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Rosângela Batista de Vasconcelos

Urianálise
Exame de urina tipo I

Gama, DF, 2022.


CENTRO UNIVERSITÁRIO APPARECIDO DOS SANTOS
- UNICEPLAC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

V331u

Vasconcelos, Rosângela Batista de.

Urianálise: exame de urina tipo I. Gama, DF:


UNICEPLAC, 2021.

34 p.

1. Urianálise. 2. Exame de urina. 3. Nutrição. I. Título.

CDU: 612.3
Introdução
• O objetivo desta aula é fornecer visão geral da importância da
urinálise no rastreamento de doenças e não apenas na
investigação da insuficiência renal
Exame urina I
O exame sumário de urina, comumente conhecido como Urina I ou sedimentoscopia urinária
é um procedimento laboratorial simples, com baixo custo e sem grandes dificuldades para
coleta;

oferece grande quantidade de informações sobre condições gerais de saúde e patologias


apresentadas pelo paciente.

Sendo excelente auxilio diagnóstico:

• para doenças renais (funcionais, infecciosas, tumores e cálculos),


• hepatopatias,
• alterações metabólicas,
• acompanhamento de atividade física
• e alguns erros inatos do metabolismo.
Procedimento
• O teste bioquímico da urina envolve o uso de fitas descartáveis.
Cada fita é impregnada com um número de blocos de reagentes
coloridos separados uns dos outros por bandas estreitas.
Quando a fita é manualmente imersa na amostra de urina, os
reagentes em cada bloco reagem com um componente
específico da urina de tal forma que (1) o bloco muda de cor se
o componente estiver presente e (2) a mudança de cor
produzida é proporcional à concentração do componente que
está sendo testado.

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Urianálise
Dividimos a
• Características Físicas
avaliação do • Cor, aspecto, densidade
sumário de urina • Bioquímica
• Proteinúria
em três partes: • Glicosúria
caracteres físicos, • Outras
• Sedimentoscopia
provas bioquímicas • Hematúria
e análise • Leucocitúria
• Cilindrúria
microscópica do • Outras
sedimento urinário.
Caracteres físicos – Cor

A cor normal da urina é amarela, causada principalmente pela presença do


pigmento urocromo que é um produto do metabolismo endógeno, sendo
lipossolúvel normalmente encontrado no plasma e excretado pela urina. Em
menor concentração também fazem parte da cor da urina os pigmentos urobilina
e uroeritrina.

Existe grande magnitude de variação na coloração da urina variando desde


incolor até preto, estas variações de cor podem ser causadas por alterações de
hidratação, doenças (metabólicas, genéticas, lesões musculares, cálculos,
tumores), atividade física e condições de conservação da amostra. Assim sendo
alteração na coloração da urina, por si, não indica patologia.
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/6/28%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter7.xhtml%5D!/4/2/194/2/4
Caracteres físicos – Aspecto

É a análise macroscópica da amostra para avaliação de sua


transparência.

A urina recém eliminada deve ter aspecto


transparente/límpida.

A alteração do aspecto normal da urina pode estar associada

• a processos não patológicos (precipitação de cristais, muco, células epiteliais),


• processos patológicos (hemácias, leucócitos, fungos, bactérias, lipídios, sêmen
e linfa)
• contaminações externas (talco, cremes vaginais, material fecal, contrastes
radiológicos).
Caracteres físicos – Densidade
• Avalia a capacidade de reabsorção renal, a qual muitas vezes é a
primeira a se tornar deficiente na função renal.
• O volume de urina excretada e sua concentração de solutos variam
nos rins, para a manutenção da homeostase dos fluidos corporais e
eletrolíticos.
• O valor da densidade medida na amostra é influenciado pelo
número de partículas químicas dissolvidas bem como pelo
tamanho das mesmas.
• Valores de referência
• 1015 a 1025 urina de 24h
• 1002 a 1030 amostras ao acaso
Caracteres físicos – pH

A variação normal do
• sendo que a primeira urina da manhã, em geral, é mais ácida
pH urinário é de 4,5 a variando entre 5,0 e 6,0.
8,0

O pH urinário sempre • alterações do equilíbrio ácido base,


deve ser avaliado frente • infecções no trato urinário,
às condições clínicas do • alterações de função renal
paciente, uma vez que • ingesta alimentar
• alimentação rica em proteínas tendem a ocasionar urina ácida e
alterações no pH podem • alimentação rica e vegetais, em geral, ocasionam urinas alcalinas
estar associadas a:
Caracteres físicos – pH

• Interferentes
• O crescimento bacteriano em amostras pode tornar o ph alcalino, devido
ao fato da uréia ser convertida em amônio. Deve-se ter o cuidado de não
umedecer excessivamente a fita, para que o tampão ácido da proteína não
escorra na placa do pH, tornando esse laranja.

