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Estudo dos exames para o diagnóstico dos distúrbios do sistema respiratório por meio das provas de
função pulmonar.
PROPÓSITO
Conhecer a espirometria, um dos exames complementares de maior utilidade para o diagnóstico de
doenças do aparelho respiratório, indispensável aos fisioterapeutas para o estabelecimento de um plano
de tratamento fisioterapêutico voltado a pacientes portadores de distúrbios pulmonares.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os principais parâmetros espirométricos obtidos através das provas inspiratórias e expiratórias
forçadas
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
As provas de função pulmonar são exames utilizados para o gerenciamento das doenças do sistema
respiratório. Mesmo reconhecendo a enorme contribuição da anamnese e do exame físico no
diagnóstico clínico e no tratamento das afecções pulmonares, essas ferramentas avaliativas são um
tanto qualitativas e incompletas. A necessidade de caracterizar o distúrbio respiratório, quantificar o
quanto a doença determina em perdas da função pulmonar e, em adicional, avaliar a evolução da
doença e o impacto terapêutico que ela produz pode ser seguramente conseguido pelas provas de
função respiratória. Entre as provas solicitadas para esses fins, podemos citar:
A gasometria arterial
A espirometria
VOCÊ SABIA
A palavra espirometria tem origem nos termos latinos spirare (respirar) + metrum (medida), o que
significa “medida da respiração”. Portanto, inclui tanto as medidas inspiratórias quanto as expiratórias.
Além de avaliar distúrbios respiratórios de características específicas, auxiliando no diagnóstico
diferencial ou no diagnóstico clínico das doenças pulmonares e/ou extrapulmonares, a espirometria
também pode fornecer parâmetros respiratórios em função do tempo, na presença ou ausência de
esforços.
Neste material, veremos, de uma maneira simplificada, como a espirometria pode, por meio da avaliação
dos volumes, das capacidades e dos fluxos pulmonares, verificados com o uso de um espirômetro,
fornecer o diagnóstico complementar e funcional do aparelho respiratório, relacionando-o à fisiopatologia
dos distúrbios pulmonares.
Aviso:
MÓDULO 1
Compreender os volumes e as capacidades pulmonares analisados pela ventilografia
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões
de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o
número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você
devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
Esse exame é realizado por um aparelho chamado de espirômetro, composto por: um display, uma
interface entre o equipamento e um bocal, e um local por onde é disponibilizado um papel (geralmente
milimetrado) que mostra o registro gráfico impresso de uma curva construída a partir de uma inspiração
ou expiração (normal, profunda ou forçada), podendo o registro gráfico ser simultaneamente visualizado
no display do equipamento.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem 1: Espirômetro mostrando a imagem gráfica de um volume mensurado.
Os registros gráficos durante os exames espirométricos podem ser conseguidos pela realização de
manobras respiratórias com e sem esforços. Quando a espirometria visa avaliar os volumes e as
capacidades pulmonares durante ciclos respiratórios basais ou profundos, costumeiramente a
denominamos de ventilografia.
SAIBA MAIS
Conceitualmente, os volumes pulmonares são aqueles medidos direta e indiretamente por meio da
ventilografia, já as capacidades, embora também possam ser assim conceituadas, são conhecidas como
a soma de dois ou mais volumes pulmonares.
VOLUMES PULMONARES
São conhecidos quatro volumes pulmonares mensurados direta ou indiretamente pela ventilografia. Veja
abaixo o conceito de cada um deles:
DICA
Para um melhor entendimento do conteúdo, você deve acompanhar os conceitos que serão
apresentados abaixo observando o Gráfico anterior.
Imagem: Shutterstock.com
É o volume de ar que entra e sai dos pulmões durante um ciclo respiratório (uma inspiração seguida de
expiração) normal.
Imagem: Shutterstock.com
É o volume de ar que pode ser inspirado a partir de uma inspiração normal. Logo, é o volume de ar
mensurado a partir do volume corrente inspiratório.
Descomplicando
Imagem: Shutterstock.com
É o volume de ar que pode ser expirado a partir de uma expiração normal. Logo, trata-se do volume de
ar mensurado a partir do volume corrente expiratório.
Descomplicando
Imagem: Shutterstock.com
É o volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração profunda (não forçada). Esse
volume não pode ser mensurado diretamente durante uma ventilografia simples, já que o espirômetro
mede o ar que entra e sai dos pulmões. Portanto, o volume que permanece nos alvéolos não pode ser
registrado no papel milimetrado ou no display do aparelho. Sendo assim, em condições especiais de
exame, esse volume pode ser determinado indiretamente por uma técnica de diluição com o gás hélio
(GUYTON; HALL, 2006).
DESCOMPLICANDO
O indivíduo começa a respirar normalmente. Após alguns segundos, no final da inspiração normal,
solicita-se que ele inspire o mais profundamente possível. O VRI é mensurado nesse momento.
DESCOMPLICANDO
O indivíduo começa a respirar normalmente. Após alguns segundos, no final da expiração normal,
solicita-se que ele expire o mais profundamente possível. O VRE é mensurado nesse momento.
A tabela abaixo demonstra os valores considerados normais dos volumes pulmonares. Esses valores
são aproximados e devem ser considerados para homens adultos.
