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COLELITÍASE – Cálculo nas vias biliares (ducto hepático, ducto cístico, ducto colédoco). Cole = Bile, Litíase = Pedra.
COLECISTITE – Inflamação da vesícula biliar, geralmente associada a cálculos biliares, estima-se que 90% é decorrente de cálculo.
COLECISTITE ALITIÁSICA (ACALCULOSA) – Ocorre em 10% dos casos, principalmente em pacientes internados em UTI, é uma urgência
cirúrgica (perfuração). Muito mais raro e grave.
COLANGITE - Inflamação dos colangeos (canais biliares menores, dentro do fígado). É diferente de colecistite, que é só da vesícula.
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ATENÇÃO!
A imagem demonstra as patologias que um cálculo biliar pode ocasionar. Na primeira é a colecistite aguda, onde temos a inflamação da
vesícula biliar, essa inflamação ascende para a via biliar e causa a colangite aguda (segunda imagem), que é inflamação dos canais que conduzem
a bile. Na colangite teremos um quadro clinico mais sistêmico e grave (tríade de Charcot: febre com calafrios, dor e icterícia), o que se torna
uma porta de entrada para a septicemia. Quando há uma obstrução da via biliar, o cálculo obstrui o colédoco (terceira imagem; coledocolitíase) e
vira uma colestase, obstrução biliar. E na última imagem, tem a pancreatite aguda, a principal causa de pancreatite aguda é a colelitíase. Vem
um cálculo de cima e obstrui a papila de Vater, ocorre refluxo de conteúdo duodenal para dentro do pâncreas e ocorre a pancreatite aguda.
A presença de um cálculo impactado no infundíbulo ou no ducto cístico faz com que haja estase biliar (acúmulo de bile nessa região). A
estase biliar estimula a liberação de fosfolipase A que está presente na parede da vesícula. Uma porção da fosfolipase A, denominada lecetinase,
irá agir sobre a lecetina, transformando a lecetina em lisolecetina. A lisolecetina irrita o epitélio vesicular, fazendo com que ocorra a liberação de
mediadores da inflamação (PGE 2 e PGF1 alfa), aumentando a contração da vesícula e alterando a absorção de fluídos o que vai levar à distensão
da vesícula biliar. Por fim, a vesícula inflama e o paciente irá sentir dor.
Histologia: encontra-se edema, inflamação, pode haver necrose na parede da vesícula e gangrena.
TRATAMENTO DA DOR
AINES + ANALGÉSICOS
O tratamento para a dor na colecistite aguda é uso de anti-inflamatório não esteroidal (AINE) , esses fármacos agem sobre a síntese das
prostaglandinas (PGE 2 e PGF1 alfa), diminuindo a secreção de líquidos e contração da vesícula levando a melhora da inflamação. Com a melhora
da inflamação, há significativa melhoria do quadro da dor, então, completamos o tratamento com analgésicos após a regressão da inflamação
A bile é estéril, mas a simples presença do cálculo pode deixar a bile infectada. Ainda mais se houver obstrução, aí teremos infecção
bacteriana, bactérias que vem do intestino (E.coli, Klebsiela, Enterococus e Entrobacter), essa infecção bacteriana causará uma piora na
inflamação. Inclusive pode ocorrer empiema na vesícula, que é quando já se encontra pus.
LITOGÊNESE
Como se forma um calculo biliar? Quando existe uma concentração muito grande de colesterol em relação a sais biliares. Os sais biliares
conferem solubilidade para a bile, então, deve haver um equilíbrio entre ambos. Quando existe muito colesterol e pouco sal biliar, começam a se
formar os cristais de colesterol gerando a matriz do cálculo.
Predisposição genética – 4F
Quem tem parente de primeiro grau com cálculo biliar, possui 4x mais chances de ter cálculo biliar. Pois já nasce com a bile litogênica,
ou seja, tem uma concentração de colesterol maior que de sais biliares. É clássico dizermos que pessoas ‘4F’ apresentam mais riscos de
desenvolver cálculos biliares, isto é, mulheres (female), em idade fértil (fertility), ao redor dos 40 anos (fourty) e obesas (fat) e tem mais a
história familiar.
QUADRO CLÍNICO
É bem característico da colecistite aguda. Como dor lancinante no hipocôndrio direito ou epigástrica se irradiando para o ombro
direito e dorso com duração maior que 4-6h. Quando tem a colecistite aguda é maior que 4-6h, podendo durar até dias. A dor é mais frequente no
período da noite, pois se acha que ao deitar o cálculo migra para o ducto cístico. No quadro clinico também pode apresentar náuseas, vômitos e
febre (febre baixa, moderada). Existe caso de paciente relatar dor em hipocôndrio esquerdo com irradiação para o dorso, como explicar? Existe
uma pancreatite satélite que pode dar dor em hipocôndrio esquerdo com irradiação para o dorso, então é necessário ficar atento.
Atenção:
EXAME FÍSICO
Ponto Cístico
gangrena faz uma fístula em comunicação com a alça jejunal, o calculo pode passar através dessa fístula e obstruir lá no íleo terminal, causando o
chamado íleo biliar.
Determinar o ponto cístico (traça uma linha da axila em direção à cicatriz umbilical. Na interseção, está o ponto cístico.) Determinou o
ponto cístico, como é a semiotécnica? Manda o paciente respirar profundamente, o fígado desce com a vesícula e você toca na vesícula. É o sinal de
Murphy positivo. Significado clínico = colecistite aguda!