• Urinas ácidas: dietas ricas em proteínas, acidose metabólica ou respiratória


• Urina alcalina: dieta rica em frutas e verduras, ingestão de medicamentos
básicos, vômitos repetitivos, alcalose metabólica ou respiratória.
Provas bioquímicas - Nitrito
A prova do nitrito é um teste rápido para auxiliar na
detecção de bactérias que tenham a capacidade de reduzir
o nitrato (constituinte normal da urina) a nitrito.

As bactérias gram negativas, as maiores causadoras de


infecção urinária, apresentam esta propriedade.

Porém bactérias gram positivas e fungos não reduzem


nitrito.
Provas bioquímicas - Nitrito
• Útil na detecção da infecção inicial da bexiga (cistite), pois muitas
vezes os pacientes são assintomáticos, ou tem sintomas leves, e
quando a cistite não for tratada, pode evoluir para pielonefrite,
que é a complicação frequente da cistite e acarreta lesão dos
túbulos renais, hipertensão e até septicemia.

• A base bioquímica do teste é a capacidade que têm certas


bactérias de reduzir o nitrato constituinte normal da urina em
nitrito. Para a determinação de nitrito a urina deve permanecer
na bexiga por pelo menos 4 horas.
Provas bioquímicas - Proteína
A urina normal contém quantidades muito pequena de proteínas, em média menos de 10 mg/dl ou 150
mg/24 horas.

Estas proteínas são:

• proteínas séricas de baixo peso molecular filtradas seletivamente pelos glomérulos,


• proteínas produzidas no trato urogenital (próstata, vesículas seminais),
• microglobulinas séricas
As principais causas de proteinúria são:

• a) Lesões de membrana glomerular.


• b) Comprometimento de reabsorção tubular.
• c) Mieloma múltiplo.
• d) Nefropatia diabética.
• e) Pré-eclâmpsia.
• f) Infecções graves.
• g) Proteinúria postural.
• h) Exercícios intensos.
• i) Febre.
Provas bioquímicas - Proteína
Provas bioquímicas - Proteína

• A presença de até mesmo relativamente pequenos aumentos de


proteína ou albumina na urina constitui-se em um sinal precoce de
lesão renal
• Proteinúria persistente está associada com perda de função renal
• A magnitude da proteinúria persistente correlaciona-se diretamente
com a taxa de perda de função renal
• A microalbuminúria é o primeiro indício, clinicamente detectável, de
doença renal causada por diabetes.
Provas bioquímicas - Glicose

Em condições normais quase toda glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida no túbulo
contornado proximal, assim a urina contém quantidades mínimas de glicose.

A reabsorção ocorre por transporte ativo. Quando a glicose sérica alcança níveis entre 160 a 180
mg/dl a reabsorção tubular renal torna-se insuficiente para reabsorver toda glicose e esta passa a
ser detectada na urina.

No entanto, a glicosúria nem sempre se deve ao diabetes. O limiar renal para a glicose pode estar
diminuído, por exemplo:

• durante a gravidez, e a glicose pode entrar no filtrado mesmo em concentrações plasmáticas normais (glicosúria renal).
• A glicose no sangue aumenta rapidamente após uma refeição, superando temporariamente o limiar renal normal
(glicosúria alimentar). Tanto a glicosúria renal como a glicosúria alimentar não estão relacionadas ao diabetes.
Provas bioquímicas - Corpos Cetônicos
Normalmente não existem quantidades mensuráveis destas substâncias na urina porque
toda gordura metabolizada é completamente degradada e convertida em dióxido de
carbono e água.

