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COM TELMA LEMOS

ATLAS E COMENTÁRIOS 

VOLUME 1
AUTORA
PROF.ª TELMA LEMOS

Farmacêutica
Profa Associada da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte-UFRN
Pós doutorado na Universidade de Chicago na área de
Bioquímica
Pós Doutorado na Universidade de Pernambuco
Doutora em Bioquímica pela unicamp-SP
Mestre em Bioquímica pela UFRN
Profa da disciplina de Uroanálises
Profa da disciplina de Bioquímica clínica - módulo função
renal e uroanálise
Profa da disciplina de Uroanálise
Coordenadora da especialização em ANÁLISES CLINICAS E
TOXICOLÓGICAS - ministro o módulo função renal e uro
Membro permanente do programa de pós graduação em
ciências farmacêuticas
Membro permanente do programa de pós graduação em
inovação tecnológica e Medicamentos
Consultoria a diversos Profissionais das análises clinicas no
Brasil e Exterior
CO-AUTOR
PROF. PATRICK MENEZES

Biólogo Clínico com experiência na área de Medicina


Laboratorial.
Atuando em Consultoria, Ensino e Treinamento em Análises
Clínicas.
Doutorando no Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de
Meis (IBqM-UFRJ)
Mestre em Medicina Laboratorial pela UERJ.
MBA Executivo em Saúde pela UCAM.
Especialista em Análises Clínicas e Diagnósticos in vitro pela
UFRJ e em Gestão Pedagógica Integrada pela UCAM.
Lotado no Laboratório Central do Hospital Universitário
Gaffrée e Guinle/UNIRIO.
Assessor Científico da Sociedade Brasileira de Análises
Clínicas (SBAC).
Membro do programa de Pós-Graduação em Ciências do
Laboratório Clínico da UFRJ e professor convidado do curso
preparatório para as forças armadas da Academia Brasileira
de Farmácia Militar - ABRAFARM.
Co-fundador, Diretor adjunto e Coordenador do Curso de
Análises Clínicas CAPBio - Grupo Educacional.
ÍNDICE DESTE VOLUME

INTRODUÇÃO
CÉLULAS EPTELIAIS
HEMATÚRIA
LEUCOCITÚRIA
CRISTALÚRIA
INTRODUÇÃO À UROANÁLISE

COLETA DE AMOSTRAS 1
E CARACTERES FÍSICO-QUÍMICOS
DA URINA
Introdução à uroanálise

COLETA E CONSERVAÇÃO DA URINA

1. COLETA DA PRIMEIRA AMOSTRA DA MANHÃ PARA O


SUMÁRIO DE URINA

Higiene com água e sabão (de preferência neutro) nos


órgãos genitais, para homens, mulheres e crianças, com
posterior enxágue com água para retirar o excesso de
sabão, o objetivo desta etapa é diminuir a presença de fios
mucosos quando vamos ler o sedimento no microscópio;

Coletar a amostra em recipiente limpo (lavados com


detergente neutro) e seco, devidamente etiquetado com
nome do paciente, data e hora da coleta. Existem pacientes
que ainda mão usam o coletor e sim frascos que tem em
casa, aconselhar a não usar frascos de maionese
(contaminam a urina com gotículas de gordura), nem
frascos de xarope, pois apresentam positividade para
substâncias redutoras.

Desprezar o primeiro jato da urina para limpar a uretra das


nossas bactérias (eliminar contaminação com secreções) e
coletar o jato médio no recipiente, o restante despreza no
sanitário.

Entregar no laboratório no prazo ideal de 1 hora, sendo o


tempo máximo aceitável até 2 horas.
Introdução à uroanálise

2. COLETA DA SEGUNDA AMOSTRA DA MANHÃ

O paciente deve ser instruído a entregar a amostra em até 2


horas após a 1ª micção, respeitando os critérios de higiene
genital, desprezar o primeiro jato, coletar o jato médio e
desprezar o restante no vaso sanitário.

3. COLETA DE UMA AMOSTRA ALEATÓRIA OU CASUAL

Qualquer amostra coleta no dia, geralmente isso ocorre em


hospitais e locais de pronto atendimento, mas não se deve
esquecer de rotular a hora da coleta.

4. COLETA DE AMOSTRA PARA CRIANÇAS E IDOSOS

Coletas nas quais o controle esfinctérico e, portanto, da


micção seja comprometida;
Uso de saco coletor de polietileno transparente, maleável,
com adesivo hipoalergênico e auto aderente colocado de
maneira adequada na área genital e trocado a cada 1hora.
Importante

Amostra cateterizada: coletada sob


COLETA DE AMOSTRAS ESPECIAIS
condições estéreis, pela inserção de um
cateter através da uretra para bexiga e é
sempre solicitada para obter amostra sem
contaminação. São coletadas as amostras do
rim direito e esquerdo através de cada um
dos seus ureteres, este procedimento deve
ser realizado por profissionais capacitados;

Punção suprapúbica: É introduzido uma


agulha através do abdômen na bexiga para
coletar amostra estéril, outra forma de
coletar uma urina livre de contaminação;

Coleta de urina de pacientes com sonda


vesical de demora: Esta coleta é a que causa
mais erros nos exames pois dependemos da
equipe de enfermagem tem dificuldade
nesta coleta. Primeiramente deve-se manter
a sonda fechada de 1 a 2 horas no máximo,
faz-se a assepsia no dispositivo da sonda
com álcool a 70% e coleta 30 a 60 mL de
urina com agulha estéril.
Introdução à uroanálise

CRITÉRIOS PARA REJEIÇÃO DAS AMOSTRAS

Os critérios para rejeição de uma amostra de urina devem ser


bem explícitos pelo laboratório. Toda equipe do laboratório,
desde a gestão, recepção no recebimento da amostra, a etapa
de realização do exame, transcrição e interpretação dos
resultados devem ser bem treinados e seguir esses critérios
rigorosos nas etapas do exame, a fim de se obter resultados e
laudos confiáveis.

São os seguintes:

Volume de amostra insuficiente para o teste solicitado em


pacientes adultos;
Coleta ou tipo de amostra inapropriada para determinados
exames;
Amostra visivelmente contaminada (por ex. com material
fecal);
Conservação inapropriada da amostra e transporte
inadequado;
Exames com solicitação médica incorreta ou sem solicitação
médica;
Evitar o máximo refrigerar a amostras para o sumário de
urina/ EAS para não favorecer a precipitação de sais de
acordo com o pH, dificultando assim a visualização do
sedimento no microscópio.
Introdução à uroanálise

TIPOS DE MICROSCOPIA
1. Microscopia de Campo Claro

É o microscópio comum óptico básico,


com uma fonte de luz que emite luz de
comprimento na onda da faixa visível
aonde o profissional controla a
intensidade da luz de acordo com o
índice de refração das estruturas.