EXAMES COMPLEMENTARES
1. Leucocitose com desvio para esquerda (temos células mais maduras que são os neutrófilos segmentados, bastões, metamielócitos,
mielócitos. As células mais jovens vão ficando para a esquerda, então: neutrófilos segmentados, bastões, metamielócitos,
mielócitos, isso é desvio para a esquerda).
SÍNDROME COLESTÁTICA
a) Colúria: Se paciente apresenta aumento da B.D chama-se síndrome colestática, ou seja, estase da bile. Como a
bilirrubina direta/conjugada é uma molécula hidrossolúvel, vai ter aumento no sangue por conta da obstrução na via
biliar, essa bile será retida para o sangue e vai ser excretada na urina, pois é uma molécula hidrossolúvel, nesse caso o
paciente apresenta colúria, que é aquela chamada ‘’urina de guaraná’’.
b) Icterícia: por bilirrubinemia conjugada deve-se a uma colestase ou síndrome colestática. Desse modo a bilirrubina não
pode ser excretada pelo colédoco, aumentando seus níveis séricos. Numa obstrução biliar, uma baixa quantidade de
bilirrubina conjugada chega ao intestino para a conversão a urobilinogênio. Urobilinogênio é o produto final do trabalho
das bactérias intestinais sobre a bilirrubina. Uma parte do urobilinogênio é reabsorvida, levada a circulação e excretada
pelo rim. Lá o urobilinogênio é convertido a urobilina, substância presente na urina responsável por sua cor amarelada.
Com uma limitada quantidade de urobilinogênio disponível para reabsorção e excreção, a quantidade de urobilina
encontrada na urina é baixa.
c) Acolia: Altas concentrações, no fígado, de bilirrubina conjugada, que é solúvel, entram na circulação onde são excretadas
através dos rins. Esses mecanismos são responsáveis pela urina escura e fezes claras observadas no obstrução biliar. A
ausência de urobilinogênio nas fezes causa deposições brancas chamadas acolia (hipocolia fecal) .
d) Prurido: Do mesmo modo que se acumula bilirrubina no plasma sanguíneo, também se acumulam sais biliares que
interferem no equilíbrio de dissociação entre albumina-bilirrubina favorecendo o estado livre da última e a sua excreção
pela urina. Os sais biliares também provocam prurido. Essa é a síndrome colestática que um calculo biliar pode
ocasionar (Colúria, icterícia, acolia, prurido).
EXAMES DE IMAGEM
O melhor exame de imagem para diagnosticar cálculo biliar é a ultrassonografia. A tomografia serve mais para avaliar complicação, já no
caso do cálculo na vesícula biliar não é recomendado.
Então o exame de imagem padrão ouro para colecistite aguda é a ultrassonografia, no ultrassom pode ter o sinal de Murphy
sonográfico, que é muito melhor que o Murphy clinico. Como funciona? Durante o US, o médico aperta em cima da vesícula, fazendo uma
compressão do transdutor, se o paciente sentir dor, é sinal de colecistite aguda. Também no US é possível verificar espessamento das paredes da
vesícula (>4mm), o que é bem típico da colecistite aguda.
A ressonância magnética é ótima quando tem cálculo na via biliar, paciente já realizou colecistectomia (já retirou a vesícula),
mas sente dor intensa e se refere à dor ‘’igual a dor que tive com pedra na vesícula’’, isso pode ser coledocolitíase, nesse caso a melhor opção é
colangioressonância magnética, ressonância magnética das vias biliares.
COMPLICAÇÕES
1. Se essa obstrução que tem o calculo for intensa, persistente pode ter gangrena, pois a vesícula estende tanto que ocorre o espessamento
das paredes e os vasos que irrigam as paredes ficam estrangulados, com isso ocorre a gangrena.
3. Fistulas colecistoentérica que é perfuração para o duodeno ou jejuno e se o cálculo passar ocorre o íleo biliar;
4. Íleo Biliar que é passagem do cálculo pela fístula e obstrução do íleo terminal ;
5. Colecistite enfisematosa – infecção das paredes da vesícula biliar por bactérias formadoras de gás (Clostridium welchii),
principalmente em pacientes idosos e com diabetes mellitus. Pode haver crepitação da parede abdominal (H.D).
TRATAMENTO
Ø Paciente chega ao PS com colecistite aguda, se estiver em bom estado geral, pode ser feito antibiótico (Ceftriaxona +
Metronidazol ou Levofloxacina + Metronidazol), hidratação, se resolver pode operar duas semanas depois.
Ø O tratamento da litíase biliar é cirúrgico, pode ser de urgência naqueles pacientes que apresentam piora no quadro clínico
(febre, hipoxemia, dor intensa, diabético). Se for um paciente com alto risco cirúrgico, pode ser feito a colecistostomia
percutânea que serve para descomprimir a vesícula que está distendida.
Ø Em casos extremos (pacientes sem teto cirúrgico), como diabético, hipertenso, cardiopatia, DPOC é feito um tratamento
com drogas para dissolver o cálculo. Primeiramente usa-se o antibiótico e depois começa o tratamento para dissolver as
pedras com Ácido Ursodesoxocólico (tratamento caro e prolongado de 6 meses – 1 ano) precisam ser casos bem
selecionados, a vesícula precisa estar funcionando e o tamanho do cálculo precisa ser de no máximo 3cm, se for mais de um a
soma precisa ser de 23cm. Após a dissolução pode aparecer novamente os cálculos, por isso o tratamento mais eficaz é a
colecistectomia.
Ø Antigamente fazia-se ondas de choque em cálculos de pelo menos 2 cm para fragmentá-los, mas atualmente não é mais
realizado.
Ø Para a analgesia é usado os AINES, pois diminuem a síntese de prostaglandinas (já explicado no começo da aula).