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Urianálise

Exame de urina tipo I

Ubá, MG, 2023.


Introdução
• O objetivo deste curso é apresentar atualizações em uroanalise
bem como trazer revisão da importância desse método
Exame urina I ou EAS
O exame sumário de urina, comumente conhecido como Urina I ou sedimentoscopia urinária é
O exame sumário de urina, comumente conhecido como Urina I ou sedimentoscopia urinária
um procedimento laboratorial simples, com baixo custo e sem grandes dificuldades para
é um procedimento laboratorial simples, com baixo custo e sem grandes dificuldades para
coleta;
coleta;
.
oferece grande quantidade de informações sobre condições gerais de saúde e patologias
apresentadas pelo paciente.

Sendo excelente auxilio diagnóstico:


Sendo excelente auxilio diagnóstico:

•para doenças renais (funcionais, infecciosas, tumores e cálculos),


•hepatopatias,
•alterações metabólicas,
•acompanhamento de atividade física
•e alguns erros inatos do metabolismo.
Procedimento
• O teste bioquímico da urina envolve o uso de fitas descartáveis.
Cada fita é impregnada com um número de blocos de reagentes
coloridos separados uns dos outros por bandas estreitas.
Quando a fita é manualmente imersa na amostra de urina,
os reagentes em cada bloco reagem com um
componente específico da urina de tal forma que (1) o bloco
muda de cor se o componente estiver presente e (2) a
mudança de cor produzida é proporcional à concentração do
componente que está sendo testado.
Urianálise
Dividimos a
• Características Físicas
avaliação do • Cor, aspecto, densidade
sumário de urina • Bioquímica
• Proteinúria
em três partes: • Glicosúria
caracteres físicos, • Outras
• Sedimentoscopia
provas bioquímicas • Hematúria
e análise • Leucocitúria
• Cilindrúria
microscópica do • Outras
sedimento urinário.
Caracteres físicos – Cor

A cor normal da urina é amarela, causada principalmente pela presença do


pigmento urocromo que é um produto do metabolismo endógeno, sendo
lipossolúvel normalmente encontrado no plasma e excretado pela urina. Em
menor concentração também fazem parte da cor da urina os pigmentos urobilina
e uroeritrina.

Existe grande magnitude de variação na coloração da urina variando desde


incolor até preto, estas variações de cor podem ser causadas por alterações de
hidratação, doenças (metabólicas, genéticas, lesões musculares, cálculos,
tumores), atividade física e condições de conservação da amostra. Assim sendo
alteração na coloração da urina, por si, não indica patologia.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595151918/epubcfi
/6/28%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter7.xhtml%5D!/4/2/194/2/4
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Caracteres físicos – Aspecto
É a análise macroscópica da amostra para avaliação de sua transparência.
A urina recém eliminada deve ter aspecto transparente/límpida.

A urina turva pode ser indicativa da presença de leucócitos, hemácias,


células epiteliais, bactérias e, até mesmo, cristais.2-4,7 A urina espumosa
pode se correlacionar com a presença de proteinúria.

A alteração do aspecto normal da urina pode estar associada

•a processos não patológicos (precipitação de cristais, muco, células epiteliais),


•processos patológicos (hemácias, leucócitos, fungos, bactérias, lipídios, sêmen e
linfa)
•contaminações externas (talco, cremes vaginais, material fecal, contrastes
radiológicos).
Caracteres físicos – Densidade
• Avalia a capacidade de reabsorção renal, a qual muitas vezes é
a primeira a se tornar deficiente na função renal.
• O volume de urina excretada e sua concentração de solutos variam
nos rins, para a manutenção da homeostase dos fluidos corporais e
eletrolíticos.
• O valor da densidade medida na amostra é influenciado pelo
número de partículas químicas dissolvidas bem como pelo
tamanho das mesmas.
• Valores de referência
• 1015 a 1025 urina de 24h 1002 a 1030 amostras ao acaso
Caracteres físicos – pH

