO

Tipos de coleta da urina:


Amostra de 24 horas
Amostra colhidas por catéter
Punção suprapúbica
Jato médio de micção espontânea
Amostras pediátricas (uso de coletores de plástico).
- amostra de 24 horas
Cuidados que devem ser observados na coleta do material:
 O recipiente para a coleta da amostra deve ser limpo e seco
 Amostra deverá ser entregue imediatamente ao laboratório, e analisada
dentro de l hora, caso isto não seja possível, deve-se manter a amostra
refrigerada, por no máximo 24 horas;
 O recipiente contendo a amostra deverá estar corretamente identificado,
contendo: nome, data e horário;
 As amostras obtidas por sonda ou punção suprapúbica, podem conter
hemácias devido ao trauma durante a coleta da amostra;
 Deve-se coletar uma amostra de 20 a 100 ml;
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Ao coletar a amostra por jato médio, os pacientes devem ser orientados para
realizar a assepsia antes de coletar a amostra, e sempre desprezar a 1° porção
da urina
Realizar a assepsia antes de coletar a amostra, e sempre desprezar a 1°
porção da urina
A assepsia em mulheres, deve ser realizada através de uma cuidadosa
lavagem da vulva e intróito vaginal com água e sabão, enquanto que nos
homens, faz-se a assepsia da glande e meato uretral.
Para coletar a amostra por jato médio de micção espontânea, deve-se deixar.
que, uma porção da urina seja expelida no vaso sanitário antes de coletar a
amostra, dessa forma, elimina-se a 1° porção da urina, para evitar possíveis
contaminações.
Propriedades Físicas, cor, odor e turvação.

Cor Turvação
Sangue, hemoglobina, bilirrubina. Precipitação de fosfatos sem
importância clínica
Corantes alimentares Quilúria, leucocitúria, hematúria

Medicamentos

Avaliação da amostra

Na maioria dos exames laboratoriais, a qualidade dos resultados depende


da coleta .A urina deverá ter sido colhida recentemente, com um volume
mínimo de 20 mL, sem adição de preservativos, refrigerada e nunca
congelada, para garantir sua melhor preservação. Deve estar claramente
identificada e colhida em recipiente adequado. A coleta deverá ser realizada
após assepsia da área genital, desprezando-se o primeiro jato e colhendo-se o
jato intermediário. O recomendável é a coleta da primeira micção da manhã ou
uma amostra com pelo menos quatro horas de intervalo da última micção, em
recipiente plástico esterilizado. Se necessário, a amostra poderá ser colhida a
qualquer tempo, lembrando-se da existência, durante o dia, de variações em
relação à dieta, exercício físico, concentração da urina e uso de medicamentos.
O exame do primeiro jato da urina é recomendado quando o objetivo é a
investigação do trato urinário inferior, mais especificamente a uretra. A urina de
primeiro jato carreia células e bactérias presentes na uretra, tornando-a uma
boa amostra indireta para outras avaliações, como as uretrites com pouca
secreção. A diferença de celularidade encontrada entre o primeiro e segundo
jatos auxilia a origem do processo.
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Exame químico semi-quantitativo


O que mede?
 Densidade
 pH
 Hemoglobina (Heme)
 Proteínas
 Glicose
 Corpos Cetónicos
 Nitritos
 Bilirrubina e urobilinogénio
 Volume

VOLUME
O determinante principal do volume urinário é a ingestão hídrica. O volume
varia também com a perda de fluidos por fontes não renais (por ex.
transpiração ), variação na secreção do hormônio antidiurético, e
necessidade de excretar grandes quantidades de soluto.
Procedimento:
A determinação do volume se faz através de provetas graduadas
rigorosamente
limpas. Na análise, o volume só tem valor clínico se o volume total de urina for
colhido nas 24 horas.
COLORAÇÃO:
A cor da urina é devido a um pigmento denominado urocromo, que é um
produto do metabolismo endógeno, produzido em velocidade constante. A
coloração indica de forma grosseira, o grau de hidratação e o grau de
concentração de solutos.
Procedimento:
Observar macroscopicamente a coloração da urina.
Coloração da urina normal:
• Amarelo-claro
• Amarelo-citrino
• Amarelo-escuro
• Âmbar
Condições que alteram a coloração da urina:
Presença anormal de bilirrubina:
amarelo-escuro ou âmbar (com espuma
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amarela)
Doenças hepáticas: amarelo-esverdeado, castanho ou esverdeado.
Urina com hemáceas: desde rosa, vermelho ( observar em urinas de mulher, se
o paciente não se encontra no período menstrual).
Urina com hipúria ou quilúria: branco (está relacionado com a obstrução
linfática e ruptura dos vasos linfáticos).
Medicamentos:
Laranja – fanazpiridina, (pirydium), fenindiona (hedulin)
Vermelha – sene e ruibarbo (laxantes a base de antraquinona), levodopa (
L-dopa) , fenolsulfonftaleína (corante para teste de função renal),
Castanho – nitrofurantoína (furadantin), metronidazol (flagyl), sorbitol de ferro,
furazolidona ( furaxone),
Verde – metocarbamol (robaxin).
Densidade

Correlaciona-se com a osmolalidade urinária, ajudando a definir o estado de


hidratação do doente.