VOCÊ SABIA
Valores de referência são conseguidos por meio de fórmulas que relacionam, principalmente, o sexo, a
altura e a idade do indivíduo.
CAPACIDADES PULMONARES
Como vimos, as capacidades pulmonares são geralmente denominadas como a soma de mais de um
volume pulmonar.
São quatro capacidades pulmonares: Três delas podem ser medidas diretamente pela ventilografia. Uma
não consegue ser medida de forma direta, em razão da necessidade de determinação do volume
residual.
Imagem: Shutterstock.com
É a quantidade de ar que pode ser inspirada a partir de uma expiração normal. Consequentemente, é a
soma do VC inspiratório com o VRI.
Descomplicando
Imagem: Shutterstock.com
É a quantidade de ar que pode ser inspirada a partir de uma expiração profunda. É a soma do VRE com
o VC e o VRI.
Descomplicando
Imagem: Shutterstock.com
É a quantidade de ar que permanece nos pulmões após uma expiração normal. É a soma do VC com o
VR. Pelas razões já descritas, o volume residual só pode ser mensurado de maneira indireta, o que
impossibilita medir a CRF de forma direta pela ventilografia.
Imagem: Shutterstock.com
DESCOMPLICANDO
O indivíduo começa a respirar normalmente. Após alguns segundos, no final da expiração normal,
solicita-se que ele inspire o mais profundamente possível. A CI é mensurada nesse momento.
DESCOMPLICANDO
O indivíduo respira normalmente por alguns segundos. No final da expiração normal, é incentivado
a expirar o mais profundo que consiga. Em seguida, solicita-se que ele inspire o mais
profundamente possível. A CV é mensurada nesse momento.
DICA
Não se esqueça de conferir o Gráfico para uma melhor compreensão do que vimos até o momento.
GRÁFICO 1
A tabela abaixo mostra os valores considerados normais para as capacidades pulmonares. Esses
valores são aproximados e devem ser considerados para homens adultos. Deve ser considerado aqui o
mesmo padrão para se determinar os valores de referência usados para os volumes pulmonares.
É importante lembrar que a capacidade pulmonar é a soma de dois ou mais volumes pulmonares. Sendo
assim, a queda ou o aumento de apenas um volume pulmonar resulta, consequentemente, na alteração
de dois ou mais volumes.
EXEMPLO
A capacidade pulmonar total (CPT) é igual à soma de todos os volumes pulmonares. Logo, a queda do
volume de reserva inspiratório (VRI) pode resultar na depressão da capacidade vital (CV) e,
consequentemente, na alteração, na mesma direção, da CPT.
CPT = CV + VR
CV = VRI + VC + VRE
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Esse modelo matemático simples pode ser analisado também em outras condições, às vezes, até
surpreendentes para alguns. Em pacientes portadores de doenças pulmonares obstrutivas (como
enfisema pulmonar, asma ou bronquite crônica), o volume residual frequentemente está aumentado,
principalmente, pela possibilidade da ocorrência de hiperinsuflação pulmonar.
A razão para esses achados se dá pelo fato de que, nesses pacientes, existem grandes limitações ao
fluxo expiratório. Dessa forma, os pacientes apresentam dificuldades em esvaziar os pulmões. Portanto,
uma vez que o VR apresentar aumento, alterará a capacidade residual funcional (CRF) e a CPT, sem
necessariamente alterar o volume corrente (VC) e a capacidade vital (CV).
CRF = VC + VR
RESPOSTA
Teríamos:
Nas situações hipotéticas acima, admitimos que tanto o VC quanto a CV estão normais (ver valores
normais dos volumes e capacidades pulmonares nas tabelas estudadas neste módulo).
1) Nem sempre as patologias que atingem o sistema respiratório causam decréscimo nos volumes
e nas capacidades pulmonares.
2) A ventilografia é uma ferramenta útil, dentro do exame espirométrico, já que podemos, direta ou
indiretamente, relacionar os valores dos volumes e das capacidades pulmonares mensurados por
ela ao status funcional dos pacientes.
VENTILOGRAFIA
O mestre Cosme José Vieira Machado conceitua os volumes e capacidades pulmonares que são
medidos direta e indiretamente pela ventilometria, destacando como eles são conseguidos durante o
teste ventilográfico. Posteriormente, o professor faz também uma relação entre a alteração desses
volumes e capacidades em determinados distúrbios respiratórios.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A VENTILOGRAFIA É UM EXAME ESPIROMÉTRICO QUE VISA AVALIAR,
PRINCIPALMENTE, VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES E RELACIONAR
OS ACHADOS CONSEGUIDOS NO EXAME COM AS ALTERAÇÕES CLÍNICAS
PRESENTES NO PACIENTE AVALIADO. NO CASO DE UM PACIENTE COM
DISTÚRBIO RESPIRATÓRIO APRESENTAR UMA DIMINUIÇÃO DO VOLUME DE
RESERVA EXPIRATÓRIO (VRE), ISSO PODE ACARRETAR ALTERAÇÕES OU NÃO
EM DIVERSAS CAPACIDADES PULMONARES.
A) V, V, F, V
B) F, V, F, V
C) V, V, V, F
D) F, F, V, F
E) V, F, F, V
A) A sua medida direta representa uma ferramenta indispensável para a avaliação de distúrbios onde se
tem a presença de hiperinsuflação pulmonar.