A variação normal do
• sendo que a primeira urina da manhã, em geral, é mais ácida
pH urinário é de 4,5 a variando entre 5,0 e 6,0.
8,0

O pH urinário sempre
• alterações do equilíbrio ácido base,
deve ser avaliado frente • infecções no trato urinário,
às condições clínicas do • alterações de função renal
paciente, uma vez que • ingesta alimentar
• alimentação rica em proteínas tendem a ocasionar urina ácida e
alterações no pH podem
• alimentação rica e vegetais, em geral, ocasionam urinas alcalinas
estar associadas a:
Caracteres físicos – pH

• Interferentes
• O crescimento bacteriano em amostras pode tornar o ph alcalino, devido
ao fato da uréia ser convertida em amônio. Deve-se ter o cuidado de não
umedecer excessivamente a fita, para que o tampão ácido da proteína não
escorra na placa do pH, tornando esse laranja.

• Urinas ácidas: dietas ricas em proteínas, acidose metabólica ou respiratória


• Urina alcalina: dieta rica em frutas e verduras, ingestão de medicamentos
básicos, vômitos repetitivos, alcalose metabólica ou respiratória.
Provas bioquímicas - Nitrito
A prova do nitrito é um teste rápido para auxiliar na
detecção de bactérias que tenham a capacidade de reduzir
o nitrato (constituinte normal da urina) a nitrito.

As bactérias gram negativas, as maiores causadoras de


infecção urinária, apresentam esta propriedade.

Porém bactérias gram positivas e fungos não reduzem


nitrito.
Provas bioquímicas - Nitrito
• Útil na detecção da infecção inicial da bexiga (cistite), pois muitas
vezes os pacientes são assintomáticos, ou tem sintomas leves,
e quando a cistite não for tratada, pode evoluir para
pielonefrite, que é a complicação frequente da cistite e
acarreta lesão dos túbulos renais, hipertensão e até septicemia.

• A base bioquímica do teste é a capacidade que têm certas


bactérias de reduzir o nitrato constituinte normal da urina em
nitrito. Para a determinação de nitrito a urina deve
permanecer na bexiga por pelo menos 4 horas.
Provas bioquímicas - Proteína
A urina normal contém quantidades muito pequena de proteínas, em média menos de 10 mg/dl ou 150
mg/24 horas.

Estas proteínas são:

•proteínas séricas de baixo peso molecular filtradas seletivamente pelos glomérulos,


•proteínas produzidas no trato urogenital (próstata, vesículas seminais),
•microglobulinas séricas
As principais causas de proteinúria são:

•a) Lesões de membrana glomerular.


•b) Comprometimento de reabsorção tubular.
•c) Mieloma múltiplo.
•d) Nefropatia diabética.
•e) Pré-eclâmpsia.
•f) Infecções graves.
•g) Proteinúria postural.
•h) Exercícios intensos.
•i) Febre.
Provas bioquímicas - Proteína
Provas bioquímicas - Proteína

• A presença de até mesmo relativamente pequenos aumentos de


proteína ou albumina na urina constitui-se em um sinal precoce de
lesão renal
• Proteinúria persistente está associada com perda de função renal
• A magnitude da proteinúria persistente correlaciona-se diretamente
com a taxa de perda de função renal
• A microalbuminúria é o primeiro indício, clinicamente detectável, de
doença renal causada por diabetes.
Provas bioquímicas - Glicose

Em condições normais quase toda glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida no túbulo
contornado proximal, assim a urina contém quantidades mínimas de glicose.

A reabsorção ocorre por transporte ativo. Quando a glicose sérica alcança níveis entre 160 a 180
mg/dl a reabsorção tubular renal torna-se insuficiente para reabsorver toda glicose e esta passa a ser
detectada na urina.

