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VENTILAÇÃO

MECÂNICA
COMENTADA
CONTEÚDO
ÍNDICE DE
1 FISIOLOGIA E MECÂNICA RESPIRATÓRIA

O que é ventilação pulmonar?

2 CONCEITOS BÁSICOS EM VM E AJUSTES DE

UM VENTILADOR

O que é impedância do sistema


pulmonar?

3
CONCEITOS SOBRE MEDOS VENTILATÓRIOS

BÁSICOS

O que são ciclos ventilatórios?

4 CONCEITO BÁSICOS DE CICLOS VENTILATÓRIOS

MECÂNICOS

O que é variável de controle?

5 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE VENTILAÇÃO MECÂNICA

As principais indicações para instalar a VM

6 CONCEITO BÁSICOS SOBRE DESMAME DA VM

O que é desmame?

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Parte 1
FISIOLOGIA E
MECÂNICA
RESPIRATÓRIA
O que é ventilação pulmonar?
1- O que é ventilação pulmonar?

Ventilação pulmonar é renovar o 3- O que é expiração?


ar dos pulmões. Ela acontece
A expiração é a saída de ar dos
através de dois mecanismos
pulmões. Ela pode se dar através
básicos, a inspiração e a expiração.
de um mecanismo passivo, ou
seja, sem gasto de energia. É o
2- O que é inspiração? que normalmente ocorre, pelo
A inspiração consiste na entrada simples relaxamento dos
de ar nos pulmões, através de um músculos, a caixa torácica volta a
mecanismo ativo, ou seja, com sua posição original, empurrando
gasto de energia. Quando um os pulmões que expulsam o ar do
impulso é gerado no centro seu interior.
respiratório do paciente, esse Porém também podemos ter a
impulso percorre os nervos e expiração ativa, que é aquela
provoca a contração dos músculos onde os músculos expiratórios se
inspiratórios, cujo principal é o contraem (além dos inspiratórios
diafragma. Esses músculos se relaxarem) para “fechar” a caixa
contraem abrindo a caixa torácica. torácica. Nesse caso temos gasto
de energia. A expiração ativa
A caixa torácica está ocorre em algumas situações
intimamente ligada aos pulmões como por exemplo no exercício
através de uma pressão negativa físico e em algumas patologias
(vácuo existente no espaço (provocando desgaste adicional
interpleural) e os pulmões, por do paciente e aumento de
serem constituídos de um tecido trabalhorespiratório).
elástico, acompanham a caixa
torácica abrindo-se também. Isso
4- Qual o objetivo da
provoca uma diferença de pressão ventilação pulmonar?
entre o interior dos pulmões e o Propiciar as trocas gasosas. A
meio ambiente (pressão inspiração oferta oxigênio para o
atmosférica), fazendo com que o corpo a fim de que possa haver o
ar entre nospulmões. metabolismo aeróbico, ou seja,
quebra da molécula de glicose na 5- O que é Ventilação
presença de O2 para armazenar
maior número de moléculas de
Mecânica (VM)?
ATP, que é o combustível utilizado
Ventilação mecânica é quando o
pelo corpo.
processo de entrada e saída de ar
dos pulmões é realizado total ou
O produto final dessa reação
parcialmente por equipamentos:
química é o gás carbônico, que
ventiladores mecânicos.
deve ser eliminado através da
Ela se faz necessária quando o
expiração. Se o gás carbônico não
paciente, por alguma razão, está
é eliminado adequadamente,
impossibilitado de manter sua
ocorre um acúmulo dele no corpo
ventilação pulmonar
que vai se traduzir por uma acidez
adequadamente.
respiratória, pois o gás carbônico
em meio líquido vira ácido É necessário utilizar uma
carbônico. Por isso, um dos interface para instalar a ventilação
indicativos de uma ventilação mecânica. Quando realizamos a
pulmonar inadequada é a intubação orotraqueal (IOT) com
alteração do pH sanguíneo um tubo endotraqueal ou
(acidez) e acúmulo de CO2 que realizamos a traqueostomia (TQT),
podem ser observados na fazemos uma VMI: Ventilação
gasometria arterial. As trocas Mecânica Invasiva. Quando a
gasosas são realizadas através da interface é uma máscara ou
interface alvéolo – capilar prong, realizamos a VMNI:
sanguíneo por simples difusão. Ventilação Mecânica Não-
Invasiva, ou simplesmente VNI ou
Metabolismo aeróbico: Glicose + até NIV (Non Invasive Ventilation).
O2 ® CO2 + H2O + Energia (ATP)

Gás carbônico em meio líquido:


CO2 + H2O ®H2CO3 (ác.
Carbônico)
Parte 2
CONCEITOS
BÁSICOS EM
VM E AJUSTES
DE UM
VENTILADOR
O que é impedância do sistema
pulmonar?
2- Conceitos Básicos em VM e ajustes de um
ventilador

6- O que é a impedância 9-O que é complacência


do sistema pulmonar? (C)?

São os componentes elásticos e Complacência é a quantidade


resistivos do sistema pulmonar de volume que o pulmão é capaz
como a elastância, a complacência de armazenar por unidade de
e a resistência. pressão. Quanto maior a
Ao introduzirmos a VM, a complacência, maior a
impedância interage com as capacidade de armazenar
determinantes do ciclo volume.
respiratório artificial.
A unidade da C é mL/cmH2O,
7- Quais são os 4 ou seja, quantos mL de volume
vão caber nesse pulmão por
determinantes do ciclo
cmH2O de pressão? Um pulmão
respiratório artificial OU que acomoda 50 mL/cmH2O é
variáveis de fase? mais complacente (“mais mole”,
menos elástico) do que um
São: fluxo, pressão, volume e pulmão que acomoda 10
tempo. mL/cmH2O (“mais duro”, mais
difícil de deformar, preciso
8 - O que é elastância? exercer força maior, ou seja,
É a capacidade que um tecido pressão maior para deformá-lo).
elástico possui de retornar ao seu
estado inicial após ser deformado. A C relaciona-se ao volume e à
Quanto mais difícil deformar um pressão de acomodação do ar
tecido elástico, maior é a sua nos pulmões, ou seja, a pressão
elastância. de platô.
A elastância é o inverso da
complacência.
10-O que é resistência (R)? 11-O que é fluxo?
Resistência é a obstrução à Fluxo é o deslocamento de um
passagem do ar. Ela se dá volume de uma mistura gasosa.
durante a passagem de fluxo de Se o deslocamento deste volume
ar pelas viasaéreas. estiver no sentido ventilador-
Quanto menor for o calibre das paciente é chamado de fluxo
vias aéreas, maior é a resistência inspiratório. Se o fluxo estiver no
(ex. broncoespasmo, edema, sentido paciente-ventilador,
secreção, presença de vias chamamos de fluxo expiratório.
aéreas artificiais como ET ou
TQT). Quanto maior for o fluxo de O fluxo também se relaciona
ar (maior quantidade de ar para ao tempo, pois o deslocamento
passar pelo mesmo calibre), de volume se dá por unidade de
maior é a resistência. tempo, por exemplo, litros por
minuto. Quanto maior o volume
Quanto maior for a resistência, deslocado por unidade de
mais difícil é a passagem do ar e tempo, maior é o fluxo. Desta
portanto, maior será a pressão forma, 50 L/min é um fluxo de ar
que o ar exercerá na parede das maior que 20 L/min ou lpm
vias aéreas. Normalmente, esta (litros por minuto). Em modos
pressão exercida durante a controlados a volume, um maior
passagem do ar é a maior pico de fluxo correlaciona-se
pressão que ocorre durante o com tempos inspiratórios
ciclo respiratório. Esta maior menores e maior pressão de
pressão é a pressão de pico ou o pico.
pico de pressão.
Em ventilação mecânica,
Podemos concluir assim que, a quando fazemos o ajuste do
pressão de pico reflete o grau de fluxo, não apenas determinamos
obstrução das vias aéreas. o valor, como também o formato
Existir um pico de pressão da onda de fluxo. Os formatos
diferente da pressão ajustada no mais comuns são quadrado e
ventilador é um fenômeno desacelerante (ou decrescente),
natural que ocorre durante a sendo que o
passagem do ar pelas vias
aéreas.
desacelerante é mais fisiológico, A pressão de platô está
porém para realizar a medida de relacionada ao volume de ar
resistência estática, é necessário acomodado nos pulmões e
estarmos com a onda de fluxo portanto à complacência e
quadrada durante uma pausa elastância pulmonar.
inspiratória. De acordo com o II Consenso de
Em ciclos controlados, um Ventilação Mecânica, para evitar
pico de fluxo entre 40 a 60 L/min o barotrauma devemos:
é, em geral, suficiente e deve-se
observar para que o pico de Evitar pressão de pico acima
pressão não ultrapasse 40 de 40-45 cmH2O
cmH2O. Evitar pressão de platô acima
de 30-35 cmH2O
12- O que é pressão? Evitar pressões acima do
Pressão é a força resultante da ponto de inflexão superior
interação entre o fluxo e a pela excessiva distensão
impedância do sistema alveolar
respiratório (vias aéreas artificiais
e sistema respiratório do 13- O que é fenômeno
paciente). de overshooting?
É a diferença entre a pressão de
Em outras palavras, é a força
pico e a pressão inspiratória final
que o gás imprime no sistema
(que é a pressão que mais se
respiratório durante a sua
aproxima do platô). A grosso
passagem pelas vias aéreas e a
modo, o fenômeno de
força que ele imprime aos
overshooting reflete o
pulmões após a sua
componente resistivo do
acomodação neste tecido
sistema.
elástico. A unidade de medida
É importante controlarmos
de pressão mais comum é em
este fenômeno, pois se ocorrer
cmH2O.
um pico de pressão muito
elevado, podemos provocar um
Durante a passagem do ar,
barotrauma (lesão pulmonar
podemos ter respostas
causada pelo excesso de
pressóricas diferentes de acordo
pressão).
com a resistência das vias aéreas.
14- O que é fenômeno Por isso, existe a preocupação
de overshooting? em proteger o delta pressórico
de maneira que a diferença
É a diferença entre a pressão
entre a pressão de platô e a
de platô (pressão inspiratória
PEEP não seja muito grande.
correspondente ao fluxo zero) e
a PEEP. A grosso modo, a driving O uso correto da PEEP exerce
pressure reflete o componente muitos benefícios, sendo os
elástico do sistema. principais: melhora da
Atualmente, driving pressure oxigenação, melhora das trocas
vem sendo muito estudada e gasosas, impede o colabamento
acredita-se ser o principal alveolar, diminui lesão pulmonar
parâmetro protetor contra induzida pelo ventilador
lesões, principalmente quando (protege o delta P), diminui
se trabalha em altos níveis trabalho imposto pela auto-
pressóricos, como por exemplo, PEEP, diminui resistência de vias
durante um recrutamento aéreas, abre atelectasias, ajuda
alveolar. na absorção de edemas.