B) A diminuição do volume residual, frequentemente, traduz o seu aumento de uma forma geral.
GABARITO
A CV é a soma do VRI + VC + VRE. A CPT é a soma de todos os volumes pulmonares. Na soma da CI,
incluem-se o VC e o VRE. A CRF não inclui o VRE. Logo, onde o VRE fizer parte de uma capacidade
pulmonar, essa capacidade estará diminuída quando ele estiver abaixo do normal.
MÓDULO 2
Identificar os principais parâmetros espirométricos obtidos através das provas inspiratórias e
expiratórias forçadas
A análise dos volumes pulmonares e das capacidades pulmonares com manobras respiratórias forçadas
é imprescindível no auxílio diagnóstico.
O exame espirométrico nas condições acima citadas pode ser avaliado em um espirômetro da mesma
forma como mostramos no módulo anterior. Contudo, as manobras inspiratórias e/ou expiratórias
forçadas registradas no display e/ou papel milimetrado do equipamento apresentam gráficos diferentes.
SAIBA MAIS
É consistentemente aceito pela literatura que as manobras expiratórias forçadas são especialmente
úteis quando comparadas às inspiratórias forçadas para as conclusões diagnósticas utilizando-se a
espirometria (AZAMBUJA; LOPES, 2018).
CURVA VOLUME-TEMPO
&
CURVA FLUXO-VOLUME
CURVAS: VOLUME-TEMPO E FLUXO-VOLUME
A curva volume-tempo mostra o curso do fluxo máximo em relação ao tempo em que se desenrola.
Representa o registro clássico dos exames espirométricos. O gráfico produzido é exclusivo de uma
manobra de expiração forçada em função do tempo.
O examinado inspira o mais profundamente possível e realiza uma pausa pós-inspiratória (em média, de
3 segundos). Nesse momento, o indivíduo ainda não está com a boca no bocal do espirômetro, portanto,
nenhum registro é feito no aparelho.
Imediatamente após a pausa, ele expira rápida e forçadamente já com a boca no bocal do equipamento.
A expiração deve ser mantida até que o platô da curva seja alcançado.
A curva fluxo-volume registra o curso do fluxo máximo associado ao desenrolar do volume que vai se
emitindo. É medida por uma expiração seguida de uma inspiração, ambas forçadas. O examinado segue
o mesmo padrão de procedimento anteriormente descrito no teste que registra a curva volume-tempo.
No entanto, diferente da curva volume-tempo, imediatamente após o término da expiração longa, rápida
e forçada, ele realiza uma inspiração rápida, profunda e forçada (Gráfico 3).
Ambas as curvas devem ser utilizadas para a identificação dos possíveis distúrbios respiratórios. A
diferença básica entre elas é que a curva fluxo-volume pode identificar que o esforço expiratório do
paciente no início do teste foi submáximo; portanto, a medida levaria a resultados inconclusivos na
análise do exame.
Na curva volume-tempo, essa identificação seria menos evidente. No entanto, a curva volume-tempo
pode facilmente determinar que o teste pode ser interrompido quando comparada à curva fluxo-volume.
Por outro lado, a curva fluxo-volume pode medir o pico de fluxo máximo expiratório (peak flow ),
enquanto a curva volume-tempo não permite essa medida.
As curvas anteriormente citadas são capazes de produzir os principais parâmetros utilizados para o
diagnóstico dos distúrbios ventilatórios pela espirometria. Nenhuma diferença pode ser observada
quanto à acurácia desses parâmetros mensurados entre as curvas volume-tempo e fluxo-volume
(LEMLE, 1994).
RELEMBRANDO
Como já sabemos, a avaliação dos dados conseguidos pelas manobras expiratórias forçadas é
extremamente mais útil para interpretação diagnóstica. Essa afirmação se justifica pelo fato de essas
manobras serem de fácil visualização e de menor complexidade gráfica. Em adicional, a curva volume-
tempo é a representação gráfica clássica dos registros espirográficos, além de ser registrada apenas na
execução de uma expiração forçada.
Por melhor provimento didático e pelos motivos acima descritos, utilizaremos essa curva como base de
entendimento para identificação dos principais parâmetros espirométricos utilizados para o diagnóstico
da função respiratória.
PRINCIPAIS PARÂMETROS PARA DIAGNÓSTICO DOS DISTÚRBIOS
VENTILATÓRIOS MENSURADOS PELA ESPIROMETRIA
Os registros espirométricos gráficos oferecem a oportunidade de coleta e análise de vários parâmetros e
suas variáveis, quando avaliada a curva volume-tempo, durante uma manobra expiratória forçada. No
entanto, apenas poucos desses parâmetros são utilizados para o diagnóstico de certeza dos distúrbios
ventilatórios (LAMB; THEODORE; BHUTTA, 2021).
Por vezes, o gráfico que mostra o traçado da capacidade vital forçada é denominado manobra da CVF,
sendo frequentemente utilizado como sinônimo do traçado da curva volume-tempo. A CVF é identificada
quando o volume máximo de ar produzido alcança um platô na curva volume-tempo e, a partir daí, não
se altera.
Gráfico 4: Identificação da CVF na curva volume-tempo.
Extraído de: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2002, p. 2.