No entanto, a glicosúria nem sempre se deve ao diabetes. O limiar renal para a glicose pode estar
diminuído, por exemplo:

• durante a gravidez, e a glicose pode entrar no filtrado mesmo em concentrações plasmáticas normais (glicosúria renal).
• A glicose no sangue aumenta rapidamente após uma refeição, superando temporariamente o limiar renal normal
(glicosúria alimentar). Tanto a glicosúria renal como a glicosúria alimentar não estão relacionadas ao diabetes.
Provas bioquímicas - Corpos Cetônicos
Normalmente não existem quantidades mensuráveis destas substâncias na urina porque
toda gordura metabolizada é completamente degradada e convertida em dióxido de
carbono e água.

Quando existe comprometimento do uso de carboidratos como principal fonte de energia


do organismo os estoques de gordura são metabolizados para produção de energia com
consequente detecção dos corpos cetônicos na urina.

As principais causas de aparecimento de corpos cetônicos são:

•a) Ceto acidose diabética.


•b) Jejum prolongado.
•c) Vômitos.
•d) Tratamento obesidade.
•e) Perda excessiva de carboidratos.
Provas bioquímicas - Corpos Cetônicos
Provas bioquímicas -Bilirrubinas
A bilirrubina é um produto da degradação da hemoglobina

A protoforfirina é a bilirrubina conjugada Uma pequena


A hemoglobina convertida em No fígado esta
passa ao intestino, onde quantidade de
liberada com a bilirrubina, que é bilirrubina conjuga pela ação das bactérias urobilinogênio é filtrada
destruição das liberada para a se com o ácido intestinais é reduzida e pelos rins e eliminada na
hemácias é circulação, liga se a formando bilirrubina convertida em forma de urobilinogênio
decomposta em ferro, albumina → bilirrubina direta ou conjugada urobilinogênio, metade urinário. Finalmente o
proteínas e indireta ou não que é hidrossolúvel. deste é reabsorvido e urobilinogênio é
protoporfirina. conjugada. não é recircula através do convertido a urobilina e
excretada pelos rins. fígado. excretado nas fezes.
Provas bioquímicas -Bilirrubinas

• A presença de Bilirrubina conjugada na urina sugere obstrução do


fluxo biliar → a urina é escura e forma espuma amarela
• A bilirrubinúria está associada com nível elevado de bilirrubina
conjugada, icterícia, e fezes descoradas.
Provas bioquímicas - Urobilinogênio

O urobilinogênio é um pigmento biliar produzido no intestino a partir da degradação da


bilirrubina direta. Aproximadamente metade do urobilinogênio é reabsorvida pelo intestino
sendo novamente encaminhado ao fígado e armazenado na vesícula biliar. Durante a
circulação até o fígado é filtrado pelos rins e pequena quantidade deste pode ser detectada na
urina. No intestino é oxidado a urobilina pigmento responsável pela cor marrom das fezes.

Ocorre aumento de urolobilinogênio em doenças hepáticas e hemolíticas, sendo um


marcador precoce de hepatites
Provas bioquímicas - Sangue

• O sangue pode estar presente na urina na forma de hemácias íntegras


(hematúria) ou na forma de hemoglobina (hemoglobinúria).
• As principais causas de hematúria são:
• Cálculos renais.
• Doenças glomerulares.
• Tumores.
• Traumatismos.
• Pielonefrite.
• Doenças hematológicas.
• Medicamentos e anticoagulantes.
• Tabagismo.
Sedimentoscopia - Células Epiteliais

Dentre esta • Células pavimentosas: células provenientes do


epitélio vaginal, uretra masculina e feminina.
denominação • Células transicionais: originam se do revestimento
são da pelve renal, bexiga e porção superior da uretra.
• Células dos túbulos renais: normalmente não
encontrados encontradas na urina, sua presença é indicativa de
doenças causadoras de lesão tubular como
três tipos de pielonefrites, reações tóxicas, infecções virais,
rejeição a transplante.
células:
Sedimentoscopia - Bactérias

Normalmente a urina não contém bactérias. A


presença de bactérias pode estar associada a
•infecções urinárias,
•infecções renais,
•contaminação por flora perineal ou fecal
•ainda por proliferação bacteriana em amostra mantida a
temperatura ambiente por longo tempo.
Sedimentoscopia -Leucócitos

Leucócitos são encontrados em baixo número na urina.

