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Processamento -Urinálise Inovet

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1 - Protocolo de coleta:
• 5-10 mL é o volume ideal;
• Antes da administração de fluidos, se possível;
• A Cistocentese é ideal para cultura bacteriana;
• Micção espontânea (segundo jato) é aceitável para a maioria das análises;
• A urina da primeira manhã é ideal para avaliar a capacidade de concentração.

2 - Analise física

2.1 - Cor
- Incolor a palha ( cães e gatos).
- O vermelho é causado por eritrócitos, hemoglobina e mioglobina.
- A laranja é causada pela bilirrubina.
- Amarelo-esverdeado ou amarelo-acastanhado é causado pela biliverdina e bilirrubina.
- Pigmentúria pode dificultar a interpretação de outras reações, particularmente pH,
proteínas e cetonas.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1 - Incolor 2 - Amarelo pálido, amarelo claro ou Palha 3 - Amarelo 4 - Amarelo escuro 5 - Âmbar 6 - Cor de
rosa 7 -Vermelho 8 - Marrom 9 - Marrom escuro 10 - Marrom preto 11 - Amarelo verde 12 - Rosa-amarelo.

2.2 - Aspecto: límpido, discretamente turvo e turvo.

A turbidez é causada por sólidos em suspensão (cristais, muco, cilindros, células etc.)
e pode atrapalhar a leitura no espectrofotômetro.

2.3 - Volume e odor - 5-10 mL é o volume ideal. Quanto ao odor, podemos classificar em:

Suis generis: normal


Fétido: Decomposição de proteínas.
Cetona: Sugere cetose.
Inodoro: Urina muito diluída ou uremia.
Amoniacal: Pela ação da urease bacteriana desdobrando a uréia, ou à fermentação
alcalina.
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3 - Análise química - Urina


O teste é realizado mergulhando a tira de plástico em
um amostra de urina e as reações químicas são
observadas pela mudança de cor em intervalos
cronometrados.
Os testes incluem pH, proteína, cetonas, glicose,
bilirrubina, sangue, urobilinogênio, leucócitos e nitritos.
A densidade é mensurada com refratômetro e
necessita de apenas uma gota de urina (não usar a
densidade da fita).

Para realizar análises químicas usa-se uma tira de reagente:


✓ Remova uma tira de reagente do recipiente.
✓ Tampe o recipiente imediatamente.
✓ Mergulhe a tira de reagente no produto não centrifugado. A tira de reagente ficará saturada com
urina.
✓ Sem hesitar, remova a tira de reagente da amostra de urina e retire o excesso de urina da tira
reagente.
✓ Segure a tira horizontalmente para evitar a mistura da reação entre as almofadas.
♥ Observe o intervalo de tempo de reação apropriado para cada almofada de reação.
✓ Leia e registre os resultados de cada teste

4 - Centrifugação da Urina

As amostras de urina são centrifugadas a fim de obter sedimentos para análise


microscópica. O objetivo da análise de sedimentos em uma urinálise de rotina é
identificar os elementos formados na amostra de urina como células e cristais.
Algumas variações como velocidade, tempo, armazenamento e temperatura podem
afetar os resultados e a interpretação dos sedimentos.
✓ Quando mantidos em temperatura ambiente, as células começam a lisar dentro de 2
horas após a coleta da urina.
✓ Quando refrigerados, os cristais amorfos precipitam do amostra de urina.

Tempo e velocidade: 1.500rpm por 5 min.

Após esse tempo, o sobrenadante poderá ser utilizado para dosagem de creatinina e
proteína urinária, enquanto o sedimento (deixe pelo menos 500 microlitros) é colocado
em lâmina e lamínula).
5 - Sedimentoscopia
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5.1 - Hemácias: Normalmente aparecem


em pequeno número, de 1 a 5 por campo e
geralmente são circulares e menores que
os leucócitos.

Figura: Hemácias na urina de cão(400x)

5.2 - Leucócitos: Em contraste com os eritrócitos, os leucócitos são aproximadamente


1,5 vezes maiores e contêm um núcleo redondo a lobulado. Maior que 5 por campo é
considerado anormal.

