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Provas funcionais - Espirometria

Volumes e capacidades pulmonares

Volumes pulmonares

Na Figura 38-6, estão listados quatro volumes pulmonares que, quando somados, são iguais
ao volume máximo que os pulmões podem expandir. O significado de cada um desses
volumes é o seguinte:

O volume corrente (VC) é o volume de ar inspirado ou expirado, em cada respiração


normal; é de cerca de 500 mililitros no homem adulto médio.

O volume de reserva inspiratório (VRI) é o volume extra de ar que pode ser


inspirado, além do volume corrente normal, quando a pessoa inspira com força total;
geralmente, é de cerca de 3.000 mililitros.

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O volume de reserva expiratório (VRE) é o máximo volume extra de ar que pode ser
expirado na expiração forçada, após o final de expiração corrente normal; normalmente,
esse volume é de cerca de 1.100 mililitros.

O volume residual (VR) é o volume de ar que fica nos pulmões, após a expiração mais
forçada; esse volume é de cerca de 1.200 mililitros.

O VR é importante para uma pessoa saudável porque previne o colapso dos


alvéolos em volumes muito baixos. O colapso alveolar tornaria necessário um
maior esforço inspiratório para a reinsuflação alveolar.

Capacidades pulmonares

Dois ou mais volumes combinados

A capacidade inspiratória (CI) é igual ao volume corrente mais o volume de reserva


inspiratório. Essa capacidade é a quantidade de ar (cerca de 3.500 mililitros) que a pessoa
pode inspirar, começando a partir do nível expiratório normal e distendendo os pulmões até
seu máximo.

A capacidade inspiratória (CI) é o volume de ar inalado pelos pulmões durante um


esforço inspiratório máximo que se inicia no final de uma expiração corrente normal (a
CRF).

(CI=VC+VRI)

A capacidade residual funcional (CRF) é igual ao volume de reserva expiratório mais o


volume residual. Essa capacidade é a quantidade de ar que permanece nos pulmões, ao final
de expiração normal (cerca de 2.300 mililitros).

(CRF=VRE+VR)

A capacidade vital (CV) é igual ao volume de reserva inspiratório mais o volume corrente
mais o volume de reserva expiratório. Essa capacidade é a quantidade máxima de ar que a
pessoa pode expelir dos pulmões (expirar), após primeiro enchê-los à sua extensão máxima
(imediatamente após uma inspiração máxima) (em torno de 4.600 mililitros)

É o volume de ar exalado dos pulmões durante uma expiração máxima forçada, que se
inicia após uma inspiração máxima forçada.

(CV=VRE+VC+VRI)

(CV = CPT - VR)

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(CV = CI + VRE)

A capacidade pulmonar total (CPT) é o volume máximo a que os pulmões podem ser
expandidos com o maior esforço (cerca de 5.800 mililitros); é igual à capacidade vital mais
o volume residual.

É o volume de ar nos pulmões após um esforço inspiratório máximo.

CPT = CV + VR

CPT = CI + CRF

A CPT é a soma de todos os quatro volumes pulmonares: o VR, o V c, o VRI e o VRE.

Em geral, todos os volumes e capacidades pulmonares, nas mulheres, são cerca de 20% a
25% menores do que nos homens, e são maiores em pessoas atléticas e com massas
corporais maiores do que em pessoas menores e astênicas.

Bases fisiológicas da espirometria

A espirometria é a medida do ar que entra e sai dos pulmões. Pode ser realizada durante
respiração lenta ou durante manobras expiratórias forçadas.

A espirometria permite medir o volume de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios,


sendo especialmente útil a análise dos dados derivados da manobra expiratória forçada.

Sentado, com clipe nasal, respirando tranquilamente através de um circuito conectado ao


espirômetro. Após algumas respirações em VC realiza-se uma inspiração máxima (CPT)
seguida de uma expiração máxima(CVF).