O VEF1 varia em estrita correlação com a CVF. Ele preferencialmente mede o fluxo aéreo nas vias
respiratórias de médio e grossos calibres, mas pode também detectar esse fluxo independentemente do
calibre das vias aéreas.
Mais volumes expiratórios forçados em função do tempo (VEFt), como, por exemplo, VEF2, VEF3,
podem também ser identificados utilizando o mesmo procedimento. No entanto, não contribuem da
maneira adicional para o diagnóstico espirométrico.
Diferentemente dos anteriores, esse parâmetro é medido de forma indireta, através da coleta direta da
CVF e do VEF1, na manobra expiratória forçada. Significa o quanto de volume de ar, em percentual, um
indivíduo pode expirar no primeiro segundo, durante uma expiração forçada, em relação ao total a ser
expirado.
Para ser determinado, coletamos os valores da CVF e do VEF1 e empregamos a seguinte fórmula:
VEF 1
× 100
CVF
O FEF 25-75% é calculado na curva volume-tempo de uma expiração forçada, no mesmo traçado do da
curva da CVF. É determinado pelos pontos marcados que correspondem aos primeiros e últimos 25% da
CVF (Gráfico seguinte).
Gráfico 6: Identificação do FEF 25-75%, na curva volume-tempo, no traçado da capacidade vital
forçada.
Extraído de: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2002, p. 4
O fluxo expiratório forçado entre 25-75% da CVF já foi visto como um importante parâmetro clínico para
o diagnóstico dos distúrbios respiratórios. Recentemente, sugere-se que esse parâmetro tem pouca ou
nenhuma importância nos resultados conclusivos avaliados em uma espirometria (AZAMBUJA; LOPES,
2018).
O FEF 25-75% representa as medidas do fluxo de ar em vias aéreas de médios e pequenos calibres.
Outras medidas de fluxo, baseadas em um similar padrão de mensuração (como FEF 25%, FEF 50%,
FEF 75%), também podem ser identificadas pelo exame espirométrico, mas o mesmo pensamento
atribuído ao FEF 25-75% é concedido a elas.
Nos gráficos, em 7, temos o tempo expiratório normal, com o platô da curva alcançado rapidamente. Em
8, temos o tempo expiratório mais prolongado, com o platô da curva sendo alcançado mais tardiamente.
O PFE é medido nos primeiros 100 milissegundos de uma manobra de expiração forçada. Ele também
pode ser medido por aparelhos portáteis, com o objetivo de avaliar mais frequentemente, em regime
domiciliar, a capacidade do pico de fluxo expiratório de uma pessoa. Esses aparelhos não apresentam a
possibilidade de registro gráfico impresso.
Foto: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2002, p. 29.
Pico de fluxo expiratório máximo mensurado através de um aparelho portátil.
Quando medido por aparelhos portáteis, o procedimento durante a manobra expiratória deve ser
realizado de forma diferente daquela produzida pela curva fluxo-volume para que seja acurado.
A expiração forçada precisa ser feita de maneira breve, durando entre 1 e 2 segundos (como se o
avaliado “soprasse subitamente” no aparelho). Não pode ser mantida por pelo menos 6 segundos, como
aquelas ocorridas quando um espirômetro tradicional é utilizado, já que esses apresentam tecnologia
que permite esse procedimento.
A ventilação voluntária máxima (VVM) também pode ser medida por um espirômetro e consta na lista
dos principais parâmetros que podem ser identificados em uma espirometria.
Gráfico 9: Traçado gráfico da curva de ventilação voluntária máxima
Extraído de: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2002, p. 31
A VVM consiste na realização de inspirações e expirações máximas, onde o examinado deve realizá-las
de forma sucessiva, com maior amplitude e rapidez possível em um período de 15 a 20 segundos. Esse
parâmetro por vezes é considerado o mais controvertido dos já descritos neste material (LEMLE, 1994).
COMENTÁRIO
Alguns autores não desprezam a sua avaliação, enquanto outros a consideram desnecessária. A opinião
dos últimos se dá por conta da dificuldade em que as manobras inspiratória e expiratória devem ser
executadas. Além disso, por vezes, a execução das manobras precisa ser repetida devido ao insucesso
de sua acurácia.
Não obstante, em pacientes com distúrbios respiratórios mais graves, sua realização fica difícil de ser
requerida. Nem a curva fluxo-volume muito menos a volume-tempo podem registrar a ventilação
voluntária máxima.
No próximo módulo, discutiremos o valor diagnóstico dos principais parâmetros ventilatórios até aqui
descritos. Os valores de normalidade de cada um deles foram omitidos propositalmente para que a
comparação em relação aos valores anormais tenha maior aplicabilidade na compreensão do
diagnóstico espirométrico.