15- O que é PEEP? Também a PEEP interfere no


PEEP é a pressão positiva ao funcionamento cardíaco, pois
final da expiração. Representa a diminui o retorno venoso (RV),
pressão exercida pelo volume de devido ao aumento de pressão
ar residual que permanece nos intratorácica, o que pode ajudar
pulmões mesmo após a como por exemplo em casos de
expiração. Sua função é evitar o Edema Agudo de Pulmão
colapso alveolar. Cardiogênico (onde eu desejo
reduzir o RV), ou prejudicar
A PEEP fisiológica é de como por exemplo em situações
aproximadamente 3 a 5 cmH2O. de hipovolemia, hipotensão e
Sabemos que a lesão alveolar choque (onde eu necessito
está bastante correlacionada aumentar o RV).
com o que chamamos de
hiperdistensão dinâmica. Isto
nada mais é do que o abrir e
fechar cíclico e brusco dos
alvéolos.
Devido a toda esta Isto ocorre em situações onde
complexidade de fatores, a o ar entra nos pulmões e na hora
escolha da PEEP ideal torna-se de sair, por alguma razão, não sai
ao mesmo tempo imprescindível por completo provocando o
e desafiadora ao corpo clínico acúmulo do gás.
quando à beira do leito do Este processo de saída
paciente. insatisfatória do ar com acúmulo
de gás (aumento da capacidade
Existem muitos protocolos que residual), pode ser chamado de
preconizam como encontrar a hiperinsuflação dinâmica e pode
PEEP ideal, muitos deles ocorrer em pacientes com
possuem limitações na dificuldade expiratória, exemplo
aplicação, pois envolvem DPOC, ou dependendo do ajuste
monitoração através de que fazemos no ventilador
tomografia ou bioimpedância, (sempre que houver como
que não são facilmente conseqüência a diminuição do
reprodutíveis na prática clínica. tempo expiratório).
Porém, há um método
preconizado no II Consenso 17- O que é volume?
Brasileiro de VM que sugere que
a PEEP ideal é a correspondente É a quantidade de determinada
ao ponto de inflexão inferior (de mistura gasosa em litros ou
uma curva PxV), mais 2 cmH2O. mililitros.
Quando estamos nos
18- O que é volume
referindo à ventilação mecânica
espontânea, podemos chamar a corrente (Vt)?
PEEP de CPAP (pressão
Também conhecido como
contínua em vias aéreas).
volume tidal, é a quantidade de
ar que circula nos pulmões a
16- O que é Auto-PEEP?
cada ciclo respiratório.
Chamamos de Auto-PEEP ou Pode ser dividido em Vti, volume
PEEPi (PEEP intrínseca), quando corrente inspiratório, que é a
ocorre um acúmulo de ar nos quantidade de ar que o
pulmões além do programado ventilador envia para o paciente
com a PEEP. durante a inspiração.
Necessariamente representa o Em termos gerais, normalmente
volume de ar nos pulmões, uma os ajustes iniciais são feitos na
vez que uma parte deste volume faixa de 6 a 8 ml/Kg, sendo a
foi perdido para o espaço morto média adotar 7 ml/Kg de peso,
do circuito, ou pode se perder com exceção da SARA, onde se
também através de vazamentos. costuma adotar a faixa de 4 a 6
Daí a importância de ml/Kg.
compensar o espaço morto do Daí a importância de trabalhar
circuito e de identificar a com pesos ideais corporais e não
presença de vazamentos no pesos reais. Ajustes
circuito (através do SST). subseqüentes devem ser feitos
Vte é o volume corrente baseando-se inicialmente na
expirado, é considerada a PaCO2, sempre monitorando os
medida mais precisa para valores de pico de pressão para
monitorar o volume corrente. prevenir barotraumas.
Em situações normais, um
adulto possui um volume 19- O que é volume
corrente médio de 500mL. minuto?
De acordo com o II Consenso de É a quantidade de ar que circula
Ventilação Mecânica, para evitar nos pulmões durante 1 minuto. O
o volutrauma (trauma causado volume minuto corresponde ao
pelo excesso de volume nos produto do Vt pela frequência
pulmões) devemos: respiratória (f), e representa um
dos principais determinantes da
Usar volumes correntes de 8
ventilação alveolar.
a 10 ml/Kg de peso ideal;
Na SARA, usar entre 4 a 7 Em condições normais o volume
ml/Kg; minuto é de 6 a 8 L.
Na asma brônquica, entre 5 e
7 ml/Kg; 20- O que é tempo?
No DPOC, entre 5 e 8 ml/Kg. O tempo é o fator que
determina a direção do fluxo de
gases, expresso em segundos.
O tempo inspiratório (t ins) é o Em VM podemos dividir a
tempo em que o fluxo está indo frequência em f mandatórias e f
do ventilador para o paciente. O espontâneas. às f mandatórias
tempo expiratório (t ex) é o correspondem às f disparadas
tempo onde o fluxo está indo do pelo ventilador independente da
paciente para o ventilador. Em vontade do paciente. As f
situações normais, o tempo espontâneas correspondem as f
inspiratório de um adulto é em iniciadas pelo paciente.
média 1 segundo, variando entre A f total (f tot) corresponde a
0,8 a 1,2 segundos. somatória da f mand + f espont.
O tempo total (t tot)
corresponde ao tempo total de Em situações normais, adultos
cada ciclo respiratório, e possuem uma f média de 12 a 16
portanto é a soma do t ins e t ex. irpm.
T tot = t ins + t ex.
O tempo total, ou seja, o tempo Em ventilação mecânica,
total do ciclo, em VM, pode ser aceitamos f mais altas, porém a f
determinado pela frequência alta pode ser um sinal de
respiratória. desconforto respiratório. Para
confirmar este desconforto,
temos que associar a f alta a
21-O que é freqüência outros fatores, como por
respiratória? exemplo, sinais de dispneia
Frequência respiratória exprime como por exemplo sudorese,
quantas vezes o paciente respira batimento de asa de nariz (BAN),
por minuto. Sua unidade de tiragens intercostal (TIC),
medida é o irpm (incursões subdiafragmática (TSD) e
respiratórias por minuto) ou supraclavicular (TSC), respiração
simplesmente ipm. Determinar paradoxal, alterações
a frequência em ventilações hemodinâmicas e de gasometria
controladas implica em basicamente.
determinar o tamanho do ciclo
respiratório.
Quando ajustamos a f, temos Nessa situação, a relação I:E é de
que tomar cuidado, pois 1/4 (lê-se 1 para 4), ou seja, 1/4 do
podemos provocar Auto-PEEP tempo total é gasto para inspirar
se colocarmos uma frequência e os 3/4 restantes são usados
alta a ponto de não permitir o para expirar.
esvaziamento pulmonar até o Normalmente a expiração é
nível da PEEP determinada. Isso um processo mais demorado
provocará um acúmulo de ar que a inspiração, sendo em
exagerado nos pulmões, situações normais, sob
caracterizando a Auto-PEEP. De respiração espontânea
acordo com o II Consenso de VM, respiramos com Rel I:E de 1:1,5 a
f acima de 20 irpm, podem 1:2.
causar auto-PEEP e, portanto, é Em ventilação mecânica a Rel I:E
necessário ter critério para pode sofrer influência de
realizar este ajuste. diversos parâmetros.
Se estivermos em VCV ela
22-O que é Relação I:E? dependerá dos ajustes de Vt, f,
A relação I:E indica uma relação Fluxo inspiratório e pausa
de tempos entre o t ins e o t ex. inspiratória ajustada. Se
Vamos dar um exemplo para estivermos em PCV podemos
compreender todas as relações ajustá- la diretamente, ou então
de tempo. ela será uma consequência dos
ajustes de f e tins.
Ex: Em situações normais, um
adulto respira 12 vezes em um Quanto à aplicação clínica da
minuto, portanto sua f =12 irpm. Rel I:E, podemos salientar que
damos preferencia por
Se dividirmos 1 minuto, ou aumentar a Rel para 1:3, 1:4 ou
melhor, 60 segundos pela sua f, mais em pacientes com
saberemos qual é o t tot. 60/12 = obstrução ao fluxo expiratório,
5, portanto o t tot, ou o tempo hiperinsuflação e presença de
total do ciclo respiratório é de 5 auto-PEEP, à fim de aumentar o
segundos. tempo de exalação.
Como o tins é, em média 1
segundo, concluiremos que o t
ex é de 4 segundos.
Já em pacientes que desejamos É importante saber que, o O2
aumentar o tempo de trocas quando em excesso, tem efeitos
gasosas, melhorar a oxigenação tóxicos no organismo e pode
e a hipoxemia, podemos ajustar causar vários danos, como por
a rel em 1:1 ou até mesmo exemplo, depressão do estímulo
trabalhar com a Rel I:E invertida, respiratório, lesão de tecidos
onde permitiremos tempo (inclusive do tecido pulmonar),
inspiratório maior que o tempo atelectasias de absorção (são
expiratório, como exemplo no possíveis de ocorrer em FiO2
modo APRV. maiores que 50%), depressão dos
sistemas de defesa mucociliar e
A principal consequência de
leucocitário.
inverter esta relação é o acúmulo
de CO2, o que pode alterar o pH Quando se trata de pacientes
sanguíneo, provocando neonatais, a toxicidade do
acidemia. Por isso, também é oxigênio se torna ainda mais
necessário ter critério e clareza drástica, uma vez que os tecidos
quanto aos objetivos da ainda estão em formação. Os
estratégia ventilatória principais efeitos deletérios são
empregada e pesar o risco- lesões pulmonares como a
benefício para todo e qualquer displasia broncopulmonar, pois
ajuste que fazemos em VM. os pulmões em crescimento são
mais sensíveis à toxicidade do
23-O que é FiO2? que o pulmão de um adulto.
É a Fração Inspirada de
Nestes pulmões em crescimento
Oxigênio. O ar ambiente é uma
expostos à hiperóxia, pode
mistura de gases onde a
causar lesão celular por liberação
concentração de oxigênio é de
de radicais livres levando assim à
21%. Por isso, o ajuste da
displasia. Além disso, é muito
concentração de O2 inspirado
comum ocorrer a retinopatia da
pode variar de 21% (igual ao ar
prematuridade (fibroplastia
ambiente) até 100% onde o
retroclistalina) que nada mais é
paciente respira O2 puro.
do que a lesão da retina do
neonato
provocada pela administração sempre que possível, manter a
em excesso do O2. Nesses casos, FiO2 < 40% e somente em casos
ocorre a vasoconstrição retiniana extremos utilizarmos FiO2
e necrose dos vasos sanguíneos, maiores que 60%.
levando à formação de novos Devemos recebê-los em
vasos em maior quantidade, o ventilação com 100% de FiO2 e
que provoca a formação de após 30 minutos reduzir
cicatrizes atrás da retina, gradativamente este valor
podendo causar cegueira em objetivando alcançar o
prematuros. preconizado acima.
Além disso, a hiperóxia pode Em neonatos, devemos
gerar efeitos cardiovasculares monitorar constantemente a
deletérios como o fechamento gasometria e oximetria de pulso,
prematuro do canal arterial em visando sempre manter uma
lactentes portadores de PaO2 (pressão arterial de O2 a
cardiopatias congênitas canal través de gasometria) entre 60 e
dependente, áreas de atelectasia 80 mmHg, com uma saturação
de reabsorção e até mesmo de 88% a 92% com a menor FiO2
hemorragias possível. Não devemos
perintraventriculares (cerebrais). ultrapassar o valor de PaO2 de
140 mmHg e evitar ao máximo
Por isso, como já discutimos utilizar FiO2 maiores que 40%.
previamente, os ajustes destes
Para controlar esse aumento
parâmetros devem ser adotados
na FiO2, temos que considerar
com critérios e sempre
outras técnicas que auxiliam na
considerando o melhor risco-
melhora da oxigenação sem
benefício.
precisar necessariamente ofertar
Preconiza-se para os adultos, mais oxigênio, como por
manter sempre a menor FiO2 exemplo, mudanças de
possível para obter uma decúbito, otimização da PEEP,
saturação arterial de O2 (vista buscar melhorar a relação
pela gasometria) SaO2 ou uma ventilação/perfusão, ventilação
saturação periférica de O2 (vista prona, considerar a
através de oximetria de pulso) administração de surfactante
SpO2 > 90%, sendo que (para prematuros), entre outros,
principalmente para neonatos.
24- O que é FAP% ou Rise atingir o valor de PC=10 serão os
0,50 segundos iniciais, desta
Time? forma estarei fazendo uma curva
FAP% ou controle do tempo de de inclinação suave com
subida ou Rise Time% é um grandes possibilidades de
recurso disponível para os compensação do overshoot.
modos pressóricos que nos Se, para a mesma situação eu
permite ajustar a velocidade do determinar um FAP% de 100%,
fluxo inspiratório com o intuito estou fazendo com que o fluxo
de ajustarmos a rampa de de entrega seja extremamente
subida da curva de pressão e rápido, pois deverá ser mantida a
consequentemente, ajustarmos PC=10 durante todo o 1 segundo
o formato da curva de pressão. inspiratório, desta forma estarei
Este ajuste é feito da seguinte fazendo uma curva quadrada
forma, na realidade, o que nós com grandes chances de
ajustamos é uma porcentagem acontecer o overshoot.
do tempo inspiratório no qual eu Em contrapartida, se programar
desejo que a pressão controlada FAP%= 1%, estarei fazendo um
seja mantida e portanto, o fluxo lento, pois permanecerei
restante do tempo é no qual todo o tempo inspiratório
deverá acontecer a subida da elevando a pressão, somente
curva de pressão. Por exemplo, atingindo a PC=10 no instante
estou em modo A/C – PCV, com final, antes de ciclar o ventilador.
PC = 10 cmH2O, tins= 1 segundo. Desta forma estarei fazendo
uma rampa de subida da curva
Se eu ajustar o FAP% em 50%,
de pressão bem inclinada, sem
estou determinando que quero
apresentar overshoot, porém
que nos últimos 0,50 segundos a
com possibilidades de causar
pressão se mantenha em 10,
desconforto por “sede de fluxo”
portanto a velocidade do fluxo
ou gasping.
será moderada de maneira que
o tempo que vai demorar para
sair do valor de PEEP e
O maior objetivo deste recurso No 840 este fenômeno não
é fornecer conforto para o ocorrerá, pois uma vez ajustado
paciente, ajustando a entrega de o FAP% onde determinamos
fluxo e a subida da pressão de uma curva P ideal de pressão e
maneira que ele se sinta um DP ideal, o que será fixado
confortável e também de como constante será a curva
segurança, prevenindo o ideal de pressão.
fenômeno de overshoot mesmo Se ocorrerem alterações na
que ocorram alterações da resistência (como por exemplo
mecânica respiratória do um BCE – broncoespasmo ou
paciente. É importante ressaltar acúmulo de secreções ou
que outros equipamentos, uma presença de rolha na cânula), o
vez ajustado o tempo de subida, 840 automaticamente regulará
fixam o fluxo como uma o fluxo de maneira que se
constante, portanto, se mantenha o DP e portanto que o
ocorrerem alterações na paciente esteja em segurança.
mecânica do pcte, como o Se ocorrerem alterações na
aumento da resistência, poderá resistência (como por exemplo
agravar um overshoot existente um BCE – broncoespasmo ou
podendo até mesmo provocar acúmulo de secreções ou
um barotrauma, pois R = DP / presença de rolha na cânula), o
Fluxo (resistência = delta de 840 automaticamente regulará
pressão sobre o fluxo), por isso, o fluxo de maneira que se
se aumentar a R e o Fluxo é mantenha o DP e portanto que o
constante, a resultante será um paciente esteja em segurança.
aumento na Pressão que poderá
Logicamente que a resposta à
corresponder a um barotrauma.
curva de pressão vai depender
No 840 este fenômeno não do sistema respiratório do
ocorrerá, pois uma vez ajustado paciente, no entanto, com um
o FAP% onde determinamos ajuste inicial de FAP% de 50 a
uma curva ideal de pressão e um 70%, normalmente é adequado
DP ideal, o que será fixado como para fornecer o conforto e
constante será a curva ideal de principalmente a segurança, até
pressão. mesmo porque,
uma vez determinado esse
parâmetro, se ocorrerem P vent = Pressão do
alterações, o 840 irá se auto- ventilador (trabalho do
regular de maneira que se ventilador, pressão positiva)
mantenha o conforto e a
segurança do paciente. R = resistência do sistema
respiratório do paciente
Este recurso é especialmente
importante para neonatologia, F = Fluxo
pois neste tipo de pacientes,
temos cânulas extremamente E = Elastância do sistema
finas e portanto muito respiratório do paciente
resistentes e normalmente os (inverso da Complacência)
neonatos são hipersecretivos e
fazem rolhas de secreção com V = Volume
muita facilidade.
Por isso, qualquer pequena A Pmus, R e E são variáveis que
alteração que ocorra no não podemos controlar, uma vez
diâmetro interno das cânulas que são inerentes ao paciente.
terá um grande impacto na As variáveis que podemos
resistência, que têm um impacto controlar no ventilador são
na quarta potência na resposta Pvent, V e F, porém, não
em pressão. podemos controlar estas 3
variáveis ao mesmo tempo.
25-Escreva a equação do A interação entre estes itens, em
movimento e comente. ventilação mecânica tradicional,
ocorre da seguinte forma:
A equação do movimento é:
controlamos um dos lados da
P mus + P vent = (R x F) + (E x V) equação e o outro lado torna-se
uma consequência da
impedância do sistema
Onde:
respiratório do paciente.
P mus = Pressão muscular
(trabalho do paciente,
pressão negativa)
Ou seja, se ventilarmos a
pressão, eu controlo Pvent,
portanto o V e o F obtido serão
uma consequência da R e C do
paciente.
Quanto mais complacente for o
pulmão, maior a quantidade de
gás que caberá nele para a
pressão programada e vice-
versa.

