Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
à Enfermagem
Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Julio Cesar
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Resposta Inflamatória, Reações
de Hipersensibilidade e Vacinas
• Inflamação;
• Reações de Hipersensibilidade;
• Imunidade Ativa e Passiva;
• Princípios da Vacinação.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Compreender a diferença entre inflamação aguda e crônica;
• Descrever os tipos de resposta de hipersensibilidade (tipos I, II, III, IV) e suas
principais diferenças;
• Descrever a memória imunológica e respostas de segunda exposição;
• Diferenciar imunização passiva e ativa e os processos desencadeados pelo organismo
pela imunização.
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Inflamação
Após o rompimento das barreiras protetoras do nosso organismo, os patógenos
produzem uma resposta inicial denominada resposta inflamatória.
A inflamação é uma resposta do tecido a uma lesão, que neste caso poderia ser
a presença dos patógenos. Esta resposta pode ser desencadeada pela presença de
microrganismos, substâncias químicas, agentes físicos, tecidos de necrose ou qual-
quer tipo de invasor, ou seja, agressões exógenas (físicas, químicas e biológicas) ou
endógenas (estresse metabólico).
Inflamação ou flogose (do grego phlogos e do latim inflamare) significa pegar fogo,
sendo considerada uma reação dos tecidos a agentes agressores com saída de líquidos e
células do sangue para o interstício.
8
Existem algumas definições importantes para os processos inflamatórios:
• Edema: excesso de líquido no interstício ou nas cavidades. Pode ser de dois tipos: exsudato
ou transudato;
• Exsudato: líquido extracelular inflamatório com alta concentração de proteínas e frag-
mentos de células com densidade maior que 1.020;
• Transudato: líquido extracelular com pequena quantidade de proteínas e densidade me-
nor que 1.012. É resultante de pressões elevadas ou forças osmóticas reduzidas no plasma;
• Pus: é um tipo de exsudato rico em neutrófilos e fragmentos de células.
Os sinais clínicos da inflamação são calor, rubor, edema, dor e perda da função.
Discutiremos estes sinais e porque acontecem na inflamação aguda.
Inflamação Aguda
A forma mais utilizada pelo sistema inato para conter a infecção e qualquer lesão
tecidual é o estímulo da inflamação aguda. Esta resposta consiste no acúmulo de
células de defesa, proteínas plasmáticas e líquido extravasado do sangue. A inflamação
aguda possui três componentes que explicam os sinais clínicos:
• Alterações no calibre dos vasos que aumentam o fluxo sanguíneo que elevam a
temperatura (calor) e a vermelhidão (rubor);
• Alterações na microcirculação que permite que proteínas plasmáticas e leucóci-
tos deixem a circulação, produzindo os exsudatos (edema);
• Migração dos leucócitos da circulação e acúmulo no local lesionado (dor e edema).
Alterações Vasculares
Nos vasos sanguíneos normais as trocas de líquidos acontecem por forças opostas:
a pressão hidrostática faz com que o líquido deixe a circulação e a pressão coloi-
dosmótica da parte líquida do sangue (plasma). Durante o processo inflamatório a
vasodilatação aumentará o fluxo sanguíneo na área da lesão e aumentará a pressão
hidrostática enquanto o aumento da permeabilidade do vaso causará o extravasa-
mento de líquido rico em proteínas que ocasionará a diminuição da pressão osmótica
no plasma.
Esta perda do líquido no interior dos vasos levará a uma maior concentração de
hemácias chamada estase, que deixa o fluxo sanguíneo mais lento, os leucócitos
acumulados ao longo do endotélio vascular e principalmente os neutrófilos migram
através da parede celular, devido ao aumento da permeabilidade vascular (espaço
entre as células do endotélio do vaso sanguíneo).
9
9
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Eventos Celulares
Uma etapa importante da inflamação é o direcionamento dos leucócitos presentes
no sangue para o local da lesão. Este evento é denominado extravasamento, sendo
dividido em três etapas:
• Marginação, rolamento e adesão dos leucócitos a parede do endotélio vascular;
• Transmigração através do endotélio (conhecida também como diapedese);
• Migração nos tecidos intersticiais em direção ao estímulo quimiotático.