Quando existe comprometimento do uso de carboidratos como principal fonte de energia


do organismo os estoques de gordura são metabolizados para produção de energia com
consequente detecção dos corpos cetônicos na urina.

As principais causas de aparecimento de corpos cetônicos são:

• a) Ceto acidose diabética.


• b) Jejum prolongado.
• c) Vômitos.
• d) Tratamento obesidade.
• e) Perda excessiva de carboidratos.
Provas bioquímicas - Corpos Cetônicos
Provas bioquímicas -Bilirrubinas
A bilirrubina é um produto da degradação da hemoglobina

A protoforfirina é a bilirrubina conjugada Uma pequena


A hemoglobina convertida em No fígado esta passa ao intestino, onde quantidade de
liberada com a bilirrubina, que é bilirrubina conjuga pela ação das bactérias urobilinogênio é filtrada
destruição das liberada para a se com o ácido intestinais é reduzida e pelos rins e eliminada na
hemácias é circulação, liga se a formando convertida em forma de urobilinogênio
decomposta em ferro, albumina  bilirrubina bilirrubina direta ou urobilinogênio, metade urinário. Finalmente o
proteínas e indireta ou não conjugada que é deste é reabsorvido e urobilinogênio é
protoporfirina. conjugada. não é recircula através do convertido a urobilina e
hidrossolúvel. fígado. excretado nas fezes.
excretada pelos rins.
Provas bioquímicas -Bilirrubinas

• A presença de Bilirrubina conjugada na urina sugere obstrução do


fluxo biliar  a urina é escura e forma espuma amarela
• A bilirrubinúria está associada com nível elevado de bilirrubina
conjugada, icterícia, e fezes descoradas.
Provas bioquímicas - Urobilinogênio

O urobilinogênio é um pigmento biliar produzido no intestino a partir da degradação da


bilirrubina direta. Aproximadamente metade do urobilinogênio é reabsorvida pelo intestino
sendo novamente encaminhado ao fígado e armazenado na vesícula biliar. Durante a
circulação até o fígado é filtrado pelos rins e pequena quantidade deste pode ser detectada
na urina. No intestino é oxidado a urobilina pigmento responsável pela cor marrom das fezes.

Ocorre aumento de urolobilinogênio em doenças hepáticas e hemolíticas, sendo um


marcador precoce de hepatites
Provas bioquímicas - Sangue

• O sangue pode estar presente na urina na forma de hemácias íntegras


(hematúria) ou na forma de hemoglobina (hemoglobinúria).
• As principais causas de hematúria são:
• Cálculos renais.
• Doenças glomerulares.
• Tumores.
• Traumatismos.
• Pielonefrite.
• Doenças hematológicas.
• Medicamentos e anticoagulantes.
• Tabagismo.
Sedimentoscopia - Células Epiteliais

Dentre esta • Células pavimentosas: células provenientes do


denominação epitélio vaginal, uretra masculina e feminina.
• Células transicionais: originam se do revestimento
são da pelve renal, bexiga e porção superior da uretra.
• Células dos túbulos renais: normalmente não
encontrados encontradas na urina, sua presença é indicativa de
doenças causadoras de lesão tubular como
três tipos de pielonefrites, reações tóxicas, infecções virais,
células: rejeição a transplante.
Sedimentoscopia - Bactérias

Normalmente a urina não contém bactérias. A


presença de bactérias pode estar associada a
• infecções urinárias,
• infecções renais,
• contaminação por flora perineal ou fecal
• ainda por proliferação bacteriana em amostra mantida a
temperatura ambiente por longo tempo.
Sedimentoscopia -Leucócitos

Leucócitos são encontrados em baixo número na urina.

Podem passar para urina através de lesão glomerular, lesão capilar e também são capazes de
migrar de forma amebóide através dos tecidos, indo para locais de inflamação ou infecção.

Entre as causas de leucocitúria estão:

• a) Cistite.
• b) Pielonefrite.
• c) Prostatite.
• d) Uretrite.
• e) Glomerulonefrites.
Referências
• MARSHALL, William J. Bioquímica Clínica - Aspectos Clínicos e
Metabólicos. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016.
9788595151918. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151
918/. Acesso em: 18 fev. 2022.
Obrigada!
rosangela.vasconcelos@uniceplac.e
du.br

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