Leucócito

Leucócito
Bactéria

Hemácias

Hemácias

5.3 - Células epiteliais: As células epiteliais são normalmente encontradas no


sedimento urinário em baixo número e resultam da descamação de células senescentes
do trato geniturinário.
Os três tipos principais de células epiteliais são classificados de acordo com seu
ponto de origem. Em contraste com os eritrócitos, os leucócitos são aproximadamente
1,5 vezes maiores e contêm um núcleo redondo a lobulado.

5.3.1 - Células epiteliais tubulares renais: são raramente identificadas no sedimento


urinário e normalmente são pequenas e cúbicas na aparência.

5.3.2 - Células epiteliais escamosas: As células epiteliais escamosas originam-se do


revestimento do trato urogenital, seja a uretra ou a vagina, e estão presentes em
amostras de urina de captura livre como resultado da descamação do tecido da
renovação celular normal e/ou em amostras coletado por cateterismo urinário.

5.3.3 - Células epiteliais de transição: são menores que as escamosas, mas maiores
que as tubulares renais. Essas células surgem de porções da uretra, bexiga, ureteres e
pelve renal. São cuboides, redondas ou ovóides, e bastante uniformes em aparência.
Leucócitos

Células epiteliais
de transição

Escamosas

Célula epitelial escamosa

5.4 - Cilindros: Os cilindros são de forma cilíndrica. Esses elementos têm lados
paralelos e têm o mesmo diâmetro em todo o comprimento. Os cilíndricos formados no
lúmen tubular renal e são compostas por uma combinação variada de células e
mucoproteína da matriz.

- Hialinos: Os cilindros hialinos são incolores, homogêneos, semitransparentes com


extremidades cilíndricas e tipicamente arredondadas.

- Leucocitários: resultam de inflamação envolvendo os túbulos renais. Eles são mais


frequentemente compostos de neutrófilos, então sua aparência é granular com núcleos
multilobados ligados à matriz mucoprotéica

Hialinos
Leucocitários

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- Epiteliais: também comumente chamados de cilindros celulares, resultam de degeneração das
células epiteliais tubulares renais. A presença de cilindros de células epiteliais sugere lesão
tubular renal aguda devido a necrose, insultos tóxicos, inflamação grave, hipoperfusão ou
hipoxemia.

- Granulosos: Os cilindros granulares são cilindros hialinos contendo grânulos que vêm
principalmente da desintegração de células epiteliais e células dos túbulos.

Granulosos

5.5 - Cristais: Uma variedade de cristais pode ser encontrada no sedimento urinário, a
maioria com aparência única e características de solubilidade. Os cristais são formados
pela precipitação de solutos, especificamente sais inorgânicos, compostos orgânicos, ou
compostos iatrogênicos.

- Cristais anormais de origem metabólica

Cristais de bilirrubina: Os cristais de bilirrubina aparecem como agulhas agregadas ou


granulares, exibidos na cor amarela característica da bilirrubina ou castanho avermelhado. Os
cristais de bilirrubina estão presentes nas doenças hepáticas que formam muita quantidade de
bilirrubina na urina. pH: ácido.

Cristais de colesterol: Quando analisados, são vistos como placas retangulares, grandes,
achatadas e transparentes.
Cristais de tirosina: São observados como finas agulhas refringentes, delgadas, que se
organizam em agrupamentos ou feixes.

Colesterol

Bilirrubinas
tirosina

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- Cristais de urina ácida Inovet
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- Cristais de cistina: hexagonal e incolor, presente em grupo ou sozinho.

- Cristais de oxalato de cálcio: A forma mais comum de cristais de oxalato de cálcio di-
hidratados é aquela reconhecida como “envelope” octaédrico, incolor, ou como duas
pirâmides aderidas por meio de suas bases. Já a forma menos observada é a
monohidratada que exibe morfologia ovalada ou em halteres.

oxalato de cálcio di-hidratado

oxalato de cálcio monohidratado

- Cristais de urato amorfo: Grânulos incolor a marrom-amarelado.