PARÂMETROS EXPIRATÓRIOS FORÇADOS
O mestre Cosme José Vieira Machado conceitua os principais parâmetros espirométricos registrados em
esforço, enfatizando a importância de sua mensuração nesta condição. Adicionalmente, eles são
comparados àqueles registrados durante respirações; normais ou profundas (sem esforço). A seguir, são
apontados os parâmetros de maior e menor utilidade clínica para a conclusão dos distúrbios
ventilatórios.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO (PFE), TAMBÉM CONHECIDO COMO PEAK
FLOW , PODE SER MEDIDO TANTO POR APARELHOS PORTÁTEIS QUANTO
POR ESPIRÔMETROS TRADICIONAIS. DEVE SER EXECUTADO POR MEIO DE
MANOBRAS EXPIRATÓRIAS FORÇADAS, REALIZADAS DE MANEIRA
ADEQUADA, PARA QUE O PARÂMETRO A SER MEDIDO SEJA CORRETAMENTE
REGISTRADO NO APARELHO. QUANDO MENSURADO POR APARELHOS
PORTÁTEIS, A EXPIRAÇÃO FORÇADA PARA QUE O PEAK FLOW SEJA
CORRETAMENTE PRODUZIDO DEVE:
E) Ser realizada de maneira incialmente lenta e, após 1 a 2 segundos, de forma rápida e curta.
D) Em aparelhos portáteis, como aqueles que podem também medir o pico de fluxo expiratório (PFE).
GABARITO
1. O pico de fluxo expiratório (PFE), também conhecido como peak flow , pode ser medido tanto
por aparelhos portáteis quanto por espirômetros tradicionais. Deve ser executado por meio de
manobras expiratórias forçadas, realizadas de maneira adequada, para que o parâmetro a ser
medido seja corretamente registrado no aparelho. Quando mensurado por aparelhos portáteis, a
expiração forçada para que o peak flow seja corretamente produzido deve:
O PFE é mensurado nos primeiros 100 milissegundos de uma expiração forçada. Sendo assim, em
aparelhos portáteis, sem a tecnologia dos espirômetros tradicionais, deve ser medido de forma rápida e
curta, para que haja acurácia no registro feito pelo aparelho. Portanto, expirações lentas ou prolongadas
não podem ser registradas.
2. O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), durante uma manobra respiratória
forçada, é um dos principais parâmetros dentre aqueles utilizados para o diagnóstico dos
distúrbios ventilatórios pela espirometria. Para que apresente o objetivo a ele conferido, a análise
desse parâmetro (não sendo diferente dos outros principais parâmetros) precisa ser feita em um
registro gráfico projetado em um papel milimetrado, a partir de uma manobra de capacidade vital
forçada ou de uma manobra respiratória forçada similar, que possa fornecê-lo. O VEF1 pode
então ser corretamente analisado:
Para ser analisado corretamente, o VEF1 precisa ser observado em um gráfico. Os aparelhos portáteis
não permitem essa possibilidade. A VVM produz um registro gráfico que não é registrado pela manobra
de CVF ou por manobra similar e é incapaz de analisar o VEF1. Sabemos que as curvas fluxo-volume e
volume-tempo são capazes de medir acuradamente o VEF1, como os demais parâmetros, observando-
os em um registro gráfico.
MÓDULO 3
Reconhecer como é feito o diagnóstico dos distúrbios respiratórios
DIAGNÓSTICO
A espirometria é um exame complementar e, como tal, é capaz de fornecer o diagnóstico diferencial,
não o diagnóstico patológico. Portanto, não apresenta o poder de, diretamente, concluir que o paciente é
portador de asma brônquica ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), derrame pleural ou
tuberculose. No entanto, ela é altamente preciosa em caracterizar o distúrbio ventilatório apresentado
pelo paciente em determinadas condições clínicas.
A asma brônquica e a DPOC são reportadas como sendo doenças respiratórias que apresentam como
principal característica a limitação ao fluxo aéreo. Essa limitação, em linhas gerais, ocorre por
mecanismos que causam obstrução à saída de ar das vias respiratórias.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem 2: Brônquios e alvéolos: o primeiro saudável, o segundo inflamado, e o terceiro com asma
grave.
O derrame pleural e a tuberculose pulmonar se caracterizam como doenças que diminuem a capacidade
de respirar profundamente, tendo influência impactante na capacidade vital. De acordo com essas
premissas, o primeiro grupo de doenças citadas é classificado como obstrutivas e o segundo como
restritivas.
DOENÇAS OBSTRUTIVAS
Asma brônquica
DPOC
DOENÇAS RESTRITIVAS
Derrame pleural
Tuberculose pulmonar
ATENÇÃO
O diagnóstico espirométrico visa atender a critérios que relacionem as disfunções obstrutivas e/ou
restritivas do sistema respiratório às doenças que caracterizam essas disfunções.
Precisa ser esclarecido que, quando destacamos que a espirometria visa identificar as disfunções
respiratórias restritivas e/ou obstrutivas que caracterizam as doenças do sistema respiratório, não
estamos nos referindo apenas às doenças pulmonares, embora esse objetivo ocorra na maioria dos
casos. Algumas doenças extrapulmonares também interferem na dinâmica respiratória e afetam o
sistema ventilatório. Portanto, essas doenças devem estar incluídas nos objetivos de identificação da
espirometria.
Para melhorar esse entendimento, a seguir, veremos as principais características das doenças restritivas
e obstrutivas.
Hipersecreção brônquica
Broncoespasmo
Em pacientes com enfisema pulmonar, a perda de recuo elástico causada pelo agente etiológico (em
aproximadamente 90% dos casos, o tabagismo) leva ao estreitamento precoce das vias aéreas na
expiração. Consequentemente, esses doentes apresentam aumento da capacidade residual funcional
(CRF) em virtude do aprisionamento aéreo que, algumas vezes, é identificado como hiperinsuflação
pulmonar.
