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A fisiopatologia das principais doenças que acometem o sistema pulmonar é abordada com a
finalidade de proporcionar maior conhecimento desses transtornos patológicos rotineiros da
prática clínica.
PROPÓSITO
Reconhecer a fisiopatologia das principais doenças que acometem o sistema pulmonar se
torna condição essencial e de extrema importância para a atuação profissional e tomada de
decisão na prática clínica, sendo condição indispensável para a formulação do tratamento e da
intervenção alinhada com o quadro clínico do paciente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
Identificar as principais afecções pleurais que acometem o sistema pulmonar
MÓDULO 4
INTRODUÇÃO
O estudo das doenças pulmonares mais frequentes na prática fisioterapêutica é uma condição
essencial para a correta avaliação e tomada de decisão diante do tratamento a ser estipulado e
realizado. Nesse sentido, conhecer a fisiopatologia das doenças permite ao profissional uma
melhor compreensão dos aspectos etiológicos e patogênicos, das alterações morfológicas e
funcionais, bem como dos possíveis quadros de evolução que irão nortear as condutas de
intervenção a serem determinadas.
MÓDULO 1
A limitação crônica ao fluxo aéreo é consequência de uma obstrução em vias aéreas de menor
calibre e destruição do parênquima pulmonar, variando de pessoa para pessoa.
SAIBA MAIS
A DPOC é a terceira principal causa de mortes no mundo, impactando diretamente na saúde
pública. No Brasil, a DPOC acarreta aproximadamente um custo de 103 milhões de reais ao
Sistema Único de Saúde, referente a 142.635 internações. Esses dados demonstram o grande
impacto econômico da doença aos cofres públicos, com alto custo financeiro. Diante desse
cenário, o manejo adequado desses pacientes é condição indispensável pera melhorar sua
qualidade de vida e retardar a progressão da doença.
Além das alterações estruturais e funcionais da DPOC relacionadas com o sistema respiratório,
conforme já foram descritas, essa doença é reconhecida por suas manifestações
extrapulmonares múltiplas, como disfunção musculoesquelética, descondicionamento físico,
intolerância ao exercício, osteoporose, alterações metabólicas, ansiedade, depressão e doença
cardiovascular, o que leva ao agravamento da condição.
ENFISEMA PULMONAR
O enfisema pulmonar é uma condição patológica que resulta de importantes alterações com
dilatação dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, como consequência da
destruição das suas paredes alveolares, ocasionando uma perda da superfície respiratória e de
irrigação sanguínea, com diminuição da capacidade de recolhimento elástico pulmonar. Pode
ser classificado em quatro tipos principais, dependendo das unidades respiratórias envolvidas:
centroacinar, panacinar, parasseptal e irregular.
FISIOPATOLOGIA
SAIBA MAIS
O fumo é o principal agente etiológico da doença, sendo esse um fator patogênico importante,
capaz de induzir o início da agressão celular nas vias aéreas distais devido às suas
substâncias quimiotóxicas.
BRONQUITE CRÔNICA
A bronquite crônica é uma doença caracterizada pela grande produção de muco na árvore
brônquica, o que leva a uma expectoração excessiva. Seu diagnóstico, muitas vezes, baseia-
se nas características clínicas do paciente, em que se observa a presença de expectoração na
maioria dos dias por pelo menos três meses ao ano, por pelo menos dois anos sucessivos.
FISIOPATOLOGIA
Assim como no enfisema pulmonar, o fumo é o principal fator etiológico responsável pelo
desenvolvimento da doença, em que uma exposição repetida às suas substâncias irritantes
provoca inflamação crônica.
Em pacientes com DPOC, são evidentes tanto a redução das taxas de fluxo expiratório máximo
em todos os volumes pulmonares quanto reduções menos significativas no fluxo inspiratório
máximo, condição gerada e caracterizada pelo estreitamento das vias aéreas, em parte por
causa da perda do recolhimento elástico pulmonar e das alterações das vias aéreas.