Se ventilamos à volume,
controlamos o V e o F, portanto
agora é a pressão que será uma
consequência do volume
programado. Quanto menor a C
do paciente, maior será a
pressão resultante. Já quanto
maior for R, maior será a pressão
de pico registrada.
Além disso, podemos observar
que a C está relacionada com o V
e que a R está relacionada com o
F.
Parte 3
CONCEITOS
BÁSICOS DE
CICLOS
VENTILATÓRIOS
MECÂNICOS
O que são ciclos ventilatórios?
3- Conceitos básicos de ciclos ventilatórios
mecânicos

29-O que é sensibilidade ?


26- O que são ciclos
A sensibilidade é o esforço
ventilatórios? despendido pelo paciente para
Os ciclos ventilatórios são disparar uma nova inspiração
definidos como a repetição assistida pelo ventilador. Em
fásica e regular dos outras palavras, é como o
determinantes da função ventilador é capaz de detectar o
respiratória (pressão, fluxo, esforço do paciente para poder
volume e tempo), que poderão atendê-lo, iniciando a inspiração.
ser gerados pela atividade do
centro respiratório do paciente O ajuste da sensibilidade se
(ciclos espontâneos), ou do faz a fluxo ou a pressão, uma vez
ventilador mecânico (ciclos que o disparo por tempo
mandatórios). independe da vontade do
paciente. É essencial que o
27- Quais são os 3 ajuste da sensibilidade esteja
principais conceitos da adequado, pois se a
fase inspiratória? sensibilidade estiver muito alta,
ou seja, com valores menores, o
São: disparo, limite e ciclagem. ventilador irá se autociclar, pois
ele interpretará qualquer
28- O que é disparo ou interferência como um esforço
trigger? respiratório.
Em contrapartida, se a
É o mecanismo que ativa o sensibilidade estiver muito baixa
ventilador e inicia a fase (valores maiores), poderá
inspiratória. As variáveis de aumentar o trabalho do
disparo mais comum são tempo, paciente, pois ele precisará fazer
pressão e fluxo. um esforço muito grande para
que o ventilador “entenda que
ele quer respirar”.
30- O que é disparo a Através do ajuste da
sensibilidade ou trigger de
tempo? pressão, determinamos um valor
É um modo controlado de de pressão negativa que, se o
disparo pois independe da paciente atingir esse valor pré-
vontade do paciente. Ao determinado resultante de um
ajustarmos a frequência esforço muscular, o ventilador irá
respiratória, determinamos o disparar.
tempo total do ciclo. Ao terminar
o tempo total do ciclo, um novo 32- O que é disparo por
ciclo se iniciará
fluxo?
independentemente da vontade
do paciente. Por isso, os ciclos Através do ajuste de
controlados são disparados por sensibilidade ou trigger de fluxo,
tempo através do ajuste da f. quando um esforço muscular do
paciente desloca um fluxo de ar
31-O que é disparo por dentro do sistema fechado e
pressão? atinge o valor pré-configurado, a
válvula inspiratória se abre e
É um modo controlado de
inicia um novo ciclo, ou seja,
disparo pois independe da
dispara.
vontade do paciente. Ao
ajustarmos a freqüência
A Puritan Bennett criou um
respiratória, determinamos o
sistema de fluxo constante
tempo total do ciclo. Ao terminar
chamado de flow by que
o tempo total do ciclo, um novo
melhorou significativamente o
ciclo se iniciará
tempo de resposta do trigger de
independentemente da vontade
fluxo. Em situações normais,
do paciente. Por isso, os ciclos
ajustamos o trigger de fluxo de 3
controlados são disparados por
a 4 L/min para o adulto e 1 a 2
tempo através do ajuste da f.
L/min para neonatos
33- O que é flow by e 34- Comente os tipos de
como funciona o disparo disparo incluindo outras
por fluxo do 840 tentativas de se melhorar
o tempo de resposta dos
Flow by é um fluxo constante
que sai do ramo inspiratório em ventiladores.
direção ao ramo expiratório. No Explicando de maneira mais
840, ele é ajustado simples, quando um paciente
indiretamente através do intubado “deseja” respirar e
recurso: trigger de fluxo. O flow portanto inicia um movimento
by sempre será 1 L/min a mais do inspiratório através da contração
que ajustamos do trigger de muscular, ele gera uma pressão
fluxo e sempre que chegar 1 negativa e ao mesmo tempo
L/min ou menos na válvula mobiliza um fluxo em direção
expiratória do ventilador, ele irá contrária (inspiratória, durante a
disparar. fase expiratória). O ventilador
Por exemplo, se ajustarmos o pode perceber essa iniciativa
trigger de fluxo em 3 L/min, sairá inspiratória de várias formas.
do ramo inspiratório 4 L/min. Se O grande desafio é fazer com
o paciente fizer um esforço e que o ventilador perceba e
mobilizar 2 L/min, chegará na responda rapidamente à
válvula expiratória 2 L/min e o solicitação do paciente. A isso
ventilador não dispara. Agora, se chamamos de tempo de
o paciente fizer um esforço e resposta.
mobilizar 3 L/min, chegará 1
Através da sensibilidade de
L/min na válvula expiratória e o
pressão, o ventilador irá perceber
ventilador então responderá
a pressão negativa que indica
enviando uma nova inspiração
que houve uma contração
ao paciente. Por isso, podemos
muscular, ou seja, um desejo de
compensar os vazamentos com
respirar.
este recurso que pode ser
ajustado até 20 L/min.
O disparo por fluxo associado ao Atualmente temos o NAVA –
sistema de flow by apresenta um Ventilação Neural Assistida da
tempo de resposta mais rápido e Maquet que visa captar a
portanto é mais fisiológico do condução elétrica no nervo,
que comparado ao trigger de antes de iniciar a contração
pressão, pois reduz o trabalho muscular e com isso ter tempo
respiratório do paciente para de resposta mais rápido. O
iniciar a inspiração e diminui a tempo de resposta do Servo I é
assincronia paciente-ventilador de 120 ms, o tempo de resposta
em termos de disparo. de NAVA é de 50 ms. Porém esse
Temos também o disparo por método é invasivo. É necessário
bioimpedância, onde são passar um cateter (uma sonda
instalados eletrodos na pele nasogástrica) que, na sua
sobre os músculos inspiratórios, extremidade, possui 10
principalmente na região receptores (como eletrodos)
diafragmática (parecidos com os para detectar a condução
eletrodos de eletrocardiograma), nervosa.
com o intuito de detectar a
O primeiro receptor detecta o
atividade elétrica muscular ao
ECG (Eletrocardiograma) e os
iniciar a contração e interpretar
outros 9 receptores detectam o
como um desejo de respirar.
Este modo de disparo foi impulso nervoso do diafragma. O
utilizado em neonatologia ajuste do NAVA é chamado de
devido à necessidade de tempos NAVA LEVEL e é ajustado em
de resposta mais rápidos para cmH2O/microvolt. O cálculo da
este tipo de paciente. Porém o Pins é: Pins = Microvoltagem da
método não vingou com muito contração x NAVA LEVEL + PEEP
sucesso, uma vez que há várias Ou seja, se for ajustado 1,5
formas de interferência neste cmH2O/microvolt e a PEEP=5, se
sistema (como a própria for detectado 10 microvolts a
atividade elétrica cardíaca) e Pins será: Pins= 10 x 1,5 + 5 =20
dificuldade de correto cmH20.
posicionamento dos eletrodos.
Estes foram os principais
limitadores do método.
Se na próxima contração houver Possíveis desvantagens do
a microvoltagem de 5 microvolts método: O ajuste da ajuda em
a Pins será de 5 x 1,5 +5 = 12,5 NAVA pode não corresponder à
cmH2O. Desta forma, haverá necessidade do centro
uma PS variável, porém esta respiratório do paciente, uma
variação terá valores pré- vez que o ajuste do NAVA LEVEL
determinados pelos clínicos e poderá superestimar este valor
não pelo centro respiratório do (provocando atrofia muscular)
paciente, pois se para o exemplo ou subestimar este valor
citado acima, o clínico ajustar 2 (levando à fadiga do paciente).
cmH2O/ microvolt, agora, para o
Além disso, não há um novo
mesmo nível de contração
conceito em desmame
diafragmática o paciente
ventilatório, podendo então ser
receberáa Pins de 10 x 2 + 5
considerada a NAVA como uma
= 25 cmH2O e Pins = 5 x 2 + 5 = 15
pressão de suportemelhorada.
cmH2O.
A NAVA também não é capaz de
O NAVA LEVEL é ajustado
detectar alterações da mecânica
baseando-se no nível de pressão
respiratória do paciente,
de suporte que nós julgamos
portanto, não compensa
adequado. O trigger em NAVA é
automaticamente as possíveis
ajustável de 0 a 2,0 microvolts e
alterações da necessidade
a ciclagem é automática de 40 a
ventilatória do paciente de
70% do pico do sinal neural.
maneira dinâmica. No suposto
Possíveis vantagens do método: caso de ocorrer uma alteração
é uma PSV que pode variar com na resistência do paciente,
o esforço do paciente com um ocorrerá um aumento do
tempo de resposta mais rápido trabalho respiratório e então
do que PSV convencional, ocorrerão mais microvolts de
propiciando portanto maior contração, porém, talvez o nível
sincronia. de cmH2O/microvolts ajustado
seja insuficiente e necessite de
uma intervenção do clínico para
aumentá-la.
O nível de ajuda de NAVA não através de seu fluxo inspiratório
considera a resistência da via a cada 5 ms, com tempo de
aérea artificial, sendo assim resposta de 58 a 80 ms.
necessário que o clínico a Porém, esta pressão de suporte
considere durante o seu ajuste e não varia somente em função da