2. Microscopia de Contraste de fase

Este microscópio funciona com


contraste de fase. Neste princípio,
quando a luz passa pelo objeto são
atrasados pela luz que passa pelo ar,
com consequência a redução da
intensidade da luz que atinge a lente
ocular, esse fenômeno chama-se
contraste de fase.

3. Microscopia com Luz Polarizada

O uso da luz polarizada auxilia na


identificação do cristal de ácido úrico e
lipídeos, mostrando as cores típicas do
ácido úrico e a cruz de malta dos
lipídeos. A luz quando atravessa uma
substância birrefringente, ela se divide
em 2 raios, com rotação de 90º entre
si.
Introdução à uroanálise

ETAPAS DO EAS/SUMÁRIO DE URINA/URINA TIPO 1


ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA URINA
Os carácter físico da urina é a primeira etapa do exame de EAS 
importante para confirmar e/ou explicar achados encontrados
na tira reativa e na análise do sedimento urinário na
microscopia. O relato do volume da primeira urina esta em
desuso devido a sua insignificância clínica, não precisando mais
ser relatado no laudo, pois não representa toda a micção do
paciente, sendo o volume urinário importante ser relatado é o
da urina de 24 horas que serve para as análises quantitativas.

COR
VALOR DE REFERÊNCIA AMARELO CLARO

As cores das urinas que possuem tonalidades em amarelo


precisamos padronizar, pois para o médico apenas algumas cores
possuem relevância, minha sugestão é padronizar como descrito
abaixo:
Amarelo citrino
Amarelo claro
Amarelo escuro
Amarelo âmbar
Posso afirmar que estas cores descritas acimas irão interferir nas almofadas de química seca
da tira reativa, pois temos na urina os metabólitos excretados na urina, a celularidade
presente, e ainda a cor da urina que sofreu forte interferência como mostrado acima.

DICA: nestas urinas não realizarmos o exame da tira reativa e colocar no laudo a seguinte
observação: NÃO FOI POSSÍVEL REALIZAR A PROVA DA TIRA REATIVA POR FOR INTERFERÊNCIA
DA COR DA URINA (verde, azul, preta e etc)
Introdução à uroanálise

Aspecto (turbidez):

Este termo se relaciona com a transparência da urina. A


terminologia para descrever o aspecto é a seguinte: límpida,
semiturva (ligeiramente turva), turva ou leitosa quando for
necessário.

URINA LÍMPIDA E SEMI TURVA: Estes aspectos devem ser


observados com cuidado, em recipientes transparentes, de
preferência colocar a urina em um tubo de vidro bem visível,
frente a uma fonte de luz quando necessário e em um
ambiente bem iluminado, não olhamos a urina em descanso no
frasco pois precisamos fazer movimentos circulares para
observamos a presença de partículas na urina e descartar se
for o caso o aspecto límpido, muito usado erroneamente na
rotina, pois urina límpida é comum predominante em crianças,
as demais geralmente são classificadas como semi turva.
O QUE TURVA A URINA?

Leucócitos
Hemácias
Células epiteliais
Bactérias
Outras: Sêmen, muco, cristais, leveduras,
contaminação externa, cremes, sabões
Límpida Semiturva Turva
Introdução à uroanálise

Odor:

O odor da urina é definido como CARACTERÍSTICO


anteriormente chamado de “sui generis” que por questões de
biossegurança e por não contribuir muito com as correlações
clínicas como no passado, vêm caindo em desuso em nosso
país, aonde sugerimos a retirada do laudo.

ANÁLISE QUÍMICA DA URINA

Atualmente as tiras reativas são responsáveis pelo exame


químico da urina, analisando os parâmetros: pH, Densidade,
proteínas (Albumina), glicose, sangue (hemoglobina), cetonas,
bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, Leucócitos (esterases
leucocitárias).

Além dessas provas na tira reativa existem alguns médicos que


solicitam a pesquisa de substâncias redutoras pelo reativo de
Benedict e proteínas pela precipitação com ácidos.

As tiras reativas são compostas de pequenos quadrados de


papel absorvente impregnados com substâncias químicas,
ligados a uma tira de plástico.

Quando esta tira entra em contato com a urina ocorre a reação


química específica para cada parâmetro e as cores resultantes
são comparadas com uma tabela de cores fornecida pelos
fabricantes.
Introdução à uroanálise

ATENÇÃO
COMO USAR A TIRA REATIVA?

Mergulhar a tira, completa e rapidamente com as almofadas


para baixo na amostra de urina homogeneizada e não
centrifugada, e em seguida remover o excesso de urina
encostando a borda da tira em papel absorvente.

Comparar a cor da tira com a tabela de cores ou no


equipamento de leitura obedecendo ao tempo de reação de
cada área. 
Introdução à uroanálise

O uso incorreto da tira provoca erros graves,


por isso deve-se observar o seguintes detalhes:
ATENÇÃO

Manter o laboratório com boa iluminação para


facilitar a precisão na interpretação das cores
e em temperatura adequada (20 ºC a 25 ºC ).

Não deixar excesso de urina na tira e mantê-la


sempre na posição horizontal durante a
leitura, pois pode ocorrer escoamento de
líquido e substância química para os
quadrados adjacentes e causar distorções nas
cores.

Não deixar a tira mergulhada na urina por


muito tempo pois ocorre a perda dos
reagentes da tira que ficaram dissolvidos na
urina e podem precipitar formando cristais
que serão observados na microscopia.
Introdução à uroanálise

TIRA OU FITA REATIVA

1°. pH:

O pH de uma urina recém colhida na manhã nunca apresentará


um pH alcalino, com algumas exceções pode chegar a 8,0 mas
pH 9,0 é considerado URINA VELHA não deve ser analisada e
solicitar nova amostra. O indivíduo sadio, geralmente,
apresenta um pH urinário na faixa de 5,0 a 6,0 na primeira
urina da manhã.