Podem passar para urina através de lesão glomerular, lesão capilar e também são capazes de
migrar de forma amebóide através dos tecidos, indo para locais de inflamação ou infecção.

Entre as causas de leucocitúria estão:

•a) Cistite.
•b) Pielonefrite.
•c) Prostatite.
•d) Uretrite.
•e) Glomerulonefrites.
Exame do sedimento
Norma Brasileira, para padronização do exame de urina ABNT NBR 15.268:2005 – Laboratório clínico – Requisitos e recomendações para
exame de urina, foi publicada e pode ser adquirida na ABNT pelo site:www.abnt.org.br
Exame do sedimento
Norma Brasileira, para padronização do exame de urina ABNT NBR 15.268:2005 – Laboratório clínico – Requisitos e recomendações para
exame de urina, foi publicada e pode ser adquirida na ABNT pelo site:www.abnt.org.br
Cilindros
 Os cilindros são os únicos elementos exclusivamente
renais encontrados no sedimento urinário.

 Formam-se principalmente no interior da luz do


túbulo contorcido distal e do ducto coletor, possibilitando
a visão microscópica das condições existentes no interior dos
néfrons.

 Suas formas representam a luz do túbulo: geralmente têm


lados paralelos e extremidades arredondadas, mas podem
ser enrugados ou contorcidos, dependendo da sua idade.
Cilindros

 A largura do cilindro depende do tamanho do túbulo em que


foi formado.
 Os largos podem ser devidos à distensão tubular ou, no caso de
extrema estase urinária, à formação no interior dos ductos
coletores.
 A aparência dos cilindros também é influenciada pelos
materiais presentes no filtrado no momento de sua formação e
pelo período de tempo em que eles permaneceram no túbulo.
Cilindros
 Quaisquer elementos presentes no filtrado tubular - células, bactérias,
grânulos, pigmentos e cristais podem prender-se à matriz do cilindro.
 O principal componente dos cilindros é a glicoproteína de Tamm-
Horsfall, excretada pelas células dos túbulos renais.
 Encontrada na urina normal e na anormal, não é detectável pelos métodos
de tira reativa; portanto, não é responsável pelo elevado nível
de proteínas urinárias freqüentemente relacionado com presença
de cilindros.
 A proteína de Tamm-Horsfall é excretada em velocidade
relativamente constante pelas células tubulares e constituem uma proteção
imunológica contra infecções.
 Gelifica-se em condições de estase urinária e em presença de sódio
e cálcio. Também é importante a magnitude da glicosilação dessa
proteína.
Cilindros hialinos

 Os cilindros mais freqüentes são de tipo hialino, constituídos


quase inteiramente por proteína de Tamm- Horsfall.

 A presença de 0 a 2 desses cilindros por campo de


pequeno aumento é considerada normal, assim como o
achado de quantidade elevada após exercício físico intenso,
desidratação, exposição ao calor e estresse emocional.

 Assumem significado clínico quando seu número é


elevado: glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal
crônica e insuficiência cardíaca congestiva.
Cilindros hialinos
 Os cilindros hialinos são incolores nos sedimentos
não-corados e têm um índice de refringência
semelhante ao da urina; portanto, podem
facilmente passar despercebidos se as amostras
não forem examinadas com pouca luminosidade.

 A morfologia dos cilindros hialinos é variável:


formas normais, enrugadas e contorcidas; o
enrugamento e a contorção parecem ser devidos
ao envelhecimento do cilindro.
Cilindros hialinos

Cilindro hialino e pseudocilindros de uratos amorfos (200 x).


Cilindros hemáticos
 Enquanto o achado de hemácias na urina
indica sangramento de alguma área do sistema
urogenital, a existência de cilindros hemáticos é
muito mais específica, indicando que o
sangramento provém do interior do néfron.