SAIBA MAIS
O quadro abaixo exemplifica algumas das mais comuns doenças de caráter obstrutivo e restritivo.
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS RESTRITIVAS
OBSTRUTIVAS
Bronquiectasia Cifoescoliose
Fibrose cística Tuberculose pulmonar
3
Exames periódicos
PRINCIPAIS CONTRAINDICAÇÕES DA ESPIROMETRIA
Hemoptise
Angina recente
Crise hipertensiva
4
Edema pulmonar em curso
Aneurisma
Descolamento de retina
No módulo anterior, vimos os principais parâmetros forçados que podem ser mensurados por meio da
espirometria. Agora, discutiremos cada um deles, com o objetivo prioritário de identificar os critérios que
os tornam inconclusivos ou conclusivos para caracterizar um distúrbio ventilatório restritivo e/ou
obstrutivo.
1) CVF
A diminuição da capacidade vital forçada caracteriza um distúrbio restritivo. Para expirarmos
forçadamente todo volume de ar para fora dos pulmões, precisamos, inicialmente, enchê-los de ar.
Consequentemente, teremos de realizar uma inspiração mais profunda possível.
ATENÇÃO
Nas doenças restritivas, a capacidade vital está diminuída porque o paciente não consegue expandir
adequadamente os pulmões. Portanto, se não consegue colocar muito volume de ar para dentro dos
pulmões, é impossível colocar muito volume de ar para fora deles. Logo, durante a expiração forçada, a
CVF vai estar abaixo do esperado.
Como a diminuição da capacidade vital forçada traduz fielmente uma redução da capacidade vital, ela é
um dos parâmetros conclusivos usados para o diagnóstico de distúrbios espirométricos.
Em adicional, a curva de CVF é altamente reprodutível nos indivíduos por definir um limite para o fluxo
máximo, que é muito sensível na maioria das doenças que afetam o sistema respiratório.
2) VEF1
A diminuição do volume expiratório forçado no primeiro segundo caracteriza um distúrbio obstrutivo.
Devemos lembrar aqui que os pacientes com doenças obstrutivas apresentam redução do fluxo aéreo.
Por conta do estreitamento precoce das vias aéreas na expiração, o volume de ar exalado durante a
manobra de CVF nesses indivíduos seria menor em relação ao tempo. Como o VEF1 é uma medida
relacionada ao tempo de expiração, medindo o fluxo expiratório em vias aéreas, independentemente do
calibre delas, fica claro que, no primeiro segundo da expiração forçada, o volume de ar expirado nesse
momento seria menor em indivíduos com obstrução das vias aéreas do que quando comparado ao
daqueles que não apresentam essa condição patológica.
Imagem: Shutterstock.com
Sendo o estreitamento das vias aéreas durante a expiração mais lento em pessoas normais do que em
pacientes com doenças obstrutivas, nesses últimos, as vias aéreas se fechariam mais rapidamente,
guardando mais ar e não possibilitando que o volume expiratório ocorresse no tempo adequado.
3) RELAÇÃO VEF1/CVF
A relação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital forçada é um
parâmetro que apresenta duas utilidades essenciais: pode confirmar ou afastar a possibilidade de haver
um distúrbio ventilatório obstrutivo.
Uma criança ou adulto jovem, livre de problemas respiratórios, expira mais de 80% da CVF no
primeiro segundo.
Pessoas normais de até 45 anos de idade expiram mais de 75% da CVF no primeiro segundo.
Os mais idosos mais de 70%, nesse mesmo tempo.
Como descrito anteriormente, O VEF1 diminui nos doentes obstrutivos. Sendo assim, a relação
VEF1/CVF também diminuirá, pois as vias aéreas nos doentes obstrutivos se fecham mais rapidamente.
Isso significa que o indivíduo expirará menos do que o natural para a idade dele no primeiro segundo de
uma expiração forçada em relação ao total que ele poderia expirar, caracterizando um distúrbio
ventilatório obstrutivo. No entanto, se o paciente não apresenta obstrução, a relação VEF1/CVF estaria
normal, já que, para idade, expiraria um percentual normal no primeiro segundo daquele volume
expirado totalmente.
4) FEF25-75%
O fluxo expiratório forçado entre 25% e 75% da capacidade vital forçada é um parâmetro que poderia
medir obstrução. Ele avalia o fluxo expiratório médio que viaja pelas vias aéreas de médios e pequenos
calibres. Além de apresentar muita variabilidade na sensibilidade para detecção de distúrbios desses
calibres (AZAMBUJA; LOPES, 2018), sua capacidade avaliativa não identifica obstrução em todos os
calibres das vias aéreas, como faz precisamente o VEF1.
ATENÇÃO
Pacientes com obstrução ao fluxo aéreo podem apresentar alterações em calibres grossos das vias
aéreas, estando os médios e pequenos calibres se mostrando sem alteração. Logo, nesse caso, o FEF
25-75% não seria preciso para detectar essa situação.
5) TEF
O tempo expiratório forçado representa um parâmetro auxiliar para a identificação dos distúrbios
obstrutivos. Como a obstrução do fluxo aéreo diminui o VEF1 e a relação VEF1/CVF, o tempo
necessário para expirar totalmente o volume expiratório aumenta, devido às razões descritas nos tópicos
a respeito do VEF1 e da Relação VEF1/CVF.