Endotélio é o nome que se dá ao epitélio simples pavimentoso que reveste o lúmen dos
vasos sanguíneos, dos vasos linfáticos e do coração. Durante o evento da inflamação onde
os leucócitos são encaminhados para a lesão, estes devem sair da corrente sanguínea e atra-
vessar esta camada de endotélio vascular, antes de atingir outros tecidos. Veja, na Figura 2,
como é constituída esta camada vascular:
10
Figura 2 – Endotélio vascular
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
11
11
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
12
No reconhecimento os receptores de membrana específicos que reconhecem os
componentes do microrganismo ou células mortas ou proteínas do hospedeiro (IgG)
que revestem os microrganismos e os torna alvos para a fagocitose pela opsoniza-
ção. No engolfamento os pseudópodes se estendem em torno do objeto, formando
o fagossomo e no interior do neutrófilo ou macrófago o fagolisossomo. A destruição
e degradação do microrganismo são mediadas por substâncias microbicidas como
espécies reativas do oxigênio e do nitrogênio (ERO e NO) e por enzimas lisossômicas.
Figura 4
Fonte: Adaptado de ROBBINS; COTRAN, 2006, p. 33
Etapas dos processos de migração dos leucócitos dos vasos sanguíneos para
o local da lesão. Os leucócitos rolam na superfície do endotélio, depois são
ativados e se aderem a ele, ocorrendo então a transmigração.
Agora que você já sabe como acontece a saída dos leucócitos da corrente sanguínea para o
local da infecção, assista ao vídeo que ilustra este processo.
Disponível em: https://youtu.be/_tUy0-6dCQI
13
13
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Inflamação Crônica
A inflamação crônica é caracterizada pela longa duração, semanas ou meses, na
qual ocorre simultaneamente a inflamação ativa, a destruição tecidual e tentativa de
reparar danos. A inflamação crônica acontece:
Reações de Hipersensibilidade
A principal função das respostas imunes é a defesa contra infecções microbianas,
porém, estas respostas podem também causar lesões e doenças. Estes distúrbios são
chamados de doenças de hipersensibilidade.
14
As doenças de hipersensibilidade são classificadas de acordo com o tipo de res-
posta imune e o mecanismo responsável pela lesão celular ou tecidual. Alguns des-
ses mecanismos são mediados por anticorpos e outros por células T. Existem quatro
tipos de reações de hipersensibilidade.
• Hipersensibilidade imediata (tipo I): é a mais prevalente das doenças de hi-
persensibilidade agrupadas como alergias ou atopias. São causadas por anticor-
pos do tipo IgE específicos para antígenos ambientais, pela ativação de células
Th2 produtoras de IL-4, IL5 e IL-13, pela produção de anticorpos que ativam
eosinófilos e mastócitos;
• Hipersensibilidade mediada por anticorpos (tipo II): mediada por anticorpos
IgM e IgG específicos para antígenos de superfície celular que podem causar
lesão tecidual ativando o sistema complemento recrutando células inflamatórias;
• Hipersensibilidade mediada por imunocomplexos (tipo III): anticorpos IgG
e IgM específicos para antígenos sanguíneos formam complexos com antígenos
que se depositam nas paredes dos vasos, causando inflamação, trombose e lesão;
• Hipersensibilidade mediada por células T (tipo IV): lesões causadas por lin-
fócitos T que induzem à inflamação ou matam as células-alvo.
Importante!
Esta classificação de hipersensibilidades distingue as lesões que serão provocadas pelo
sistema imune, entretanto, em muitos casos a lesão pode resultar em combinações de
reações ou por células T ou mediadas por anticorpos, não sendo possível diferenciar o
tipo de reação de hipersensibilidade de forma específica.
Hipersensibilidade Imediata
A hipersensibilidade imediata é mediada por anticorpos do tipo IgE e mastóci-
tos que causam extravasamento dos vasos sanguíneos, estimulam a secreção das
mucosas e desencadeiam reação inflamatória. Estes distúrbios são também conhe-
cidos como alergia ou atopia e os indivíduos com este tipo de hipersensibilidade
são atópicos. A renite alérgica, asma brônquica, alergias alimentares e anafilaxia
são os tipos mais comuns de hipersensibilidade imediata e afetam cerca de 10 a
20% das pessoas.
15
15
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Alérgenos: substâncias de origem natural, que podem induzir uma reação de hipersensibi-
lidade em pessoas suscetíveis.
Estes processos de reação de hipersensibilidade imediata mais graves, como é o caso da anafilaxia,
podem até levar à morte. São sérios. Mas será que existem tratamentos para estas reações?
16
Sim, existem medicamentos para as reações de hipersensibilidade imediata. Tais
medicamentos têm a função de relaxar a musculatura lisa nos brônquios, para renite
alérgica os anti-histamínicos e a epinefrina para a anafilaxia. Os medicamentos de-
vem inibir a desgranulação dos mastócitos e a liberação de seus mediadores, além de
reduzir a inflamação.
