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© Immunapp © Bioidea Laboratório de Imunofisiopatologia ICB USP

Migração celular e Inflamação

A migração celular leucocitária é regulada pela interação dos


leucócitos circulantes com as células endoteliais dos vasos sanguíneos.
Este processo é regulado por moléculas superficiais de sinalização no
tecido endotelial e também é favorecido por processos hemodinâmicos.
Em locais de baixa tensão hemodinâmica, como as vênulas, há pouca
turbulência o que confere tempo adicional para os leucócitos circulantes
receber e responder aos sinais que estão sendo expressos no endotélio.
Assim, a migração transendotelial, ou seja, a passagem do
leucócito da circulação para o tecido através do endotélio, é um processo
que ocorre majoritariamente através das junções entre as células
endoteliais, embora que em alguns casos como timo e cérebro, onde o
endotélio está conectado por junções firmes e contínuas, é evidente que
os linfócitos migram através do endotélio em vacúolos e as junções não
se separam. De forma geral, as células migratórias estendem seus
pseudópodos por entre a junção do endotélio e se deslocam abaixo do
endotélio auxiliadas por conjuntos de moléculas de adesão. As moléculas
da adesão intercelular são proteínas de superfície que favorecem a
interação física e consequentemente biológica entre as células. Estas
moléculas frequentemente atravessam a membrana e são ligadas ao
citoesqueleto, o que permite que a células possa utilizar este sistema
como meio de fixação em outras células.

Redução da velocidade e rolagem dos leucócitos circulantes.

A primeira interação entre o leucócito e o endotélio, provoca a


diminuição da velocidade do leucócito, o qual começa a rolar na parede
endotelial. Este processo ocorre pela ligação de selectinas a
carboidratos. Tanto leucócitos, quanto células endoteliais podem
apresentar diferentes tipos de selectina. Quando as selectinas ligam-se a
seus ligantes, as células circulantes tem sua velocidade reduzida no
interior das vênulas. Neste período os leucócitos podem receber sinais de
migração do endotélio e assim ativar a migração. Caso não receba sinais
suficientes para essa ativação, o leucócito desprende do endotélio e volta
a circulação venosa.

Autor: MSc. Rafael Cardoso Trentin Pág. 1


Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund
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As quimiocinas selecionam e ativam leucócitos estacionados na


superfície do endotélio.

As quimiocinas são pequenas citocinas envolvidas na migração,


ativação e quimiotaxia das células. As quimiocinas determinam as células
que atravessaram o endotélio e para onde, quando nos tecidos, elas devem
migrar. Além do domínio para seu receptor específico, as quimiocinas
tem outro domínio que permite elas se liguem à superfície luminal do
endotélio (lado sanguíneo), pronta para ativar os leucócitos inativos.
As quimiocinas podem ser produzidas pelo próprio endotélio mas
também podem ser produzidas por células no próprio tecido. Dessa
forma, os eventos immunes que ocorrem no tecido podem induzir a
liberação de quimiocinas que sinalizarão a migração interna das
populações leucocitárias desejadas.

A mudança de afinidade das integrinas nos leucócitos permitem


sua aderência firme ao endotélio

A ativação dos leucócitos pelas quimiocinas inicia a etapa seguinte


da migração. Os leucócitos interagem com outras células e components
da matrix extracelular utilizando um grupo de moleculas denominadas de
integrinas. Nesta etapa os leucócitos aderem-se firmemente ao endotélio
por intermédio da ligação de alta afinidade das integrinas. A ativação
do leucócito promove esta etapa aumentando as integrinas em sua
superfície em placas de alta avidez. Normalmente, as integrinas ligam a
seus ligantes (moléculas de adesão celular) com avidez relativamente
baixa, entretanto com a ocorrência de múltiplas ligações, os leucócitos
aderem firmemente ao endotélio.

A transpassagem endotelial ou diapedese

A última interação do leucócito com o endotélio é caracterizada


pela transpassagem endotelial denominada de diapedese. A interação de
novas moléculas de adesão (PECAM) leva a formação de pseudópodos
no leucócito, o que facilita o movimento de transpassagem pela parede do
endotélio através de suas juntas celulares. Uma vez dentro do tecido, o
leucócito migra para o foco inflamatório, por quimiotaxia, seguindo
positivamente pelo gradiente de concentração de quimiocinas dentro do
tecido.

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Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund
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Inflamação

A Inflamação, do latim inflamare, que significa "pegar fogo", é a


resposta local de um tecido ao dano ou a infecção. O processo
inflamatório é dependente de vascularização e é caracterizado por:

1. Aumento do fluxo sanguíneo;


2. Aumento da permeabilidade capilar levando a exsudação das
proteínas séricas (anticorpos, complemento).
3. Aumento da migração de leucócitos para o tecido.

A inflamação é caracterizada pela presença de seus sinais cardinais:


dor, calor, rubor, tumor e perda de função. O calor e o rubor
(vermelhidão) são causados pela vasodiltatação do endotélio, seguido por
infiltração celular e plasmática no tecido. O tumor é característico do
edema causado por esta dilatação do tecido. A dor é causada por redução
do limiar de sensibilidade (hiperalgesia) em nociceptores em resultado de
mediadores inflamatórios (citocinas e prostaglandina, p.ex). E a perda de
função é decorrente da perda de movimento em consequència do edema e
da dor.
São três os objetivos deste processo:

1. Proteção e limpeza;
2. Formação de barreira física para prevenir a propagação da
infecção (coagulação microvascular);
3. Reparo tecidual e regeneração.

Os tipos de células encontrados na inflamação, preponderâncias e


tempo de chegada, são dependentes primariamente da natureza do desafio
antigênico e do local da reação inflamatória. Em geral, os neutrófilos são
as primeiras células a chegar nos locais de uma inflamação aguda causada
por uma infecção. Estas células representam o principal tipo cellular por
vários dias. Do primeiro dia em diante começam a chegar os fagócitos
mononucleares (macrófagos, APCs) e os linfócitos. Os linfócitos T
citotóxicos e um pequeno número de linfócitos B geralmente chegam
mais tarde.

Autor: MSc. Rafael Cardoso Trentin Pág. 3


Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund
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A patologia associada ao quadro inflamatório pode ocorrer em


duas fases:

1. Fase aguda. Patologia devido à resposta imune aumentada


frente a um estímulo.
2. Fase crônica. Ocorre quando os mecanismos da imunidade
inata e adaptativa não conseguem eliminar o estimulo agressor e
voltar ao estado basal, desenvolvendo um quadro crônico
inflamatório.

Podemos pensar sobre fase aguda e fase crônica da inflamação com


dois estímulos diferentes:

1. LPS (lipopolissacarídeo). Uma endotoxina bacteriana que irá


estimular uma reação de fase aguda.
2. Autoanticorpos na patologia artrite reumatóide. Anticorpos que
reagem contra antígeno do próprio organismo e que irão estimular uma
inflamação crônica nas articulações.

Autor: MSc. Rafael Cardoso Trentin Pág. 4


Orientação: Prof. Dr. Magnus Ake Gidlund

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