 Reflete capacidade do rim em concentrar a urina.


 Valores abaixo de 1.010 indicam hidratação relativa;
 Valores acima de 1.020 sugerem desidratação;

pH

pH pode variar entre 4.5 e 8; pH normal é ligeiramente ácido - 5.5


a 6.5.
 As alterações do pH urinário geralmente são produzidas em
resposta às variações do pH sérico.
 A excepção são os doentes com acidose tubular renal, nas quais
ocorre uma incapacidade de acidificar a urina para um pH inferior a
5.5. Ou seja, o doente tem acidose, mas a urina é alcalina, devido à
incapacidade de reabsorver bicarbonato ou de secretar protões.

ASPECTO
Refere-se à transparência da amostra de urina. A urina normal, recém
eliminada geralmente é límpida, podendo apresentar certa opacidade devido a
precipitação de cristais , presença de filamentos de muco e células epiteliais
na urina de mulher.
Procedimento:
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Observar visualmente a amostra homogeinizada num ambiente de boa


iluminação.
Aspecto da urina:
• limpo
• ligeiramente turvo
• turvo
• acentuadamente turvo
Substâncias que provocam turvação:
Cristais Leucócitos Hemácias Bactérias

PROTEÍNA
A urina normal contém quantidades muito pequena de proteínas, em geral,
menos de 10 mg/dl ou 150 mg por 24 horas. Esta excreção consiste
principalmente de proteínas séricas de baixo PM (albumina ) e proteínas
produzidas no trato urogenital ( Tamm – Horsfall ).
PROCEDIMENTO:
O método da fita reagente utiliza o princípio do “erro dos indicadores pelas
proteínas”, dependendo do fabricante, a área para determinação de proteínas
na tira contém tetrabromofenol ou tetraclorofenol e um tampão ácido para
manter o pH em nível constante. O teste com fita reagente é sensível a
albumina, e o teste de precipitação ácida é sensível a todas as proteínas
indicando a presença tanto de globulinas quanto de albumina, portanto, quando
o resultado da fita for positivo, deve ser confirmado com o método ácido
sulfossalicílico( método de turvação).

RESULTADO:

• Negativo
• Traços ( +1, +2, +3 )
INTERFERENTES: Quando a urina é muita alcalina, anula o sistema de
tamponamento, produzindo uma elevação do pH e uma mudança da cor,
dando um resultado falso positivo. Resultados falso negativo ocorrem
com a contaminação do recipiente da amostra com detergente
GLICOSE:
Em circunstâncias normais, quase toda a glicose filtrada pelos
glomérulos é reabsorvida pelo túbulo proximal, através de transporte ativo, e
por isso a urina contém quantidades mínimas de glicose. O limiar renal é de
160 a 180 mg/dl.Um paciente com diabetes mellitus apresenta uma
hiperglicemia, que pode acarretar uma glicosúria quando o limiar renal para
a glicose é excedido.
PROCEDIMENTO:
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Teste com fitas reativas, utiliza o método da glicose oxidase,


peroxidase, e tampão, para produzir uma reação enzimática dupla sequencial.
As fitas diferem em relação ao cromogeno utilizado. O teste de glicose oxidase
é específico para a glicose, não reage com lactose, galactose, frutose ou
metabólicos redutores de drogas.
-Mergulhar fita na urina homogeneizada
- a leitura é feita após 60 segundos.
m
⇒ A reação positiva, deve ser confirmada com o método de Benedict.
RESULTADO: normal (pode aparecer glicose em concentração de até 35mg/dl
em 24 h. )
 Traços ( +1, +2, +3 )
INTERFERENTES: ácido ascórbico, aspirina, levodopa, e agentes de limpeza
fortemente oxidantes utilizados nos frascos de urina, causam leitura falso
positivo, porque interferem nas reações enzimáticas. A alta densidade
específica diminui o desenvolvimento da cor na fita.
PESQUISA DE GLICOSE PELO REATIVO DE BENEDICT
- colocar 5 ml do reativo de Benedict num tubo de ensaio;
Resultado: azul ou verde sem precipitado - Negativo
verde com precipitado amarelo - Positivo +
verde oliva - Positivo ++
marron laranja - Positivo +++
vermelho tijolo - Positivo ++++

a leitura

Cetonúria

Detecta a presença de acetoacetato e acetona.


 São excretados na urina:
 Cetoacidose diabética
 Jejum prolongado
 Vómitos
 Exercício extremo.
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Nitritos

A presença de nitritos na urina resulta da conversão dos nitratos por bactérias.


 A presença de nitritos significa a presença de bactérias em
quantidade significativa (>10.000/ml) – maioria são gram
negativas.
 Teste apresenta baixa sensibilidade e elevada especificidade.

