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17/08/2023

Inflamação
Profa. Dra. Tatiane Targino Gomes Draghi

Processo Inflamatório

Reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor caracterizada


morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício.
Esta resposta se destina a eliminar a causa inicial de lesão celular, remover o tecido
danificado e produzir um novo. O processo ocorre por meio da destruição, da
digestão enzimática dos agentes nocivos (ex. toxinas, corpos estranhos ou
microrganismos infecciosos). Estes processos preparam o terreno para os eventos que
acabarão por cicatrizar o tecido danificado.

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Processo Inflamatório

Embora a inflamação auxilie na remoção das infecções e outros estímulos

nocivos e inicie o reparo, a reação inflamatória e o processo subsequente

de reparo podem, contudo, causar danos consideráveis. Os componentes

da reação inflamatória que destroem e eliminam os micróbios e tecidos

mortos também são capazes de lesar os tecidos normais.

Na inflamação há uma reação


dos tecidos a um agente
agressor caracterizada
morfologicamente pela saída de
elementos do sangue
(leucócitos) e líquidos para o
interstício.
As condições inflamatórias são
comumente nomeadas
acrescentando-se o sufixo ite ao
órgão ou sistema afetado.

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As moléculas e as células de defesa do hospedeiro, incluindo leucócitos e proteínas


plasmáticas, circulam no sangue, e o objetivo da reação inflamatória é trazê-las para o
local da infecção ou da lesão tecidual.

Além disso, as células


residentes das paredes
vasculares e as células e
proteínas da matriz
extracelular (MEC) também
estão envolvidas na
inflamação.

Agentes da inflamação
Leucócitos: Há dois leucócitos que fazem os papéis principais na inflamação aguda.
O menor é o leucócito polimorfonuclear (neutrófilo) - assim nomeado por causa dos
muitos (poli) lóbulos no seu núcleo. O leucócito maior é o monócito (sangue) - que
se torna um macrófago (tecido) quando entra no tecido.
Ambas as células são capazes de fagocitose. O neutrófilo só vive alguns dias, então
quando morto este libera enzimas lisossômica nos interstício podendo provocar
lesão tecidual. O monócito/macrófago vive muito tempo e segrega numerosos
citocinas que aumentam a resposta inflamatória em muitas formas.

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Agentes da inflamação

Linfócito: Marcador da inflamação crônica. Há diferentes tipos de linfócitos que


fazem parte do sistema imune. Eles são os linfócitos B, linfócitos T e linfócitos não T,
não B. Linfócitos B se diferenciam nas células plasmáticas e produzem anticorpos
em resposta ao estímulo antigênico (imunidade humoral). Linfócitos T produzem
citocinas ou mediadores em resposta a estimulação antigênica ou química. Células
T possuem as principais atividades na imunidade celular.

Agentes da inflamação

Mastócitos: Encontrado no MEC. Responsável por liberar a Histamina,


que por sua vez causa a vasodilatação, aumento da permeabilidade,
permitindo a passagem de proteínas do plasma para o interstício,
especialmente o fibrinogênio. Os mastócitos também sintetizam e
liberam as prostaglandinas, leucotrienos, IL4, IL5 e quimiocinas
(citocinas que fazem a sinalização para o tecido lesionado).

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Agentes da inflamação

Células endoteliais: o endotélio pode ser ativado por diversos


estímulos como: IL1, quimiocinas e variações do fluxo e pressão do
sangue, presença de histamina, prostaglandinas e leucotrienos.
Após ativação das células endoteliais estas produzem moléculas
vasodilatadoras e vasoconstritoras: Prostaciclina (vasodilatadora), óxido
nítrico (NO – vasodilatador) e endotelinas (vasoconstritora).

Agentes da inflamação

Basófilos – aumentam nas


reações inflamatórias cutâneas tardias
Plaquetas – função trombogênica e liberam
substancias pró-inflamatórias
Eosinófilos – nas reações alérgicas e infecções
parasitarias produzem
metabolitos tóxicos de oxigênio

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Estímulos para a Inflamação Aguda


• Infecções (por bactérias, vírus, fungos e parasitas) estão entre as causas.
• Trauma (corte e penetração) e vários agentes químicos e físicos (lesão térmica, p. ex.,
queimaduras ou frio profundo; irradiação; toxicidade de algumas substâncias químicas
ambientais) lesam as células do hospedeiro e induzem as reações inflamatórias.
• Necrose tecidual (de qualquer causa) incluindo isquemia (como no infarto do miocárdio) e lesão
química ou física.
• Corpos estranhos (farpas, poeira, suturas e depósitos de cristais).
• Reações imunológicas (também chamadas de reações de hipersensibilidade) contra substâncias
ambientais ou contra os próprios tecidos.

