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DESCRIÇÃO

Ventilação não invasiva: método para oferecer suporte ventilatório como um auxílio no
processo de respiração dos indivíduos mediante equipamentos não introduzidos no sistema
respiratório, como os tubos endotraqueais, sem a necessidade, portanto, de intubação ou
traqueostomia.

PROPÓSITO
Para a formação do fisioterapeuta que atuará com ventilação, é essencial o reconhecimento
dos diferentes métodos de ventilação não invasiva que podem ser utilizados como suporte
ventilatório, bem como a característica, sua forma de utilização, a indicação e a
contraindicação de cada método, a fim de ajudar na formulação do tratamento e na intervenção
alinhadas com o quadro clínico do paciente.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever o método de utilização, indicação e contraindicação do uso da ventilação não


invasiva por pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP)

MÓDULO 2
Descrever a definição, o método de utilização, a indicação e a contraindicação da ventilação
não invasiva com dois níveis de pressão em vias aéreas (BIPAP)

MÓDULO 3

Descrever a definição, o método de utilização, a indicação e a contraindicação da ventilação


não invasiva por pressão negativa (VNIPN)

INTRODUÇÃO
Dos métodos de ventilação mecânica (VM) por pressão positiva descritos na literatura
especializada, inclui-se a modalidade de ventilação não invasiva (VNI), um dos maiores
avanços da VM nas últimas décadas. A expressão “ventilação artificial do tipo não invasiva”
refere-se aos métodos de ventilação artificial realizados sem transpor as vias aéreas
superiores.

Trata-se, portanto, de um método que exclui a necessidade do uso de tubos endotraqueais ou


cânulas de traqueostomia. Nesses casos, a ligação entre o paciente e o respirador mecânico
ocorre por intermédio de máscaras especiais via nasal ou facial.

Com essa técnica, atingem-se os mesmos objetivos da ventilação invasiva, como manutenção
da ventilação alveolar, oxigenação adequada, manutenção de volumes e capacidades
pulmonares e diminuição do trabalho respiratório.

Outra condição a ser considerada é a de que a utilização da VNI promove uma normalização
mais rápida da função pulmonar, o que implica a diminuição de complicações pulmonares
clinicamente importantes. Ao mesmo tempo, sua utilização em unidades hospitalares e
domiciliares é menos dispendiosa e de aplicação mais fácil, sendo a VNI por pressão positiva a
mais empregada nos grandes centros hospitalares.

Diferentemente da ventilação mecânica invasiva, o uso da VNI necessita de um nível de


consciência adequado por parte do paciente. Quando usada de forma consciente e seguindo
rigorosamente as indicações, as contraindicações e a monitorização adequadas, a VNI torna-
se a principal responsável pela diminuição da necessidade de intubação e pela redução da
mortalidade e dos custos do tratamento, além de promover maior qualidade de vida e aumento
da funcionalidade dos pacientes.

Por isso, abordaremos neste conteúdo as diferentes formas de utilização da VNI, assim como
suas características, suas indicações e suas contraindicações.

AVISO: orientações sobre unidades de medida.

AVISO: ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE


MEDIDA.

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por
questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (INMETRO) estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade
(ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o
Sistema Internacional (SI) de separação dos números e das unidades.

MÓDULO 1

 Descrever o método de utilização, indicação e contraindicação do uso da ventilação


não invasiva por pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP)

PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA NAS VIAS


AÉREAS (CPAP)
DEFINIÇÃO

A pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) foi introduzida inicialmente em 1981 para
o tratamento da síndrome da apneia do sono, sendo reconhecida até os dias atuais como um
recurso de VNI eficaz em inúmeras condições patológicas pulmonares. Para sabermos o
correto funcionamento da CPAP, no entanto, precisamos entender algumas condições
relacionadas à fisiologia respiratória.

 Demonstração de utilização da CPAP para apneia do sono.

Para que ocorra um ciclo respiratório completo (1 fase inspiratória + 1 expiratória), nosso
sistema respiratório precisa produzir uma:

PRESSÃO INTRATORÁCICA MENOR QUE A


ATMOSFÉRICA

PRESSÃO PLEURAL MAIS NEGATIVA


Essa pressão pleural subatmosférica se reflete em mais expansão pulmonar, pois acarreta o
tracionamento das unidades alveolares e a expansão dessas unidades pela entrada de ar. Já
na fase expiratória, com o relaxamento da musculatura respiratória e o recuo elástico das
unidades alveolares, há uma retomada: as pressões iniciais locais forçam a saída do ar.

É preciso reconhecer que, nas patologias pulmonares, a dinâmica das pressões relatadas
acima se torna alterada, muitas vezes levando ao aumento das forças que se opõem ao
movimento respiratório normal – principalmente a entrada do ar na fase inspiratória. Isso faz
com que indivíduos com tais patologias desencadeiem um aumento do trabalho respiratório,
que, em curto e/ou longo prazo, é capaz de levar à fadiga da musculatura respiratória.

Denominada ventilação por pressão positiva contínua nas vias aéreas, a CPAP funciona
por meio da aplicação de tal pressão nas vias aéreas do paciente durante a fase inspiratória e
expiratória. As pressões são semelhantes nas duas fases, forçando a “abertura” alveolar,
levando ar para os alvéolos e, com isso, reduzindo o trabalho respiratório.

A utilização de CPAP depende do esforço respiratório inicial do paciente, que deve apresentar
respiração espontânea eficaz. Além disso, é necessário que ele possua o drive respiratório
suficiente capaz de acionar o sistema de disparo da ventilação.

A CPAP, portanto, não será efetiva durante períodos de apneia. Seu objetivo é aumentar a
pressão na via aérea e melhorar a relação ventilação/perfusão (V/Q), permitindo, assim, uma
maior redistribuição do oxigênio com aumento da pressão parcial de oxigênio (PaO2).
 Representação esquemática do aparelho de CPAP. Os acessórios do equipamento são: 1)
máscara nasal; 2) tubo flexível para conexão da máscara ao aparelho; 3) aparelho de CPAP.

MÉTODO DE UTILIZAÇÃO

CONCEITO

A CPAP é uma modalidade ventilatória que pode ser aplicada de duas formas:

VENTILADOR MECÂNICO CONVENCIONAL NO MODO


ESPONTÂNEO

APARELHO ESPECÍFICO PARA VNI NO MODO CPAP

Nos dois casos, a ventilação por pressão positiva é considerada efetiva.

 DICA

Alguns ventiladores mecânicos convencionais já possuem o modo ventilatório de CPAP


programado.