Limitações:

Deve se utilizar urina recente, pois quando a urina fica em


repouso, o pH tende a subir devido à perda de CO2 ou por
contaminação bacteriana (produção de amônia a partir da
ureia).

2°. Densidade

A gravidade específica na realidade é a medida da densidade


urinária relativa à densidade da água que é 1,000. Indica a
proporção de sólidos dissolvidos num determinado volume.

Métodos de medida: A maioria dos laboratórios usa alguma


versão do método de refratômetro, que é bastante preciso e
reprodutível, mas pode sofrer interferência de quantidades
moderadas de proteína, glicose ou contraste de raios-x na
amostra.

Valores de referência: em adultos, pode variar entre 1,001 e


1,030 e na média são encontrados valores entre 1,015 e 1,025;
em crianças (até 2 anos): 1,001 a 1,018.
Introdução à uroanálise

3°. Proteínas (Albumina):

A área da tira para proteínas apresentam uma grande afinidade


por proteínas com cargas negativas, por isso vão reagir mais
fortemente na presença de albumina (proteína muito
eletronegativa) e ou não reagem ou apresentam fraca reação
na presença de globulinas, dentre elas as imunoglobulinas,
hemoglobina, mucoproteína de Tamm-Horsfall e proteína de
Bence-Jones

Resultados falsos negativos podem ocorrer se a tira ficar em


contato com a urina por muito tempo, pois o reagente é
carreado da tira. É um método que fornece apenas resultados
semiquantitativos e sofre muita variação na leitura de uma
mesma amostra porque a interpretação da mudança de cor é
subjetiva.

4°. Glicose

A determinação da glicosúria deve sempre vir acompanhada de


uma glicemia para se determinar com certeza se o paciente
com Diabetes mellitus extrapolou o limiar renal (glicemia
ultrapassar 160 mg/dL).

Encontramos glicose na urina em algumas situações siuações


benignas, tais como: após ingesta de grandes quantidades de
açúcar (pós-prandial); no final da gravidez (pré-diabético);
pacientes em uso de drogas, tiazidas e corticosteróides e no
stress emocional.
Introdução à uroanálise

Há outras situações patológicas, além do Diabetes mellitus,


onde aparece a glicosúria: na reabsorção tubular deficiente
(Síndrome de Fanconi, doença renal avançada), em lesão do
SNC (causada por tumores e/ou distúrbios glandulares na
hipófise) e em distúrbios da tireoide, dentre outras.

Falso-positivo: recipientes contaminados por peróxido ou


detergentes oxidantes fortes;

Falso-negativo:
Ácido ascórbico;
Ácido 5-hidroxi-indolacético;
Ácido homogentísico;
Aspirina;
Levodopa.

5°. Cetonas ou corpos cetônicos:

O termo cetonas compreende três produtos intermediários do


metabolismo das gorduras: acetona, ácido diacético ou
acetoacético e ácido beta-hidroxibutírico. Em condições
normais não aparecem cetonas na urina, pois toda gordura
metabolizada é completamente degradada em água e CO2.
Introdução à uroanálise
6°. Sangue: hemoglobina e mioglobina:

O sangue pode aparecer na urina em duas formas, hematúria (na


forma de hemácias íntegras) ou hemoglobinúria (hemácias
lisadas / hemoglobina). Quando presentes em grandes
quantidades podem ser vistas a olho nu: a hematúria deixa a urina
vermelha e turva e a hemoglobinúria torna a urina vermelha e
semiturva. Atualmente considera-se esse limite como a presença de
2 hemácias por campo de grande aumento após a centrifugação da
amostra urinária.

A hemoglobinúria ocorre como resultado da lise das hemácias ao


nível do trato urinário ou devido à hemólise intravascular com
subseqüente filtração glomerular da hemoglobina (Hb).

A lise das hemácias na urina em geral, apresenta uma mistura de


hemoglobinúria e hematúria, entretanto não se encontra hemácia
nos casos de hemólise intravascular.

A Hb não atravessa o glomérulo renal devido à formação de grandes


complexos com a haptoglobina na circulação, mas quando a
quantidade de Hb livre ultrapassa a de haptoglobina, a Hb livre
passa a ser filtrada pelo glomérulo, como acontece nas reações
transfusionais, anemias hemolíticas, nas queimaduras graves, nas
infecções e no exercício físico intenso.
Limitações:
Resultado falso-negativo:
Ácido ascórbico;
Níveis elevados de proteínas;
Densidade aumentada;
pH ≤ 5.

Resultado Falso-positivo:
Contaminação menstrual;
Frascos ou vidrarias lavados com detergente oxidante forte
Presença de peroxidases bacterianas como a peroxidase da
Escherichia coli.
Introdução à uroanálise

7° Bilirrubina:

A urina que contém bilirrubina apresenta-se geralmente de cor


âmbar e produz espuma amarela quando agitada.

A formação da prova da espuma foi o primeiro teste para


detecção de bilirrubina.

Atualmente utiliza-se teste de oxidação e de diazotização, mas


a prova da espuma ainda é ultilizada e importante para se
confirmar a presença de bilirrubina sem ação de interferentes.

Limitações

Como a bilirrubina é sensível à luz, deve-se proteger a urina


em frascos escuros ou examiná-los o mais rápido possível,
para que não haja oxidação da bilirrubina à biliverdina que
não é sensível aos reativos para a detecção de bilirrubina;

Além disso, os testes de oxidação com uso de cloreto férrico


sofrem muitas interferências, pois inúmeras substâncias,
inclusive metabólitos de aspirina, reagem com o cloreto
férrico;

Urinas muito pigmentadas também produzem distorções


nas cores (compostos derivados da piridina).

Reação falso-negativa

Amostras colhidas há várias horas;


Hidrólise do diglicuronídeo de bilirrubina a bilirrubina livre;
Concentração elevada de ácido ascórbico;
Nitrito reduzem a sensibilidade do teste.
Introdução à uroanálise

Prova da espuma:

Ë uma prova simples que


ajuda ao pessoal do
laboratório quanto às
dúvidas da positividade da
bilirrubina na tira reativa
quando se suspeita da
presença de interferentes em
urinas muito pigmentadas.
Essa prova baseia-se na
visualização da cor da
espuma da urina após
agitação forte.

Se for bilirrubina a cor da espuma é amarela, variando da


tonalidade mais clara até um amarelo escuro, dependendo da
intensidade da bilirrubina.