17
17
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Imunidade Passiva
Tipo de imunidade adquirida sem que o sistema imunológico seja estimulado por
um antígeno realizada pela transferência de soro com anticorpos de um indivíduo
doador imunizado para um indivíduo não imune. A imunidade passiva pode ser
natural ou artificial.
A imunidade passiva natural pode ser adquirida pela transferência da mãe para
o feto pela placenta de IgG ou para o bebê durante a amamentação com o colostro
pela IgA. Isto permite aos recém-nascidos o combate às infecções durante meses
antes que eles mesmos tenham a capacidade de produzir seus próprios anticorpos.
18
A imunidade passiva artificial é adquirida pela injeção com anticorpos de um
animal imunizado. Este tipo de imunização é uma prática útil na Medicina para con-
ferir resistência rapidamente, sem que seja necessário esperar o desenvolvimento da
resposta imune ativa. A transferência passiva de anticorpos pode ser utilizada em
situações agudas ou infecções (como tétano), em envenenamento (répteis, botulismo,
insetos) e como medida profilática. Esta imunização tem a vantagem de promover
uma proteção imediata.
Imunidade Ativa
Este é o tipo de imunidade produzida pelo organismo após a exposição a um
antígeno. Este tipo de imunização provoca uma imunidade protetora e memória
imunológica e se bem-sucedida em exposições posteriores provoca resposta imune
aumentada e capaz de eliminar o patógeno rapidamente ou prevenir a doença.
A imunidade ativa pode ser:
• Natural, refere-se a exposições aos antígenos levando a infecções clínicas ou
subclínicas que resulta em uma resposta protetora contra este patógeno;
• Artificial, pode ser adquirida ao se administrar vacinas com patógenos atenua-
dos ou mortos, ou ainda algum de seus componentes.
Importante!
Já diz o ditado: “melhor prevenir do que remediar”. Muitas doenças no Brasil e no mundo
já deixaram de ser um problema de saúde pública devido à vacinação massiva da popu-
lação. A vacinação é importante não só pela proteção individual, mas também pela pro-
teção coletiva, ajudando a diminuir os casos de determinada doença. Aprofundaremos
os nossos conhecimentos sobre as vacinas.
19
19
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Princípios da Vacinação
A primeira vacina humana foi desenvolvida por Edward Jenner em 1796, após
longos 20 anos de estudos com a varíola bovina. No século XVIII na Inglaterra, a
varíola foi responsável por um terço das mortes e, portanto, classificada, à época,
como a doença mais devastadora da humanidade. Somente em 1980 a Organização
Mundial da Saúde (OMS) considerou erradicada a varíola após a realização de um
programa de vacinação em massa da população mundial.
20
Em Síntese
Estudamos até aqui diversos mecanismos nos quais o nosso sistema imunológico resiste
à entrada e multiplicação de microrganismos no nosso corpo. Um dos grandes avanços
da Medicina neste sentido é a capacidade de controlar os mecanismos imunes pelo pro-
cesso de vacinação, protegendo os indivíduos contra várias infecções.
21
21
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Você Sabia?
Estas vacinas foram desenvolvidas quando pouco se sabia sobre o sistema imune. Atual-
mente, com o desenvolvimento da Engenharia Genética, vacinas são produzidas usando
tecnologia de ácido desoxirribonucleico (DNA) recombinante.
Nós, da Enfermagem, estaremos sempre em contato com os processos de vacinação. Por isso
é importante saber um pouco mais sobre este processo e as possíveis reações adversas locais
e sistêmicas de algumas vacinas. Assim, leia o artigo disponível em: https://bit.ly/3cMyeSt
22
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Adesão leucocitária
https://youtu.be/_tUy0-6dCQI
Imunologia 16 – Distúrbio de Hipersensibilidade Tipo 1 (imediata)
https://youtu.be/PSNEYnx_JkI
Imunologia 15 – Distúrbios de Hipersensibilidade Tipos 2, 3 e 4 (mecanismos de ação)
https://youtu.be/lRYPulQyheI
Leitura
Vacinas e suas reações adversas: revisão
https://bit.ly/3cMyeSt
23
23
UNIDADE Resposta Inflamatória, Reações de Hipersensibilidade e Vacinas
Referências
ABBAS, A. K.; POBER, J. S.; LICHTMAN, A. H. Imunologia celular e molecular.
9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
24