À medida que a gravidade da DPOC aumenta, com a evolução do quadro clínico da doença e a
progressão fisiopatológica, a limitação do fluxo expiratório se torna mais acentuada, com
aumento crescente na CRF, o que pode levar ao surgimento de hipercapnia e hipoxemia
arterial associada ou não à hipercapnia.
A resposta inflamatória, presente principalmente nos pacientes com bronquite crônica, leva ao
aumento da espessura da parede das vias aéreas, redução do seu lúmen de passagem e
secreção de muco exacerbado, obstruindo diretamente as vias aéreas, dificultando assim, a
passagem do ar.
BRÔNQUIOS NORMAIS
Resposta inflamatória na DPOC
BRÔNQUIOS INFLAMADOS
APOSIÇÃO
Região que o diafragma encosta nos arcos costais. Quanto maior essa zona, maior facilidade
para a mecânica respiratória.
Desenho esquemático do sistema respiratório de um indivíduo saudável (hemitórax
direito).
Desenho esquemático do sistema respiratório de um paciente com DPOC avançada
(hemitórax esquerdo).
Para a abordagem do paciente com DPOC, faz-se necessário avaliar as limitações nas
atividades de vida diária (AVD). Existem vários instrumentos de avaliação destinados a
identificar as diversas limitações nas AVDs desses pacientes. Dentre eles, a escala do Medical
Research Council (MRC) e o teste de avaliação da DPOC (CAT - COPD Assessment Test)
merecem destaques.
ESCALA MRC
A escala MRC é amplamente utilizada por ser de fácil aplicabilidade e compreensão, seu
objetivo de avaliar o índice de dispneia, ou seja, a limitação imposta pela dispneia nas AVD. É
composta por apenas cinco itens, a partir dos quais o paciente escolhe o item que corresponde
ao quanto a dispneia limita suas AVD. O paciente relata seu grau subjetivo de dispneia
escolhendo um valor entre 1 e 5 (KOVELIS, 2008):
3. Anda mais devagar do que pessoas da mesma idade por causa de falta de ar ou tem
que parar para respirar mesmo quando andando devagar.
4. Para a fim de respirar após andar menos de 100 metros ou depois de alguns minutos.
5. Sente tanta falta de ar que não sai mais de casa, ou quando está se vestindo.
Quadro: Escala MRC que avalia o índice de dispneia. Extraído de: KOVELIS et al., 2008, p.
1018
CAT
EXACERBAÇÃO
O conceito de exacerbação pode ser definido como uma piora aguda dos sintomas, resultando
em terapia adicional. Sua ocorrência pode ser classificada da seguinte forma:
LEVE
Somente tratada com broncodilatadores de ação curta.
MODERADA
Tratada com broncodilatadores de ação curta mais antibiótico e/ou corticosteroide oral.
GRAVE
Requer hospitalização ou visita à emergência.
Seu melhor preditor de recorrência frequente (dois ou mais episódios no ano) é história anterior
de exacerbação. Para a classificação de risco e sintoma, o histórico de exacerbação é
separado em dois ou mais eventos, levando em consideração uma ou mais hospitalizações,
tendo em conta, no máximo, um evento sem admissão hospitalar.
Com o conjunto dessas avaliações, é possível obter uma classificação mais abrangente do
paciente. O sistema “ABCD”, juntamente com a classificação espirométrica, permite mensurar
riscos e sintomas a partir do relato dos pacientes (exacerbação no ano anterior, índice de
dispneia). Assim, os classificados em “AC” (MRC 0-1 e CAT < 10) possuem menos riscos e
sintomas do que os em “BD” (MRC ≥ 2 e CAT ≥ 10), e, consequentemente, uma abordagem
terapêutica diferente (Teste de avaliação da DPOC).