8°. Urobilinogênio

O urobilinogênio aparece em níveis aumentados na urina nas


hepatopatias e nos distúrbios hemolíticos. Quando a função
hepática está comprometida, diminui a capacidade hepática de
processar o urobilinogênio que vem do intestino pela
circulação, então ele fica em excesso no sangue e é filtrado
pelos rins.

Nos casos de hemólise intensa, o fígado conjuga a grande


quantidade da bilirrubina, que é captada pelas ligandinas,
enviando-a em grande quantidade para o intestino aonde irá se
transformar em urobilinogênio em concentração elevada.

Esse flui em maior quantidade para a circulação e em


consequência aumentará sua excreção na urina. Em caso de
obstrução do ducto biliar ocorre diminuição do urobilinogênio
nas fezes e na urina, porque há redução ou ausência do fluxo
de bilirrubina para o intestino.
Introdução à uroanálise
9°. Nitrito:

O teste do nitrito é realizado pela tira reativa, possibilitando


uma triagem rápida para detecção de ITU (infecção do trato
urinário).

É um teste rápido, indireto e importante para a triagem precoce


de bacteriúria significativa e assintomática. OS ORGANISMOS
COMUNS QUE CAUSAM ITU SÃO: Escherichia Coli, Enterobacter,
Citrobacter, Klebsiella, E ALGUMAS ESPÉCIES DE Poteus, OS
QUAIS CONTÉM ENZIMAS QUE REDUZEM O NITRATO A
NITRITO.

Falso-positivo para urinas que não foram p/urinas que não


foram recém coletadas.
Falso negativo: Concentração de nitrato muito baixa ou
bactéria não produtora de redutase.

10°. Leucócitos / Esterases leucocitárias

O teste não tem a finalidade de observar a concentração de


leucócitos e sim das esterases leucocitárias, que aparecem na
urina quando os leucócitos são íntegros ou lisados. Essa prova
não substitui o exame microscópico do sedimento para
quantificar os leucócitos. A importância clínica desta pesquisa:
ITU e seleção de amostras para urocultura.

Falso-positiva:
Agentes oxidantes fortes nos recipientes.

Falso-negativa é observada quando as amostras têm


Altos níveis de glicose e proteínas;
Amostras com densidade elevada deixando os leucócitos
crenados impedindo a liberação de suas esterases e
também um pH muito ácido impedem que a membrana
dos leucócitos seja lisada e libere as enzimas.
Introdução à uroanálise

ANÁLISE MICROSCÓPICA,
SEDIMENTOSCOPIA OU PERQUISA DE
ELEMENTOS FIGURADOS NA URINA
A microscopia do sedimento urinário é uma importante etapa na
avaliação dos pacientes. O exame de urina pode oferecer
informações não apenas sobre os rins mas para uma ampla
variedade de patologias.

O sedimento urinário tem como finalidade, detectar, identificar e


quantificar materiais insolúveis na urina. Os principais elementos
figurados são:

Células epiteliais;
Hemácias;
Leucócitos;
Cilindros;
Cristais;
Muco;
Leveduras;
Parasitas;
Bactérias;
Espermatozoides e artefatos.

A análise criteriosa dos componentes do sedimento pode


fornecer informações precoces no que se refere à integridade
anatômica dos rins e a extensão da lesão renal.
Introdução à uroanálise

ÁNALISE MICROSCÓPICA
PREPARO DO SEDIMENTO:
Utilizar amostras recentes, pois as hemácias, leucócitos e
cilindros se desintegram mais rapidamente em urinas
alcalinas;
Centrifugar em torno de 10mL de urina em tubo cônico,
pois este volume fornece uma amostra representativa dos
elementos presentes na amostra;
A centrifugação de 1500 rpm por 5 minutos fornecerá uma
ótima quantidade de sedimento com uma pequena
possibilidade de danificar os elementos figurados.

Ao se desprezar o sobrenadante, deve-se deixar uma


quantidade uniforme de 0,25 mL ou 0,5 mL de sedimento
que será ressuspendido por movimentos suaves. Pode se
homogeneizar com uma pipeta que servirá também para
retirar a gota utilizada para análise. Sugere-se rimos utilizar
um pipetador automático de 20 microlitros, a fim de
padronizar o tamanho da gota e para que ela não
transborde na lâmina e lamínula. Se for usar algum corante,
este deve ser colocado antes que a amostra seja
homogeneizada
.
A gota do sedimento deve ser coberta com lamínula (20x20
ou 22x22) para que se obtenha apenas dois planos de
visualização e como proteção para as objetivas do
microscópio.
O exame microscópico deve ser realizado sem interrupção
e deve compreender a observação de 10 campos
microscópicos em pequeno e grande aumento. Examina-se
primeiro em pequeno aumento para se verificar a
composição geral do sedimento e observar a quantidade de
células, filamentos de muco e detectar os cilindros,
quantificando-os por campo de pequeno aumento (100x):

Os resultados são registrados pela média dos campos


analisados e devem ser relacionados com os achados do
exame físico e químico. As amostras que não apresentam
esta correlação devem ser examinadas novamente para
verificar possíveis erros técnicos e de transcrição.

Esses resultados devem se enquadrar nas normas de


padronização da transcrição dos resultados segundo os
programas de controle de qualidade e da NORMA ABNT
15268: REQUISITOS E RECOMENDAÇÕES PARA O EXAME DE
URINA.
CÉLULAS EPITELIAIS

2
Células epiteliais

CÉLULAS EPITELIAIS
É comum encontrarmos células epiteliais no sedimento urinário,
principalmente em mulheres e a maioria não possuem significado
clínico, identificando uma descamação de células do revestimento
epitelial do trato urinário.

Na urina encontramos três tipos especiais de células epiteliais:


tubulares renais, do epitélio de transição e do epitélio pavimentoso,
sendo importante destacar que as células tubulares renais possuem
uma importante significância clínica, como, dano tubular e podem
proceder de enfermidades como nefrites, necrose tubular aguda,
pielonefrites, intoxicação por drogas, dentre outras.

LAUDO: A descrição do resultado das células do epitélio


pavimentoso e o epitélio de transição deve ser dada em função da
média por campo (100x) e em geral segue a classificação:

Raras (média de até 3 por campo),


Algumas (entre 4 e 10 por campo) e
Numerosas (acima de 10).
Células epiteliais

CÉLULAS EPITELIAIS
CÉLULAS DO EPITÉLIO PAVIMENTOSO E DE TRANSIÇÃO

Derivam geralmente das camadas superficiais do epitélio


vaginal. Estruturalmente são quadrangulares ou poligonais e
um pequeno e central núcleo.