Independentemente do método de utilização considerado durante a aplicação da CPAP, os


parâmetros de pressão devem ser estipulados de maneira adequada. Sabe-se que, a cada
5cmH2O aplicados nas vias aéreas, ocorre um aumento de 6% na capacidade residual
funcional (CRF), sendo tal aumento gradativo observado no decorrer dos dias de utilização da
CPAP.
A efetividade da VNI depende da utilização de níveis adequados de pressão. Em relação ao
uso da CPAP, as pressões utilizadas variam entre 5 e 18cmH2O.

Os valores considerados mais adequados em casos de hipoxemia por insuficiência respiratória


são aqueles maiores que 10cmH2O. Com isso, eles são capazes de promover um aumento
em:

Capacidade vital (CV);

Volume de reserva inspiratório (VRI);

Volume de reserva expiratório (VRE);

Capacidade residual funcional (CRF).

 ATENÇÃO

Em alguns estudos, cita-se a progressão dos níveis de pressão a cada 2,5cmH2O.

Já em casos de pós-operatório imediato, os valores da CPAP administrados em um nível


mínimo de 7,5cmH2O são capazes de, sem acarretar complicações associadas à cirurgia, levar

à:

REDUÇÃO DA NECESSIDADE DE INTUBAÇÃO


TRAQUEAL

PREVENÇÃO DE PNEUMONIA NOSOCOMIAL


DIMINUIÇÃO DO TEMPO DE INTERNAÇÃO NA
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)

Além da determinação dos níveis pressóricos de pressão positiva, a maior parte dos aparelhos
de uso de CPAP necessita de programação da fração inspirada de oxigênio (FiO2) necessária

ao paciente, que precisa ser ajustada conforme a condição patológica e o caso clínico
individual.

O tempo de utilização da terapia pelo uso da CPAP possui duas formas:

Forma intermitente.

Forma contínua de modo intermitente: tal condição varia conforme a necessidade do


quadro clínico do paciente, respeitando, desse modo, a individualidade do doente e do
quadro a ser tratado.

 ATENÇÃO

Em todos os aspectos da VNI por CPAP, deve-se conhecer a fundo a patologia a ser tratada,
bem como as limitações de cada paciente, para que possam ser aplicados de modo adequado
os níveis pressóricos que certamente os beneficiarão, como, por exemplo, a FiO2 adequada e
a melhor interface de utilização e conforto.

INTERFACE DE UTILIZAÇÃO NA CPAP

Um fator importante na aplicação da VNI por CPAP é a escolha adequada da interface a ser
utilizada durante a técnica, devendo-se levar em consideração algumas características, como o
peso da máscara, o conforto do contato da máscara com a pele/face do paciente, o tipo de
fixação (facilitando sua colocação e retirada) e a presença do menor espaço morto.
ESPAÇO MORTO

Espaço que é preenchido por ar nas vias respiratórias que não participa de trocas gasosas.

Além disso, a pressão exercida sobre os diferentes pontos de contato na face do paciente deve
ser a mais homogênea possível, o que previne o aparecimento de lesões. Essa condição pode
interferir na aceitabilidade do paciente diante da utilização das máscaras de aplicação.

Diferentes tipos de máscaras podem ser utilizados nesses pacientes. Veja a seguir.

MÁSCARA NASAL

É acoplada no rosto do paciente apenas em região nasal.


MÁSCARA ORONASAL

É acoplada na região nasal e oral. Essas máscaras são as mais frequentemente utilizadas.

 Exemplo de máscaras nasais e faciais.

A máscara nasal é geralmente a interface mais confortável; entretanto, nesse tipo de interface,
a resistência das narinas ao fluxo de ar e a presença do vazamento de ar pela boca podem
limitar o seu uso em alguns pacientes. Além disso, quem apresenta insuficiência respiratória
aguda frequentemente tem dificuldade de manter uma oclusão bucal satisfatória quando a
máscara nasal é usada. Sendo assim, com frequência a máscara mais utilizada inicialmente é
a do tipo facial ou oronasal. Veja no quadro a seguir os tipos de máscaras e suas indicações:

Interface Vantagens Desvantagens

Menor risco de aspiração.

Facilita a mobilização de
Perda de pressão por meio
secreção.
da boca.

Menos claustrofobia.
Maior resistência por meio
Máscara do conduto nasal.
Facilita a fonação.
nasal
Menos efetiva na presença
Possibilidade de
de obstrução nasal.
alimentação.

Ressecamento oral.
Fácil adaptação e
segurança.

Menor espaço morto.

Máscara
Melhor controle do Aumento do espaço morto.
oronasal
vazamento oral.
Maior claustrofobia.
Efetiva para pacientes com
via de entrada de ar Risco aumentado de
predominantemente oral ou aspiração.
misto.
Bem tolerada pelos Dificuldade de fonação e
pacientes agudos. alimentação.

Produz potencial aumento


do espaço morto.
Pode ser mais confortável
para alguns pacientes.
Pode causar ressecamento
Máscara
ocular.
facial Fácil ajuste.
total
Não pode ser utilizada para
Menor risco de lesão por
administração de
pressão facial excessiva.
medicamentos na forma de
aerossóis.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela: Vantagens e desvantagens da utilização da máscara nasal, oronasal e facial total.


Elaborada por Ana Inês Gonzáles.

Também conhecida como facial, a máscara oronasal é a interface mais utilizada para pacientes
com insuficiência respiratória aguda, permitindo um volume maior que a nasal e
consequentemente uma correção mais rápida das trocas gasosas. O uso de máscara nasal,
porém, não pode ser desconsiderado: cada caso precisa ser analisado individualmente.

 COMENTÁRIO

Outro fator a ser considerado na escolha da interface e nas características relacionadas a ela é
que as máscaras com orifício de exalação nelas mesmas podem diminuir a reinalação de CO2

se comparadas ao uso de orifícios de exalação no circuito único dos ventiladores de VNI. Com
a evolução no uso da VNI na tentativa de melhorar o conforto e a tolerância dos pacientes,
foram sendo desenvolvidas outras interfaces de utilização, como a máscara facial total e o
capacete.

A máscara facial total tem a vantagem de diminuir o vazamento e possibilitar o uso de maiores
pressões inspiratórias. Uma maior área de contato entre a máscara e a face do paciente pode
diminuir as lesões de pele relacionadas ao uso da máscara e tornar o seu uso mais confortável.
Já os capacetes possuem como vantagem a possibilidade de eliminar o contato da interface
com a face do paciente, evitando, assim, a lesão de pele.

O grande espaço morto dos capacetes e a sua parede muito complacente levam
respectivamente à reinalação de CO2 e à necessidade do uso de maiores valores de pressão
inspiratória para garantir a correção das trocas gasosas. Deve-se destacar ainda que o ruído
interno dos capacetes pode ser um grande limitante para o seu uso. Veja a imagem a seguir.