 Sua presença relaciona-se principalmente com


a glomerulonefrite, mas qualquer quadro clínico
capaz de lesar os glomérulos, os túbulos ou os
capilares renais pode produzir cilindros hemáticos.
Cilindros hemáticos
 Podem conter células claramente identificáveis ou
fortemente agrupadas, ligadas à matriz protéica.

Cilindro hemático: observe a presença de hemácias hipocrômicas


e dismórficas (400 x).
Cilindros leucocitários
O aparecimento de cilindros leucocitários na urina
significa infecção ou inflamação no interior
dos néfrons.

 Sãoobservados com mais freqüência na pielonefrite,


mas ocorrem em qualquer doença que
cause inflamação dos néfrons, acompanhando
também os cilindros hemáticos na glomerulonefrite.
Cilindros leucocitários
 Os cilindros leucocitários são refringentes, têm
grânulos e, a menos que sua desintegração tenha
começado, serão visíveis os núcleos multilobulados.

Cilindro leucocitário corado (400 x).


Cilindros de células epiteliais
 Asfibrilas da proteína de Tamm-Horsfall prendem-se
às células tubulares; se assim não fosse,
passariam para a urina antes da formação do cilindro.

O desligamento pode ocorrer em vários estágios


do processo de formação.

 Considerando sua íntima aderência às


células tubulares, é previsível a ligação de células
epiteliais aos cilindros hialinos.
Cilindros de células epiteliais
 Eles podem ser distinguidos dos cilindros leucocitários pela existência de
núcleo redondo.
 A identificação é facilitada pela coloração.

Cilindro de células epiteliais tubular renal:


observe a inserção superficial das células
na matriz do cilindro (400 x).
Cilindros granulares
 É preciso que haja estase urinária e que os cilindros celulares permaneçam
nos túbulos para que a sua desintegração produza grânulos.

Cilindro granuloso fino e cristais de ácido úrico (ampliação de 400x)


Cilindros céreos
 Representam a destruição final dos
grânulos que aderem à matriz do
cilindro.
 A presença de cilindros céreos indica extrema estase urinária.

Cilindro céreo corado: observe as extremidades irregularmente quebradas


(ampliação de 100 x)
Cilindros adiposos
 São ligeiramente refringentes e contêm gotículas
gordurosas de cor marrom-amarelada.

Cilindro adiposo: observe as gotículas de gordura refringentes na


matriz do cilindro (ampliação de 400 x).
Cilindros largos
 Todos os tipos de cilindros podem ser largos (alteração
nos túbulos renais), e a presença de muitos cilindros céreos
largos sugere prognóstico desfavorável.

Grande cilindro granuloso em vias de tomar-se céreo (ampliação de 400 x).


Bactérias

 Normalmente a urina não tem bactérias.

 No entanto, se as amostras não forem colhidas


em condições estéreis, pode ocorrer
contaminação bacteriana sem significado clínico.

 As amostras que ficam à temperatura ambiente


por muito tempo também podem conter
quantidades detectáveis de bactérias, que
representam apenas a multiplicação dos organismos
contaminantes.
Bactérias

A maioria dos laboratórios registra a presença de bactérias só quando


estas forem observadas em amostras recém-colhidas e em conjunto
com leucócitos.
Leveduras

 As leveduras, geralmente Candida albicans,


podem ser observadas na urina de pacientes com
diabetes melito e de mulheres com candidíase
vaginal.

 Sãofacilmente confundidas com hemácias e por isso


deve-se observar atentamente se há brotamentos.

