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Faculdade

Resultados
Pós Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica em felinos
17 e 18 de Junho de 2023

Urinálise

Professora Dra Magyda A. A. Dahroug Moussa


URINÁLISE
´ DENOMINAÇÕES:
´ Sumário de urina,
´ Exame de urina tipo 1 e
´ Elementos anormais e sedimentos (EAS) são
algumas das sinonímias empregadas na
identificação desse exame.

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´ Exame simples e não oneroso;

´ Análise da urina faz parte da avaliação da saúde do animal, e oferece informações


valiosas sobre condições sistêmicas.

´ A composição da urina depende basicamente de três fatores:


´ Quantidade e composição do plasma que chega aos rins.

´ Funções renais: filtração, secreção e absorção.

´ Componentes que passam para o filtrado glomerular conforme seu trajeto pelos rins, ureteres,
bexiga urinária, uretra e prepúcio ou vagina/vulva.

´ A amostra deve ser mantida a 4°C para evitar degeneração de estruturas como
células, cilindros e cristais.
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´ Apesar de simples, diferentes técnicas encontram-se


envolvidas na sua realização, em quatro etapas distintas:

´ avaliação da amostra,

´ análise física,

´ análise química,

´ análise microscópica do sedimento.

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SISTEMA URINÁRIO
Função: Eliminar os resíduos químicos, excesso de água do
organismo em forma líquida URINA

´ Trato urinário superior

´ Rins
´ Ureteres

´ Trato urinário inferior

´ Porção terminal dos ureteres


´ Bexiga
´ Uretra
SISTEMA URINÁRIO

Rins:

´ Transformam em urina a água e substâncias químicas do sangue.

´ Localizam-se um do lado direito e outro do lado esquerdo.

´ Seu formato varia entra as espécies

Ureteres:

´ Drenam a urinam dos rins até a bexiga


SISTEMA URINÁRIO

Bexiga:

´ Armazena a urina até que possa ser eliminada.

Esfíncteres:

´ Abrem e fecham a saída da bexiga, controlando a micção.

Uretra:

´ Canal através do qual a urina é expelida do corpo.


Funções do Rim
´ Balanço hídrico e salino
´ Excreção de compostos nitrogenados
´ Regulação ácido-base
´ Metabolismo ósseo
´ Atividade eritropoiética
´ Controle da pressão arterial

Taxa de Filtração Glomerular


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Funções da urina
§ Eliminação de substâncias:
uréia, creatinina, pigmentos biliares
§ Eliminação de excesso de substâncias
§ Eliminação de medicamentos
§ Manutenção da homeostasia
§ Produção e secreção hormônios

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Relembrando os testes
bioquímicos...
´ Uréia
´ Creatinina
´ Sódio
´ Potássio
´ Fósforo
´ Cálcio
Manipulação do paciente com
12 problemas urinários

Exame físico

Dor
Forma e consistência dos rins
Posição e tamanho da bexiga
Obstruções

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Manipulação do paciente
13 com problemas urinários

Indicações para o exame de urina

Sinais clínicos de doença renal

Suspeita de doença generalizada

Exame de triagem em internamentos

Complementação no diagnóstico
Manipulação do paciente com
14 problemas urinários
Informações importantes

Polidipsia

Poliúria

Oligúria

Anúria

Disúria
Manipulação do paciente com
15
problemas urinários

Informações importantes

Situação do animal: jejum, dieta, medicamentos

Tempo entre a última refeição e a coleta

Momento da colheita
Avaliação da amostra
Como na maioria dos exames laboratoriais, a qualidade dos
resultados depende da coleta.

A urina colhida recentemente - sem adição de preservativos,


refrigerada e nunca congelada, para garantir sua melhor
preservação.

Deve estar claramente identificada e colhida em recipiente


adequado (vidro e plástico).

A coleta deverá ser realizada após assepsia da área genital,


desprezando-se o primeiro jato e colhendo-se o jato intermediário.

O recomendável é a coleta da primeira micção da manhã ou uma


amostra com pelo menos quatro horas de intervalo da última
micção, em recipiente esterilizado.
Avaliação da amostra

Se necessário, a amostra poderá ser colhida a qualquer tempo,


lembrando-se da existência, durante o dia, de variações em relação
à dieta, exercício físico, concentração da urina e uso de
medicamentos.