 VNI com uso de capacete com oferta de O2.

COMO FUNCIONA A CPAP


A CPAP é aplicada a partir de um gerador de fluxo contínuo que induz uma pressão contínua
nas vias aéreas em que o volume corrente do paciente permanece de acordo com o esforço
respiratório.
 Gerador de fluxo.

Pode-se utilizar a CPAP por meio de um gerador de fluxo acoplado ao sistema de ar da rede
hospitalar com máscara e válvula expiratória. Com essa válvula, é possível estipular um valor
fixo ou alterá-la para um valor escolhido. Desse modo, a pressão na via aérea gera maiores
volumes pulmonares, melhorando a relação V/Q.

 Sistema de CPAP com válvula de pressão fixa.


Como já pontuamos, a CPAP também pode ser aplicada por um ventilador mecânico
convencional no modo espontâneo. Além disso, há aparelhos específicos para a CPAP.

 Paciente usando a CPAP com máscara nasal.

Os ventiladores específicos para VNI por CPAP possuem como característica principal a
presença de um circuito único por meio do qual ocorrem tanto a inspiração como a expiração
realizada no aparelho. Um orifício localizado na porção distal desse circuito é obrigatório para
minimizar a reinalacão de CO2 durante a inspiração, auxiliando na eliminação do CO2 exalado

pelo paciente durante a expiração.

Tais equipamentos permitem mais sincronia entre paciente e ventilador, o que não ocorre
quando a VNI é realizada por equipamentos de VM em UTI.

Como efeitos fisiológicos esperados pela aplicação da CPAP, é possível encontrar:

Distensão alveolar, prevenindo o colapso alveolar e auxiliando na reabertura ou no


recrutamento de alvéolos colapsados.

Em casos de lesão pulmonar aguda ou síndrome da angústia respiratória, o líquido


presente nos alvéolos acaba por retornar para o interstício devido à pressão positiva
intra-alveolar, havendo também a redistribuição do líquido com aumento da
permeabilidade epitelial.
Na circulação pulmonar, a CPAP promove aumento da resistência vascular pulmonar por
compressão dos capilares pelos alvéolos distendidos.

Na relação V/Q, a CPAP pode levar a uma maior redistribuição do oxigênio com aumento
da pressão parcial dele.

INDICAÇÃO

A CPAP é indicada essencialmente para os casos em que se busca uma melhora nos
parâmetros de oxigenação de pacientes com quadros de hipoxemia, mas que não apresentam
uma hipercapnia.

HIPOXEMIA

Baixos níveis de oxigênio no sangue.

HIPERCAPNIA

Aumento de dióxido de carbono no sangue.

Ela também é um método indicado na reversão de alguns quadros de insuficiência respiratória,


como, por exemplo, casos de edema agudo de pulmão e broncoespasmo, além de reversão de
atelectasias pós-operatórias.

Tais benefícios são atingidos por meio de:

Aumento da CRF e da ventilação colateral;

Diminuição do shunt pulmonar.


SHUNT PULMONAR

Segundo a Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (2019), ele “é o termo utilizado


para descrever o sangue que entra no leito arterial sistêmico sem passar pelas áreas
ventiladas do pulmão, levando à redução da pressão arterial parcial de oxigênio (PaO2)”.

Existem algumas indicações específicas para aplicação de CPAP. São elas:

MELHORA DA HIPOXEMIA

REVERSÃO DO EDEMA AGUDO DE PULMÃO

REVERSÃO DE ATELECTASIAS PÓS-OPERATÓRIAS

REDUÇÃO DO BRONCOESPASMO

Tanto adultos quanto crianças podem se beneficiar da utilização da CPAP como método de
tratamento.
O sistema de fluxo para crianças emprega uma ação “fluídica” nas pregas nasais para ajudar a
reduzir o trabalho respiratório.

Na inspiração, há uma mistura de jatos, e o fluxo é direcionado para o bebê. Já na exalação,


ele é atirado para longe do paciente.

 SAIBA MAIS
Um estudo relatou o uso de um dispositivo tipo capacete para o suporte ventilatório de crianças
com leucemia.

O uso de VNI encontra-se bem estabelecido em adultos. Seu uso em crianças ainda é
altamente reconhecido nos quadros agudos e crônicos.

COMPLICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES

Embora a terapia com pressão positiva nas vias aéreas seja um método eficaz em relação a
algumas patologias pulmonares, é importante estar atento para algumas complicações que
podem surgir quando não ocorre uma monitoração intensa e adequada de cada paciente.

 EXEMPLO

Barotrauma, diminuição do débito cardíaco e aumento do trabalho respiratório e cardíaco.

Certas complicações relacionadas à utilização da máscara também podem ser geradas.


Elencaremos algumas delas a seguir:

Lesões da pele causadas por pressão da máscara.

Perdas de ar entre a máscara e a pele, o que pode diminuir a eficiência da VNI e causar
irritação nos olhos.

Desconforto, incluindo os ouvidos e a região dos seios da face.

Congestão nasal.

Aerofagia.

Existem, também, as complicações do uso de CPAP. São elas:

Barotrauma.

Aumento do trabalho respiratório.


Hipercapnia.

Auto-PEEP.

Aumento da pressão intracraniana.

Diminuição do débito cardíaco.

Aumento do trabalho cardíaco.

BAROTRAUMA

O barotrauma é definido como uma lesão tecidual causada por uma alteração relacionada à
pressão do volume de ar em excesso que é levado aos alvéolos. Como ocorre um aumento do
trabalho respiratório, o paciente pode não se adaptar à pressão positiva gerada,
consequentemente exercendo maior ação muscular respiratória. Se a estafa muscular já
estiver instalada, deverão ser indicadas a intubação traqueal e a ventilação mecânica invasiva.

A seguir veremos as contraindicações para o uso da ventilação mecânica não invasiva com
pressão positiva.

Contraindicações para o uso da ventilação mecânica não invasiva com pressão


positiva

Diminuição da consciência, sonolência, agitação, confusão ou recusa do paciente.

Instabilidade hemodinâmica com necessidade de medicamento vasopressor,


choque (pressão arterial sistólica < 90mmHg) e disritmias complexas.
Obstrução de via aérea superior ou trauma de face.

Tosse ineficaz ou incapacidade de deglutição.

Distensão abdominal, náuseas ou vômitos.

Sangramento digestivo alto.

Infarto agudo do miocárdio.

Pós-operatório recente de cirurgia de face em via aérea superior ou esôfago.

Casos de uso de VNI controverso: pós-operatório de cirurgia gástrica e gravidez.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Elaborada por: Ana Inêz Gonzáles.