Em mulheres com vaginitis, encontramos um grande número


de células epiteliais, frequentemente está associada a
presença de cândida sp, Trichonomas sp,  e/ou bactérias e
leucócitos polimorfonucleares.

As células do epitélio de transição derivam da superfície da


pelve renal, ureter, bexiga, ductos prostáticos e vesículas
seminais. Todas são redondas, núcleo redondo ou oval e não
possuem grânulos.

São células menos comuns de serem encontradas do que as


escamosas/pavimentosas. Ambas as células epitéliais
possuem pouca significância clínica.

DICA: Quando encontradas em grande número nas amostras de urina


de mulheres, colhidas colhidas sem o devido cuidado do jato média
trata-se de CONTAMINAÇÃO e a conduta é SOLICITAR NOVA
AMOSTRA.
Células epiteliais
Células do epitélio de transição
Células epiteliais

Células do epitélio de transição

DICA: Quando encontrarmos no sedimento um grande número


de células do epitélio de transição podemos ressaltar em
observação PRESENÇA DE CÉLULAS DO EPITÉLIO DE
TRANSIÇÃO (Bexiga e/ou Pelve renal)
Células epiteliais

CÉLULA TUBULAR RENAL


São células de extrema significância clínica, sua morfologia
possui muita semelhança com um leucócito, porém é um pouco
maior possui um núcleo excêntrico tomando quase toda a
totalidade do citoplasma, e são células provenientes dos túbulos
renais derivando dos segmentos proximais.

A célula tubular renal esta associada a doenças renais, tais como,


necrose tubular aguda, nefrite intersticial aguda ou rejeição
aguda.

Célula tubular renal (400x).


LAUDO: PRESENÇA DE CÉLULA TUBULAR RENAL

DICA: Só podemos relatar no laudo se encontrarmos


mais de duas células por campo
Células epiteliais

CÉLULA CAUDAL

São células com aparência de girino, com prolongamentos


semelhantes a caudas e tem uma significância preocupante,
porque podem aparecer em mulheres com adeno carcinoma
endocervical, porem em mulheres grávidas o aparecimento
destas células é normal. Imediatamente devemos
encaminhar ao setor de citologia para colorações específicas
como o Papanicolau.

Célula caudal (400x)


LAUDO : PRESENÇA DE CÉLULA CAULDAL
Células epiteliais

CÉLULA DECOY
Familia polyomaviredae é constituída de 16 espécies virais. A
família encontra 3 gêneros o JC Vírus (JCV), o Simian Virus 40
(SV40) e o BK Vírus (BKV).

A presença de células decoy em citologia urinária ou ate no


sedimento urinário de pacientes transplantados renais tratados
pelo tacrolino podem confirmar a presença de infecção pelo
polioma vírus BK (BKV). Estas células podem ser identificadas
em microscopia de campo claro e em microscopia de contraste
de fase.

A sua presença é muito comum em pacientes


imunocomprometidos/imunossuprimidos, bem como, em
pacientes com nefrite lúpica em tratamento com
coticosteroides.

Uma importante característica das células Decoy é o seu


núcleo querendo sair da célula.

Só podemos relatar no laudo se encontrarmos mais de


duas células por campo
HEMATÚRIA

3
Hematúria

HEMÁCIAS

O glomérulo em condições normais não permitem a passagem


de células sanguineas e proteínas, onde as hemácias não
conseguem ultrapassar essas barreiras.

Estruturalmente aparecem no sedimento urinário como discos


e gerando uma certa dificuldade na identificação devido a
semelhança com as leveduras, gotículas de lipídeos e cristais de
oxalato de cálcio mono-hidratado, mas com a experiência isso é
superado. Outra dificuldade é quando as hemácias estão muito
lisadas perdendo seu conteúdo de hemoglobina e se tornando
o que chamamos “Hemácias Fantasmas” que possuem o
mesmo significado clínico das hemácias íntegras.

A Hematúria pode ser microscopia aonde a urina permanece


amarela com hemácias no sedimento e macroscópica onde
vemos a urina com a cor vermelha, porem mais transparente
devido a presença predominantemente de hemoglobinúria e
vermelho turvo que é a presença de hemácias íntegras. Quanto
a sua origem podem ser de origem glomerular ou não-
glomerular (urológica).

O número de hemácias e a morfologia das mesmas auxiliam


na determinação da extensão da lesão renal, como na
Glomerulonefrite Difusa Aguda (GNDA), nas infecções agudas,
nas reações tóxicas e imunológicas, nas neoplasias e distúrbios
da circulação que podem romper a integridade dos vasos
capilares renais.
Hematúria

DISMORFISMO ERITROCITÁRIO

Em relação à morfologia das hemácias urinárias, também é


importante verificar o dimorfismo eritrocitário não glomerular
e o glomerular.

As hemácias de origem não glomerular, aparecem na urina na


forma de discos incolores, menores que os leucócitos, e que na
urina concentrada diminuem de tamanho e tornam-se
crenadas.

As hemácias de origem glomerular são comumente


desfiguradas, devido à perda do seu conteúdo de hemoglobina
e às rupturas que sofrem na membrana durante sua passagem
pelo endotélio fenestrado do glomérulo, adquirindo protrusões
e vesículas, caracterizando o dismorfismo eritrocitário de
origem glomerular, variando quanto ao tamanho, forma e
conteúdo de hemoglobina.

Tipos de dismorfismo eritrocitário glomerular: Os principais


tipos de dismorfismo eritrocitário glomerular são: anulócitos
(em forma de anel com membrana densa) e acantócitos ou
células G1 (em forma de anel com uma ou mais protrusões
vesiculosas, apresentando formas com aparência de Mickey,
chupeta e leme). Ambas são altamente sugestivas de hematúria
de origem glomerular e são mais bem visualizadas pela
MICROSCOPIA DE CONTRASTE DE FASE, pois à microscopia de
campo claro a sua observação torna-se difícil porque são mais
claras que as hemácias normais. Atualmente apenas os
acantócitos ou células G1 são considerados dismorfismo
eritrocitário glomerular positivo de acordo com a quantidade
presente no sedimento. A pesquisa de dismorfismo eritrocitário
só deve ser realizada EM MICROSCOPIA DE CONTRASTE DE
FASE
Hematúria

DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE DA


PESQUISA DE DISMORFISMO ERITROCITÁRIO
GLOMERULAR (SBPC/ML)

1. Homogeneizar a amostra de urina e transferi-


la para um tubo cônico de 10mL a segunda
amostra do dia;
2. Realizar a análise da tira reativa para obter os
parâmetros de pH, densidade, Hemoglobina e
Albumina;
3. Centrifugar entre 1500-2000 rpm por 10
minutos;
4. Deixar apenas 0,5 mL ou 500µL de urina e
sedimento para ressuspensão;
5. Colocar 50 µL do sedimento homogeneizado
com suavidade em uma lâmina com lamínula
32x24mm;
6. Contar 20 campos.

