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AÇÕES DE ENFERMAGEM NA

PREVENÇÃO DO TÉTANO ACIDENTAL E


NEO-NATAL

Prof. Ms. Iací Proença Palmeira


Aspectos Clínicos e epidemiológicos

T.A - É uma toxiinfecção causada pelo bacilo


tetânico introduzido no organismo por ferimentos,
lesões de pele ou mucosas.

TNN- é uma doença infecciosa aguda, não


transmissível e imunoprevenível que acomete o RN
na 1ª semana de vida ou nos primeiros 15 dias de
vida e está associado aos problemas de acesso aos
serviços de saúde de qualidade.
Agente Etiológico:

Clostridium tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbio,


esporulado (lhe permite viver no meio ambiente), é
ciliado (permite sua mobilidade no local do
ferimento) e fotossensível (é inativado pela luz
solar). Em anaerobiose, após penetrar no nosso
organismo, assume a forma vegetativa, reprodutiva
e produtora de várias exotoxinas, dentre elas a
tetanoespasmina, responsável pelas contraturas
musculares. Tais condições são encontradas nas
feridas tetanígenas ou em infecções secundárias
consumidoras de oxigênio e produtoras de
anaerobiose (queimaduras e tecidos necrosados).
Reservatório - O bacilo vive no trato intestinal dos
animais, principalmente o homem e o cavalo, solo,
pele e/ou qualquer instrumento contendo poeira
e/ou terra.
Resumindo:
O Clostridum tetani é encontrado na natureza sob a
forma de esporo, nos seguintes meios: pele, trato
intestinal dos animais, especialmente do cavalo e do
homem sem causar doença), fezes, terra, reino
vegetal, águas putrefatas, instrumentos pérfuro-
cortantes enferrujados, poeira das ruas, etc.
Modo de Transmissão
TA: a transmissão ocorre pela introdução dos
esporos em uma solução de continuidade]
(ferimento), contaminado com terra, poeira, fezes de
animais ou humanas. Queimaduras podem ser a
porta de entrada devido à desvitalização dos
tecidos. A presença de tecidos necrosados favorece
o desenvolvimento do agente anaeróbico.
Modo de Transmissão
TNN- Por contaminação durante a secção do
cordão umbilical ou dos cuidados inadequados do
coto umbilical, e/ou quando se utilizam substâncias
e instrumentos contaminados com esporos e/ou a
própria falta de higiene nos cuidados do recém-
nascido.
Período de Incubação

TA - Varia de 2 a 21 dias, geralmente em torno de 10


dias, podendo chegar a mais de 30 dias. Quanto
menor o tempo de incubação, maior a gravidade e
pior o prognóstico.

TNN - Aproximadamente 7 dias, podendo ser de 2 a


28 dias de vida.
Período de Transmissibilidade
O tétano não é doença contagiosa, portanto não é
transmitida diretamente de pessoa a pessoa.

Quadro Clínico do Tétano


Dificuldade em abrir a boca Hipertonia dos masséteres
(Trismo e riso sardônico)
Disfagia

Rigidez da nuca Hipertonia dos músculos do


pescoço

Opistótono Contratura muscular da região


dorsal

Abdome em tábua Rigidez muscular progressiva


atingindo os músculos reto
abdominais e o diafragma
Insuficiência respiratória e
apnéia.
Contraturas generalizadas
Fraturas de costelas e espontâneas e/ou
achatamento de vértebras provocadas.
Tétano neo-natal
Manifestações clínicas

Recém-nascido normal que passa a apresentar:


• irritação;
• choro constante, sem motivo;
• recusa à amamentação;
• contraturas paroxísticas, geralmente confundidas
com cólica intestinal.
Choro constante e irritabilidade

Dificuldade em abrir a boca Trismo

Rigidez de nuca, tronco e


abdome, sudorese e taquicardia
Hipertonia generalizada

Hiperextensão dos MMII e Hiperflexão Posição de


dos MMSS com as mãos em flexão boxeador

Contratura e rigidez (hipertonia) da Opistótono


musculatura dorsal
Contratura e hipertonia da Insuficiência respiratória
musculatura intercostal
Contração da musculatura da mímica facial, cerrando os
olhos, fonte pregueada e contração dos lábios (como se o RN
fosse pronunciar a letra U).
Tétano Neo-Natal
Diagnóstico Laboratorial e Exames
Complementares
O diagnóstico do tétano é eminentemente
clínico epidemiológico, não dependendo de
confirmação laboratorial.

Tratamento
Os princípios básicos do tratamento são:

• Sedação do paciente – através do uso de benzodiazepínicos


e miorrelaxantes;
• Neutralização da toxina tetânica – utiliza-se o soro
antitetânico (SAT), cuja indicação terapêutica é de 10 mil a 20
mil UI para crianças e adultos, via intramuscular, distribuída
em duas massas musculares, ou via endovenosa, diluído
para 100 ml de soro fisiológico e infundido em uma hora.
• Desbridamento do foco – limpar o ferimento suspeito com
soro fisiológico ou água e sabão e retirar o tecido
desvitalizado e corpos estranhos. Após a remoção de todas
as áreas suspeitas, fazer limpeza com soro fisiológico.
Ferimentos puntiformes e profundos devem ser abertos em
cruz e lavados com soro fisiológico. Além de tratamento
sintomático, caso haja indicação para o uso de antibióticos
proceder de acordo com os esquemas terapêuticos
indicados pela situação clínica.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
• Monitorar o comportamento epidemiológico da
doença.
• Avaliar a efetividade das medidas de prevenção e
controle.
• Identificar grupos de risco e Investigar todos os
casos suspeitos.
• Adotar medidas de controle pertinentes.
• Produzir e disseminar informações epidemiológicas
DEFINIÇÃO DE CASO

1) Suspeito:

-TA: Todo paciente com dificuldade para deglutir, trismo,


contraturas musculares localizadas ou generalizadas
progressivas, com ou sem espasmos, apresentando ou não
solução de continuidade de pele ou mucosa, independente
de história vacinal e doença prévia de tétano.
DEFINIÇÃO DE CASO
1) Suspeito:

-TNN:

Todo recém-nascido que nasceu bem e sugou normalmente


nas primeiras 24 ou 48 horas e passe a apresentar, entre o
segundo e o 28º dia de vida extra-uterina, dificuldade de
mamar, independente do estado vacinal da mãe, do local e
das condições doparto.