Apesar de a presença de comorbidades não ser empregada no sistema ABCD, devem ser
consideradas no diagnóstico, no prognóstico e nas considerações terapêuticas da mesma
forma que as avaliações anteriores. Entre as associadas à DPOC, tem-se doenças
cardiovasculares (insuficiência cardíaca crônica, doença arterial coronariana, hipertensão
arterial sistêmica, e acidente vascular cerebral), metabólicas (diabetes mellitus e obesidade),
gástricas (refluxo gastroesofágico), musculoesqueléticas (osteoporose e osteoartrite) e
respiratórias (apneia do sono e rinite não infecciosa).
A terapêutica e o manejo desses pacientes devem ser baseados no tratamento das
exacerbações, as quais podem ser tratadas em ambulatório ou hospital, dependendo da
gravidade do quadro. Na prática diária, recomenda-se o início do tratamento com utilização de
broncodilatadores associados ao uso do brometo de ipratrópio a um β-2 de ação curta,
prescritos pela equipe médica, sendo a via inalatória a preferida para administração dos
broncodilatadores na DPOC por possibilitar rápido início de ação das drogas com uso de
pequenas doses e por causar menos efeitos adversos.
TRATAR
Nesse sentido, alguns indicativos apontam para a necessidade de internação. São eles:
aumento acentuado da dispneia;
sonolência excessiva;
REABILITAÇÃO PULMONAR
Estudos demonstram que os programas de reabilitação pulmonar para pacientes com DPOC
proporcionam melhor qualidade de vida, assim como proporciona melhor tolerância ao
exercício por diminuir a dispneia e a fadiga, sendo esses benefícios independentes da idade,
sexo e gravidade da doença. Os programas de reabilitação pulmonar devem ser sempre
indicados como conduta terapêutica para o tratamento das doenças pulmonares,
especialmente DPOC.
ATENÇÃO
Nesse sentido, para a melhor sobrevida aos pacientes com DPOC convém diminuir os fatores
de risco da doença, em que a cessação do tabagismo associado a um programa de
reabilitação pulmonar, uso de oxigenoterapia e a prática de exercícios físicos regulares, irá
predispor uma melhora para esses pacientes. Por exemplo:
O quadro a seguir apresenta os benefícios que podem ser obtidos pelos pacientes com DPOC
submetidos ao tratamento em reabilitação pulmonar.
07:02
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
ASMA
CONCEITO
Asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiper-reatividade das vias aéreas a
vários estímulos e por limitação variável ao fluxo aéreo, devido ao estreitamento das vias
aéreas. A gravidade da doença é variável e sua condição pode ser tratável. Pode acometer
desde crianças a adultos.
A asma é condição de alta prevalência de morbidade e está relacionada a taxas importantes de
mortalidade em todo o mundo, com maiores preocupações para aqueles pacientes que
desenvolvem o tipo grave da doença, uma vez que impacta diretamente nas políticas públicas
de saúde e nos custos direcionados ao seu tratamento. Infelizmente, muitos pacientes vivem
anos com a asma descontrolada, o que acarreta piora do quadro clínico, da qualidade de vida e
da independência funcional.
SAIBA MAIS
No Brasil, um país de renda média, as taxas de asma elevam sua posição para um dos países
com maior prevalência dessa condição em crianças, com altas taxas de asma grave. No sul do
Brasil, 20% das crianças em idade escolar têm asma, muitas delas com doença não controlada
e altas taxas de inatividade física, evasão escolar e hospitalizações o que impacta diretamente
na saúde da população e no manejo da doença.
FISIOPATOLOGIA
Quanto à sua etiologia, inúmeros estudos indicam que a origem da asma, na maior parte dos
casos, inicia-se na infância e que uma predisposição alérgica pode desempenhar um papel
etiológico importante. Entretanto, fatores ambientais, como a exposição a poluentes
atmosféricos, também devem ser considerados importantes, pois podem estar relacionados
com o aumento nas taxas de asma grave em países industrializados nos últimos anos.