Cândida sp.
Leveduras
Leucócito
Brotamento

Leveduras e um leucócito: formas em brotamentos ajudam a distingui-las das hemácias


(ampliação de 400 x).
Parasitas
 O parasita encontrado com mais freqüência na urina é o
Trichomonas vaginalis, devido à contaminação por secreções
vaginais.
 Esse organismo é flagelado, sendo facilmente identificado por
seu movimento rápido no campo microscópico.
 Contudo, quando não se move, o Trichomonas pode
parecer
um leucócito.
 Por vezes são observados ovos de oxiúros (Enterobius
vermicularis) e outros parasitas intestinais na urina, resultado
de contaminação fecal.
Parasitas

Presença de Trichomonas vaginalis íntegro em amostra com conservante


químico após 24 horas em temperatura ambiente. Há preservação da
estrutura celular e motilidade. (aumento de 400x, coloração
de Sternheimer-Malbin).
Espermatozóides
 Por vezes encontram-se espermatozóides na urina após
relações sexuais ou ejaculação noturna; não têm
significado clínico.

Espermatozóide normal (ampliação de 400 x)


Muco
O muco é um material protéico produzido por
glândulas e células epiteliais do sistema urogenital.

 Nãoé considerado clinicamente significativo e sua


quantidade é maior quando há contaminação vaginal.

 Microscopicamente, é visto como estruturas


filamentosas com baixo índice de refração, o que
exige observação em luz de baixa intensidade.
Muco

Filamentos de Muco
A análise imunológica demonstrou que um dos principais componentes do muco
é a proteína de Tamm-Horsfall.
Cristais
 É comum encontrar cristais na urina.

 Embora raramente tenham qualquer significado clínico,


deve se proceder à sua identificação para se ter certeza de que
não representam anormalidades.

 Os cristais são formados pela precipitação dos sais da


urina submetidos a alterações de pH, temperatura ou
concentração, o que afeta sua solubilidade.

 Os sais precipitados aparecem na urina na forma de


cristais verdadeiros ou de material amorfo, que também se
inclui na categoria de cristais urinários.
Cristais
 A urina normal recém-eliminada pode conter cristais formados
nos túbulos ou, com menos freqüência, na bexiga.

 A grande concentração de solutos geralmente é


responsável por essa precipitação in vivo, encontrada, na
maioria das vezes, na urina concentrada.

 A maior parte da formação de cristais ocorre em amostras que


foram deixadas em temperatura ambiente ou que
foram refrigeradas.

 Os cristais são extremamente abundantes em amostras


refrigeradas e muitas vezes causam problemas porque
mascaram outros componentes de maior significado clínico.
Cristais
A principal razão para a identificação dos cristais
urinários é detectar a presença de alguns
tipos relativamente anormais, que podem representar
certos distúrbios, como doenças hepáticas, erros
inatos do metabolismo ou lesão renal causada pela
cristalização de metabólitos de drogas nos túbulos.
Cristais
 O recurso mais útil na identificação dos cristais é o
conhecimento do pH da urina, pois ele determinará o tipo de
substâncias químicas precipitadas.

 Os cristais geralmente são classificados não só como normais


ou anormais, mas também segundo a urina em que está
presente: ácida ou alcalina.

 Os mais comumente encontrados têm formas ou cores


muito características, mas na verdade ocorrem variações, o que
pode causar problemas de identificação.
Cristais normais
 Urina ácida.

 Os cristais mais comumente encontrados na urina ácida são os uratos, constituídos


por ácido úrico, uratos amorfos e urato de sódio.

 Microscopicamente, a coloração de todos os cristais de urato vai do amarelo ao


castanho-avermelhado, sendo os únicos cristais normais coloridos em urina ácida.

 São várias as suas formas: losangular, rosetas, cunhas e agulhas.


Cristais normais

 A identificação é melhor pela cor que pela forma.

Cristais de ácido úrico: observe a variedade de formas (ampliação de 400x).


Quando presentes em grande quantidade, podem transmitir cor rosada à urina,
particularmente ao sedimento.
Cristais normais
 Os cristais de oxalato de cálcio também são freqüentes na urina ácida,
podendo ser vistos na urina neutra, mas raramente na alcalina.