RELEMBRANDO
Como não raramente pacientes muito graves precisam de 20 segundos ou mais para estabilizarem essa
curva, a medida de um TEF adequado levaria a um desgaste enorme do paciente, e se tornaria
impreciso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2002).
GRÁFICO 4
Gráfico 4: Identificação da CVF na curva volume-tempo.
Extraído de: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2002, p. 2.
6) PFE E VVM
Falaremos agora do pico de fluxo expiratório e da ventilação voluntária máxima.
PFE
VVM
PFE
O PFE é um parâmetro que detecta obstrução de vias aéreas de grossos calibres. Portanto, pelos
mesmos motivos já descritos em relação ao FEF 25-75%, o PFE não é tão completo como o VEF1. Em
portadores de doença obstrutiva de caráter leve ou moderado, o PFE, frequentemente, mostra valores
normais, de modo que sua sensibilidade demanda questionamentos.
VVM
A VVM seria um parâmetro que poderia determinar um distúrbio tanto obstrutivo quanto restritivo. No
entanto, pacientes com distúrbios restritivos leves ou moderados podem apresentar VVM normal. É
possível detectar valores anormais em pacientes com distúrbios obstrutivos. Porém, a alta dificuldade de
completar o exame, pelo esforço que ele exige dos pacientes, impossibilita, na maioria dos casos, a
identificação clara da qualidade desse parâmetro. Hoje, a VVM é apenas indicada para testes
cardiopulmonares de exercício.
Nem o PFE nem a VVM são considerados parâmetros conclusivos para o diagnóstico dos distúrbios
espirométricos.
RESUMINDO
A partir de todos os relatos acima, é correto afirmar que a CVF, o VEF1 e o VEF1/CVF são os
parâmetros mais conclusivos para determinação de um distúrbio ventilatório obstrutivo, restritivo ou
misto. Durante décadas, essa tem sido a opinião de diversos autores, como: Crapo (1994); Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (1996 e 2002); Azambuja e Lopes (2018); Lamb, Theodore e
Bhutta (2021).
É de incontestável relevância que a CVF, o VEF1 e a relação VEF1/CVF são os parâmetros mais
utilizados para identificar distúrbios obstrutivos e/ou restritivos. Neste conteúdo, daremos atenção
apenas a esses parâmetros. No entanto, é importante destacar que, em poucas ocasiões, de caráter
mais complexo, a análise de outros parâmetros pode auxiliar na conclusão diagnóstica. Porém, esse fato
foge do escopo deste material didático. Portanto, vamos ao que nos interessa realmente.
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EXEMPLO
Aplica-se a fórmula:
( Valor medido )
× 100
( Valor normal )
CVF ≥80%
VEF1 ≥80%
VEF1/CVF ≥90%
Deve ser inferido quando tanto o valor do VEF1 quanto o valor da relação VEF1/CVF estiverem abaixo
do previsto.
Lembre-se de que a relação VEF1/CVF normal afasta totalmente a possibilidade de haver um distúrbio
obstrutivo.
Deve ser indicado quando a CVF estiver abaixo do valor previsto, estando tanto o VEF1 quanto a
relação VEF1/CVF normais. Se, nesse caso, apenas o VEF1 estiver abaixo do normal, manteremos o
diagnóstico de DVR.
Nesse caso, a CVF estará abaixo do valor previsto, estando tanto o VEF1 quanto a relação VEF1/CVF
também abaixo do previsto, com evidências radiológicas ou clínicas de patologias restritivas.
A diferenciação entre um DVO com CVF reduzida para um Distúrbio misto, havendo ou não evidência
clínica, deverá ser realizada uma radiografia dos pulmões para ser definido o diagnóstico.
Vamos ver exemplos práticos de todos os possíveis diagnósticos dos distúrbios acima? Nas tabelas a
seguir, será possível conferir essa oportunidade, com valores hipotéticos criados.
VEF1/CVF 87 64 74%
VEF1/CVF 82 34 41%
Observação: No caso acima, nenhum exame complementar realizado ou nenhum dado clínico apontaria
doença restritiva presente.
Observação: No caso acima, o paciente apresentaria derrame pleural (uma doença restritiva) e/ou uma
radiografia de tórax mostraria o transtorno pleural. Os parâmetros VEF1 e VEF1/CVF também
confirmam que há obstrução brônquica.
ATENÇÃO
Os distúrbios obstrutivos são caracterizados de acordo com a redução do VEF1 e os restritivos conforme
a redução da CVF.
Na tabela a seguir, veremos como são identificados os graus de gravidade dos distúrbios ventilatórios
apresentados. O VEF1, a CVF e a relação VEF1/CVF são considerados pela análise do percentual do
previsto.
MODERADO 41 – 59 51 – 59 41 – 59
Após um breve período, faz uso de um aerossol de bolso (bombinha) com uma concentração de
aproximadamente 400 microgramas de um broncodilatador (normalmente, fenoterol ou salbutamol).
