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Bioenergética aplicada à Atividade

Física e Esporte

Prof. Dr. Marco Fortes


Sistemas Básicos de Energia
• As células geram ATP por meio de qualquer uma das três rotas
metabólicas:

• 1. Sistema ATP-PCr (alático);


Metabolismo anaeróbio (não requer O2)
• 2. Sistema glicolítico (lático);
• 3. Sistema oxidativo (fosforilação oxidativa). Metabolismo aeróbio
(requer O2)
Sistema ATP-PCr
• O mais simples e imediato dos sistemas de energia;

• O corpo armazena somente 80 a 100 g de ATP em qualquer


momento;

• Limitação de armazenamento de ATP;

• A ressíntese de ATP prossegue ininterrupta e continuamente;


• Suprir a energia necessária para todo o trabalho biológico do corpo;
Fosfocreatina - Reservatório de Energia

• Gordura e glicogênio → principais fontes de energia para manter a


ressíntese de ATP;

• Em menor escala → energia para a ressíntese do ATP provém


diretamente da cisão anaeróbica de um fosfato proveniente da
fosfocreatina (fosfato de creatina – PCr)
• Mais um composto fosfato intracelular de alta energia.
• As moléculas de PCr e de ATP compartilham uma característica semelhante;
• Energia livre é liberada quando é clivada a ligação entre as moléculas de creatina e de
fosfato da PCr.

• O fosfato (P) e a creatina (Cr) voltam a unir-se para formar PCr;

• ATP: ADP mais Pi voltam a formar ATP;

• Como a PCr tem mais energia livre da hidrólise que o ATP, sua hidrólise aciona
a fosforilação do ADP para ATP;
• A energia liberada pela ruptura de PCr não é utilizada de forma direta na obtenção de
trabalho celular;
• Essa energia serve para regenerar o ATP;

• As células armazenam aproximadamente 4 a 6 vezes mais PCr que ATP.


Sistema glicolítico (lático);
• O sistema ATP-PCr tem capacidade limitada de geração de ATP para energia, durando
apenas poucos segundos;

• O segundo método de produção de ATP envolve a liberação de energia por meio do


fracionamento (“quebra”) da glicose;

• Esse sistema de energia não produz grandes quantidades de ATP;

• As ações combinadas dos sistemas ATP-PCr e glicolítico permitem a geração de força


pelos músculos, mesmo em condições de limitação da reserva de oxigênio;

• Esses dois sistemas predominam durante os minutos iniciais do exercício de alta


intensidade;
Lactato Lactato
Para onde vai o Piruvato?
Fermentação Alcoólica
Para onde vai o Piruvato?
Conversão em Acetil-CoA
• Em condições aeróbias, o primeiro passo para a oxidação total do piruvato é a sua conversão a
acetil-CoA;

• O piruvato é transportado do citosol para a mitocôndria, onde é transformado em acetil-CoA,


conectando a glicólise e o ciclo de Krebs;
Para onde vai o Piruvato?
Fermentação Lática
• A grande produção de lactato no exercício
intenso é benéfica para o músculo porque
regenera NAD+;
• NAD+ sustenta também a síntese de ATP
pela glicólise aeróbia;

• NAD+ evita a acidose, pois consome


prótons e participa de sua remoção do
músculo;

• A produção de lactato não causa


acidose;

• * Livros de Bioquímica e Fisiologia, e


artigos publicados em revistas
internacionais de prestígio, continuam
afirmando que o “ácido lático” causa a
acidose, denominada “acidose lática”
Sistema Oxidativo (aeróbio);
• A produção aeróbia de ATP ocorre dentro da mitocôndria e envolve a interação
de duas vias metabólicas cooperativas:
• O ciclo de Krebs (ciclo do ácido tricarboxílico);
• A cadeia de transporte de elétrons;

• Função primária do ciclo de Krebs (também chamado de ciclo do ácido cítrico) é


completar a oxidação (remoção de hidrogênio) de carboidratos, gorduras ou
proteínas usando NAD+ e FAD como transportadores de hidrogênio (energia);

• A cadeia de transporte de elétrons / cadeia respiratória / cadeia de citocromo:


• A produção aeróbia de ATP é feita através de um mecanismo que usa a energia potencial
disponível nos transportadores de hidrogênio reduzido, como NADH e FADH, para refosforilar
ADP em ATP.
Lipólise – Betaoxidação
• Antes que os AGL possam ser usados para a produção de energia, eles devem ser convertidos em acetil-CoA
catalisada pela acil-CoA sintetase, associada à face citosólica da membrana externa da mitocôndria;

• β oxidação → porque promove a oxidação do carbono β do ácido graxo;

• O acetil-CoA é o intermediário comum por meio do qual entram todos os substratos no ciclo de Krebs para o
metabolismo oxidativo;

• É uma série cíclica de quatro reações, ao final das quais a acil-CoA é encurtada de dois carbonos, que são
liberados sob a forma de acetil-CoA;

• O número de etapas depende do número de carbonos do AGL, geralmente entre 14 e 24 carbonos;

• Ao entrar na fibra muscular, os AGL devem ser enzimaticamente ativados com energia do ATP, necessita de
dois ATP por ativação mas, diferentemente da glicólise, ela não produz ATP diretamente.
CAT1 CAT2

• Quanto mais bem treinado o indivíduo, maior a betaoxidação:

•  Biogênese mitocondrial, CAT1,  CAT2;


•  Oxidação de AG e poupa glicogênio muscular.
Exemplos - Nado

• Rio Amazonas → 5269 km → 10h por dia (Martin Strel, 2007)