Devemos expressar o resultado em % com regra


de três simples em relação ao total de hemácias
encontradas e classificá-las como POSITIVO:

Presença de ≥40% de Eritrócitos dismórficos

Presença de ≥ 5% de Acantócitos/G1

Geralmente encontramos cilindros hemáticos


associados quando o dismorfismo é POSITIVO
Hematúria

LAUDO: MÉDIA
ARITMÉTICA DOS
CAMPOS LIDOS
(400X) - ABNT e
SBPC/ML.
Hematúria

Hemácias isomórficas e Dimórficas com a membrana crenada


(Dismorfismo eritrocitário negativo sem nenhum significado
Clínico)  As setas são a representação de algumas hemácias
crenadas de toda encontradas neste no sedimento urinário

O LAUDO desta hematúria neste


sedimento acima deverá ser HEMATÚRIA
MACIÇA IMPEDINDO A VISUALIZAÇÃO
DAS DEMAIS ESTRUTURAS, segundo a
norma brasileira ABNT NBR 15268.
Hematúria

LAUDO: HEMATÚRIA MACIÇA IMPEDINDO A VISUALIZAÇÃO DAS


DEMAIS ESTRUTURAS, segundo a norma brasileira ABNT NBR 15268.
Hematúria

Microscopia de contraste de fase (400x)


Neste sedimento encontramos praticamente todas as formas e
tamanhos de hemácias possíveis apresentando uma certa cautela ao ser
analisada.
Hematúria

Hemácias fantasmas marcadas neste sedimento (400x)

DICA
Neste sedimento chamo atenção a presença de HEMÁCIAS
FANTASMA, estas hemácias perderam quase todo seu
conteúdo de hemoglobina, aonde visualizamos apenas o halo,
mas a sua importância clínica é a mesma, por isso relatamos
normalmente no laudo.
Hematúria

ACANTÓCITOs em microscopia de
contraste de fase (400x)

Em microscopia de campo claro os acantócios


visíveis no sedimente não podem ser
liberados no laudo e sim em microscopia de
contraste de fase, entretanto no LAUDO você
coloca uma sugestão para o paciente
procurar um laboratório que possua a
microscopia adequada.
Hematúria

Acantócitos em sedimento urinário (400x)


Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St
Louis, MO, E.U.A SIGNIFICADO CLÍNICO: Nefrites
Hematúria

Acantócitos em sedimento urinário


Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St
Louis, MO, E.U.A SIGNIFICADO CLÍNICO: Nefrites
Hematúria

Acantócitos em sedimento urinário (400x)

Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of


Nephorology, St Louis, MO, E.U.A
SIGNIFICADO CLÍNICO: Nefrites
Hematúria

Hemácias Roleaux na urina (400X)


Imagem: atlas da Controllab

Estas hemácias se apresentam empilhadas


possuindo uma relação direta com a concentração
de proteínas geralmente associado a gamopatias
monoclonais, e devemos relatar em observação pois
raramente são encontradas no sedimento urinário
(SBPC/ML).
LEUCOCITÚRIA

4
Leucocitúria

LEUCÓCITOS

O número aumentado de leucócitos na urina (leucocitúria), com


predomínio de neutrófilos, podem aparecer em doenças renais
e processos inflamatórios do trato urinário.
Quando os leucócitos aparecerem agrupados ou isolados
associados a bacteriúria geralmente indicam infecção como
nos casos de uretrites, pielonefrites, cistites e prostatites e
quando não há infecção bacteriana como nos casos de nefrite
lúpica, glomerulonefrites, nefrite intersticial (principalmente
eosinófilos) e tumores. O número de leucócitos normal em uma
amostra de urina é uma média de 5 por campo.
A única forma de identificar que os leucócitos possuem origem
renal é a presença de cilindros leucocitários, como encontrados
nas glomerulonefrites associados, no entanto quando
encontramos cilindros leucocitários na ausência de leucócitos
no sedimento, podem sugerir diagnóstico de Pielonefrite.
Leucocitúria associadas com cilindros leucocitários ou céreos,
com proteinúria discreta ou ausente, sugerem doença tubular
ou intersticial ou, ainda, obstrução urinária.

PODE EXISTIR LEUCOCITÚRIA SEM BACTERIÚRIA COMO


PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, GLOMERULONEFRITES, LUPUS
ERITEMATOSO SISTÊMICO, TUMORES, etc.

Descrição do resultado:
A descrição do resultado deve ser de acordo com a média de
leucócitos por campo (400x)
Grande número de leucócitos no sedimento deve-se contar até
50 por campo, se ultrapassar 50 então o resultado será
expresso como “acima de 50 leucócitos p/campo (400x)”.
Grumos leucocitários devem ser mencionados como
PRESENTES
Leucocitúria
Leucocitúria

LAUDO: PRESENÇA DE GRUMOS LEUCOCITÁRIOS ( o objetivo é


informar ao médico que além da contagem que temos leucócitos
em grumos, mostrando a intensidade da Infecção/Inflamação)
Leucocitúria

As SETAS representam os leucócitos de muitos que observamos


neste sedimento.

Leucócitos ficam intumescidos/edemaciados em urinas


hipotônicas (densidade bem baixa), as vezes até estouram e
ficam bem degenerados. Acontece também a retração do
citoplasma e as organelas se agrupam deixando o citoplasma à
vista, geralmente isto acontece quando o sistema imunológico
está tentando combater uma infecção/inflamação.
Leucocitúria

LAUDO: Estes Leucócitos são os chamados de LEUCÓCITOS EM MOVIMENTO


BROWNIANO, as organelas ficam em constantes atividade e são também
chamados de CÉLULAS BRILHANTES.