tente escolher o nível necessário demanda do paciente, mas
para compensá-la. também com a mecânica
Outra potencial desvantagem respiratória (complacência e
do método é o fato de ser resistência), pois é capaz de
invasivo e de necessitar de detectar de maneira dinâmica
pessoas muito bem treinadas alterações da mesma através de
para a passagem do cateter. Este microplatôs de 300 ms, que
cateter precisa estar muito bem ocorrem aleatoriamente entre 4
posicionado para não receber e 10 irpm.
interferências de, por exemplo, Portanto a pressão de suporte
condução cardíaca, contração da de PAV + se auto-regula a cada
musculatura lisa adjacente incursão respiratória baseada
(sistema digestivo, vias aéreas em todas estas variáveis:
superiores). Há inclusive a demanda do centro respiratório
possibilidade de receber e mecânica respiratória (C e R),
interferências com a passagem sempre compensando a
de alimentação pela sonda. resistência imposta pela via
aérea artificial (possui algoritmo
Como é um método novo, de TC incorporado).
iremos saber se cairá no mesmo
problema da bioimpedância e se O nível de ajuda em PAV+ é a
será um método realmente porcentagem de trabalho
reprodutível na rotina da UTI. respiratório que será feita pelo
ventilador, portanto, o comando
OBSERVAÇÃO: dos parâmetros ventilatórios
PAV PLUS é um modo será regulado pelo centro
ventilatório que também fornece respiratório do paciente e
pressões de suporte variáveis, de somente nós ajustaremos a
acordo com a demanda do porcentagem de trabalho que o
paciente medida ventilador descarregará do
paciente para atender à essa
demanda.
Poderemos, portanto, regular (o modo ventilatório é invasivo
um nível de trabalho respiratório pois utiliza tubo ET ou TQT,
ótimo, onde o paciente utilize a porém é de monitoração e
sua musculatura de maneira que funcionamento não-invasivos).
não faça pouco trabalho, com
riscos de atrofiar sua
35-O que é limite?
musculatura, e nem que faça Limite é um inibidor do
trabalho em excesso, podendo ventilador. Se atingido o valor do
entrar em fadiga. Isso ocorre pois limite, o ventilador para de
conseguimos monitorar o fornecer a ventilação (abortar o
trabalho respiratório em tempo ciclo). Sua principal função é a
real. proteção do paciente.
PAV+ traz um novo conceito
em desmame ventilatório, que é Os principais limites existentes
devolver já nas fases iniciais de são de pressão (para proteger
desmame, o controle dos contra barotrauma) e de volume
parâmetros ventilatórios ao (para proteger contra
centro respiratório do paciente e volutrauma). Também temos
somente desmamar o nível de limite de tempo inspiratório
ajuda do ventilador em trabalho, longo, que serve para nos casos
ou seja, gradativamente, onde há dificuldade na ciclagem,
estaremos tornando o paciente principalmente nas espontâneas
mais “responsável” pela própria que ciclam a fluxo na presença
ventilação, até que ele tenha de vazamentos (exemplo em
condições de manter a sua NIV), impedir que o paciente
ventilação sem precisar de faça tempos inspiratórios muito
nenhuma ajuda do ventilador, longos e fique desconfortável na
sendo então o momento de ventilação.
extubar opaciente. Em linhas gerais, o limite de
pressão deve ficar ajustado de
PAV PLUS ainda possui a grande 40 a 45 cmH2O para o adulto, 30
vantagem de não necessitar da a 35 cmH2O para neonatologia e
introdução de nenhum cateter o limite de volume não deve
ou sonda, sendo portanto ultrapassar a 10 mL/Kg de peso
considerado, não-invasivo ideal corporal.
36-O que é ciclagem? É uma forma de ciclagem onde
a pressão máxima a ser atingida
Ciclagem é a variável que é pré- programada e alcançada,
determina o término da fase dependendo de um fluxo
inspiratória, permitindo que o também pré-ajustado. Desta
paciente expire. As principais forma, com o ajuste de fluxo e de
variáveis de ciclagem são: pressão, o volume gerado é
volume, pressão, tempo ou fluxo. resultante e seu valor depende
também das características do
37-O que é ciclagem por pulmão como complacência e
volume? resistência. Este tipo de ciclagem
Nesse modo, o ventilador é muito pouco usado, como
interrompe a inspiração, ou seja, exemplo citamos a ciclagem do
cicla quando o volume escolhido Bird Mark 7.
é alcançado. Pelo fato de haver a
necessidade de programar um
39- O que é ciclagem por
volume de gás, a velocidade da tempo?
entrada deste também deve ser Nesta forma de ciclagem, uma
ajustada. Em outras palavras, pressão constante é pré-
precisamos ajustar o volume e o programada nas vias aéreas e
fluxo. permanece constante por um
A pressão nas vias aéreas não é tempo predeterminado. A
predeterminada e será uma ciclagem da máquina então se
consequência desse ajuste: dá ao término do tempo
proporcional ao volume e fluxo inspiratório ajustado.
ajustado e à resistência das vias
aéreas e inversamente Desta forma, ajustamos a
proporcional à complacência do pressão e o tempo inspiratórios.
sistema. Este tipo de ciclagem O volume e o fluxo não são
ocorre nos modos controlados e programados e tornam-se
assistidos por volume. consequência dos ajustes de
pressão, do tempo ins e da
38- O que é ciclagem à impedância do paciente. Esta
pressão? ciclagem ocorre nos modos
controlados e assistidos por
pressão.
40-O que é ciclagem por Este é um recurso que ajuda a
compensar a ciclagem na
fluxo (Sensibilidade presença de vazamentos e
expiratória / Esens)? também tem aplicações clínicas.
Durante a inspiração ocorre um Por exemplo, um paciente
pico de fluxo inspiratório, que é DPOC, que necessita de tempos
livre, ou seja, não é ajustado. inspiratórios curtos e tempos
Após a ocorrência deste pico, o expiratórios mais longos para
fluxo vai caindo e ao se atingir minimizar a Auto-PEEP,
uma porcentagem pré- deveremos elevar a Esens (cujo
configurada deste pico, ocorrerá ajuste máximo no 840 é de 80%).
a ciclagem. Já em pacientes que eu desejo
prolongar o tempo ins, eu ajusto
Por exemplo, durante a Esens menores, sendo que o
inspiração, ocorreu um pico de ajuste mínimo no 840 é de 1%.
fluxo inspiratório de 100 L/min. Em ventiladores mais simples,
Como a sensibilidade expiratória este ajuste é fixo em 25%.
ajustada está em 25%, quando o
Esta é a forma de ciclagem dos
pico atingir 25% de 100 L/min, ou
modos espontâneos de
seja, 25 L/min, a válvula
ventilação, por exemplo, da
expiratória se abrirá permitindo
pressão de suporte e do tube
a exalação do paciente. Desta
compensation, tanto em SIMV,
forma, indiretamente estamos
como em CPAP ou em Bilevel
regulando o tempo inspiratório
para ambos. Já para o PAV+,
do paciente, pois se para este
ocorre o mesmo princípio,
mesmo exemplo, colocássemos
porém não ajustamos a
a Esens = 80%, ao atingir 80
porcentagem do pico de fluxo e
L/min ciclaria. Ou seja, uma
sim, ajustamos diretamente
pequena queda de 100 para 80
quantos L/min eu desejo que
L/min, portanto o ventilador
cicle. Este ajuste ocorre de 1 a 10
interrompe a inspiração antes e
L/min, sendo o ajuste inicial em 3
faz um tempo inspiratório mais
L/min.
curto.
41-Comente sobre a fase
expiratória
Os ciclos espontâneos são os
A fase expiratória corresponde ciclos gerados pela atividade do
à exalação do paciente, onde há centro respiratório do paciente,
a inativação do ventilador podem ser controlados
mecânico. Ela se inicia com a
ciclagem do ventilador e termina pelo ventilador (exemplo pressão
com o disparo de um novo ciclo de suporte) ou pelo paciente
e a sua duração é o tempo (exemplo TC e PAV+) e são
expiratório. A expiração ocorre finalizados pelo ventilador.
passivamente, ou seja, o recuo Portanto eles disparam por
elástico do pulmão é o pressão ou fluxo (métodos para
responsável por eliminar o disparar ao detectar o esforço do
volume de ar adquirido durante paciente) e ciclam por fluxo
a inspiração, sem necessitar, (Esens).
salvo em algumas condições, do Os volumes e fluxos exalados
uso da musculatura expiratória. refletem com maior precisão as
A válvula expiratória é a condições basais da mecânica
responsável por manter a PEEP. ventilatória do paciente e as
O 840 possui uma válvula alterações da mesma, exemplo
expiratória ativa. auto-PEEP e alterações da
Os volumes e fluxos exalados impedância das vias aéreas.
refletem com maior precisão as
condições basais da mecânica 43-O que são ciclos
ventilatória do paciente e as mandatórios ou
alterações da mesma, exemplo controlados? Como eles
auto-PEEP e alterações da
impedância das vias aéreas.
disparam e ciclam?
42- O que são ciclos Os ciclos mandatórios são
gerados, controlados e
espontâneos? Como eles finalizados pelo ventilador
disparam e ciclam? mecânico, independente do
esforço do paciente.
Portanto eles disparam por
tempo, através do ajuste da
frequência respiratória e podem
ciclar por tempo, se forem
controlados por pressão; ou
ciclarem por volume, se forem
controlados por volume.
Os ciclos controlados também
podem ser acionados, se durante
uma ventilação espontânea o
paciente fizer um período de
apnéia. É o que chamamos de
back up de apnéia.