• Todo recém-nascido que nasceu bem e sugou normalmente


mas foi a óbito no período de 2 a 28 dias de vida extra
uterina, cujo diagnóstico foi constatado como indefinido ou
caracterizado como quadro de tétano por seus familiares.
2)Caso Confirmado:

TA: Todo caso suspeito cujos sinais/sintomas não se


justifiquem por outras etiologias e apresente hipertonia dos
masseteres (trismo), disfagia, contratura dos músculos da
mímica facial (riso sardônico, acentuação dos sulcos
naturais da face, pregueamento frontal, diminuição da fenda
palpebral), rigidez abdominal (abdome em tábua), contraturas
da musculatura paravertebral (opistótono), da região cervical
(rigidez de nuca), de membros (dificuldade para deambular),
independente da situação vacinal, história prévia de tétano e
de detecção de solução de continuidade da pele ou mucosa.
A lucidez do paciente reforça o diagnóstico.
Caso Confirmado:
TNN:

Todo caso suspeito que apresentou um ou mais dos


seguintes sinais e sintomas: trismo, crises de contraturas
musculares, contração permanente dos músculos da mímica
facial e lábios contraídos (como se fosse pronunciar a letra
U), olhos cerrados, pele da região frontal pregueada,
hiperflexão dos membros superiores junto ao tórax (mão
fechada em posição de boxeador) e membros inferiores em
hiperextensão, com ou sem inflamação do coto umbilical.

• Todo caso de óbito neonatal cuja investigação evidencia


características clínicas e epidemiológicas da doença.
Medidas a serem adotadas:
1) Assistência médica ao paciente:
- Hospitalização imediata.

-Qualidade da assistência:
A internação deve ser em unidades específicas ou de terapia
intensiva de maior complexidade; os pacientes devem ser
assistidos por médicos e profissionais de enfermagem com
experiência com esta doença, visando diminuir a letalidade e
as seqüelas. Alguns cuidados são necessários com relação à
internação (unidades especiais com pouca iluminação,
diminuição de ruídos, temperaturas estáveis e mais baixas
que a temperatura corporal e manipulação restrita apenas ao
necessário). O isolamento é feito em virtude da necessidade
de cuidados especiais e não pela infecção, pois a doença não
é transmissível.
Proteção Individual: não é preciso pois a infecção não se
transmite de pessoa a pessoa.

Proteção da população no TA: O tétano acidental é uma


doença para a qual há um meio eficaz de proteção. Portanto,
frente à ocorrência de caso(s), deve-se avaliar a situação das
ações de prevenção do tétano na área e implementar
medidas que as reforcem. Além da vacinação de rotina, de
acordo com os calendários de vacinação da criança, do
adolescente e do adulto e do idoso, destaca-se, em
particular, a identificação e vacinação de grupos de risco,
como trabalhadores da construção civil e da agricultura,
catadores de lixo, trabalhadores de oficinas mecânicas, etc.
Destaca-se, ainda, a importância da atualização dos
profissionais de saúde quanto ao tratamento adequado de
ferimentos e esquemas de prevenção da doença.
Proteção da População no TNN: intensificar as ações de
vigilância, prevenção e controle da doença, com o objetivo
de detectar casos ainda não notificados e prevenir a
ocorrência de novos. Destaca-se em particular a avaliação da
cobertura vacinal com a vacina dT das MIF na área de
ocorrência do(s) caso(s) e a avaliação da assistência ao pré
natal, parto e puerpério. Ou seja, a suspeita ou confirmação
de Tétano Neonatal casos deve ser tomada, no nível local,
como um evento sentinela, implicando na adoção de medidas
para verificar a existência e a correção de possíveis falhas
nos serviços de saúde. É importante garantir à população um
pré-natal e um parto seguros, bem como uma assistência
perinatal minimamente qualificada, onde se inclui o
tratamento adequado do coto umbilical e o acompanhamento
dos primeiros 28 dias de vida extra-uterina. Outra valiosa
medida de prevenção ao TNN, é o pré-natal.
Vacinação
Atualmente, a vacinação contra o tétano é realizada
concomitantemente à vacinação contra a difteria, coqueluche
e contra a meningite pelo Haemophilus influenza tipo b ou
associada somente ao componente antidiftérico, infantil ou
do adulto (ver quadro abaixo).
Os eventos adversos são raros, comumente apresentando-se
sob a forma de dor local, hiperemia, edema e induração e
febrícula com sensação de mal-estar de intensidade variável
e passageira.
Recomendações para a vacinação
Recomenda-se o esquema vacinal completo contra o tétano a
todas as pessoas ainda não vacinadas ou àquelas com
esquema incompleto, independente da idade e sexo. Doses
válidas são apenas as que podem ser comprovadas por
caderneta de vacinação. Como o bacilo encontra-se no meio
ambiente, a exposição acidental ao mesmo através de um
ferimento é universal.
ESQUEMA DE CONDUTAS PROFILÁTICAS DE ACORDO COM
O TIPO DE FERIMENTO E HISTÓRIA VACINAL

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