Havendo aumento dos valores, principalmente, do VEF1 e da CVF, maiores ou iguais a 12% e/ou uma
diferença maior ou igual a 200ml (0,2L), medidos após o segundo teste espirográfico, a resposta
broncodilatadora (PBD) é considerada positiva (PELLEGRINO et. al. , 2005). Caso contrário, é negativa
(PBD, negativa).
A equação abaixo deve ser realizada para avaliar qual foi a resposta broncodilatadora.
COMENTÁRIO
O VEF1 (pré) e o VEF1 (pós) representam os valores medidos (não o percentual do previsto), de antes e
depois da prova broncodilatadora.
Para melhor compreensão, a seguir, é mostrado o esboço de um laudo (totalmente hipotético) de como
são frequentemente descritas as informações colhidas de uma espirometria.
Pré-PBD Pós-PBD
Diferença
Parâmetros
Previsto % pré e
ventilatórios % %
Medido Medido pós-PBD
previsto previsto
CVF 3,45 1,96 56,8 2,59 75,1 32,2
ATENÇÃO
Observe na tabela que a CVF e o VEF1 apresentam uma diferença de mais de 12% (32,2% e 17,6%,
respectivamente) dos valores pós-PBD em relação aos valores pré-PBD.
DIAGNÓSTICO ESPIROMÉTRICO
O mestre Cosme José Vieira Machado faz diferenciação entre distúrbios obstrutivos e restritivos,
posteriormente, aborda os principais parâmetros diagnósticos, a partir das medidas espirométricas,
identificando quais deles são conclusivos ou não para a definição dos diagnósticos de: obstrução e/ou
restrição ventilatória. Por fim, expõe como interpretar os possíveis distúrbios ventilatórios analisados
pela espirometria.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) De exatamente 6 segundos.
A) O PFE
B) A CVF
C) A relação VEF1/CVF
D) O FEF 25-75%
E) A VVM
GABARITO
1. O tempo expiratório forçado (TEF) pode identificar, embora apenas como método auxiliar, um
distúrbio ventilatório obstrutivo. Em pacientes com doença pulmonar obstrutiva, a limitação ao
fluxo aéreo ocorre por fechamento precoce das vias respiratórias durante a expiração forçada,
alterando o TEF. Assim, o tempo expiratório forçado de um paciente com distúrbio ventilatório
obstrutivo medido na espirometria seria:
2. Os parâmetros expiratórios forçados, durante uma manobra de CFV forçada, são os mais
utilizados nas análises espirométricas. Embora mais de 5 parâmetros estejam presentes em um
laudo espirométrico, apenas 3 deles são realmente conclusivos para o diagnóstico dos
distúrbios respiratórios. Desses três parâmetros, um deles é de grande valor diagnóstico, porque
afasta ou confirma a possibilidade de distúrbios ventilatórios obstrutivos. Esse parâmetro é:
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É certo que a complexidade na análise da espirometria ainda nos oferece possibilidades diagnósticas
conflitantes de uma maneira geral. No entanto, atualmente, é de concordância da maioria dos autores
que escrevem sobre o tema e das sociedades nacionais e internacionais que regularizam os testes
espirométricos que existe validade na interpretação dos parâmetros fornecidos por esse exame a partir
de volumes respiratórios mobilizados com e sem esforço.
É inquestionável a supremacia dos parâmetros conseguidos durante uma curva de respiração forçada
em comparação àqueles registrados em respiração normal ou profunda, para conceder o diagnóstico
dos distúrbios ventilatórios, segundo os dados bibliográficos atuais.
O VEF1, a CVF e a relação VEF1/CVF são, em conjunto, as ferramentas necessárias para identificar
pacientes obstrutivos e restritivos.
Para os profissionais de saúde que lidam com as doenças respiratórias, como os fisioterapeutas, os
dados colhidos a partir da espirometria auxiliam na identificação da doença, na evolução e no
prognóstico terapêutico. Apesar de a complexidade na interpretação dos dados espirométricos ser uma
realidade, o empenho na busca sobre informações a respeito da espirometria reforça o nosso
compromisso no auxílio da interpretação diagnóstica dos distúrbios respiratórios.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA, R. L.; LOPES, A. J. Orientações para os Testes de Função Pulmonar: Espirometria.
Pulmão, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, 2018.
CRAPO, O. R. Pulmonary Function Test. The New England Journal of Medicine. v. 331, n. 1, 1994.
GUYTON, A. C.; E, HALL. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
LAMB, K.; THEODORE, D. E.; BHUTTA, B. S. Spirometry. StatPearls [Internet]. Treasure Island:
StatPearls Publishing, 2021.
LEMLE, A. Provas de Função Pulmonar na Prática Diária. Rio de Janeiro: Epuc, 1994.
PELLEGRINO, R.; VIEGI, G.; BRUSASCO, V.; CRAPO, R. O. et al . Interpretative Strategies for Lung
Function Tests. European Respiratory Journal, v. 26, 2005.
EXPLORE+
Explore mais revisões sobre os parâmetros medidos pela espirometria e seus objetivos no diagnóstico
dos distúrbios ventilatórios. Embora neste material tenha sido mostrada uma abordagem prática e
conclusiva sobre o diagnóstico dos distúrbios que podem ser identificados pelo exame espirométrico, em
alguns casos, outros parâmetros esclarecedores e complementares são úteis para a conclusão
diagnóstica.
CONTEUDISTA
Cosme José Vieira Machado.