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Introdução
A inflamação é uma reação de proteção gerada pelo nosso organismo
em resposta a um agente agressor. A inflamação visa proteger o corpo
contra a lesão celular provocada por microrganismos e suas toxinas, assim
como uma possível consequência de necrose. Mediadores essenciais
da resposta inflamatória são as células fagocitárias, os macrófagos e
neutrófilos, as proteínas do sistema complemento e os anticorpos. Esses
mediadores são enviados ao local lesionado ou necrótico, são ativados e
atuam com o objetivo de eliminar os microrganismos nocivos. O processo
da inflamação é fundamental para o reconhecimento da infecção e para
a cicatrização de feridas.
Neste capítulo, você compreenderá a complexidade da resposta
inflamatória, com a ação essencial de células da imunidade inata, como
macrófagos, neutrófilos, células natural killers, células dendríticas e células
epiteliais. A ação anti-inflamatória dessas células em conjunto com o papel
desempenhado pelas proteínas do sistema complemento é primordial
para a destruição dos agentes patogênicos. Os sinais clássicos da infla-
mação serão descritos e vinculados com as distintas etapas que ocorrem
durante a inflamação aguda. Você entenderá também que a inflamação
aguda poderá progredir para uma inflamação crônica se não for resolvida.
2 Inflamação: processos agudos e crônicos
1 Inflamação
Nosso organismo conta com um arcabouço de células que constituem a resposta
imunológica para os distintos tipos de microrganismos aos quais podemos estar
expostos e que podem provocar danos celulares e teciduais. Em um primeiro
contato com um microrganismo, nosso corpo tenta eliminá-lo através de bar-
reiras epiteliais existentes na pele e nos tratos gastrointestinal e respiratório.
Diante de um cenário em que o agente patogênico rompe essas barreiras, as
células do sistema imunológico natural, também denominado de imunidade
inata ou inespecífica, reagirão contra os microrganismos com a ativação da
inflamação e da defesa antiviral. De acordo com Abbas, Lichtman e Pillai (2011,
p. 485) “[…] a inflamação é definida como uma reação complexa à infecção,
exposição a toxinas ou dano celular que envolve o acúmulo extravascular de
proteínas plasmáticas e leucócitos”.
A inflamação é uma resposta inespecífica aos microrganismos, ou seja,
manifesta-se de uma maneira igual contra diferentes agressores patogênicos,
independentemente de seu tipo. Na inflamação, há o recrutamento de leucócitos
e de proteínas do plasma para os tecidos. Entre as células recrutadas, existem
dois principais tipos de leucócitos, os neutrófilos e os monócitos (ABBAS;
LICHTMAN; PILLAI, 2011).
Os neutrófilos induzem uma resposta rápida e de curta duração, já que sua
meia-vida média corresponde a 6 horas. Durante uma resposta inflamatória,
a medula óssea produz uma grande quantidade de neutrófilos que chegam ao
tecido em resposta a citocinas inflamatórias. Os mecanismos pelos quais os
neutrófilos atuam na imunidade inata e colaboram com a inflamação são des-
critos a seguir (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2011; BARRETT et al., 2014).
Figura 1. Etapas da migração de neutrófilos. As etapas são constituídas por rolamento, ativa-
ção, adesão, perfuração do endotélio e, por fim, migração em direção aos quimioatraentes.
Fonte: Kumar, Abbas e Aster (2016, p. 156).
Derivados de células
(Continua)
Inflamação: processos agudos e crônicos 5
(Continuação)
Figura 4. Relatos de casos de dois pacientes com doença de Graves. (a) Mixedema pré-tibial
com placas vermelhas alaranjadas na doença de Graves. (b) Análise histológica da biópsia da pele.
O indivíduo apresenta a derme reticular com deposição de mucopolissacarídeo. Imagem am-
pliada 10 vezes. (c) Placas eritematosas e inchaço na área pré-tibial bilateral. (d) Análise histológica
por coloração com hematoxilina-eoxina, com infiltração inflamatória perivascular polimórfica.
Fonte: (a) e (b) Bruinstroop et al. (2019, documento on-line); (c) e (d) Tomás-Velázquez, Panadero Meseguer
e Aguado (2019, p. 655).
Figura 5. (a) Edema pontual bilateral em paciente com insuficiência cardíaca congestiva.
(b) Trombose venosa profunda aguda com celulite sobrejacente.
Fonte: Trayes et al. (2013, p. 107).
Figura 6. Formação de exsudatos e transudatos. (a) Pressão hidrostática normal de, apro-
ximadamente, 32 mm de Hg na porção terminal arterial de um leito capilar e de 12 mm
de Hg na porção terminal venosa; a pressão osmótica coloidal média dos tecidos é de,
aproximadamente, 25 mm de Hg, que é igual à pressão capilar média. Portanto, o fluxo
total de líquido que passa através do leito vascular é quase nulo. (b) Extravasamento de
exsudato. (c) Extravasamento de transudato.
Fonte: Kumar, Abbas e Aster (2016, p. 153).
12 Inflamação: processos agudos e crônicos
Figura 8. As citocinas TNF e IL-1 produzem efeitos locais, com o aumento da permeabilidade
dos vasos e o recrutamento de leucócitos para o local da lesão. As citocinas TNF, IL-1 e IL-6
induzem efeitos protetores sistêmicos em órgãos como o cérebro, o fígado e a medula
óssea. Contudo, efeitos patológicos sistêmicos também podem ser observados no coração,
nos vasos sanguíneos e em tecidos como o músculo esquelético.
Fonte: Kumar, Abbas e Aster (2013, p. 48).
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