INDICADORES DE SUCESSO

O sucesso no uso da ventilação por pressão positiva, como o da CPAP, já pode ser avaliado
entre 1 e 2 horas após o início de utilização da VNI, etapa em que os objetivos propostos são
atingidos. Existirá a necessidade de reavaliação da indicação, sendo possivelmente
recomendado iniciar estratégias ventilatórias invasivas, caso não haja uma melhora de:
NÍVEIS DE O2 E/OU CO2 NA GASOMETRIA ARTERIAL

PARÂMETROS FISIOLÓGICOS, COMO FREQUÊNCIA


CARDÍACA, FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA E PRESSÃO
ARTERIAL

ESFORÇO RESPIRATÓRIO

NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

CPAP
No vídeo a seguir, a especialista Ana Inês Gonzáles explicará o que é a CPAP e por que essa
modalidade ventilatória pode ser de extrema importância para pacientes com alterações
respiratórias agudas.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Interfaces de utilização na CPAP

Efeitos fisiológicos da CPAP

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Descrever a definição, o método de utilização, a indicação e a contraindicação da


ventilação não invasiva com dois níveis de pressão em vias aéreas (BIPAP)
VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA COM DOIS
NÍVEIS DE PRESSÃO (BIPAP)

DEFINIÇÃO

Conhecida como método de pressão positiva nas vias aéreas em dois níveis, a BiPAP é uma
modalidade de suporte por pressão positiva nas vias aéreas que utiliza duas fases de níveis
pressóricos, ou seja, os níveis de pressão podem ser diferenciados para as fases inspiratória e
expiratória do ciclo respiratório.

Tal condição permite que o paciente alcance um volume corrente mais adequado na fase
inspiratória mantendo um volume residual adequado. Isso faz com que o paciente não tenha
um aumento do trabalho respiratório.

Esses ventiladores ciclam entre dois níveis de pressão positiva: um nível pressórico mais
elevado durante a inspiração, o que auxilia a ventilação, e outro menor durante a expiração.

 SAIBA MAIS

O surgimento dessa modalidade de ventilação ocorreu com o objetivo inicial de tratar distúrbios
de apneia do sono, sendo atualmente preconizada e de uso frequente como terapêutica na
insuficiência respiratória aguda (IRpA) tanto do tipo hipoxêmica (edema agudo pulmonar,
pneumonias e atelectasias são alguns exemplos) quanto hipercápnica (característica dos
pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica).

A VNI vem sendo uma das principais formas de tratamento da IRpA nas UTIs e no pronto-
atendimento. Entretanto, é de extrema importância que cada membro da equipe responsável
pelo paciente tenha pleno conhecimento e entendimento da fisiopatologia da IRpA, bem como
de seu tratamento e de suas complicações, para personalizar e adequar o tratamento e os
ajustes corretos do uso dessa modalidade à realidade dos pacientes.
MÉTODO DE UTILIZAÇÃO

PARÂMETROS

Como parâmetro para ajuste e utilização da BiPAP em indivíduos no qual sua terapêutica é
recomendada, o II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica orienta que seja iniciada com
os seguintes valores de IPAP e EPAP:

PRESSÃO DE SUPORTE INSPIRATÓRIA (IPAP)

Inicia-se com valores menores que 25cmH2O de pressão de pico para objetivar a obtenção de

um volume corrente entre 8 e 10mL/kg, obtendo-se, com isso, uma frequência respiratória
inferior a 28irpm.

PRESSÃO EXPIRATÓRIA DE SUPORTE (EPAP)

Pode ser ajustado com um valor mínimo de 5cmH2O, mantendo-se os valores de PEEP entre 5

e 8cmH2O.

Os alarmes podem ser ajustados no equipamento, o que permite um controle maior sobre os
parâmetros estipulados ao paciente. Orienta-se que os valores de pressões sejam, de modo
progressivo, aumentados de acordo com a saturação de oxigênio e a gasometria arterial do
paciente.

 DICA

Esse processo tem de ser iniciado com valores considerados confortáveis aos pacientes.
Nesse caso, não se negligencia o conforto dele. Deve-se salientar ainda que, ao ser indicada e
imposta a terapia por BiPAP, é preciso considerar o fato de que os valores de IPAP e EPAP
podem sofrer modificações de acordo com as doenças a serem manejadas, o quadro clínico e
o conforto do paciente.

A IPAP tem de ser ajustada para manter:

Volume corrente entre 6 e 8mL/kg.

Frequência respiratória menor que 30irpm.

 ATENÇÃO

Em situações clínicas distintas, parece recomendável o uso de pressões inspiratórias em torno


de 15 ou 20cmH2O.

O valor da EPAP precisa ser inferior ao da pressão positiva expiratória final intrínseca (PEEPi)
a fim de evitar complicações geradas por um valor de PEEP expiratória elevada. Caso haja
dificuldade de medir a PEEPi na ventilação espontânea, o III Consenso sugere o uso da EPAP
inicialmente em torno de 6cmH2O.

 COMENTÁRIO

Apesar dos inúmeros benefícios condicionados ao uso da BiPAP, alguns autores chamam a
atenção para uma rigorosa monitoração antes e durante sua utilização. Como ela é comumente
usada no tratamento de problemas de oxigenação, pode-se subestimar a falência dos
pacientes, tornando-a, com isso, prejudicial e passível de complicações. Além disso, somada
ao ajuste das pressões de suporte inspiratórias e expiratórias, a FiO2 precisará ser ajustada
quando for necessário a cada caso, objetivando-se uma SpO2 > 92%.

Para aplicar a VNI nos doentes, é necessário seguir algumas regras e cuidados para garantir a
melhor eficácia da técnica e evitar a recusa do paciente em detrimento de sua utilização:

Deve-se procurar explicar ao paciente o procedimento que será realizado, permitindo que ele
tome conhecimento do processo.
O paciente precisa ser posicionado semissentado ou o mais elevado possível, o que permite
mais conforto e melhores parâmetros fisiológicos durante a realização do uso da BiPAP. Deve-
se escolher a interface adequada a ser utilizada para o rosto, o quadro clínico e as
necessidades do paciente a fim de permitir o melhor conforto e melhores resultados na
oxigenação.

Para o ajuste da pressão de suporte a ser administrada, deve-se iniciar com uma pressão
positiva adequada para o conforto e a doença de cada paciente, respeitando-se as
recomendações já descritas, com uma FiO2 capaz de manter uma SpO2 > 92%.

É importante não se esquecer de ligar os alarmes do ventilador e proteger a face com o


material adequado.

Deve-se primeiramente acoplar a interface ao paciente e permanecer segurando-a com o


intuito de avaliar o conforto, a aceitabilidade e o padrão respiratório do paciente. Após essa
etapa, se tudo estiver ok, se seguirá para a fixação da interface.