O exame do primeiro jato da urina é recomendado quando o


objetivo é a investigação do trato urinário inferior, mais
especificamente a uretra.

A urina de primeiro jato carreia células e bactérias presentes na


uretra, tornando-a uma boa amostra indireta para outras
avaliações, como as uretrites com pouca secreção.

A diferença de celularidade encontrada entre o primeiro e segundo


jatos auxilia a localizar a origem do processo.
Colheita de urina
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Escolha dos frascos

Métodos de colheita

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Colheita de urina
Métodos de colheita para pequenos animais

Massagem na bexiga

Cateterização

Higienização: catéter, mãos do operador

Cistocentese

Tricotomia, assepssia

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Armazenamento das amostras

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URINÁLISE

Exame Físico Exame Sedimento

Exame Químico
Exame físico da urina

§ Quantidade diária de urina eliminada

§ Cor

§ Odor

§ Aspecto

§ Densidade específica
Exame físico da urina

Quantidade diária de urina

§ Constante para a espécie

§ Em animais saudáveis, o volume urinário é inversamente


proporcional à densidade urinária.

§ Variações:

alimentação, clima, atividade muscular


Quantidade de urina nas diferentes espécies

Espécie Volume em 24 horas


mL/ Kg PV L
Cão grande 26,5 – 66 0,5 – 2,0
pequeno 0,04 – 0,2
Gato 10,0 – 20,0 0,1 – 0,2
Eqüino 4,5 – 17,5 3,0 – 10,0
Bovino 17,0 – 44,0 6,0 – 20,0
Ovino 10,0 – 39,5 3,5 – 5,0
Caprino 10,0 – 39,5 0,5 – 1,5
Suíno 4,5 – 31,0 2,0 – 2,5
Quantidade diária de urina

Poliúria fisiológica

§ Ingestão de líquidos
§ Diuréticos
§ Líquidos parenterais Densidade baixa
§ Clima
Quantidade diária de urina
Poliúria Patológica

Alteração na formação da urina


Primária
Secundária
Poliúria primária ou renal Poliúria secundária

§ Nefrose nefrotóxica § Glicose


§ Nefrite generalizada § Diabetes insipida – ADH
§ Pielonefrite § Doenças do fígado
§ Hipoplasias
Quantidade diária de urina
Oligúria Fisiológica Oligúria Patológica
§ ¯ ingestão de líquidos § Primária
§ Calor § Secundária
§ Após exercício

Oligúria primária ou renal Oligúria secundária

§ Nefrite aguda § Desidratação

§ Anúria § Vômitos
§ Febre
Cor da urina
Amarelo citrino
Amarelo Âmbar
concentração da urina
Oligúria com densidade elevada
Amarelo Castanho claro
­ Pigmentos biliares Azul esverdeado
Espuma – depósito com mudança de cor
Azul de metileno

Amarelo Avermelhado
Branco
Hematúria
Hemoglobinúria Precipitação de carbonatos

Marron escuro
Mioglobinúria
Metahemoglobinúria
Principais causas de alteração na coloração urinária:

1. Pálida ou amarelo-clara: urina diluída.

2. Amarelo-escura ao âmbar: urina muito concentrada


bilirrubinúria.

3. Avermelhada a castanho-claro: hematúria (sangue na urina)


hemoglobinúria (hemoglobina livre na urina), mioglobinúria.

4. Castanha a castanho-escura: pigmentos biliares, mioglobinúria,


metahemoglobina. Em eqüinos pode ser normal, devido à
oxidação de pirocatequinas presentes na urina.

5. Amarelo-esverdeada: pigmentos biliares oxidados.

6. Leitosa: piúria, lipidúria, cristalúria (fosfato).


Odor da urina

§ Sui generis

§ Pútrido

§ Adocicado

§ Amoniacal
Aspecto da urina

§ Aspecto límpido e translúcido


Densidade específica da urina

§ Grau de solutos
§ Urinas concentradas
§ ¯ Urinas diluídas

Refratômetro
Densidade da urina
Espécie Intervalo Média
Eqüino 1020 - 1050 1035
Bovino 1025 - 1045 1035
Ovino 1015 - 1045 1030
Caprino 1015 - 1045 1030
Suíno 1010 - 1030 1015
Canino 1015 - 1035 1025
Felino 1020 - 1040 1030
Humano 1010 - 1030 1020
Densidade específica da urina
Diminuição Aumento