44- O que são ciclos


assistidos? Como eles
disparam e ciclam?
São ciclos iniciados pelo paciente
através da sua atividade
neuromuscular e controlados e
finalizados pelo ventilador. Em
outras palavras, é um ciclo
controlado que se inicia com o
esforço do paciente, por isso ele
pode disparar por fluxo ou
pressão e vai ciclar por tempo ou
volume, dependendo da variável
de controle.
Se for controlado a pressão, vai
ciclar por tempo e se for
controlado por volume vai ciclar
por volume.
Parte 4
CONCEITOS
SOBRE MODOS
VENTILATÓRIOS
BÁSICOS
O que é variável de controle?
4- Conceitos sobre modos ventilatórios básicos

45- O que é variável de Ciclagem: para ciclos


mandatórios e assistidos é
controle? tempo, ciclos espontâneos é
Variável de controle é a que se fluxo.
mantém constante durante toda Principais ajustes: pressão
a fase inspiratória, inspiratória e tempo inspiratório.
independentemente das Vantagem: o controle da pressão
alterações que possam ocorrer protege contra barotrauma.
na complacência e resistência do
sistema respiratório, mesmo Desvantagem: o volume minuto
que, neste processo, seja pode mudar drasticamente com
necessário sacrificar outras alterações da complacência.
variáveis pré-ajustadas. As
variáveis de controle podem ser
pressão e volume. 47- O que é volume
controlado (VCV)?
46- O que é pressão
É quando um modo ventilatório
controlada (PCV)?
possui um volume corrente pré-
É quando um modo ventilatório ajustado, que é atingido ciclo a
possui uma pressão pré- ciclo garantindo o volume
ajustada, que é atingida e minuto. O fluxo também é
sustentada por toda a fase ajustado e irá determinar
inspiratória. O volume resultante indiretamente o tempo
depende da impedância do inspiratório.
sistema respiratório do paciente, Quanto mais rápido for o fluxo,
do nível de pressão ajustada e do menor o tempo inspiratório pois
tempo em que esta pressão mais rapidamente será atingido
permanecerá no sistema. o volume ajustado e ciclará, e
vice-versa. A pressão resultante
Disparo: para ciclos controlados
depende da impedância do
é tempo e ciclos assistidos ou
sistema respiratório do paciente,
espontâneos é fluxo ou pressão.
do nível de volume ajustado e da
velocidade e formato do fluxo
ajustados.
Disparo: para ciclos controlados
é tempo e ciclos assistidos ou 49-Quais são os modos
espontâneos é fluxo ou pressão. ventilatórios básicos?
Ciclagem: para ciclos São: assistido controlado (A/C),
mandatórios e assistidos é ventilação mandatória
volume. intermitente sincronizada
(SIMV), ventilação com pressão
Principais ajustes: volume de suporte (PSV) e pressão
corrente e fluxo (valor e formato positiva contínua em vias aéreas
da onda). (CPAP).

Vantagem: garante volume 50- Sobre o modo A/C:


minuto.
a) Definição: ventilação
Desvantagem: um aumento da assistida/controlada.
resistência pode gerar um
a)Tipos de ciclos combinados:
aumento importante da pressão
combina ciclos assistidos com
da via aérea, causando um
ciclos controlados. Para os ciclos
barotrauma. Por isso é
controlados, fazemos o ajuste de
importante manter o limite de
frequência respiratória mínima e
pressão bem ajustado e fazer um
o volume minuto mínimo é
ajuste adequado do fluxo.
garantido. Porém o paciente
48- O que é modo poderá aumentar sua frequência
respiratória e o seu volume
ventilatório?
minuto através de incursões
assistidas.
Modo ventilatório é o conjunto
de ajustes de um ventilador. Os a)Variáveis de controle
modos ventilatórios podem ser disponíveis: PCV ou VCV.
classificados a partir das variáveis
d)Disparo: para as controladas é
de controle e dos tipos de ciclos
tempo e para as assistidas é
disponibilizados.
fluxo ou pressão.
Limite: no mínimo deve ser Tipos de ciclos combinados:
ajustado o limite de pressão combina ciclos controlados,
ciclos assistidos e ciclos
a) Ciclagem: a tempo se for PCV
espontâneos. Para os ciclos
e a volume se for VCV.
controlados, fazemos o ajuste
a)Indicações: pacientes muito de frequência respiratória
dependentes do ventilador, sem mínima, porém esta janela de
drive respiratório ou com drive tempos pode ser modificada. Se
respiratório muito deprimido, o paciente não triggar o
causados por redução do nível ventilador, entrará uma
de consciência e sedação. controlada. Se o paciente
Pacientes muito debilitados triggar o ventilador,
onde desejamos fazer “repouso” primeiramente vai entrar uma
ventilatório. Pacientes críticos assistida e depois entrarão
com insuficiência respiratória espontâneas, mas somente
aguda de qualquer etiologia. durante a janela expiratória.
Normalmente é a escolha para Quando a janela expiratória
ventilação inicial por ser um estiver se encerrando e se
modo que oferece suporte total aproximar do tempo de
ou intermediário. fornecer mais uma mandatória,
i)Desvantagens: Pode gerar esta será controlada se o
assincronia em pacientes que paciente não triggar ou
estão recuperando seu drive assistida se ele triggar dando
respiratório. Pode ocorrer continuidade com espontâneas
hiperventilação e alcalose durante a janela expiratória e
respiratória em pacientes que assim por diante.
estão com dor, ansiedade e c)Variáveis de controle
outros fatores neurológicos. disponíveis: PCV ou VCV para as
Pode causar auto-PEEP e controladas e assistidas e PSV
repercussões hemodinâmicas. ou CPAP para as espontâneas.
51- Sobre o modo SIMV: d)Disparo: para as controladas é
tempo e para as assistidas e
a)Definição: ventilação mandatória
espontâneas é fluxo ou pressão.
intermitente sincronizada.
g)Ciclagem: a tempo se for PCV b)Tipos de ciclos combinados:
e a volume se for VCV para as ciclos espontâneos. O paciente
controladas e assistidas. Para as dispara o ventilador vencendo a
espontâneas a ciclagem é a sensibilidade ajustada e
fluxo. iniciando a inspiração. Uma
a)Indicações: pacientes em fase pressão predeterminada é
intermediária de ventilação, que atingida e sustentada por toda
ainda necessitam de ciclos a fase inspiratória, exatamente
controlados ou assistidos mas como na variável pressão
que já são capazes de fazer controlada. A diferença está que
ciclos espontâneos. Deveria a ciclagem ocorre por uma
melhorar a sincronia paciente - variável de fluxo e não por
ventilador. tempo. Não há ajuste de
frequência respiratória.
h)Vantagens: permite que o
paciente determine sua f e se c- Variáveis de controle
Vmin, além de ter garantidos f disponíveis: PSV
mínima e Vt.
d) Disparo: fluxo ou pressão.
i)a)Desvantagens: pode gerar e)Limite: no mínimo deve ser
assincronia, aumento do ajustado o limite de pressão.
trabalho muscular respiratório Deve também estar ajustado o
e fadiga, hiperventilação e backup de apnéia.
alcalose respiratória devido à f) Ciclagem: fluxo.
superposição de ciclos g)Indicações: pacientes que
mecânicos e espontâneos. estão em desmame e que
Pode causar auto-PEEP e possuem drive respiratório. Seu
repercussões hemodinâmicas. principal objetivo é vencer a
resistência imposta pela via
52- Sobre o modo PSV: aérea artificial.