Isto acontece em urinas hipotônicas (mais diluída em solutos). Deve ser


relatado em observação no laudo PRESENÇA DE LEUCÓCITOS EM
MOVIMENTO BROWNIANO OU CÉLULAS BRILHANTES.
Leucocitúria

LAUDO: LEUCOCITÚRIA
MACIÇA IMPEDINDO A
VISUALIZAÇÃO DAS DEMAIS
ESTRUTURAS (ABNT 15268)

Existem muitos
questionamentos porque não
diluir o sedimento para ler,
não devemos manipular o
sedimento de forma
nenhuma, devemos ler e
laudar de acordo com as
estruturas encontradas.

Devo salientar que quando


diluímos aumentamos a
margem de erro do resultado
e o que o sedimento
apresentar de maciço é o que
vai ter relevância para o
médico, a mesma informação
acatamos para hematúria
maciça.

Leucócitos (400x)
CRISTALÚRIA

5
Cristalúria

Cristais ocorrem por precipitação dos sais da urina, submetidos


a alterações de pH, temperatura ou concentração, o que afeta
sua solubilidade. Seu aparecimento na urina depende de
fatores como: pH urinário, estocagem e refrigeração,
concentração urinária, retenção urinária, dietas e uso de
drogas.

A cristalúria é um achado frequente em pessoas normais e


também portadores de Litíase Renal. A formação de cristais na
urina ocorre a partir de um desequilíbrio entre as substâncias
inibidoras e promotoras da precipitação dos sais presentes na
urina influenciados pela concentração do soluto na urina, pH
urinário e o volume do filtrado que passa através dos túbulos.

Os íons cálcio, oxalato, urato e fosfato são os principais


promotores de cristais. Esses sais precipitados aparecem na
urina na forma de cristais ou de material amorfo.

Em amostras de urina deixadas à temperatura ambiente ou


refrigeradas podem ser encontrados muitos cristais devido a
variações do pH e da temperatura.

Nas amostras refrigeradas a precipitação dos cristais e sais


amorfos muitas vezes é tão intensa que prejudica a análise do
sedimento por mascarar a presença de outras estruturas
importantes.

A identificação dos cristais é de fundamental importância pois


temos cristais normais e na detecção de cristais anormais que
são os mais preocupantes pois estão associados diretamente
em distúrbios hepáticos, erros inatos do metabolismo dos
aminoácidos e nas lesões renais causadas por cristalização de
metabólitos de drogas nos túbulos.
Cristalúria

CRISTAIS DE URINA ÁCIDA


CRISTAIS DE ÁCIDO ÚRICO

O ácido úrico é uma substância formada pelo organismo


depois da digestão das proteínas, que formam uma substância
chamada purina.

Os cristais de ácido úrico são os mais comuns em urinas


normais apresentam-se em uma grande variedade de formas
estruturais, rômbica, rosetas, placas de quatro faces planas,
cunhas, agulhas etc., e possui uma boa birrefringência.

Os cristais de ácido úrico são responsáveis por 8 a 10% de


todas os cálculos renais. O pH urinário baixo é o principal fator
que influencia na sua solubilidade, que diminui drasticamente
quando o pH está persistentemente abaixo 5,5 (pKa para UA).
Existem diversidades globais na prevalência de cálculos de
ácido úrico.

A causa exata da diversidade global na prevalência de


nefrolitíase de ácido úrico (UA) ainda não foi totalmente
elucidado existindo uma forte associação com a doença gota.
Os cristais de ácido úrico também podem ser encontrados em
diversas manifestações hematológicas em que haja aumento
da produção celular como leucemias e anemias diversas.
Cristais de ácido úrico
Cristais de ácido úrico

@xiaoning.zang
Cristais de ácido úrico

@xiaoning.zang
Cristais de ácido úrico
Cristais de ácido úrico
Cristais de ácido úrico

@xiaoning.zang
Cristais de ácido úrico
Cristais de ácido úrico
Cristais de ácido úrico

@xiaoning.zang
Cristais de ácido úrico

@ziaoning.zang
Cristais de ácido úrico
Cristais de ácido úrico

Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO,


E.U.A
Cristais de ácido úrico

Cristais de ácido úrico em microscopia de campo claro (400X).


 Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St
Louis, MO, E.U.A

Cristais de ácido úrico (400X).


@ziaoning.zang
Cristais de ácido úrico

Ocasionalmente, os cristais de ácido


úrico podem apresentar morfologia
semelhante às dos cristais de cistina,
neste caso temos duas opções:

1. Microscopia de luz polarizada porque


se for ácido úrico terá uma alta
birrefringência. Exemplo das cores
emitidas do cristal do ácido úrico na luz
polarizada.

2. Teste de solubilidade: Água quente e


base - você coloca em um tubo de
hemólise 20 μl do sedimento +40 μl de
uma solução alcalina de média
concentração (a lteratura não especifica),
agita e pipeta 20 μl do sedimento na
lâmina.
Cristais de ácido úrico

Cristais de ácido úrico em microscopia de luz polarizada (400x)


@ziaoning.zang

Cristais de ácido úrico em luz polarizada (400X).


@ziaoning.zang
Cristais de ácido úrico

Cristais de ácido úrico em microscopia de campo claro e luz


polarizada (400X).
@ziaoning.zang

Cristais de ácido úrico em microscopia de campo claro e luz


polarizada (400X).
 @ziaoning.zang
Cristais de ácido úrico

Cristais de ácido úrico em microscopia de campo claro e luz


polarizada (400X).
@ziaoning.zang

Cristais de ácido úrico em microscopia de campo claro e luz


polarizada (400X).
@ziaoning.zang
Cristais de ácido úrico

Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis,


MO, E.U.A

CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO


São cristais que podem ser encontrados em urinas ácidas e são
encontrados em duas formas: polimorfos cristalinos: CaOx
monoclínico monohidratado (COM) e di-hidrato de CaOx tetragonal
(DQO).

São os cristais mais presentes em pacientes com lítiase renal, quer seja
na hiperoxalúria primária e secundária e a diurese determina o tempo
de trânsito urinário (UT) através do rim e, juntamente com o afluxo de
Ca e Ox, o estado de saturação urinária em relação ao CaOx, sendo o
mineral de cálculo renal mais frequente.