• África até Europa → 29 horas, 36 min e 57 s (Martin Strel, 1997)
• Cuba Flórida → 53 horas
• Ilhas Eleuthera até Nassau nas Bahamas → 125,5km → 42,5 h (10/2014) - Chloe McCardel
• Mar Adriático → maior distância – 225km → 50h10min – Guiness (29-31/2006) - Veljko Rogošić
• Tokio até São Francisco → 8851,3 km → 1440h → 180 dias → 8h/dia nadando → 8000kcal/dia – Bem
Lamcote
Resumo do metabolismo dos substratos
ATP-PCR GLICÓLISE AERÓBIO
2005

ATP
Contribuição
energética em
sprints de 3s Glicólise

PCr
Carboidratos
Proteínas
Lipídeos

Oxidados para
produção de ATP

Geram Acetil-CoA
Na ausência de
carboidrato:

PTN, LIP formam


acetil-CoA

Porém, apenas aminoácido


gera oxaloacetato (proteólise)

Excesso de acetil-CoA

Formação de corpos cetônicos

Cetose:  desempenho do atleta


Aminoácidos não
conseguem formar
tanto oxaloacetato
quanto a glicose

 lipólise: afinal não terá


oxaloacetato para condensar com
o acetil-CoA

 proteólise

Importância do consumo de
carboidrato no EF
Fatores que regulam a mobilização de substratos
energéticos
FATORES QUE REGULAM A MOBILIZAÇÃO
DE COMBUSTÍVEIS ALTERANDO A • ATP, ADP e AMP são ativadores ou inibidores das reações enzimáticas
ATIVIDADE ENZIMÁTICA
envolvidas na degradação de PCr, carboidratos e gorduras;
Fatores Intramusculares

Razão ATP/ADP • A CK → refosforilação do ATP no início da geração de força muscular, é


Pi
AMP
ativada por um aumento na concentração citoplasmática de ADP e é inibida
Íons de Cálcio (Ca2+) por um aumento na concentração celular de ATP;
Sistema Nervoso Simpático

Norepinefrina (noradrenalina) • A interação entre insulina, glucagon e catecolaminas é a principal


Hormônios responsável pelo disponibilidade e uso de substratos;
• O cortisol e hormônio do crescimento também têm efeitos significativos;
Epinefrina (adrenalina)
Insulina
Glucagon
Cortisol
• A IL-6 é liberada do músculo durante o exercício e desempenha um papel na
GH regulação da mobilização e metabolismo de substratos.
Citocinas
Interleucina-6
Fosforilase
Fosforilase

Hexoquinase

Fosfofrutocinase

Proteases
LSH

PDH

Citrato Sintase
AG-CoA Desidrogenase

CAT
Papel dos hormônios na regulação do metabolismo energético
Estímulo que ativa sua
Hormônio Onde é produzido secreção Ação
Insulina Células β das ilhotas Aumento na glicemia e Estimula a captação de glicose pelo
pancreáticas AAs circulantes fígado, músculo e tecido adiposo;
Inibe lipólise;
Estimula captação de AAs pelo músculo;
Inibe a degradação proteica

Células α das ilhotas Diminuição da glicemia Estimula quebra do glicogênio no


pancreáticas fígado e gliconeogênese
Epinefrina Medula adrenal Estresse e diminuição da Estimula quebra do glicogênio e
glicemia lipólise no tecido adiposo
Norepinefrina Terminações nervosas Estresse e diminuição da Estimula quebra do glicogênio e
simpáticas glicemia ou PA lipólise no tecido adiposo
Córtex adrenal Estimula a quebra proteica e
Estresse, ACTH ou IL-6 gliconeogênese;
Estimula a lipólise no tecido adiposo
GH Hipófise anterior Estresse Estimula a lipólise no tecido adiposo
Fibras musculares em Aumento de CA2+ Estimula a quebra do glicogênio no
contração intracelular e diminuição fígado;
de glicogênio Estimula a lipólise no tecido adiposo;
Estimula a secreção de cortisol
Questões
• Na célula, onde ocorrem a glicólise, o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa?
• Defina os termos glicogênio, glicogenólise e glicólise;
• O que são os fosfatos de alta energia? Explique a afirmação: "o ATP é o doador de energia universal'‘;
• Discuta brevemente a função da glicólise na bioenergética. Qual é o papel do NAD+ na glicólise? Defina os termos
aeróbio e anaeróbio;
• Discuta a operação do ciclo de Krebs e da cadeia de transporte de elétrons na produção aeróbia de ATP. Qual é a
função de NAD+ e FAD nessas vias?
• Discuta a relação existente entre ácido láctico e lactato.
• Qual é o papel da PCr na produção de energia? Descreva a relação entre ATP e PCr musculares durante um
exercício de curta duração em velocidade máxima;
• Por que os sistemas de energia ATP-PCr e glicolítico são considerados anaeróbios?
Bibliografia
• Antônio, J.; Kalman et al. Essentials of Sports Nutrition and Supplements. Human Press. 2008;
• Burke L, Deakin V, eds. Clinical Sports Nutrition. 5th ed. Sydney, Australia: McGraw-Hill; 2015:114-139;
• Jeukendrup, Asker E,; Gleeson, M. Sport Nutrition. Human Kinetics. 3a ed. 2019;
• Manore, M.M.; Meyer, N.L.; Thompson, J. Sport Nutrition for Health and Performance. 2. Ed. Human Kiinetics. 2009;
• MarzoccoA. e Torres, B.B. Bioquímica Básica, Guanabara Koogan, 4a ed, 2015;
• Mcardle, W. Katch, W. Katch. Fisiologia do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 8ª Edição. Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan, 2016;
• Powers, S.K.; Howley, E.T. Fisiologia do Exercício - Teoria e Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho - 8ª Ed. 2014;
• Wilmore, J.H.; Costil, D.L. Fisiologia do esporte e do exercício. 5ed. São Paulo: Manole, 2013.
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