a)Definição: ventilação com


suporte pressórico ou
ventilação com pressão de
suporte.
h)Vantagens: tende a ser mais Se houver aumento da
confortável uma vez que o demanda do mesmo (exemplo
paciente detém o controle dor, agitação, febre), não haverá
sobre o ciclo respiratório. Pode aumento da ajuda pelo
ser combinada com outros ventilador e o paciente terá que
modos ventilatórios, por arcar com todo o trabalho
exemplo SIMV. respiratório adicional, podendo
i) Desvantagens: dificuldade de entrar em fadiga. Também,
ajustar níveis corretos para existe uma assincronia na faixa
compensarmos a resistência da de 28% com a contração
via aérea artificial. Se diafragmática, ou seja, para
oferecermos pressão de suporte cada 10 contrações do
com uma ajuda superior à que diafragma, 2 a 3 incursões não
o paciente está necessitando, serão atendidas pelo ventilador.
podemos provocar atrofia Portanto, pode ocorrer
muscular e dificultar a assincronia, aumento do
extubação do paciente. Se trabalho muscular respiratório e
oferecermos um nível de fadiga, hiperventilação e atrofia
pressão de suporte inferior ao muscular. Em pacientes
necessitado pelo paciente, obstrutivos pode ocorrer auto-
poderemos permitir que o PEEP (podemos compensar
paciente entre em fadiga. Além com ajuste de Esens).
disso, a pressão de suporte é
um valor fixo e portanto não
53-Comente sobre o
acompanha a demanda do
paciente. modo CPAP.
O modo CPAP (pressão positiva
Se houver diminuição da
contínua em vias aéreas) é um
demanda do paciente (exemplo
modo espontâneo, onde o
durante o sono), poderemos
ventilador somente
ofertar ventilação em excesso
disponibiliza ciclos
hiperventilando o paciente.
espontâneos.
O modo CPAP (pressão positiva Para essa situação, existe um
contínua em vias aéreas) é um modo de segurança chamado
modo espontâneo, onde o Back-up de apneia, cuja função
ventilador somente é detectar a apneia e entrar
disponibiliza ciclos com um programa controlado
espontâneos. para assistir o paciente durante
Ele é caracterizado pela este período.
manutenção de uma pressão Este modo é acionado se o
positiva constante nas vias paciente ficar um período sem
aéreas, na verdade, esta pressão triggar o ventilador. Este
mantida é a pressão positiva período é chamado de tempo
expiratória final. Portanto, o ou intervalo de apneia que
principal ajuste deste modo é o pode ser um valor fixo no
CPAP ou a PEEP. Não há ajuste ventilador ou programado. Por
de frequência respiratória neste exemplo, o 840 permite que
modo. ajustemos o intervalo de apneia
entre 10 e 60 segundos. Além
54-O que é back up de disso, este intervalo vem pré-
configurado de acordo com o
apnéia?
tipo de paciente, ou seja, se for
Apnéia é a ausência de estímulo adulto vem 20 segundos,
respiratório, ou seja, o paciente pediátrico 15 segundos e
fica sem respirar. Isso pode neonato 10 segundos.
ocorrer mesmo estando o O ideal é que o ventilador
paciente em ventilação também seja capaz de detectar
mecânica. Logicamente que, que o paciente voltou a respirar
para pacientes que estão com e volte automaticamente para o
seu drive respiratório último modo funcionante antes
debilitados, utilizaremos modos da apneia. O ventilador 840 faz
de ventilação mais controlados esse retrocesso automático
e, portanto, com frequências além de permitir que a gente
respiratórias mínimas. Porém, escolha o modo ventilatório da
se a f estiver baixa ou se o apneia (V ou P) e dos
paciente estiver em modo respectivos parâmetros
espontâneo (onde não há f ventilatórios.
programada no ventilador),
pode ocorrer uma apnéia.
Parte 5
CONCEITOS
BÁSICOS SOBRE
VENTILAÇÃO
MECÂNICA
As principais indicações para instalar a VM
5- Conceitos básicos sobre ventilação mecânica

55-Cite as principais de ventilação, de perfusão ou


indicações para instalar a VM. de ambas. Portanto, está
correlacionado com algum
A ventilação mecânica é
distúrbio de ventilação/perfusão
aplicada em várias situações
e normalmente está
clínicas em que o paciente
correlacionado à falência
desenvolveu insuficiência
respiratória.
respiratória, sendo, dessa forma,
Sinais e sintomas clínicos da
incapaz de manter valores
hipoxemia são: dispneia,
adequados de O2 e CO2
taquipneia , utilização de
sanguíneos, alterando alguns
musculatura acessória da
índices respiratórios que
respiração, batimento de asa de
refletem a eficiência das trocas
nariz, alteração do
gasosas, como gradiente
comportamento, excitabilidade,
alvéolo- arterial de O2 [P(A-
convulsões, coma,
a)O2] e relação PaO2/FiO2,
vasoconstrição periférica,
sendo que, em situações de
aumento da pressão arterial e
urgência, especialmente
cianose. Na hipoxemia grave
quando o risco de vida não
pode ocorrer vasodilatação
permite boa avaliação da
periférica e hipotensão arterial.
função respiratória, a impressão
clínica é o ponto mais Hipercapnia: É o aumento
importante da indicação de VM, do gás carbônico no sangue
auxiliada por alguns parâmetros que nos reflete uma pobre
de laboratório. ventilação alveolar. Esta
hipoventilação pode ser
As principais indicações aguda ou crônica. A
hipercapnia leva às
para iniciar a VM são:
alterações no pH sanguíneo
Reanimação Devido à caracterizando uma acidose
parada cardiorespiratória. que pode ter origem
Hipoxemia Reflete pobre respiratória ou metabólica.
troca gasosa onde o Independente da origem, a
oxigênio tem dificuldade de acidose irá afetar tanto o
chegar até o sangue, seja funcionamento respiratório
por dificuldade quanto o metabólico, podendo
até mesmo chegar a níveis torácica de grande porte,
incompatíveis com a vida. Sinais deformidade torácica,
e sintomas clínicos da obesidade mórbida e
hipercapnia são: sonolência, instabilidade da parede
torpor, coma, dispnéia, torácica.
taquipnéia, utilização de
musculatura respiratória Redução do trabalho muscular
acessória, batimentosde asa de respiratório e fadiga muscular.
nariz, vasoconstrição periférica A fadiga é a incapacidade da
e sudorese. Como exemplo de musculatura em gerar trabalho
situações agudas que podem efetivo, o que levará à
provocar a hipercapnia, temos: incapacidade de manter a
lesões no centro respiratório, ventilação alveolar.
intoxicação, abuso de drogas e O início precoce da VM
embolia pulmonar. Situações poderá impedir a instalação da
crônicas, temos: pacientes com fadiga ou oferecer condições de
limitação crônica à passagem repouso para revertê-la. A
do fluxo aéreo em fase de fadiga da musculatura
agudização e obesidade respiratória pode ser provocada
mórbida. pelo aumento da demanda
Falência mecânica do metabólica (febre, exercício,
sistema respiratório. Pode infecção), aumento da
ocorrer devido à fraqueza resistência pulmonar (asma,
muscular, doenças enfisema), redução na
neuromusculares, paralisias. complacência pulmonar (SARA,
atelectasia), fatores obstrutivos
Comando respiratório intra brônquicos (secreção,
instável. Trauma craniano, edema), restrição pulmonar
AVC, intoxicação exógena e (derrame pleural,
abuso de drogas. pneumotórax), alterações na
parede torácica (queimaduras,
Prevenção de complicações congelamento), aumento da
respiratórias. pressão intra-abdominal
Restabelecimento no pós- (distensão abdominal, pós-
operatório de cirurgia de operatórios - PO),
abdome superior,
dor (PO), distúrbios Tabela: Parâmetros que podem
indicar a necessidade de suporte
neuromusculares (síndrome de ventilatório.
Guilliain-Barré, trauma
Valores Considerar
raquimedular, miastenia, Parâmentros
normais VM
esclerose lateral amiotrófica,
Freqüência
distrofias musculares) e 12 – 20 > 35
respiratória ipm
aumento do espaço morto Volume corrente
5–8
(mL/Kg) <5
(enfisema, embolia pulmonar).
Capacidade
65 – 75 < 50
Na disfunção de outros Vital (mL/Kg)

Volume minuto
órgãos e sistemas. Por (L/min)
5–6 > 10
exemplo no choque e na Pi máx (cmH2O) 80 – 120 > -25
hipertensão intracraniana
Pe máx (cmH2O) 80 – 120 < +25
(HIC).
Espaço morto (%)
25 – 40 > 60
A instituição da VM com
hiperventilação e conseqüente PaCO2 (mmHg) 35 – 45 > 50

hipocapnia (redução dos níveis PaO2 (mmHg)