Deve-se fixar a interface com cabresto confortável, não muito apertado e reavaliar o paciente
periodicamente.

INTERFACE DE UTILIZAÇÃO

Os diferentes tipos de interfaces utilizáveis em terapêuticas envolvendo a BiPAP vêm


recebendo uma atenção especial nos últimos anos por parte dos fabricantes e dos estudiosos,
uma vez que, nos primeiros modelos fabricados, não havia muitas opções e o material de
fabricação não permitia um acoplamento ideal na face dos doentes. Isso causava desconforto e
pressões importantes, o que, em muitos casos, desencadeava o aumento do trabalho
respiratório devido a frequentes vazamentos, lesões faciais e oftalmológicas.

Com a evolução na fabricação e na utilização da técnica, várias opções de máscaras foram


surgindo no mercado. Elas atualmente podem ser escolhidas tanto pelo conforto e tempo de
utilização quanto pela anatomia e faixa etária dos pacientes.

Assim como ocorre na utilização de VNI por CPAP, na BiPAP as máscaras mais utilizadas
também são as oronasais e nasais.

Embora as máscaras nasais sejam consideradas pelos pacientes as mais confortáveis, além
de permitirem a fala e não serem pesadas, a utilização delas, em termos terapêuticos,
infelizmente é limitada, já que promovem um maior vazamento de ar pela cavidade oral no
momento da fala, assim como a resistência produzida pelas narinas.

As máscaras nasais também possuem um dispositivo acoplado que permite o escape de ar,
evitando a reinalação de CO2. Isso melhora a tolerância e o conforto dos pacientes portadores

de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), já que eles tendem a reter CO2 como

processo fisiopatológico da DPOC. Veja a seguir alguns tipos de máscaras nasais.

 Tipos de máscaras nasais.

No quesito escolha de interface de utilização, a máscara oronasal (também denominada facial)


é a mais utilizada, pois ela demanda um maior volume corrente com a consequente correção
mais rápida das trocas gasosas. Contudo, é importante ressaltar que, caso seu acoplamento
seja realizado de maneira inadequada, ele poderá acarretar lesões por pressão ou vazamento,
aumentando o desconforto respiratório. Veja a seguir alguns tipos de máscaras orofaciais.

 Tipos de máscaras orofaciais.

O acoplamento das máscaras para uso de BiPAP é realizado utilizando uma almofada de
silicone presa à face do doente por um cabresto de tecido e fechamento de velcro, o que não
causa lesões por ambos serem bastante tolerados e confortáveis. Tal amarração ainda evita o
escape de ar e a lesão dos olhos.
Mais uma vez, assim como na CPAP, as máscaras total face e helmet são as mais novas
tentativas de conforto que vêm sendo introduzidas, estudadas e utilizadas nas técnicas de
BiPAP. Trata-se de uma tentativa de possibilitar o uso de maiores pressões inspiratórias e de
diminuir as lesões cutâneas. Entretanto, como já apontamos, o maior agravante é a reinalação
de CO2, fator que precisa ser acompanhado constantemente durante sua utilização com a
verificação dos parâmetros de oxigenação e de gasometria arterial.

 Paciente utilizando máscara de BIPAP.

Nessa modalidade de utilização de pressão positiva, o paciente pode:

Ser mantido com a máscara acoplada à face.

Realizar a terapia de modo intermitente ou contínuo.

Caso haja a necessidade de utilização de BiPAP como técnica de VNI em crianças, se faz
necessário o ajuste adequado do equipamento para não ocorrer nenhum escape de ar. Os
prongs nasais (acopladores nasais utilizados em crianças) são mais confortáveis e adaptáveis
à anatomia dos recém-nascidos, evitando as lesões de face e preservando a “linha média” e a
da sucção. Em adultos, os prongs também serão utilizados caso o paciente necessite de
independência para falar e se alimentar.
 Interface de VNI por prongs nasais.

COMO FUNCIONA A BIPAP

Os aparelhos BiPAP são dispositivos biníveis, isto é, diferentemente da CPAP, eles permitem a
configuração de dois níveis diferentes de pressão de suporte:

PRESSÃO DE SUPORTE SOBRE A INSPIRAÇÃO (IPAP)

PRESSÃO DE SUPORTE SOBRE A EXPIRAÇÃO (EPAP)

Ao predeterminar dois níveis pressóricos, ocorre um valor constante durante a fase inspiratória
de forma assistida para o paciente, sendo o término do ciclo inspiratório determinado por fluxo
(geralmente, 25% do valor máximo). Nesse caso, o tempo inspiratório, o volume, a frequência
respiratória e o fluxo são determinados pela impedância do sistema respiratório do doente.
Para essa técnica, é necessário utilizar um ventilador mecânico específico no qual seja
possível haver a melhor monitoração do escape de ar na interface ventilador/paciente, podendo
até minimizá-lo ou eliminá-lo para o melhor conforto, e mais ventilação alveolar.

Nos ajustes dos níveis pressóricos, a pressão de suporte da EPAP é sempre mais baixa
que a da IPAP, pois ela tem como função a facilitação ao máximo da expiração. Sendo assim,
o esforço para exalar é menor nos dispositivos biníveis.

 COMENTÁRIO

Hoje em dia, o mercado nacional conta com diferentes tipos de ventiladores que disponibilizam
o ajuste diferenciado de dois níveis de pressão positiva. Além disso, essa modalidade
ventilatória também pode ser realizada com ventiladores não específicos, ou seja, aqueles
utilizados para a realização de assistência ventilatória a pacientes intubados.

A utilização de VNI com dois níveis de pressão positiva, como o que ocorre com a BiPAP, pode
ser realizada de três modos ventilatórios diferentes:

MODO ESPONTÂNEO
Este modo ventilatório requer que o paciente inicie cada ciclo respiratório necessitando de
maior drive. É necessário realizar o ajuste apenas dos níveis da pressão inspiratória positiva
(IPAP) e da pressão expiratória positiva (EPAP). O modo espontâneo também é indicado para
pacientes terminais que escolham não receber a ventilação invasiva.

MODO ASSISTIDO-CONTROLADO
Nesta modalidade, o ventilador cicla entre inspiração e expiração de acordo com o esforço do
paciente, mas o dispositivo ciclará automaticamente se ele não iniciar a inspiração dentro de
um intervalo de tempo predeterminado. É necessário realizar o ajuste de IPAP, de EPAP e de
uma frequência de segurança. Tal modo é indicado para aqueles pacientes que possuem um
menor drive respiratório.