Além disso, em se tratando da etiologia da asma, alguns casos podem ocorrer de forma
induzida pelo exercício.
QUADRO CLÍNICO
A asma em geral pode ser desencadeada e estar relacionada com alérgenos específicos, como
determinadas ervas e pelos de gatos. Quando não há história de alergia, e se nenhum
alérgeno externo puder ser identificado, o termo “asma não alérgica” é utilizado. Apresenta
como manifestações clínicas: episódios de sibilância, tosse geralmente à noite ou início da
manhã, falta de ar e opressão torácica.
Em todos os asmáticos há hiper-reatividade das vias aéreas, que pode ser testada medindo-se
o VEF1 ou a resistência das vias aéreas. Nos momentos em que ocorrem as crises asmáticas,
todos os índices de fluxo expiratório são reduzidos de maneira significativa.
Em geral, a capacidade vital forçada também é reduzida porque as vias aéreas fecham
prematuramente durante uma expiração máxima, onde ainda se observa redução da
capacidade ventilatória.
A presença de hipoxemia é condição comum em pacientes com asma grave e ocorre pelo
desequilíbrio entre a ventilação e a perfusão pulmonar; nesse caso, o espaço morto fisiológico
e o shunt fisiológico são muito altos. O mecanismo de hipoxemia pode ser resolvido com o uso
de broncodilatador, um medicamento de uso rotineiro por muitos pacientes.
SHUNT
Shunt é o termo utilizado para descrever o sangue que entra no leito arterial sistêmico sem
passar pelas áreas ventiladas do pulmão, levando à redução da pressão arterial parcial de
oxigênio (PaO2)
A asma é uma condição determinada por um diagnóstico estritamente clínico e funcional, não
sendo comum a realização de radiografias em pacientes com quadro asmático. Entretanto, em
casos de broncoconstrição graves, de doença mal controlada e persistente, a radiografia pode
mostrar hiperinsuflação ou hipoinsuflação (atelectasias) variável de diferentes segmentos do
pulmão.
Pacientes com asma crônica, ou especialmente aqueles que morrem em estado asmático,
podem ser estudados no nível histológico. As vias aéreas desses indivíduos mostram
espessamento (hipertrofia) das membranas basais dos brônquios, hiperplasia das células
musculares lisas da submucosa, hiperplasia dos mucócitos da mucosa epitelial e acúmulo de
mucina livre (muco) no lúmen das vias aéreas devido ao processo inflamatório da doença.
Principais características fisiopatológicas da asma
Presença de obstrução das vias aéreas caracterizada por redução do volume expiratório
forçado no primeiro segundo (VEF1) para abaixo de 80% do previsto e da sua relação
com a capacidade vital forçada para abaixo de 75% em adultos e de 86% em crianças.
Com isso, a espirometria passa a ser um método diagnóstico essencial para os pacientes e
deve ser preconizada e indicada com frequência.
Quanto busca pelo diagnóstico facilitado e que permita uma análise constante e mais barata do
monitoramento da doença, o uso do pico de fluxo expiratório (PFE) é importante. A variação
diurna do PFE pode ser utilizada para se documentar a obstrução do fluxo aéreo. Nesse teste,
podem ser condições indicativas de asma:
Variação diurna no PFE maior que 20% (diferença entre a maior e a menor medida do
período), considerando medidas feitas pela manhã e à tarde, ao longo de um período de
duas a três semanas.
CONTROLE
Diante dos tratamentos de controle, o paciente pode ser classificado de acordo com três
categorias:
ASMA CONTROLADA
O tratamento inicial da asma pode ser iniciado de acordo com critérios de gravidade, mas a
manutenção deve ser baseada fundamentalmente no estado de controle da doença, conforme
o quadro a seguir.