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Visão geral da inflamação


A inflamação é induzida por mediadores químicos produzidos pelas células do hospedeiro em resposta a

um estímulo nocivo. Quando um micróbio penetra no tecido ou o tecido é lesado, a presença de infecção

ou lesão é percebida por células residentes, principalmente macrófagos, mas também por células

endoteliais, mastócitos e outros tipos celulares. Essas células secretam moléculas (citocinas, histaminas

e outros) que induzem e regulam a resposta inflamatória. Os mediadores inflamatórios agem nos

pequenos vasos sanguíneos nas vizinhanças e promovem a saída do plasma e o recrutamento dos

leucócitos circulantes para o local onde o agente lesivo está localizado. Os leucócitos recrutados são

ativados e tentam remover o agente lesivo, por fagocitose. Um efeito colateral lamentável da ativação

dos leucócitos pode ser a lesão a tecidos normais do hospedeiro.

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Tipo de resposta inflamatória

O grau da resposta inflamatória pode ser influenciado por vários fatores,


como a duração da lesão, o tipo de agente estranho, o grau de lesão e o
microambiente.
O processo inflamatório pode ser dividido em dois tipos: agudo e crônico.

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Inflamação aguda

Um processo inflamatório agudo consiste em reação precoce (quase imediata) dos tecidos
locais e seus vasos sanguíneos em resposta à lesão. Tipicamente, dá-se antes do
estabelecimento da imunidade adaptativa e se destina, principalmente, a remoção do
agente nocivo e limitação da extensão do dano tecidual.
O processo inflamatório agudo tem duração relativamente curta, variando de alguns
minutos até muitos dias, e caracteriza-se pela exsudação de líquidos e componentes do
plasma e pela emigração de leucócitos, predominantemente neutrófilos, para os tecidos
extravasculares. Envolve duas fases principais: fase vascular e fase celular.

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Fase vascular
Se caracteriza por alterações nos pequenos vasos

sanguíneos no local da lesão. Ela começa com uma

vasoconstrição momentânea transitória (que dura

apenas segundos), rapidamente seguida por

vasodilatação (Bradicinina, Calidina, histamina

(amina) e citocinas). A liberação de mediadores

atuam nos receptores celulares e na

microcirculação. A vasodilatação e aumento da

permeabilidade envolve as arteríolas e vênulas,

com consequente aumento do fluxo sanguíneo

capilar, causando calor e rubor.

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Aumento do fluxo sanguíneo


e da permeabilidade vascular
O aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular faz com que a microcirculação torna-
se mais permeável, o líquido rico em proteínas extravasa para dentro dos tecidos extravasculares. A
perda de líquido faz com que as hemácias fiquem mais concentradas, aumentando, assim, a
viscosidade do sangue e diminuindo a velocidade da circulação. Essas alterações são refletidas,
microscopicamente, pela presença de numerosos pequenos vasos dilatados, repletos de hemácias,
um processo chamado estase. Com o extravasamento de líquido para o interstício ocorre uma
diminuição da pressão osmótica do líquido intersticial, levando a maior efluxo de água do sangue
para os tecidos, e consequentemente encontramos o exsudato neste líquido intersticial. Com o
acúmulo de líquido nos espaços extravasculares ocorre o edema neste espaço.

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Respostas dos vasos linfáticos

Além dos vasos sanguíneos, os vasos linfáticos participam também da resposta


inflamatória. Na inflamação, o fluxo da linfa é aumentado e auxilia a drenagem do
fluido do edema, dos leucócitos e restos celulares do espaço extravascular. Nas
reações inflamatórias mais severas, especialmente aos micróbios, os linfáticos
podem transportar o agente lesivo, contribuindo para sua disseminação. Os vasos
linfáticos podem tornar-se inflamados secundariamente (linfangite), bem como os
linfonodos de drenagem (linfadenite reativa ou inflamatória).