MODO CONTROLADO
Para esta modalidade de utilização, a IPAP, a EPAP, a frequência respiratória e a relação
tempo inspiratório/tempo expiratório precisam ser preestabelecidas. Independentemente do
esforço do paciente, é o ventilador que controla todo o ciclo respiratório. O modo controlado é
indicado para pacientes com mínimo drive respiratório.
INDICAÇÕES

Listaremos adiante algumas indicações da BIPAP na terapia respiratória:

Diminuição da insuficiência respiratória aguda derivada de doença pulmonar obstrutiva


crônica (DPOC).

Asma.

Neuropatias periféricas.

Pós-operatórios de cirurgias abdominal e torácica.

Um dos efeitos fisiológicos dessa modalidade é a diminuição do trabalho respiratório, pois a


pressão positiva imposta à via aérea durante a fase inspiratória auxilia na ventilação do
paciente, promovendo o recrutamento alveolar e melhorando a abertura alveolar e a troca
gasosa, além de auxiliar na diminuição do esforço inspiratório.
Já na fase expiratória a manutenção de uma pressão de suporte positiva auxilia na
manutenção da abertura alveolar e em mais eliminação de CO2.

Veja a seguir as indicações do uso da pressão positiva por BiPAP.

DPOC.

Asma agudizada.

IRpA hipoxêmica de diversas etiologias.

Pacientes imunossuprimidos.

Pós-transplante.

Pacientes terminais que escolham não receber ventilação invasiva.

Estratégia de desmame.

Em estudos do tipo randomizados, a utilização de BiPAP em UTI demonstrou uma diminuição


da frequência de necessidade de intubação orotraqueal e de seus respectivos riscos, bem
como da letalidade, com uma média de redução de riscos de internação de 15%.
CONTRAINDICAÇÕES E COMPLICAÇÕES

Assim como ocorre no uso da ventilação por pressão positiva por CPAP, a utilização de BiPAP
também tem complicações que precisam ser observadas e evitadas mediante um controle mais
rígido durante sua realização:

Complicações relacionadas ao uso da pressão positiva por BiPAP.

Lesões orofaciais, como ressecamento, escaras e conjuntivite irritativa.

Aerofagia.

Cefaleia.

Aumento do trabalho respiratório.

Piora do quadro de IRpA.

Arritmias.

Infarto agudo do miocárdio.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela: Complicações relacionadas ao uso da pressão positiva por BiPAP.


Elaborada por Ana Inês Gonzáles
Algumas complicações relacionadas à utilização da máscara ou à aplicação da pressão
positiva podem ocorrer durante o uso da VNI. Citaremos algumas delas adiante:

Lesão da pele causada por pressão da máscara.

Perdas de ar entre a máscara e a pele, o que pode diminuir a eficiência da VNI e causar
irritação nos olhos.

Desconforto, incluindo os ouvidos e a região dos seios da face.

Congestão nasal.

Aerofagia.

 ATENÇÃO

Tais complicações podem ser parcial ou totalmente evitadas quando se toma os devidos
cuidados. Por conta disso, o terapeuta que institui a aplicação da VNI tem de realizar uma boa
seleção dos pacientes indicados para tal técnica.

Observando o perfil clínico e fisiopatológico da doença de cada paciente, o fisioterapeuta deve


ter conhecimento e capacidade para:

ESCOLHER E COLOCAR ADEQUADAMENTE A


INTERFACE E OS FIXADORES

REALIZAR OS AJUSTES ADEQUADOS DOS


PARÂMETROS DO VENTILADOR

O uso de VNI por BiPAP, entretanto, é contraindicado em algumas condições clínicas. Tais
condições devem ser observadas com cautela:
Contraindicações relacionadas ao uso da pressão positiva por BiPAP

Parada respiratória.

Falência de múltiplos órgãos.

Arritmias cardíacas.

Instabilidade hemodinâmica (por exemplo, hipotensão e arritmia cardíaca).

Instabilidade na proteção das vias aéreas superiores (alteração no mecanismo da tosse


ou deglutição).

Agitação ou falta de cooperação.

Trauma de face ou outras anormalidades anatômicas, como queimaduras, que possam


interferir na fixação da máscara.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela: Contraindicações relacionadas ao uso da pressão positiva por BiPAP.


Elaborada por Ana Inês Gonzáles.
BIPAP
No vídeo a seguir, a especialista Ana Inês Gonzáles explicará o que é a BiPAP e por que essa
modalidade ventilatória pode ser de extrema importância para pacientes com alterações
respiratórias agudas. Também neste vídeo, a especialista irá comparar a CPAP com a
modalidade binível:

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Regras e cuidados na VNI

Interfaces de utilização na BiPAP


VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Descrever a definição, o método de utilização, a indicação e a contraindicação da


ventilação não invasiva por pressão negativa (VNIPN)

VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA POR


PRESSÃO NEGATIVA (VNIPN)

DEFINIÇÃO

Para começarmos o estudo deste módulo, vamos ver como a ventilação não invasiva por
pressão negativa foi definida ao longo dos anos:

1838

O método de VNIPN começa a surgir em meados de 1838 graças ao médico escocês John
Dalziel, que utiliza um tanque para gerar manualmente a pressão negativa ao redor dos
pulmões dos pacientes. Nessa época, acreditava-se que o ar poderia ser aspirado para dentro
dos pulmões pela boca e pelo nariz se uma pressão subatmosférica fosse desenvolvida ao
redor do tórax e do abdômen.

 RESUMINDO

A ventilação ocorre pelo bombear de ar para fora e para dentro do tanque em um ciclo
predeterminado que cria um vácuo parcial (pressão negativa) no espaço à volta da pessoa, o
que leva à expansão do tórax e dos pulmões. Quando a pressão em torno da parede do tórax
volta à pressão do ar ambiente, a expiração ocorre passivamente devido ao recuo elástico dos
pulmões e da parede torácica.

1864

Nos EUA, Alfred E. Jones patenteia o primeiro respirador tanque norte-americano no qual o
paciente pode permanecer sentado durante a terapia. Veja a seguir.

 Ventilador por pressão negativa desenvolvido por Alfred E. Jones em 1864.


1876

Desenvolvida por Ignez Von Hauke, a primeira couraça se trata de uma concha de aço que
cobre a parte anterior do tórax.

1928

Philip Drinker cria o pulmão de aço, estrutura cujos cilindros metálicos em seu interior são
capazes de gerar uma pressão negativa ao redor do tórax do paciente por meio da utilização
da força elétrica.

ANOS 1950

Em plena epidemia de poliomielite, o equipamento criado por Philip Drinker é desenvolvido e


aperfeiçoado para ser mais leve e possível de ser operado manualmente.

Esse equipamento se torna o modelo predominante para a sustentação da ventilação em


pacientes com paralisia ou insuficiência respiratória decorrentes da poliomielite. Tal método
salvou inúmeras vidas na época, reduzindo em 50% o índice de mortalidade dos pacientes com
insuficiência respiratória.