Parcialmente
controlado (Pelo
Parâmetro Controlado menos 1 em Não controlado
qualquer
semana)
Necessidade de
2 ou mais por
medicamentos de Nenhuma
semana
resgate
Presente em
Limitação de
Nenhuma qualquer
atividades
momento
1 em qualquer
Exacerbação Nenhuma 1 ou mais por ano
semana
Quadro: PFE – pico de fluxo expiratório; VEF1 – volume expiratório forçado no primeiro
segundo. Elaborado por: Ana Inês Gonzáles.
TRATAMENTO DA ASMA
A maioria dos pacientes com asma é tratada com dois tipos de terapia medicamentosa:
COMENTÁRIO
Nos classificados como moderados e graves, especial atenção deve ser dada ao crescimento e
à função pulmonar (PFE, espirometria). Já em pacientes graves é aconselhável a medição do
PFE matinal antes do uso de broncodilatadores. A espirometria deve ser realizada, sempre que
possível, para avaliação do controle da asma e nas mudanças de esquema terapêutico.
Como vimos, pacientes com asma podem ser submetidos a inúmeras intervenções, das quais
destacam-se: exercícios respiratórios, treinamento muscular respiratório, reabilitação pulmonar
e técnicas de higiene brônquica.
ASMA
Neste vídeo, a especialista Ana Inês Gonzáles falará sobre as principais características da
asma e como a fisioterapia pode proporcionar melhor qualidade de vida a estes pacientes.
06:58
Controle da asma
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
AFECÇÕES PLEURAIS
PLEURA E LÍQUIDO PLEURAL
As pleuras são membranas finas que revestem a superfície interna da cavidade torácica
(pleura parietal) e o parênquima pulmonar (pleura visceral), recobrindo e protegendo os
pulmões. Em condições normais, as pleuras encontram-se separadas uma da outra pelo
espaço pleural, que contêm uma fina camada de líquido lubrificante denominado “líquido
pleural”, cuja função é distribuir e compensar as forças respiratórias entre o pulmão e a caixa
torácica.
O líquido pleural é um líquido límpido e incolor que vai de 0,1 a 0,2ml/kg de peso corporal de
um indivíduo, cerca de 1,0 a 1,5 g/dl de proteínas e 1500 células/mm3, dos tipos monócitos,
linfócitos, macrófagos, células mesoteliais e polimorfonucleares. Tal líquido é constantemente
renovado, sendo filtrado da microcirculação sistêmica pleural.
DERRAME PLEURAL
O derrame pleural caracteriza-se pelo acúmulo anormal de líquido pleural no espaço pleural. A
formação do derrame pleural envolve um ou mais mecanismos capazes de aumentar a entrada
ou de diminuir a saída de líquido no espaço pleural.
Tal condição não é considerada uma doença propriamente dita, mas acompanha várias outras
doenças de base. Sendo assim, a doença de base deve ser investigada.
Excesso de líquido ao redor do pulmão na cavidade pleural caracterizando o derrame
pleural
O acúmulo de líquido no espaço pleural pode ser decorrente das seguintes situações:
EM CASOS DE PNEUMONIA
Devido ao aumento da permeabilidade vascular, decorrente da inflamação e da infecção
pulmonar que atinge a pleura, sendo responsável então pelo aumento da permeabilidade
vascular e pela consequente passagem de líquido para cavidade pleural.
EM CASOS DE ATELECTASIAS
O derrame pleural ocorre devido ao aumento da pressão negativa intrapleural.
Como sinais clínicos, podem ser observadas a redução da expansão pulmonar do lado afetado,
visualizada pela radiografia de tórax, e a ausência de murmúrio vesicular na ausculta pulmonar.
TRANSUDATOS
São derrames pleurais de caráter mais líquido, com baixo peso de moléculas de proteínas, e
geralmente indicam que a integridade da membrana pleural está mantida. Geralmente, indicam
complicação de insuficiência cardíaca grave e outros estados congestivos.