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Fase vascular

Com o aumento do fluxo


sanguíneo capilar há
aumento na permeabilidade
vascular, com a efusão de
um líquido rico em proteína
(exsudato) para os espaços
extravasculares por meio do
escape do vaso sanguíneo.

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Fase vascular
As perda de proteínas reduz a
pressão osmótica capilar e aumenta
a pressão osmótica intersticial. Isso,
juntamente com aumento na
pressão capilar, provoca fluxo
significativo de líquido e sua
acumulação nos espaços teciduais,
produzindo edema, dor devido a
compressão e lesão de fibras
nervosas comprometendo a função.

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A vasodilatação aumenta a temperatura no local


inflamado, dificultando a proliferação de
microrganismos e estimulando a migração de células
de defesa.
Algumas das substâncias liberadas no local da
inflamação alcançam o centro termorregulador
localizado no hipotálamo, originando a febre. Apesar
do mal-estar e desconforto, a febre é um importante
fator no combate às infecções, pois além de ser
desfavorável para a sobrevivência dos
microorganismos invasores, também estimula muitos
dos mecanismos de defesa de nosso corpo.

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Fase celular

Se caracteriza pelas alterações nas células endoteliais que revestem o sistema vascular e
pelo deslocamento de leucócitos fagocíticos, principalmente neutrófilos, para a área de
lesão ou infecção, de modo que possam exercer sua função normal de defesa do
hospedeiro. O deslocamento e a ativação dos leucócitos podem ser divididos nas seguintes
etapas:
• Marginação e adesão ao endotélio
• Transmigração através do endotélio
• Quimiotaxia
• Ativação e fagocitose.

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Marginação e adesão ao endotélio


Quando a estase se desenvolve, os leucócitos
(principalmente os neutrófilos) começam a se acumular
ao longo da superfície endotelial vascular, um processo
chamado marginação. A liberação de moléculas de
comunicação celular chamadas citocinas faz as células
endoteliais que revestem os vasos expressarem
moléculas de adesão celular que se ligam a
carboidratos localizados nos leucócitos. Consistindo em
aderência transitória e rolagem no endotélio (mediadas
por selectinas), aderência firme ao endotélio (mediada
por integrinas) e migração por entre os espaços
interendoteliais.

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Transmigração através o endotélio


A adesão provoca a separação das células endoteliais, possibilitando que os leucócitos
estendam pseudópodes, façam a transmigração através da parede vascular e, em seguida,
pela influência de fatores quimiotáticos, migrem para os espaços teciduais.

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Quimiotaxia é o processo dinâmico e


guiado de migração celular direcionada.
Assim que os leucócitos deixam os
capilares, eles vagam através dos tecidos
orientados por um gradiente de
quimioatratores secretados, como
quimiocinas (C3a, C5a). As quimiocinas,
subgrupo importante de citocinas
quimiotáticas, são pequenas proteínas
que orientam o tráfego de leucócitos
durante os estágios iniciais do processo Citocina: É um mediador químico, molécula com função de
inflamatório ou lesão. estimular uma resposta imunológica e pode ser produzida
por monócitos, macrófagos, neutrófilos. As quimiocinas fazem
a ativação de leucócitos.
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Ativação da fagocitose
Durante a fase final da resposta celular, monócitos,
neutrófilos e macrófagos dos tecidos são ativados para
englobar e degradar as bactérias e os fragmentos
celulares em um processo denominado fagocitose.
A fagocitose é iniciada pelo reconhecimento e pela
ligação de partículas por receptores específicos na
superfície de células fagocíticas. Esta ligação é essencial
para capturar o agente, o que desencadeia o
englobamento e ativa o potencial de matar de uma
célula por meio de enzimas lisossomais e radicais de
oxigênio.

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Sinais Cardinais

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Resposta de fase aguda


Nos casos de infecções bacterianas graves (septicemia), a grande quantidade
de microrganismos no sangue resulta do descontrole da resposta
inflamatória, com a produção e liberação de enormes quantidades de
citocinas inflamatórias (principalmente IL1 e TNFα) e o desenvolvimento do
que é conhecido como síndrome de resposta inflamatória sistêmica. Estas
citocinas provocam vasodilatação generalizada, aumento da permeabilidade
vascular, perda de líquidos intravasculares, depressão do miocárdio e choque
circulatório.