> 75 < 50
com FiO2=21%
de CO2) em pacientes com P(A-a)O2 com
25 – 80 > 350
aumento da PIC (pressão FiO2=100%

intracraniana) é um dos P(A-a)O2 com > 300 < 200


FiO2=100%
métodos mais utilizados para a
Fonte: III Consenso Brasileiro de
redução da HIC, pois o CO2 é
Ventilação Mecânica, 2007.
um vasodilatador cerebral, e
portanto, quando em baixos
níveis ocorre vasoconstrição 56-Cite os principais
cerebral e consequentemente objetivos da VM.
há a redução do fluxo
Os principais objetivos da VM
sanguíneo cerebral e redução
são manter as trocas gasosas;
da PIC.
corrigir a hipoxemia; corrigir a
acidose respiratória associada à
hipercapnia; aliviar o trabalho
da musculatura respiratória
que, em situações agudas de
alta demanda metabólica está
elevado;
reverter ou evitar a fadiga A VM deve ser utilizada com
muscular respiratória; diminuir métodos adequados e de
o consumo de oxigênio maneira menos invasiva
sistêmico e miocárdico, dessa possível, ou seja, quanto mais
forma reduzindo o desconforto próximo o procedimento for do
respiratório; permitir a aplicação fisiológico, menor será o risco
de terapêuticas específicas de complicações e maior será o
como por exemplo conforto do paciente. As
hiperventilação para redução complicações podem ser
da HIC, hipercapnia permissiva infecciosas e não-infecciosas.
e uso de PEEP para otimizar a As complicações não-
CRF (Capacidade Residual infecciosas mais comuns são:
Funcional); permitir sedação,
analgesia ou uso de Polineuromiopatia após a
bloqueadores neuromusculares; VM do paciente grave.
estabilizar a parede torácica; O uso de agentes bloqueadores
aumentar o volume pulmonar; neuromusculares são
prevenir ou tratar atelectasias. frequentemente utilizados no
Quanto à oxigenação arterial, o ambiente de terapia intensiva,
objetivo é manter a PaO2 > 60 com o objetivo de facilitar a
mmHg com SaO2 > 90%. ventilação mecânica,
57- Cite as principais minimizando a assincronia
complicações relacionadas paciente-ventilador uma vez
que, o paciente paralizado ficará
à VM.
sujeito à programação
A VM é um método efetivo e
estabelecida de ventilação.
seguro de suporte ventilatório
Porém, esses agentes podem
quando aplicado com técnica e
produzir efeitos adversos e por
recursos adequados. Porém, o
isso devem ser administrados
uso de altos valores de suporte
com extrema cautela e a
ventilatório mecânico ou
paralisia deve ser limitada ao
métodos inapropriados pode
menor período possível. A
produzir uma série de riscos,
polineuromiopatia deve ser
efeitos adversos e
considerada em pacientes em
complicações, lesando os
VM com desmame difícil.
pulmões já insuficientes e
aumentando a morbidade e a
mortalidade.
Barotrauma ao volume inspiratório final (que
É a lesão pulmonar produzida reflete a distensão alveolar) do
pela VM com altas pressões que ao volume corrente ou à
inspiratórias. Está relacionado capacidade residual funcional
ao extravasamento de ar (CRF que depende da PEEP).
alveolar, responsável por Altos volumes correntes com
enfisema intersticial, PEEP baixa ou alta PEEP com
pneumomediastino, volumes correntes moderados
pneumotórax, podem produzir grande
pneumoperitônio e enfisema distensão e lesão alveolar.
subcutâneo. Há uma relação
entre o barotrauma e a pressão Toxicidade pelo Oxigênio. Veja a
inspiratória máxima (pressão de questão 23 na página 11.
pico) e o delta pressórico, ou As complicações infecciosas
seja a diferença entre a pressão mais comuns são:
de pico e a PEEP, com o abre- Sinusite
fecha brusco cíclico. Traqueobronquite e
traqueobronquite
Volutrauma necrosante
É a lesão pulmonar produzida VAP – Pneumonia Associada
pela VM com altos volumes e à VM
grandes distensões alveolares.
Ele indica lesões associadas à Além disso, podemos ter outras
repetidas distensões e complicações:
pressurização do tórax,
incluindo alterações da Intubação
permeabilidade vascular, uma
cascata de reações Trauma de lábios, dentes,
inflamatórias e dano alveolar amígdalas e narinas; paralisia
difuso. O determinante do de cordas vocais; IOT seletiva;
volutrauma parece estar mais extubação acidental; estenose
associado de traqueia e traqueomalácia;
lesões da traqueia; vômito e
aspiração durante a IOT.
Aspiração e Microaspiração ·; embolia gasosa sistêmica e
cerebral; alterações da
Por exemplo de conteúdo distribuição do fluxo sanguíneo
gástrico e conteúdos pulmonar.
contaminados de vias aéreas
superiores. Metabólicas
Aparelho digestivo
·Alcalemia e acidemia.
Disfunção gastrintestinal e Retenção de sódio e água;
pancreática; hipomotilidade diminuição de fator natriurético
intestinal; redução do fluxo atrial e aumento da
sanguíneo porta. aldosterona; aumento da
secreção de vasopressina com
Cardiovasculares
diminuição do débito urinário.

Hipotensão arterial devido à Neurológicos


redução do RV (retorno venoso),
redução do DC (débito ·Aumento da PIC e diminuição
cardíaco), prejuízo na do fluxo sanguíneo cerebral.
contratilidade cardíaca,
aumento da resistência e da Neuromusculares
pressão arterial pulmonar,
redução de pré-carga de VE Polineuromiopatias; atrofia
(ventrículo esquerdo) devido à muscular; diminuição da força
administração de altas de contração diafragmática;
pressões, muito relacionados ao incoordenação muscular
uso da PEEP. respiratória.

Aumento da pré-carga e Barotrauma e volutrauma


pós-carga de VE durante o
desmame. Enfisema intersticial pulmonar;
pneumotórax unilateral e
Isquemia da mucosa brônquica;
bilateral, edema pulmonar,
isquemia cerebral devido à
SARA.
alcalose respiratória acentuada;
Disfunção orgânica múltipla

·Aumento da pressãoocular.

58- Cite parâmetros


ventilatórios protetores
para evitar complicações
em VM, de acordo com o
II Consenso Brasileiro de
VM:

a) Barotrauma: Ver
questão 12 na página 6.

b) Volutrauma: Ver
questão 18 na página 8.

c) PEEP adequada: Ver


questão 15 na página 7.

d) FiO2: Ver questão 23


nas páginas 11 e 12.

e) Modos ventilatórios:
Devemos reduzir a
invasividade do
procedimento e iniciar
mais precocemente
possível, modos da
ventilação espontânea.
Parte 6
CONCEITOS
BÁSICOS SOBRE
DESMAME DA
VM
O que é desmame?
6- Conceitos básicos sobre o desmame na VM
59- O que é desmame? São métodos simples e porém
Desmame é o processo de eficazes para o desmame.
transição da ventilação artificial São eles o Tubo T conectado ao
para a espontânea nos circuito do ventilador e a uma
pacientes que permanecem em fonte enriquecida de oxigênio, o
VM invasiva por tempo superior CPAP de 5 cmH2O e a PSV de 7
a 24 horas. cmH2O. É realizado permitindo
Defini-se como sucesso do que o paciente respire
desmame a manutenção da espontaneamente através do
ventilação espontânea durante tubo endotraqueal em uma
pelo menos 48 horas após a destas 3 modalidades citadas
interrupção da ventilação acima.
artificial. Considera-se fracasso Existem diversos protocolos
ou falência do desmame, se o referentes ao tempo de
retorno à ventilação artificial for permanência e à tolerância dos
necessário neste período. pacientes ao método. De
acordo com o III Consenso
60- O que é a interrupção
Brasileiro de VM, demonstrou-
da ventilação mecânica? se que um teste com duração
O termo interrupção da VM de 30 minutos a duas horas foi
refere-se aos pacientes que útil para selecionar os pacientes
toleram um TESTE de prontos para a extubação.
respiração espontânea e que Nesses mesmos estudos, a taxa
podem ou não ser elegíveis de reintubação destes
para a extubação. pacientes foi de 15 a 19%.

61- O que são testes de 62- Cite condições


respiração espontânea? mínimas para considerar
Quais são eles? o desmame da VM e o
teste de respiração
Os testes de respiração
espontânea.
espontânea são os métodos
Para se considerar o início do
utilizados para a interrupção da
processo de desmame é
VM.
necessário que a doença que
causou ou contribuiu
contribuiu para a Frequência respiratória
descompensação respiratória Maior que 35 ipm.
encontra-se em resolução, ou já
resolvida. O paciente deve Saturação arterial de O2
apresentar-se com estabilidade Menor que 90%.
hemodinâmica, expressa por
boa perfusão tecidual, Frequência cardíaca
independência de drogas Menor que 140 bpm.
vasoativas e ausência de
insuficiência coronariana Pressão arterial sistólica
descompensada ou arritmias Maior que 180 mmHg ou
com repercussão menor que 90 mmHg.
hemodinâmica.
Além disso, deverá ter Sinais e sintomas
adequada troca gasosa (PaO2 ³ Sudorese, agitação, alteração
60 mmHg com FiO2 £0,4 e do nível de consciência.
PEEP £5 a 8 cmH2O) e ser
capaz de iniciar esforços 64- Como devo proceder
inspiratórios. com o paciente que não
Uma vez bem sucedido o passou no teste de
teste de respiração espontânea, respiração espontânea?
outros fatores deverão ser
considerados antes de se Devo oferecer o repouso da
proceder à extubação, tais musculatura do paciente
como nível de consciência, grau utilizando modo ventilatório
de colaboração do paciente e a que ofereça conforto ao
sua capacidade de eliminar paciente por pelo menos 24
secreções respiratórias, entre horas, devo reavaliar e tratar as
outros. possíveis causas da intolerância.
Uma vez com as causas
63- Quais são os sinais de tratadas e reavaliadas, poderei
refazer a tentativa após 24
intolerância ao teste de horas.
respiração espontânea?
65- O que é extubação e
dentro desses podemos
decanulação? O que é
destacar na tabela que se
reintubação? segue:
Extubação é a retirada da via Parâmentro Índices Fracasso no
Fisiológico Fisiológico Desmame
aérea artificial. No caso de
Capacidade
pacientes com TQT, se usa o FORÇA
Vital (CV)
< 10 a 15 mL/Kg

termo decanulação. Denomina-


Volume
< 5 mL/Kg
se reintubação ou fracasso da corrente (Vt)
extubação quando há a Pressão insp
máxima (Pimáx) > -30 cmH2O
necessidade de reinstituir a via
Vent Voluntária
ENDURÂNCIA > 10 L/min
aérea artificial. Ela é Máxima

considerada precoce quando P 0,1 – Pressão


de Oclusão > 6 cmH2O

ocorre até 48 horas da Freqüência


_> 35 ipm
respiratória
extubação. ÍNDICES IRS – Índice
f/Vt > 104 ipm/L
Combinados de Tobin

Fonte: III Consenso Brasileiro de VM


66- Comente sobre os
índices preditivos para o Porém, mesmo estes dados
desmame, quais são os estão associados a mudanças
níveis aceitáveis? pequenas ou moderadas na
probabilidade de sucesso ou
Os índices preditivos de fracasso no desmame.
desmame têm o objetivo de
auxiliar na decisão de iniciar ou
não períodos de respiração
espontânea, auxiliar na decisão
do desmame, reduzir a taxa de
insucesso no desmame e
extubação e diminuir o tempo
de intubação.