§ Nefrite crônica § Nefrite aguda


§ Uremia § Diabete melito
§ Diabete ínsipida § Desidratações
§ Piometra § Febre
§ Corticóides § Edema
§ Choque
IMPORTANTE:

Um paciente com densidade urinária dentro dos valores de


referência pode apresentar patologias que causem
poliúria/polidipsia ou mesmo doença glomerular, não devendo
a densidade urinária ser interpretada isoladamente.
Exame químico
§ pH
§ Proteínas
§ Glicose
§ Cetona
§ Bilirrubina
§ Urobilinogênio
§ Sangue Oculto
§ Densidade
§ Nitrito
§ Leucócitos
Exame químico
pH

• Avalia a capacidade de manutenção renal da concentração de


íons hidrogênio no plasma e líquidos extracelulares.
• Participa do equilíbrio ácido-base, os rins, quando em
funcionamento normal, excretam o excesso de íons hidrogênio na
urina.
• Portanto, o pH da urina reflete o pH plasmático e é um indicador
da função tubular renal.
• Normalmente varia entre 5,0 a 8,0.
Exame químico
pH
Espécie pH
Eqüino 8,0
Bovino 7,4 – 8,0
Pequenos ruminantes Alcalino
Suíno Ácido ou alcalino
Cão 6,0 – 7,0
Gato 6,0 – 7,0
Exame químico
pH
Alcalinização

§ Dieta – vegetais e frutas citricas


§ Alcalose respiratória
§ Hiperêmese ou o uso prolongado de sonda nasogátrica
§ Demora em realizar o exame
§ ITU/Cistite (Proteus e Pseudomonas)
§ Terapia com sais de reação alcalina:
bicarbonato ou lactato de sódio, citrato ou acetato de sódio ou de
potássio, diuréticos
Exame químico
pH
Acidificação
§ Acidose metabólica
§ Dieta (PTN)
§ Inanição
§ Terapia com drogas: fosfato de sódio, cloreto de sódio, cálcio ou
amônia
§ Febre, atividade muscular intensa
§ Absorção rápida de líquidos cavitários
§ infecção das vias urinárias por Escherichia coli, diarréias severas,
diminuição de cloro, fenilcetonúria.
Exame químico
Proteínas
Renal Cilindros
Proteinúria
Pós-renal

Proteinúria Fisiológica
§ Traços
§ Atividade muscular intensa
§ Convulsões
§ Stress
§ Alimentação
§ Animais recém nascidos
Exame químico
Proteinúria Patológica
§ Lesão tubular
§ Glomerulonefrite
§ Nefrite
Renal § Pielonefrite
§ Nefrose
§ Congestão
§ Acidose
§ Distúrbios circulatórios
Exame químico
Glicose
Glicosúria fisiológica Glicosúria patológica
ü Carboidratos ü Diabetes mellitus
ü Emocional ü Necrose pancreática aguda
(estresse)
ü Hipertireoidismo
ü Doença renal aguda
ü Choque
ü Fluidoterapia c/ glicose
üDoenças hepáticas
Exame químico

Cetona
ü Dieta pobre em carboidratos
ü Cetonúria

Principais causas de Cetonúria


ü Diabetes Mellitus - Hiperglicemia e glicosúria
ü Inanição – jejum prolongado
ü Dietas ricas em gorduras e ¯ carboidratos
ü Vômitos, diarréias
ü Insulinoma
Exame químico
Bilirrubina Urobilinogênio
Aumento Aumento
ü Obstrução dos ductos biliares ü Doenças hepáticas

ü Doenças hepáticas ü Icterícia hemolítica

ü Icterícia hemolítica Diminuição


ü Obstrução intestinal ü Obstrução vias biliares
ü ¯ absorção intestinal
ü Antibióticos
ü Nefrite
Exame químico

Sangue
Hematúria Hemoglobinúria

ü Eritrócitos ü Hemoglobina
ü Centrifugação ü Castanho avermelhado
ü Hemorragia renal ü Hemólise intravascular
ü Glomerulonefrite ü Parasitas / bactérias
ü Coleta ü Cobras
ü Plantas tóxicas
ü Queimaduras
Algumas diferenças entre hematúria e
hemoglobinúria