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Inflamação crônica

Há persistência do agente inflamatório (um microrganismo), a exposição prolongada a agentes tóxicos


(tabagismo) ou a fenômenos autoimunitários, o processo mantém-se por tempo maior. É autoperpetuada e
pode durar semanas, meses ou mesmo anos. Em algumas inflamações de duração prolongada em tecidos
conjuntivos, há edema e dor, como nas tendinites, fascites, osteartrose e fibromialgia. E principalmente há
lesão tecidual.
Ao microscópio, a inflamação crônica caracteriza-se por áreas de atividade inflamatória, com exsudato
celular predominantemente de mononucleares (macrófagos e linfócitos), destruição tecidual (induzida pelos
produtos das células inflamatórias), ao lado de áreas de regeneração e/ou de reparação por fibrose.
Os dois padrões de inflamação crônica são a inflamação crônica inespecífica e a inflamação granulomatosa.

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Inflamação crônica inespecífica


Envolve a acumulação difusa de
macrófagos e linfócitos no local de lesão.
A quimiotaxia contínua impulsiona os
macrófagos a se infiltrarem no local
inflamado, onde se acumulam devido a
sobrevivência e imobilização prolongadas.
Estes mecanismos conduzem à
proliferação de fibroblastos, com
formação de cicatriz subsequente.

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Inflamação granulomatosa
Um granuloma é uma pequena lesão
medindo de 1 a 2 mm em que existe um
aglomerado de macrófagos rodeados por
linfócitos. Estes macrófagos modificados se
assemelham a células epiteliais e, por vezes,
são chamados de células epitelioides.
As células epitelioides de um processo
inflamatório granulomatoso têm condições
de se agrupar em massa ou se aglutinar,
formando uma célula gigante multinucleada,
na tentativa de cercar o corpo estranho.
Assim, uma densa membrana de tecido
conjuntivo encapsula a lesão, isolando-a.
Frequentemente, estas células são
chamadas de células gigantes de corpo
estranho.

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Manifestações sistêmicas da inflamação

Em condições excelentes, a resposta inflamatória continua confinada a


uma área localizada. Em alguns casos, no entanto, a lesão local pode
resultar em manifestações sistêmicas proeminentes à medida que
mediadores inflamatórios vão sendo liberados na corrente sanguínea.
As manifestações sistêmicas mais importantes de um processo
inflamatório incluem resposta de fase aguda, alterações na contagem
de leucócitos do sangue e febre.

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Padrões morfológicos de inflamações aguda e crônica


quanto ao tipo de exsudato

SEROSA
O fluido é aquoso com algumas proteínas
plasmáticas (albumina, globulinas e fibrinogênio). O
exsudato contém muito mais proteína que o líquido
comum do edema (transudato).
Exemplos: no tecido conjuntivo (picada de insetos);
nas mucosas (coriza nasal); bolha na pele de uma
queimadura.

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Padrões morfológicos de inflamações aguda e crônica


quanto ao tipo de exsudato

FIBRINOSA
Grande quantidade de fibrinogênio que
polimeriza (coagula) em fibrina
pegajosa/sólido.

Exemplos: nas mucosas (difteria); no


pulmão (pnuemonia lobar); nas serosas
(pleura, pericárdio).

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Padrões morfológicos de inflamações aguda e crônica


quanto ao tipo de exsudato
PURULENTA
O exsudato é constituído exclusivamente por leucócitos
(neutrófilos), sendo muito menor a proporção de líquido e
muito escassa a fibrina. É caracterizado por um material branco
– PÚS.

ABSCESSO: É o acúmulo de pús num espaço criado pela


destruição de tecidos. Qualquer necrose supurativa/purulenta
localizada pode formar um abscesso se (e quando) desenvolver
uma cápsula na tentativa de conter a inflamação.

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Padrões morfológicos de inflamações aguda e crônica


quanto ao tipo de exsudato

HEMORRÁGICA
Se caracteriza pela presença de
hemácias nos exsudatos seroso,
fibrinosos ou purulentos causada
por uma grave lesão vascular.

Exemplos: bacilo do carbúnculo.

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Memorizando...

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• Que é o processo inflamatório.

• Quais são os agentes da inflamação?

• Explique o que é inflamação aguda.

• Explique como ocorre a fase vascular e celular.

• Explique o que é inflamação crônica.

• Explique os tipos de exsudato.

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