O VC, o VRI, o VRE, a CI e a CV podem ser medidos com um espirômetro (e o mesmo


ocorre com o volume expiratório forçado em 1 s [VEF 1], a capacidade vital forcada
[CVF] e o fluxo expiratório forçado [FEF 25-75%] ). 0

No entanto, o VR, a CRF e a CPT não podem ser determinados com um espirômetro,
pois o indivíduo não consegue exalar todo o gás existente nos pulmões.

Algumas definições importantes

Capacidade vital forçada(CVF): representa o volume máximo de ar exalado com esforço


máximo, apartir do ponto de máxima inspiração.

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No teste para se determinar a CVF, realiza-se uma inspiração máxima até atingir a CPT.
Logo em seguida, realiza-se um esforço expiratório forçado máximo, soprando para fora
dos pulmões o máximo possível de ar. Nesse ponto, apenas um volume residual (VR) de
ar é deixado nos pulmões.

Volume expiratório forçado no tempo (VEFt): representa o volume de ar exalado num


tempo especificado durante a manobra de CVF; por exemplo VEF1 é o volume de ar
exalado no primeiro segundo da manobra de CVF.

A maior parte do ar é expirada em altos volumes, ou seja, logo após o começo da


expiração (dentro de 1 segundo); logo, o volume expiratório forçado no primeiro
segundo (VEF1) geralmente corresponde a mais de 70% da CVF. Em outras palavras, a
relação
VEF1/CVF é de cerca de 0,7 a 0,8, embora se reduza com a idade.

Fluxo expiratório forçado máximo (FEFmáx): representa o fluxo máximo de ar durante a


manobra de capacidade vital forçada. Esta grandeza também é denominada de pico de fluxo
expiratório (PFE).

Peak Flow = pico de fluxo

Fluxo = volume/tempo

Fluxo expiratório forçado médio (FEF x-y%): representa o fluxo expiratório forçado
médio de um segmento obtido durante a manobra de CVF; por exemplo FEF 25-75% é o
fluxo expiratório forçado médio na faixa intermediária da CVF, isto é, entre 25 e 75% da
curva de CVF.

Gráficos

Os resultados espirométricos devem ser expressos em gráficos de volume-tempo e fluxo-


volume

laudo de espirometria: linha para baixo = inspiração; linha para cima = expiração

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x = tempo; y = volume; a razão VEF1 / CVF, siginifca que a pessoa expirou x% do ar total no primeiro segundo;
no exemplo da imagem 0,91 significa que a pessoa expirou 91% de todo o ar no primeiro segundo;

no padrão obstrutivo, existe “algo” dificultando a saída de ar, o que induz uma maior resistência ao fluxo de ar; no
caso de enfisema, por exemplo, ocorre diminuição da retração elástica dos alvéolos, o que dificulta a saída de ar;
assim, nesse padrão observa-se dificuldade de saída do ar no inicio e um recuo elástico pulmonar prejudicado
(esse recuo prejudicado é visto pela “barriga” - porção côncava, ou seja , significa que o fluxo é baixo para
qualquer volume relativo - no gráfico fluxo x volume)

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no padrão restritivo, como fibrose pulmonar, o pulmão não expande bem, isto é, a complacência dos pulmões é
reduzida; logo, os volumes pulmonares são reduzidos e o fluxo é baixo; a dificuldade do ar não é sair, mas entrar,
então, a fase inicial é íngreme; além disso, a retração elástica aumenta, pois a complacência é baixa (lembrar que
elasticidade e complacência são opostas)

Em indivíduos normais e jovens, a relação VEF 1 /CVF é maior que 0,80; ou seja, pelo menos 80% da CVF são
expirados durante o primeiro segundo. Uma VEF/CVF de 75% seria mais comum em uma pessoa mais velha. Um
paciente com obstrução das vias aéreas causada por um episódio de asma (obstrução), por exemplo, pode
apresentar uma VEF /CVF muito abaixo de 0,80.