Cristais de oxalato de cálcio: Cristais de oxalato de


Observe a aparência clássica cálcio ovais
de “envelope” (ampliação (ampliação de 400x)
de 400x)
Cristais normais
 Urina alcalina.
 A maioria dos cristais observados na urina alcalina é formada por fosfatos,
como o fosfato triplo, o fosfato amorfo e o fosfato de cálcio. Os cristais de
fosfato triplo são talvez os mais facilmente identificáveis porque costumam
ser constituídos por prismas incolores denominados "tampa de caixão".

Cristais de fosfato triplo: observe a clássica aparência de “tampa de caixão”.


Cálculos Renais

 São numerosos os estudos de correlação entre a presença de cristalúria e a


formação de cálculos renais, com resultados variáveis.

 O achado de grumos de cristais em urina quente recém eliminada indica


que existem condições para a formação de cálculos, tendo-se observado
aumento da cristalúria nos meses de verão em pessoas que formam cálculos renais.

 Contudo, devido à variação nas condições que afetam a urina no organismo e no


recipiente de amostra e ao fato de que ainda não se conhecem realmente os
mecanismos da formação de cálculos, atribui-se pouca importância ao papel dos
cristais no diagnóstico dos cálculos renais.
Cálculos Renais
 A análise dos cálculos renais excretados é importante
no tratamento do paciente.

 Aproximadamente 75% deles contêm oxalato de


cálcio, sendo possível evitar formações futuras
através de mudanças na dieta.

 Sua análise pode ser bioquímica.


Artefatos
 Podem ser encontrados contaminantes de todos os tipos na urina,
principalmente nas amostras colhidas em condições impróprias ou em
recipientes sujos.
 O que mais confunde os estudantes são as gotículas de óleo e os grânulos de
amido (pó de talco), por se parecerem com hemácias.

Grânulos de amido: observe a refringência (ampliação de 400x)


Exame do sedimento
Demais elementos, em ambas as contagens,
expressar da seguinte forma:

Células epiteliais: três tipos de células são


encontrados no trato urinário:

 Células escamosas, pavimentosas ou planas


que cobrem a vagina, a uretra e o trígono vesical.
Caracterizam-se pelo grande tamanho, núcleo
pequeno e citoplasma com pequenos
grânulos. Sua presença não tem maior
significado, podendo indicar contaminação vaginal
da amostra.
Exame do sedimento
 Células escamosas, pavimentosas ou planas.

Células epiteliais escamosas (400x) - trato urinário inferior.


Exame do sedimento
 Células de transição cobrem a pelve renal, ureter e bexiga. Sua presença,
em grande número, pode indicar inflamação da via urinária descendente, se
associada a leucocitúria. Frequentemente são redondas, com núcleo também
redondo e relativamente grande. É difícil sua separação do epitélio renal.

Células epiteliais de transição (azul) - bexiga - e leucócitos (verde)


(400x). Corado (STERNHEIMER-MALBIN)
Exame do sedimento

Células epiteliais transicionais


Exame do sedimento

 Células tubulares renais: são células oriundas do


epitélio tubular que aparecem ocasionalmente
no sedimento urinário normal.
 São um pouco maiores do que os leucócitos
e apresentam um núcleo grande, geralmente
excêntrico, muitas vezes com membrana nuclear
espessada e com inclusões citoplasmáticas.
 Como representa esfoliação renal, a presença de mais
do que uma dessas células por campo de grande
aumento (400x) sugere dano tubular renal.
Exame do sedimento

Células epiteliais tubulares


Exame do sedimento
 Resultado:

▪ Células epiteliais pavimentosas e de transição: poucas,


moderadas e muitas. Células epiteliais tubulares
e corpúsculos gordurosos ovais: resultado por campo ou
ml, de acordo com a metodologia empregada.

▪ Cristais: identificar e quantificar como poucos,


moderados e muitos.

▪ Muco: pouco, moderado e muito. (desidratação, inflamação dá muco


elevado)

▪ Microrganismos, parasitas e espermatozóides (relatar


apenas em urinas masculinas): poucos, moderados
e muitos.

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