EXSUDATOS
São derrames que ocorrem com maior frequência em doenças neoplásicas e infecções,
possuem alto peso de moléculas proteicas e demonstram alteração na permeabilidade da
membrana capilar.
ESPESSAMENTO PLEURAL
Derrames pleurais de longa duração, que demoram para serem resolvidos, podem ao longo do
tempo tornar a pleura enrijecida e fibrótica, condição que impede a expansão pulmonar normal.
Cabe ressaltar que o espessamento pleural não ocorre apenas em detrimento de um derrame
pleural não resolvido, mas também é condição presente em casos de inflamação pleural,
gerando o espessamento pleural difuso (EPD).
O EPD é uma doença que afeta a pleura visceral e pode surgir em condições como
tuberculose, cirurgia torácica, hemotórax decorrente de traumas, reação a drogas ou pela
exposição ao amianto.
HEMOTÓRAX
Nos pacientes, quando o hemotórax ocorre por motivos traumáticos, a conduta deve ser
efetuar a drenagem de tórax imediata. Já em pacientes com hemotórax não traumático, a
drenagem de tórax também pode ser indicada, devendo ser realizada a fim de remover o
sangue do espaço pleural e quantificar o grau de sangramento ativo. Se houver sangramento
de mais de 100mL/hora, indica-se cirurgia torácica assistida por vídeo ou toracotomia de
emergência.
EMPIEMA
PNEUMOTÓRAX
Assim como o excesso de líquido dentro do espaço pleural acarreta disfunções patológicas e
biomecânicas pulmonares, a entrada de ar nesse mesmo espaço pleural, oriundo de acessos
gerados do pulmão ou da parede torácica, podem levar ao surgimento de pneumotórax.
Pneumotórax
Essas alterações ficam evidentes em exames de imagem como a radiografia torácica, a partir
da qual é possível observar em inúmeros casos um colapso pulmonar parcial ou completo,
hiperexpansão do gradil costal e rebaixamento diafragmático no lado afetado. Algumas vezes,
pode haver deslocamento mediastinal para o lado contralateral.
Radiografia torácica mostrando um grande pneumotórax à direita
Os sintomas podem incluir dor torácica súbita, do mesmo lado onde o pneumotórax está
presente, e dispneia. São comuns a redução do murmúrio vesicular do lado afetado, sendo o
diagnóstico confirmado pela realização de radiografia de tórax, e a diminuição local da
expansibilidade torácica com aumento do volume do hemitórax envolvido. Não é rara a
ocorrência simultânea de enfisema subcutâneo e/ou pneumomediastino, dependendo da causa
do pneumotórax.
Casos mais graves, nos quais o indivíduo que desenvolve pneumotórax de caráter hipertensivo
— ou seja, um pneumotórax adquirido, com grande quantidade de ar sendo liberado dentro do
espaço pleural — são considerados emergência médica, pois tendem a ocasionar uma piora do
sofrimento respiratório, taquicardia e sinais evidentes de deslocamento mediastinal. Nesses
casos, o tratamento é baseado na colocação de drenos torácicos que permitem a saída do ar
do espaço pleural.
Tamanho do pneumotórax
Repercussão clínica
Ventilação mecânica
Ocupação do paciente
06:46
MÓDULO 4
ATELECTASIA
CONCEITO
A principal função dos nossos pulmões é realizar a troca gasosa. Essa função ocorre nas áreas
respiratórias como bronquíolos respiratórios, sacos alveolares e alvéolos. Devido às pressões
que existem dentro dos alvéolos e à diferença dessa pressão com o meio externo, os alvéolos
tendem a permanecer abertos mesmo no final da expiração, em detrimento da estrutura
elástica do pulmão e pela função do surfactante. O surfactante age contra a tendência natural
dos alvéolos de se fecharem (ou seja, entrarem em colapso). Em condições fisiológicas, os
alvéolos tendem naturalmente a colapsar, mas tal condição não ocorre, pois a presença de
substâncias surfactantes mantém a tensão de superfície alveolar. Nesse caso, a respiração
contínua e profunda auxilia na manutenção da expansão alveolar e produção de surfactantes.