Conforme aponta a imagem a seguir, o paciente é posicionado deitado dentro do tanque de


pressão negativa. Em seguida, esse tanque é fechado, permanecendo livre apenas a região da
cabeça e do pescoço do paciente.
 Tanque de ventilação fechado (a) e aberto (b). Modelos utilizados na epidemia de
poliomielite.

Na maior parte dos primeiros ventiladores por pressão negativa desenvolvidos, todo o corpo
(até o pescoço) estava contido na câmara. Sua vantagem era que a expansão da parede
torácica não ficava limitada pelo contato com os lados do dispositivo de pressão negativa e que
apenas um selo hermético, em volta do pescoço, era obrigatório.

 COMENTÁRIO

Ao longo dos anos, conforme sua utilização se tornava essencial na epidemia de poliomielite,
mesmo com o uso do tanque se mostrando eficaz, ele foi caindo em desuso gradualmente à
medida que vinham sendo desenvolvidas vestes e couraças cada vez mais confortáveis e que
possibilitavam uma melhor aplicabilidade desse método, pois o uso do tanque era bastante
desconfortável ao paciente.

Ventiladores de pressão negativa mais simples, sem tanque e em forma de couraça foram
desenvolvidos pela primeira vez por volta do final do século XIX, tornando sua fabricação mais
rápida. Atualmente, a aplicação da VNI utiliza aparelhos mais leves e portáteis.
 Equipamento de VNIPN sem utilização de tanque.

ÚLTIMAS DÉCADAS

A inovação mais recente em VNIPN é o ventilador bifásico cuirass (BPCV) de Hayek, médico
israelense que projetou uma unidade de concha torácica com um circuito digital eletrônico com
opções de pressão negativa e positiva em uma ampla gama de taxas e pressões. Seus
parâmetros podem ser definidos individualmente para o “melhor suporte” ditado pelas
circunstâncias individuais. Veja na imagem a seguir.
 Concha torácica customizada (imagem A) e Ventilador bifásico tipo cuirass Hayek (BPCV)
representado na imagem B.

Hayek propôs que o BPCV fosse usado em:

Soldados feridos durante anestesia para procedimentos diagnósticos e


otorrinolaringológicos.

Pacientes com trauma neurocirúrgico.

Casos de insuficiência respiratória aguda em pacientes com DPOC.

Crianças.

Suporte durante o desmame da ventilação com pressão positiva em pacientes intubados.

Pacientes com doenças neuromusculares.

Pacientes com síndromes de hipoventilação alveolar central.

COMO FUNCIONA A VNIPN


A ventilação por pressão negativa funciona por meio da imposição de uma pressão negativa
subatmosférica ao redor do tórax do paciente, o que acarreta a diminuição da pressão pleural
durante a fase inspiratória do ciclo ventilatório.

Tal pressão negativa passa a ser transmitida inicialmente ao espaço pleural e, em seguida, aos
alvéolos pulmonares.

Desse modo, a diferença de pressão existente entre o ambiente e as pressões intra-alveolar e


intrapleural levam ao direcionamento de ar para os alvéolos por elevação da pressão
transpulmonar. A expiração ocorre de forma passiva por meio do recolhimento elástico dos
pulmões e do retorno da pressão da caixa torácica para níveis atmosféricos.

 ATENÇÃO

Os respiradores de VNIPN acabam por simular a respiração normal. Toda respiração do tipo é
realizada por uma pressão negativa causada pelo desenvolvimento da pressão negativa
intratorácica quando os músculos inspiratórios se contraem.

Na descida do diafragma, a caixa torácica se distende, o que permite um gradiente de pressão:


como a pressão nos alvéolos fica menor que a pressão atmosférica, o ar flui para dentro dos
pulmões. Quando os músculos relaxam (no repouso), os pulmões recuam pelas forças
elásticas de seu parênquima, o que causa a expiração.

Os ventiladores de pressão negativa utilizam bombas cicladas à pressão, isto é, o ventilador


produzirá a pressão subatmosférica até que a pressão preestabelecida seja alcançada. Veja na
imagem a seguir um exemplo de ventilador.
 Pulmão de ferro.

 COMENTÁRIO

Como já destacamos, esses ventiladores são do tipo tanque (cabine), o que envolve todo o
corpo do paciente, exceto a cabeça, sendo criada dentro desse local uma pressão do tipo
negativa intermitente. Também é possível haver modelos nos quais uma couraça veste o
paciente.

A eficácia da VNIPN depende da complacência da parede torácica e abdominal e do tamanho


da superfície corporal que o aparelho vai englobar. Esse modo ventilatório ainda possui outras
desvantagens.

 EXEMPLO

Desconforto para o paciente e dificuldades de manuseio dele pela equipe.

INDICAÇÃO
Eis as principais indicações da VNIPN a serem consideradas:

FALÊNCIA RESPIRATÓRIA EM DOENÇAS


NEUROMUSCULARES

DEFORMIDADES DA CAIXA TORÁCICA

DOENÇAS COM HIPOVENTILAÇÃO CENTRAL

Nas doenças neuromusculares, a utilização de VNIPN passa a ser um recurso considerado


com o intuito de evitar a necessidade de intubação endotraqueal durante episódios agudos
de insuficiência respiratória.

EFICÁCIA E EVOLUÇÃO EM SUA UTILIZAÇÃO

Embora os ventiladores não invasivos de pressão negativa tenham sido amplamente utilizados
em meados do século XX (especialmente em vítimas da epidemia de poliomielite), agora eles
são amplamente substituídos por aqueles de via aérea de pressão positiva, forçando o ar (ou
oxigênio) diretamente nas vias aéreas do paciente.

A ventilação com pressão positiva também facilitou bastante a administração de cuidados de


enfermagem e o transporte de pacientes dentro dos hospitais. Já os tubos endotraqueais
proporcionaram um acesso direto às vias aéreas para a remoção de secreções.

A ventilação com pressão negativa ainda era usada com frequência até meados dos anos 1980
para tratar crises crônicas e mesmo agudas de insuficiência respiratória em pacientes com
doença neuromuscular. Contudo, até mesmo essa aplicação foi usurpada pela ventilação com
pressão positiva não invasiva (NPPV) durante o final da década de 1980 devido às inúmeras
vantagens dela, incluindo a conveniência de aplicação, a portabilidade e a prevenção de
obstruções das vias aéreas superiores, que, por sua vez, podem ser induzidas pela ventilação
com pressão negativa.

Médicos e equipes de atendimento em ambientes hospitalares ainda utilizam a ventilação com


pressão negativa em algumas condições patológicas.

 SAIBA MAIS

Estudo desenvolvido em 2004 com pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica em
exacerbação demonstrou que o uso de VNIPN associado a outras técnicas de suporte
ventilatório foi eficaz na prática clínica a fim de evitar a intubação endotraqueal.