Parâmetro Hematúria Hemoglobinúria


Teste do sangue oculto + +
Turbidez da amostra + -
Cor rósea do plasma - +
Eritrócitos no sedimento + -
Leucócitos no sedimento + -
Sinais clínicos Presentes Presentes

Fonte:STEVENS, J.B. Urinalysis techniques for swine practitioners. Continuing


Education in Veterynary Medicine, Vol. 17, N.1. Jan. 1995. p.125
Exame químico

Nitritos
ü Bacteriúria – bactérias conversoras nitrato em nitrito (G-)

Leucócitos
ü Leucocitúria/piúria (Bacteriúria)
Sedimento urinário

ü Elementos sólidos

ü Coloração

ü Preparo do sedimento
Elementos do sedimento
ü Células epiteliais
ü Eritrócitos
ü Leucócitos
ü Cilindros
ü Bactérias
ü Leveduras
ü Parasitas
ü Espermatozóides
ü Gordura
ü Cristais
Elementos do sedimento
Células epiteliais
ü Normal em pequeno número

ü Fêmeas

ü Transicionais

ü Descamativas

ü Tubular renal
Elementos do sedimento
Eritrócitos

ü Coleta
Elementos do sedimento
Leucócitos

ü Inflamação

ü Piúria
Elementos do sedimento

1.Eritrócitos 2.Leucócitos 3. Cél Epiteliais 4. Espermatozóides


Elementos do sedimento
Cilindros

ü Hialinos ü Gordurosos

ü Epiteliais ü Hemáticos

ü Granulares ü Hemoglobínicos

ü Céreos ü Leucocíticos
Elementos do sedimento
Cilindros Hialinos

ü Irritação renal

ü Proteinúria fisiológica

ü Febre

ü Distúrbios gastrointestinais
Elementos do sedimento
Cilindros Epiteliais
ü Células epiteliais tubulares
ü Processo agudo
Elementos do sedimento
Cilindros Granulares
ü Desintegração do epitélio
ü Doença renal avançada
Elementos do sedimento
Cilindros Céreos
ü Casos crônicos
ü Cilindros velhos
Elementos do sedimento
Cilindros gordurosos
Diabetes Melito
Elementos do sedimento
Cilindros hemáticos
Elementos do sedimento
Cilindros leucocíticos
Elementos do sedimento
Bactérias
Elementos do sedimento
Leveduras
Elementos do sedimento
Parasitas

Ovos de Stephanurus dentatus

Ovos de Dioctophyma renale


Elementos do sedimento
Espermatozóides
Elementos do sedimento
Gotículas de gordura
ü Obesidade
ü Após refeições
ü Cateter
Elementos do sedimento
Cristais de oxalato de cálcio

ü Urinas ácidas

ü Tomate, alho, laranja

ü Diabetes melito

ü Doenças hepáticas

ü Doença renal aguda


Elementos do sedimento
Cristais de ácido úrico
ü Primatas e Dálmatas
Elementos do sedimento
Cristais de urato de amônia
ü Febre alta
ü Nefrite crônica
Elementos do sedimento
Cristais de fosfato de cálcio
ü Retenção urinária
ü Aumento do volume da próstata
Elementos do sedimento
Cristais de fosfato triplo/ Estruvita
ü Retenção urinária
ü Urolitíase
Elementos do sedimento
Cristais de carbonato de cálcio
ü Urinas alcalinas
Elementos do sedimento
Cristais de bilirrubina
ü Urina concentrada
Patologia Resultados mais freqüentes
Doença renal aguda Densidade normal
Proteinúria, Cilindros, leucócitos e hemácias
Doença renal crônica Densidade baixa
Pouco ou sem cilindros, pH baixo
Cistite Proteinúria pós renal
Leucocitúria e hematúria, Bacteriúria
Neoplasias Cél neoplásicas, hematúria
Hemólise Hemoglobinúria
Urobilinogênio aumentado
Doença hepática Bilirrubinúria
Urobilinogênio alterado, Cristais de bilirrubina
Diabetes Melitus Densidade baixa ou normal
Glicosúria, Cetonúria
Diabetes Insipitus Densidade baixa, Poliúria

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