Entretanto, em determinadas condições, pode ocorrer o colapso desses alvéolos, que acabam
perdendo a capacidade de se manterem abertos e se fecham. Sendo assim, a atelectasia pode
ser definida como um estado em que determinada região do parênquima pulmonar encontra-se
colapsada e não airada (sem entrada de ar), e o volume residual decai para níveis que não
permitem a manutenção da distensão alveolar.
FISIOPATOLOGIA
ATENÇÃO
PERFIL CLÍNICO
A atelectasia, em grande parte dos casos leves a moderados, com desenvolvimento lento e de
pequena proporção, pode manifestar-se de forma assintomática, a menos que se desenvolva
hipoxemia ou pneumonia. Os sintomas da hipoxemia tendem a estar relacionados com a
acuidade e a gravidade da atelectasia, demonstrando a necessidade evidente de intervenção
imediata. Pacientes com quadro de hipoxemia podem desenvolver dispneia, taquipneia ou até
mesmo insuficiência respiratória.
TIPOS DE ATELECTASIAS
As atelectasias podem ser decorrentes da obstrução da via aérea proximal aos alvéolos
(atelectasia obstrutiva), da presença de processo expansivo intratorácico, como derrame
pleural, massas ou bolhas (atelectasia compressiva), da retração elástica pulmonar, na
presença de um pneumotórax não loculado (atelectasia passiva), do colapso alveolar por
deficiência de surfactante (atelectasia adesiva) ou da redução da complacência pulmonar
(atelectasia cicatricial). Com base no mecanismo subjacente de formação e na distribuição do
colapso alveolar, a atelectasia pode ser classificada em três formas:
ATELECTASIA DE REABSORÇÃO
Também conhecida como um tipo de atelectasia obstrutiva, a atelectasia de reabsorção é uma
condição que ocorre quando uma obstrução impede o ar de chegar às vias aéreas distais do
parênquima pulmonar. Nesse caso, a obstrução impede o fluxo aéreo para essas regiões e
qualquer ar presente é gradualmente absorvido, levando ao colapso alveolar.
A causa mais comum de colapso por reabsorção é a obstrução de um brônquio. Esse tipo de
atelectasia ocorre mais frequentemente durante períodos de pós-operatório, principalmente em
decorrência de tampões mucosos ou mucopurulentos, mas também pode resultar da aspiração
de corpos estranhos (especialmente, por crianças), de asma brônquica, bronquiectasia,
bronquite crônica, ou de um tumor intrabrônquico, que poderá ser o primeiro sinal de
malignidade. A taxa em que isso ocorre irá depender de inúmeros fatores, e sua gravidade irá
depender do local obstruído e de sua capacidade de ventilação colateral. A obstrução de um
brônquio segmentar tem menos probabilidade de resultar em atelectasia segmentar do que a
obstrução de um brônquio lobar, onde pode ocorrer a atelectasia lobar. Essa diferença é
consequência da ventilação colateral entre os segmentos de um lobo. Esse tipo de atelectasia
também é comum em condições operatórias, que podem ocorrer ainda em fase intraoperatória,
após indução anestésica, e que é clinicamente caracterizada por redução da complacência
pulmonar e comprometimento da oxigenação arterial.
A ocorrência de atelectasias durante a anestesia é alta, sendo sua incidência estimada entre
50% e 90% nos pacientes adultos submetidos à anestesia geral, tanto em ventilação
espontânea quanto em ventilação mecânica, o que demonstra a grande prevalência dessas
condições em ambiente hospitalar. Os mecanismos envolvidos são decorrentes da compressão
mecânica do parênquima pulmonar, da absorção do conteúdo gasoso alveolar e da disfunção
do sistema surfactante.