A alimentação e o uso de medicamentos contribuição para formação


destes cristais. Podem surgir em indivíduos geneticamente suscetíveis
quando ingerem quantidades significativas de ácido ascórbico.
Cristais de oxalato de cálcio

Cristal de oxalato de cálcio di-hidratado

Cristal de oxalato de cálcio mono-hidratado

Cristal di-hidratado de oxalato de cálcio


Cristais de oxalato de cálcio

Cristal mono-hidratado de oxalato de cálcio

Cristal mono-hidratado de oxalato de cálcio


Cristais de oxalato de cálcio

Cristal di-hidratado de oxalato de cálcio

Cristal mono-hidratado de oxalato de cálcio


@ziaoning.zang
Cristais de oxalato de cálcio

Cristais de Oxalato de cálcio di-hidratado em microscopia de luz


polarizada (400x)
@ziaoning.zang
Cristais de fosfato amoníaco magnesiano

CRISTAIS DE URINA ALCALINA


CRISTAL DE FOSFATO AMONÍACO MAGNESIANO
O cristal atualmente chamado de amoníaco magnesiano,
também conhecido como fosfato triplo amoníaco magnesiano
ou cristal de estruvita chamados assim devido a presença de
fosfato, amônio e magnésio e são frequentemente encontrados
em urina de pH alcalino e neutro e são solúveis em ácido
acético. Estruturalmente são vistos na forma de prisma, muitas
vezes, “lembram a tampa de caixão ou tampa de ataúde”, mas
encontramos ainda na forma trapezoide, de prismas alongados,
de pena ou outras. Possui pouca significância clínica e acredita-
se que em torno de 10 a 20% são constituintes de cálculo renal.
Estão associados a infecção urinária causada por
microorganismos produtores de urease , como Proteus
mirabilis, Pseudomona Aeroginosa, Ureaplasma ueralyticum,
Staphylococcus epidermidis e Corynebacterium Ueraliticum.

Prisma incolor com três a seis


lados e extremidades obliquas
lembrando uma “tampa de caixão”

Cristal de fosfato amoníaco magnesiano (400x)


@ziaoning.zang
Cristais de fosfato amoníaco magnesiano

Cristal de fosfato amoníaco magnesiano cristalizado (400x)


Cristais de fosfato amoníaco magnesiano

Cristal de fosfato amoníaco magnesiano cristalizado (400x)

Cristal de fosfato amoníaco magnesiano (400x)


Cristais de fosfato amoníaco magnesiano

Cristal de fosfato amoníaco magnesiano (400x)

Se não conseguir identificar a forma que o cristal se apresenta


pode fazer a prova da solubilidade

Teste de solubilidade: Em um tubo de hemólise coloca-se 20


µl do sedimento + 40 µl de uma solução ácido acético de média
concentração ( a literatura não especifica), agita lentamente e
pipeta 20 microlitros do sedimento na lamina leva ao
microscópio e se for o cristal em questão ele se solubilizará.
Cristais de fosfato de cálcio

CRISTAL DE FOSFATO DE CÁLCIO

Estes cristais são formados frequentemente como placas


retangulares, incolores ou prismas finos, formação de rosetas e
aparecem em urina com pH alcalino ou neutro e são solúveis
em ácido acético diluído (40 a 50%).

Cristal de Placa de fosfato de cálcio (400x)


Cristais de fosfato de cálcio

Cristal de fosfato de
cálcio (400x)
@xiaoning.zang

Cristal de fosfato de
cálcio (400x)
Cristais de fosfato de cálcio

Cristal de
fosfato de
cálcio (400x)

Cristal de
fosfato de
cálcio (400x)
Cristais de fosfato de cálcio

As agulhas do cristal de
fosfato de cálcio tem em
uma extremidade a 
ponta mais fina e a outra
com a ponta um pouco
mais quadrada

Cristal de fosfato de cálcio (400x)


Cristais de fosfato de cálcio

Cristal de fosfato de cálcio (400x)


@xiaoning.zang
Cristais de urato de amônio

CRISTAL DE URATO DE AMÔNIO


Atualmente chamados de urato ácido de amônio, também
conhecido como biurato de amônio, possui coloração amarelo-
acastanhada e sob luz polarizada possui uma forte
birrefringência, possuem corpos esféricos com ou sem
espículas irregulares, e encontrados em urina com pH neutro
ou alcalino. Dissolvem-se por aquecimento com ácido acético.
São semelhantes e pequenas bolinhas com espinhos
encontrados em amostras não recentes.

Cristal de Urato de Amônio (Biurato de amônio) (400x)


@ziaoning.zang
Cristais de urato de amônio

Cristal de Urato de Amônio (Biurato de amônio) (400x)


Cristais de carbonato de cálcio

CRISTAL DE CARBONATO DE CÁLCIO


Encontrados em urinas alcalinas e com formatos de halteres,
esféricos isolados ou agrupados. São solúveis em ácido acético.
É bem raro esse achado no sedimento em humanos.
Decorrentes de distúrbios metabólicos, erros inatos e
hipercalciúria.

Cristais de Carbonato de cálcio, observados em microscopia de


campo claro (100X).
Imagem: Sagar Aryal
Sais de uratos amorfos

SAIS DE URATOS AMORFOS


São formações de sais de uratos de sódio, magnésio e cálcio em
forma não cristalina, amorfa encontradas principalmente em
urinas ácidas, concentradas e que foram REFRIGERADAS. Os sais
de uratos apresentam aspectos de grânulos finos e castanhos
quando OBSERVADOS NA OBJETIVA DE 10X, PORÉM NA DE 40X
NÃO CONSEGUIMOS VER A COR, APENAS GRÂNULOS SEM
DEFINIÇÃO DE COR. Dissolvem-se pelo calor e precipitam-se
novamente ao novamente ao esfriar. O exame microscópio de
uma urina produz um precipitado rosa após refrigeração.

URINA
REFRIGERADA
Sais de fosfato amorfos

SAIS  DE FOSFATOS AMORFOS


Os sais de fosfatos amorfos são partículas granulares
grosseiras encontradas principalmente em urinas alcalinas, na
forma não cristalina, como substâncias amorfas que em
grandes quantidades produzem turvação branca na urina. Os
sais de fosfatos devem ser OBSERVADOS NA OBJETIVA DE 10X,
PORÉM NA DE 40X NÃO CONSEGUIMOS VER A COR, APENAS
GRÂNULOS SEM DEFINIÇÃO DE COR.

URINA REFRIGERADA
ATLAS E C OMENTÁRIOS

CONTINUA
NO VOL. 2

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