Existem mais de 50 índices


descritos e apenas alguns
auxiliam significativamente,
Parte 7
CONCEITOS
BÁSICOS SOBRE
VMNI: VM
NÃO-INVASIVA
7- Conceitos básicos sobre o VMNI: VM
Não-invasiva
67-O que é VMNI Os dois principais modos
ventilatórios de VNI são o CPAP
(Ventilação Mecânica
e o BIPAP ou BILEVEL.
Não-Invasiva) ou VNI?
Como ela pode ser feita? 69- Comente sobre o
CPAP.
VMNI é a VM administrada por
meio de uma interface não- CPAP significa Pressão Positiva
invasiva às vias aéreas. Portanto, Contínua nas Vias Aéreas, o que
ao invés de serem utilizadas implica na administração de
cânulas de TQT ou tubos apenas um nível de pressão que
endotraqueais, são utilizadas é chamado de CPAP. Na
máscaras ou prongs nasais. Ela verdade, o CPAP é similar a
pode ser oferecida por PEEP.
ventiladores específicos para Seu principal objetivo é
VNI ou por ventiladores para melhorar a oxigenação do
VMI (invasiva). paciente, pois atua na melhora
Há algum tempo, os
a Capacidade Residual
ventiladores exclusivos para
Funcional (CRF) em condições
VMI eram adaptados para
onde a CRF está diminuída,
fornecer VMNI, porém os
como por exemplo nas
alarmes e a assincronia pcte-
atelectasias e favorece as trocas
ventilador tornavam-se um
gasosas melhorando as
grande problema na presença
condições da membrana
de vazamentos, condição
respiratória (onde ocorrem
implícita a qualquer forma de
essas trocas), por exemplo,
VMNI. Atualmente os
diminuindo a espessura da
ventiladores apresentam
membrana em casos de edema
modos específicos para se
agudo de pulmão (EAP) por
adaptar à VMNI, ou seja, para
favorecer a absorção de
ventilar os pacientes na
líquidos.
presença de vazamentos.
Por isso, são pacientes
68-Quais são os dois candidatos ao CPAP apenas os
principais modos de que apresentam prejuízo da
VMNI? oxigenação causada pela
redução da CRF ou pelo ocasionadas por redução da
aumento da espessura da ventilação alveolar minuto
membrana respiratória. (síndrome da hipoventilação).
Concluindo, os principais
70-Comente sobre o efeitos no sistema respiratório
BIPAP ou BILEVEL. são: aumento da CRF, alteração
do Vt e do Vmin, e alteração dos
É o Bilevel Positive Airway
níveis de CO2 arterial, com
Pressure, ou seja, mantém 2
melhora da oxigenação e ajuda
níveis de pressão nas vias
na correção da hipercapnia.
aéreas, que são chamadas de
IPAP (pressão Inspiratória,
similar à PSV) e EPAP (pressão
71-Quais são os principais
expiratória, similar ao CPAP ou objetivos da VMNI?
à PEEP).
São: aumentar a ventilação
Neste modo, o paciente alveolar, melhorar as trocas
permanece no EPAP e quando gasosas, diminuir o trabalho
realizar um esforço inspiratório, respiratório, repouso parcial da
receberá a ajuda do IPAP. musculatura respiratória,
Portanto, ocorrerá uma variação manutenção e melhora dos
programada da pressão, ou seja, volumes, diminuição da
ocorrerá um DP que acarretará dispnéia, melhorar sincronia
em variação de volume pcte-ventilador e reduzir a IOT.
corrente e de volume minuto,
ajudando na correção dos níveis 72-Quais são as principais
de CO2 e de hipercapnia que indicações para VMNI?
porventura venham a ocorrer
São: melhora da hipoxemia e
nos pacientes com
melhora da hipercapnia.
hipoventilação.
Para melhora da hipoxemia, é
Pode-se então indicar o Bipap
indicada em condições como:
tanto para pacientes com
IRA e IRC, EAP cardiogênico, PO
quadros isolados de hipoxemia
tóraco-abdominal, pós-
(atelectasias e EAP), como para
extubação e desmame, SAOS
aqueles que apresentem
(Síndrome da Apnéia Obstrutiva
alterações nos níveis de CO2
do Sono),
pneumonias intersticiais, hipertensão atrial esquerda,
atelectasias, LPA / SARA leve, presença de um fator de risco
ventilação domiciliar. para lesão pulmonar e
Para melhora da hipercapnia, é hipoxemia grave. Se a
indicada em situações como: hipoxemia grave apresentar
DPOC agudizada, mal asmático, PaO2/FiO2 £ 300 será LPA e se
doenças neuromusculares, PaO2/FiO2 £ 200 será SARA ou
doenças do diafragma, SDRA.
alterações da caixa torácica,
hipoventilação pulmonar, pós- 73- Quais são as
extubação. principais contra-
indicações para a VMNI?
OBSERVAÇÃO:
a)Absolutas: PCR (parada
LPA é lesão pulmonar aguda e cardiorrespiratória), IOT
SARA é síndrome da angústia imediata, instabilidade
respiratória aguda, que hemodinâmica, hipotensão
também pode ser chamada de com uso DVAs (drogas
SDRA (síndrome do desconforto vasoativas), arritmias
respiratório agudo). incontroladas, redução do nível
de consciência,
São definidos como, de acordo isquemiamiocárdica, trauma de
com a Conferência de Consenso
Européia – Americana, como face e/ou queimadura facial,
uma síndrome de insuficiência pneumotórax não drenado,
respiratória de instalação obstrução mecânica VAS (vias
aguda, caracterizada por aéreas superiores), inabilidade
infiltrado pulmonar bilateral à de deglutir e de eliminar
radiografia do tórax, compatível secreções.
com edema pulmonar, pressão
de oclusão da artéria pulmonar b)Relativas: IAM recente, pcte
£ 18mmHg ou ausência de não colaborativo, secreção
sinais clínicos ou abundante, PO do trato
ecocardiográficos de digestivo alto, obesidade
mórbida, má adaptação à
máscara, necessidade de
sedação, ansiedade extrema, b) Desvantagens:
necessidade de FIO2 alta e/ou Necessita de treinamento da
hipoxemia refratária, SARA com
equipe
hipoxemia grave.
Consome maior tempo com
74- Quais são as o paciente
complicações da VMNI? Efeitos mais lentos
São: necrose facial, distensão Risco de vômitos e aspiração
abdominal, aspiração de
Risco de distensãoabdominal
conteúdo gástrico, hipoxemia
transitória, ressecamento nasal Depende da colaboração do
e oral, ressecamento ocular e paciente
barotrauma. Menor segurança

75-Sobre a VMNI cite: 76- Comente sobre as


a)Vantagens: interfaces:
Evita IOT a)Máscara facial ou oronasal:
Preserva as VAS Correção mais eficiente das
Fácil aplicação trocas gasosas em
comparação com a nasal
Fácil remoção
Uso intermitente Pacientes mais dispneicos
respiram de boca aberta, por
Diminui complicações da
isso é necessário usar uma
VMI máscara que também cubra
Minimiza risco de infecção a boca

Reduz a sedação
Aumento do espaço morto
Minimiza o risco de
Máscaras transparentes
hipotensão
permitem visualização de
Preserva a fala secreções e vômito
Preserva a deglutição
b)Máscara nasal:
Melhor tolerada que a Explicar o procedimento e
máscara facial orientar o paciente
Mais confortável Elevar a cabeceira a 45°
Reduz claustrofobia Permanecer ao lado do pcte
É indicada para doenças segurando a máscara
Iniciar a terapia com baixas
crônicas devido ao maior
pressões
conforto
Aumentar pressão conforme
Pode ocorrer vazamento necessidade do pcte
pela boca e perda de Proteger base do nariz com
pressão hidrocolóide
Aumento de resistência das Fixar a máscara comcuidado
narinas Ajustar a IPAP: 6 – 8 mL/Kg
de Vt
c)Máscara total: Ajustar EPAP / PEEP e FiO2
Bem tolerada para SatO2
Ajustar alarmes
Mais confortável
Monitorar paciente
Reduz claustrofobia
Reavaliar pcte
Boa vedação periodicamente
Tamanho único
Aumento WOB (trabalho
78- Comente em relação
respiratório – work of à falência da VMNI.
breathing) É necessário identificar
rapidamente a falência da VMNI
Barulho interno
para nestes casos instalar
Ressecamento da córnea
rapidamente a VMI com IOT.
Reinalação de CO2
São sinais e sintomas da
falência da VMNI:
77-Como devemos
instalar a VMNI? Piora ou persistência das
Devemos seguir os condições clínicas
seguintes passos:
Piora ou manutenção de ativar limite de Tins longo
pobres trocas gasosas espontâneo como segurança
para no caso do ventilador não
Aparecimento de critérios ciclar devido ao vazamento.
de contraindicação como: Deve possuir disparo por fluxo
ajustável para compensar a
Necessidade de FIO2 maior 60% dificuldade de disparo na
Queda do pH e/ou aumento da presença de vazamentos e
PaCO2 Esens ajustável para compensar
a dificuldade de ciclagem em
Piora ou persistência do
desconforto respiratório vazamentos.

Diminuição do nível de
consciência ou agitação Referências bibliográficas:
Instabilidade hemodinâmica
1-Ventilação Mecânica – Volume I –
Arritmias graves Básico / com o Relatório do Segundo
Consenso Brasileiro de Ventilação
Isquemia miocárdica Mecânica. Editor Carlos R.R. Carvalho,
São Paulo: Editora Atheneu, 2006.
Distensão abdominal severa

Intolerância à máscara 2-Ventilação Mecânica – Volume II –


Avançado. Editor Carlos R.R. Carvalho,
São Paulo: Editora Atheneu, 2006.
79- Quais as adaptações
3-Fisioterapia respiratória no
que um ventilador de VMI
paciente crítico: rotinas clínicas.
precisa fazer para realizar Editor George Jerre Vieira Sarmento –
VMNI? Segunda Edição, Barueri, SP: Manole,
2007.

O ventilador de VMI para 4-Terceiro Consenso Brasileiro de


realizar VMNI deve se preparar Ventilação Mecânica. Jornal Brasileiro
para ventilar com vazamentos: de Pneumologia, v.33, suplemento2,
diminuir a incidência de p.S51 – S150, Julho, 2007.
alarmes falsos de desconexão e
5-Fisiologia Respiratória. John B.
ativar alarme de baixa pressão West, Ed Manole, 6ª Edição Brasileira,
para detectar os excesso de 2002.
vazamento e a desconexão

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