TRATAMENTO
Para os pacientes que não estão entubados e não apresentam secreções excessivas, a
pressão positiva contínua das vias respiratórias pode ajudar, principalmente nos casos mais
moderados. Para pacientes que estão entubados , a pressão positiva expiratória final e/ou a
ventilação com maior volume corrente podem auxiliar.
RECOMENDAÇÃO
Em alguns casos, a realização de broncoscopia para remover o objeto que está causando o
bloqueio pulmonar pode ser associada, em outros casos, com hipersecretividade.
Medicamentos que reduzam a produção e fluidificam o muco podem ser recomendados nesse
caso.
ATELECTASIA
Neste vídeo, a especialista Ana Inês Gonzáles falará sobre as atelectasias, suas
características principais e a atuação do fisioterapeuta no manejo dessa afecção.
06:50
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presença de doenças e complicações pulmonares significativas fazem parte do dia a dia do
fisioterapeuta, tanto em ambiente ambulatorial quanto em ambiente hospitalar. Devido ao
grande fluxo de pacientes com tais condições, conhecer e identificar a fisiopatologia dessas
doenças e complicações é primordial para a adequada elaboração da conduta terapêutica a ser
realizada e a tomada de decisão.
Neste conteúdo, foi possível observar que doenças crônicas obstrutivas possuem manejos que
variam conforme a classificação de gravidade e progressão da doença, o que destaca a
importância do reconhecimento do perfil clínico dos pacientes em diferentes estágios da
doença. Quanto à asma, ficou evidente suas causas etiológicas e a diferença de abordagem
em momentos de estabilidade crônica e momentos de crises asmáticas, permitindo uma
diferenciação baseada em aspectos clínicos. Além disso, conhecer as complicações
pulmonares mais comuns, como doenças pleuríticas e as atelectasias, é importante para o
reconhecimento de sua prevalência em doenças de base ou procedimentos médicos
realizados. Isso permite ao fisioterapeuta compreender as etiologias e condições de manejo
dessas doenças baseado no quadro fisiopatológico e clínico dos pacientes.
PODCAST
Agora, a especialista Ana Inês Gonzáles irá demonstrar as diferenças clássicas entre as
diversas doenças pulmonares e suas principais características. Trará, também, um caso
clínico, com o objetivo de trazer uma reflexão sobre as condições clínicas de uma doença
pulmonar e a atuação fisioterapêutica frente ao quadro abordado.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALI, J.; SUMMER, W.; LEVITZKY, M. Fisiopatologia pulmonar: uma abordagem clínica. 1. ed.
São Paulo, SP: Manole, 2011.
REISNER, H. M. Patologia: uma abordagem por estudos de casos. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ:
Artmed, 2016.
SILVA, L. C. C. D. et al. Pneumologia: princípios e prática . Porto Alegre, RS: Artmed, 2012.
WEST, J. B. Fisiologia respiratória: princípios básicos. 9. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2013.
EXPLORE+
Para saber um pouco mais sobre a doença pulmonar obstrutiva crônica, assista ao vídeo
Doença pulmonar obstrutiva crônica | Oliver Nascimento, do Dr. Dráuzio Varela, em
seu canal no YouTube.
Conheça mais sobre a fisiopatologia da asma, acessando o artigo Asma: suas origens,
seus mecanismos inflamatórios e o papel do corticosteroide, de Hisbello S. Campos.
Por fim, para reconhecer mais ainda a fisiopatologia das atelectasias, leia o artigo
Atelectasias durante anestesia: fisiopatologia e tratamento, dos autores Luiz Marcelo
Sá Malbouisson, Flávio Humberto, Roseny dos Reis Rodrigues, Maria José Carvalho
Carmona, José Otávio Costa Auler Jr.
CONTEUDISTA
Ana Inês Gonzáles