- Cristais de ácido úrico: Esses cristais são amarelos ou marrons quando vistos
microscopicamente. Aparecem como placas rômbicas (losango), rosetas, prismas ou ovais com
extremidades pontiagudas.

Cristais de ácido úrico


Cristais de cistina

Cristais normais de urina alcalina

- Cristais de biurato de amônio: São normais de urina alcalina e apresentam formas esféricas com
a presença de espículas irregulares e possuem coloração castanho amarelado. Esses cristais
também podem ser achados sem a presença de espículas, porém essa forma é incomum de ser
encontrada.
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Biurato de amônio

- Carbonato de cálcio: Esses cristais incolores são de formato esféricos, halteres ou ovais. Pode
ser visto em urina alcalina ou neutra.

- Cristais de fosfato triplo (estruvita): são encontrados em urina levemente ácida, neutra ou
alcalina. Esses cristais são incolores e tem forma de prismas com extremidades oblíquas.

Estruvita
Carbonato de cálcio

Cristais de xantina

Estruvita

Estruvita

Cristais de Xantina: Se assemelha ao biurato de


amônio. Castanho amarelo a marrom, de tamanhos
variados. Encontrado em urina de animais que fazem
uso de alopurinol a longo prazo.

Cristais associados a antibióticos: Relatado ao uso de


Cristais de xantina
ampicilina, sulfa (cristais de sulfonamida), ciprofloxacina.
5.6 Parasitos: Os ovos do parasitos podem ser vistos no sedimento urinário como
resultado da contaminação fecal e, menos frequentemente, infecções parasitárias.
Eles podem ser visualizados em objetiva de 10x e 40x e não devem ser confundido
com pólen de plantas. Os principais parasitos que podem ser vistos em um sedimento
urinário incluem: Dioctophyma renale (verme gigante do rim de cão), Capillaria sp. e
microfilarias de Dirofilaria immitis (verme do coração).

Dioctophyma

Capilaria

5.7 Bactérias: Tanto bacilos como cocos podem ser encontrados no sedimento urinário,
embora a identificação deve ser confirmado com coloração de coloração de Gram) e/ou
cultura. Normalmente, a urina é estéril. Grande número de bactérias presentes em uma
amostra de urina cateterizada ou cistocentese é indicativa de infecção do trato urinário.
Nesse caso, as bactérias geralmente são acompanhadas por um aumento no número de
glóbulos brancos. Bacteriúria não acompanhado por um aumento do número de glóbulos
brancos é sugestivo de contaminação bacteriana.

Bactérias, lipídios (nas setas), cristais de estruvita, 40×.

5.8 Fungos: Embora morfologicamente semelhante a hemácias e lipídios, quando


observadas microscopicamente, as leveduras são ovoides em vez de redondas. As
leveduras são incolores, refratárias, variável em tamanho, e frequentemente exibem
brotamento. Em infecções graves, os micélios (estruturas de hifas) podem ser
observadas. Candida sp. é mais frequentemente identificada por ser considerada flora
normal do trato urogenital. Infecções fúngicas como blastomicose, criptococose,
coccidioidomicose e aspergilose raramente manifesta em amostras de urina; se
presentes, refletem doença fúngica sistêmica com envolvimento renal.

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Numerosas leveduras (Candida sp.) com brotamento
frequente de um gato diabético, 60×.

5.9 Artefatos: Uma grande variedade de artefatos pode ser encontrada no sedimento
urinário. Os contaminantes podem incluir partículas de poeira, pelos, grânulos de amido,
fibras de algodão e lã e pólen.

bolhas de ar (setas) e células epiteliais escamosas


(pontas de seta)

grânulos de amido (40x)

Pólen

Fibras de algodão

Fonte: SINK, Carolyn A.; WEINSTEIN, Nicole M. Practical veterinary urinalysis. John Wiley & Sons, 2011.
SINK, Carolyn; FELDMAN, Bernard. Laboratory urinalysis and hematology for the small animal practitioner. Teton NewMedia, 2004..

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