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PS: este gráfico começa da minha direita para a minha esquerda; para cima = inspiração e para baixo = expiração,
pois não é gráfico para laudo de espirometria; inicia-se com uma respiração corrente → inspiração máxima →
apneia → expiração forçada (CVF); 25% a 75% do ar que saiu está dentro do primeiro segundo (fluxo =
volume/tempo se o volume é maior quando comparado ao tempo, então, o fluxo é maior); ao traçar uma linha
entre os pontos que representam 25 e 75% observa-se que a linha encontra-se bastante íngreme em uma pessoa
normal.

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nesse caso, dentro do primeiro segundo a pessoa não consegue expelir uma grande quantidade de ar, assim, 25% a
75% passou do primeiro segundo (fluxo = volume/ tempo; se o tempo é maior quando comparado ao volume,
então, o fluxo é menor); ao traçar uma linha entre os pontos que representam 25 e 75% observa-se que a línha não
encontra-se íngreme, logo, não é normal.

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Na expiração, a fase de subida é dependente de esforço, ou seja, depende da musculatura e das vias aéreas pérvias;
enquando a descida depende da retração elástica pulmonar e é independente do esforço

As doenças restritivas, que implicam habitualmente uma retração elástica alveolar elevada, podem evidenciar um
PFE reduzido, pois a CPT está reduzida (não consegue grandes volumes pulmonares). A parte da curva que
independe do esforço é semelhante àquela obtida de uma pessoa com pulmões normais; na doença obstrutiva, há
dificuldade para saida de ar na fase de esforço (alta CRF, fica muito ar preso no pulmão) e na fase independente de
esforço forma-se uma “barriga” (porção côncava, ou seja, oque significa que o fluxo é baixo para qualquer volume
relativo) porque a retração elástica é prejudicada.

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A linha traçejada corresponde à uma linha de regressão, a qual diz a tendência de redução do fluxo por unidade de
volume. Então, no gráfico A, “(2.4)” significa que o fluxo tem uma tendência de reduzir 2.4 L/s a cada unidade
de litro; assim, no padrão obstrutivo a tendência 1.1 é menor porque a regressão elástica é comprometida, ou seja,
o fluxo reduz com maior dificuldade; já no padrão restritivo, com muita fibra e elasticidade, a regressão elástica é
maior, então, o fluxo reduz com facilidade, por isso reduz a 5.5 L/s a cada litro.

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Restritivo:

Dificuldade para o pulmão expandir = baixos volumes = baixa complacência = alta


retração elástica; como a fibrose pulmonar,

O aumento da retração elástica dos pulmões ocasiona uma redução de CRF, CPT, CV,
VRI e VRE, podendo inclusive reduzir o VR.

A capacidade pulmonar total (CPT) está reduzida, então, a CVF e o VEF 1 também
estão

A relação VEF 1/CVF está normal porque tanto VEF1 quanto CVF estão reduzidos,
visto que o pulmão tem um volume baixo e a pressão de retração alveolar está
aumentada.

Obstrutivo:

Presente nas condições em que há redução do fluxo aéreo expiratório, pelo aumento da
resistência nas vias aéreas e/ou pela perda do recuo elástico; como o enfisema e a

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brônquite crônica

baixa ou normal CVF; baixa VEF 1; baixa VEF 1 / CVF (VEF1 mais comprimetido do
que a CVF)

alto CRF, alto VR e alta CPT

se o ar tem dificuldade em sair, então, há aprisionamento do ar, o que aumenta VR


e CRF, como consequência.

O valor é referido de acordo com cada pessoa devido ao sexo, idade e estatura (variáveis
para equação dos valores previstos)

O envelhecimento irá se caracterizar por uma redução da CVF da ordem de 230ml por
década para homens e 160 ml por década para mulheres, enquando a redução do VEF1 é da
ordem de 280 ml por década para homens e 210 ml por década para mulheres. Assim, a
redução do VEF1 é maior que a do CVF, como consequência, há uma tendência para o

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padrão obstrutivo (reduz a relação VEF1 / CVF porque CVF fica maior quando comparado
ao VEF1) pois o envelhecimento leva à perda do parênquima pulmonar = perda da retração
elástica (processo enfisematoso)

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