Bilirrubina e urobilinogénio

A urina em condições normais não contém quantidade detectável


de bilirrubina. A presença de bilirrubina na urina representa bilirrubina
conjugada e indica possível colestase.
Urobilinogénio aumenta em situações de hemólise e doença
Hepatocelular

EXAME MICROSCÓPICO
Exame Qualitativo do sedimento urinário e exame quantitativo do sedimento
urinário tem a finalidade de detectar e identificar os elementos insolúveis que
acumulam na urina durante o processo de filtração glomerular e a passagem
do líquido através dos túbulos renais e trato urinário inferior.
Os elementos são: hemácias, leucócitos, cilindros, células epiteliais, bactérias,
leveduras, parasitas, muco, espermatozoide, cristais e artefatos.

METODOLOGIA:

- as amostras examinadas, deve ser recentes ou corretamente conservadas;

- após o exame físico- químico, medir 10,0ml de urina homogeneizar em um


tubo cônico;

- Centrifugar a urina a 1.500 rpm por 5 minutos

- retirar 9 ml do sobrenadante e reservar

- após retirar I ml e agitar rigorosamente;

ACHADOS MICROSCOPICOS

Sedimento Urinário pedido por via “normal”:


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Avaliação Microscópica
(do sedimento urinário)

LEUCÓCITOS
Aparecem como esferas granulosas, com cerca de 12um de diâmetro,
possuem grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados. São rapidamente
lisados na urina hipotônica (diluída), ou alcalina, aproximadamente 50% são
perdidos após 2 a 3 horas na urina em repouso e em temperatura ambiente,
portanto, a realização de um exame imediato após a coleta é fundamental.
Denomina-se leucócito, aos glóbulos brancos que conservam suas
características morfológicas intactas, reservando o termo piócitos aos
elementos degenerados que abundem as infecções purulentas
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BACTÉRIAS

A presença de bactérias pode ou não ser significativa, dependendo do método


de coleta urinária e quanto tempo se passaram entre a coleta e a realização do
exame.
Bactérias com forma de bastonetes são as mais comuns observadas, em
virtude dos microrganismos entéricos serem os mais frequentemente
encontrados nas infecções do trato urinário. Se a infecções estiver presente,
muitos leucócitos são visualizados no sedimento.
Resultado: deve ser confirmado através de bacterioscopia, pela coloração de
Gram.

CILINDROS
Os cilindros são formados no interior da luz do túbulo contornado distal e ducto
coletor, suas formas são representativas da luz do túbulo, consistindo de lados
paralelos e extremidades arredondadas, o tamanho, depende da área de sua
formação. O principal componente é a proteína de Tamm-Horsfall, uma
glicoproteína excretada pela porção grossa ascendente da alça de Henle e pelo
túbulo distal.Nas doenças renais, eles estão presentes em grande quantidade e
sob várias formas, a quantidade aumentada de cilindros, indica que a
doença renal é disseminada e que vários néfrons encontram-se
envolvidos. Também podem estar presente em indivíduos normais, após um
exercício físico severo. Os cilindros são classificados de acordo com sua
matriz, tipo de inclusão e tipo celular presente no seu interior.
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TIPOS DE CILINDROS

HIALINO

“granular, muddy
brown casts”

CEROSOS

Cristais
É comum encontrar cristais na urina. Deve-se proceder à identificação para ter
certeza de que não representam anormalidades. São formados pela
precipitação dos sais de urina submetidos a alterações de pH, temperatura, ou
concentração que afeta a solubilidade. Um pré-requisito para a identificação de
cristais, é o conhecimento do pH urinário.
 Ácido Úrico; Urato; Oxalato de Cálcio; Fosfato de Cálcio;
Colesterol, Tirosina, Cistina
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FILAMENTOS DE MUCO
O muco é um material protéico (mucina ou fibrina), produzido por glândulas e
células epiteliais do trato urogenital. Na microscopia, aparecem estruturas
filamentosas com baixo índice de refração, exigindo observação em luz de
baixa intensidade. Não é considerado clinicamente significativo. Resultado: a
quantificação de muco é dada em cruze.

ARTEFATOS

Podem ser observados contaminantes de todos os tipos, principalmente em


amostras colhidas em condições impróprias, ou em recipientes sujos. Pode-se
observar: gotículas de óleo, grânulos de amido, grãos de pólen, pêlos ou outras
fibras. O que mais causa dúvida, são as gotículas de óleo e os grânulos de
amido, por se parecerem com hemáceas, contudo, são mais refringentes, e
com adição de ácido acético diluído, as hemáceas se dissolvem, deixando as
gotículas de óleo intactas.
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Caso clínico 1
Doente sexo feminino, 36 anos;
AP:
Sem AP relevantes.
Recorre ao SU por dor lombar, náuseas, vómitos e
febre com calafrio.

Exame objectivo: Febril 38,2º; Murphy renal positivo;


Avaliação analítica no serviço de urgência: CrS 1,4
mg/dL; Leucocitose, neutrofilia e
aumento da PCR.
Exame químico da urina – Prot. Neg.; Hb – 3+; Leuc. 250;
nitritos negativos.
Sedimento automático – Eritrócitos abundantes;
leucócitos abundantes.
Sedimento em lâmina – Não se justifica; Mais razoável
pedir primeiro urocultura.

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