Além disso, a imensa necessidade de ventiladores para apoiar os pacientes com covid-19
atualmente e a escassez de ventiladores positivos levaram a um aumento da pesquisa sobre o
papel da ventilação de pressão negativa e o aprimoramento das tecnologias para sua
utilização.

O exovent é um ventilador de pressão negativa desenvolvido recentemente. A imagem


demonstra o estado da técnica utilizada atualmente para tratar a covid-19 devido às vantagens
potenciais dela em relação aos ventiladores de pressão positiva. Outro fator determinante a ser
considerado é que, à medida que as unidades de cuidados intensivos se expandiram em todo o
país (a intubação se tornou um meio mais rápido e eficaz de ventilar pacientes com
insuficiência aguda), o uso, a experiência e a disponibilidade de unidades de VNIPN
diminuíram.
 Exovent.

Houve um novo ressurgimento do interesse na VNIPN, especialmente na Itália, uma vez que as
complicações da ventilação com pressão positiva de intubação e traqueotomia continuaram a
aumentar, uma vez que pacientes mais doentes e mais velhos – e com mais comorbidades –
são ressuscitados. No entanto, as empresas responsáveis pela fabricação e pelo fornecimento
de sistemas de pressão negativa foram vendidas e não fornecem mais esses equipamentos, o
que dificulta a reimplantação desse método nos dias atuais.

 COMENTÁRIO

Muitos cientistas, médicos e engenheiros brilhantes fizeram observações perspicazes e


engenhosas que contribuíram para os conhecimentos e o desenvolvimento de princípios
fisiológicos ao longo dos anos por meio de experimentação nos animais e no homem. Com o
desenvolvimento de ideias inovadoras, eles ofereceram um número surpreendente e intrigante
de projetos, abordando a pressão positiva e negativa, o que vem contribuindo para o manejo
de inúmeras doenças.
VNI COM PRESSÃO NEGATIVA
No vídeo a seguir, a especialista Ana Inês Gonzáles explicará a importância do VNIPN na
recuperação de pacientes com alterações agudas respiratórias agudas e irá compará-lo com as
modalidades ventilatórias vistas anteriormente:

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Como funciona a VNI por pressão negativa?

Indicações para uso da pressão negativa


VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pontuamos neste conteúdo, nos últimos anos, a utilização da ventilação não invasiva
vem ganhando cada vez mais espaço na área de fisioterapia, o que evidencia sua importância
como um recurso capaz de auxiliar no processo de respiração dos pacientes sem que
equipamentos invasivos sejam introduzidos no aparelho respiratório, evitando, assim, traumas,
lesões e complicações dos modos invasivos.

Devido ao grande grupo de pacientes que pode se beneficiar com tal método, é de extrema
importância que o fisioterapeuta conheça cada um dos diferentes tipos de ventilação não
invasiva que podem ser utilizados, assim como suas interfaces de utilização no paciente e suas
características fisiológicas. Isso permitirá uma adequada elaboração da conduta terapêutica a
ser realizada e a tomada de decisão para cada caso.

Também é importante ressaltar que, com o surgimento e o avanço da covid-19 em 2020, o uso
da ventilação não invasiva se tornou ainda mais importante, recebendo destaque como recurso
terapêutico plausível de ser utilizado nesses pacientes para lhes proporcionar um suporte
ventilatório e um conforto respiratório em momentos nos quais a ventilação invasiva se
mostrava escassa, o que fez aumentar a chance de sobrevidas deles.

Vimos, por fim, quão inquestionável é a necessidade de conhecimento por parte do


fisioterapeuta sobre a necessidade, as indicações e as contraindicações no uso da VNI para o
manejo de diferentes doenças e complicações pulmonares. Tais conhecimentos podem servir
de base para uma elaboração de decisão clínica e uma conduta fisioterapêutica adequada e
passível de ser direcionada caso a caso.

 PODCAST
Agora, a especialista Ana Inês Gonzáles encerra nosso estudo falando sobre um breve
histórico da VNI e abordando o surgimento dos principais modos ventilatórios (CPAP, BiPAP e
VNIPN), além de suas respectivas indicações e contraindicações.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
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pneumologia, 2000.

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BRITTO, R. et al. Recursos manuais e instrumentais em fisioterapia respiratória 2. ed.


Barueri: Manole, 2014.

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princípios, análise gráfica e modalidades ventilatórias. Jornal brasileiro de pneumologia, n. 33,
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acoplado a capacete de oxigênio contra covid-19: uma revisão. Research on biomedical
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HOLANDA, M. A. et al. Desenvolvimento de um capacete para oferta de CPAP e


oxigenoterapia com alto fluxo: ELMO 1.0. Jornal brasileiro de pneumologia. v. 47, n. 3, 2021.

RIBEIRO, D. C.; SHIGUEMOTO, T. S. O ABC da fisioterapia respiratória. Barueri: Manole,


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SARMENTO, G. J. V. Fisioterapia respiratória de A a Z. Barueri: Manole, 2016.

SARMENTO, G. J. V. Recursos em fisioterapia cardiorrespiratória. Barueri: Manole, 2012.

SCHETTINO, G. P. P. et al. Ventilação mecânica não invasiva com pressão positiva.


Revista brasileira de terapia intensiva. v. 19, n. 2, abr.-jun, 2007.

SHNEERSON, J. M. Non-invasive and domiciliary ventilation: negative pressure techniques.


Thorax, v. 46, 1991.

SILVA G. A.; PACHITO, D. V. Abordagem terapêutica dos distúrbios respiratórios do sono


tratamento com ventilação não invasiva (CPAP, BiPAP e auto-CPAP). Medicina, v. 39, n. 2,
abr./jun, 2006.

SOCIEDADE PAULISTA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA (SPPT). Série 1: métodos


diagnósticos em pneumologia – avaliação de shunt por trocas gasosas. Publicado em: 23 abr.
2019.

EXPLORE+
Assista a estes vídeos no YouTube para:

a) Saber um pouco mais sobre a diferença das duas modalidades de ventilação não
invasiva por pressão positiva

LIGA NACIONAL DA FISIOINTENSIVA. Qual a diferença entre CPAP e BIPAP?.


Publicado em: 19 fev. 2019.

b) Conhecer melhor a pressão negativa por ventilação não invasiva

FATOS DESCONHECIDOS. Por que esse homem está trancado em uma máquina há
60 anos?. Publicado em: 14 dez. 2019.
SAMUEL ARAUJO DE LIMA. O pulmão de aço: a importância da vacinação. Publicado
em: 19 fev. 2020.

CONTEUDISTA
Ana Inês Gonzáles

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