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2014
volume 36
nº 10
ISSN 0100-7203
Estrogênio
Disponível em duas Regime
estruturalmente
apresentações, com
idêntico ao monofásico
1 ou 3 blísteres natural de 24+4 com
alta eficácia
Cartela com 28 comprimidos:
17ß 1 contraceptiva1,3,4
• 24 comprimidos ativos
• 4 comprimidos de placebo
estradiol
Períodos
curtos de
sangramento1,3,4
Referências Bibliográficas: 1. Circular aos Médicos (bula) de STEZZA. São Paulo; Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda., 2014. 2. Diário Oficial da União. Ofício de aprovação de registro de medicamento novo: STEZZA. Disponível em: http://www.in.gov.br/autenticidade.html [código de verificação: 10102014033100180]. Acesso em abril de 2014. 3. Mansour D, Verhoeven
C, Sommer W, et al. Efficacy and tolerability of a monophasic combined oral contraceptive containing nomegestrol acetate and 17ß-oestradiol in a 24/4 regimen, in comparison to an oral contraceptive containing ethinylestradiol and drospirenone in a 21/7 regimen. Eur J Contracept Reprod Health Care. 2011;16(6):430-443. 4. Westhoff C, Kaunitz AM, Korver T, et al. Efficacy,safety,
and tolerability of a monophasic oral contraceptive containing nomegestrol acetate and 17ß-estradiol. A randomized controlled trial. Obstet Gynecol. 2012;119:989-999.
STEZZA (acetato de nomegestrol/estradiol). INDICAÇÃO: anticoncepção oral. CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade aos princípios ativos ou excipientes, presença ou histórico de trombose venosa (TV), trombose arterial (TA) ou condições prodrômicas, acidente vascular cerebral (AVC). Histórico de enxaqueca com sintomas neurológicos focais, um fator de risco
Editor Científico
Editores Associados
Editor Executivo
Antonio Alberto Nogueira (Ribeirão Preto/SP) Manoel J. B. Castello Girão (São Paulo/SP)
Antonio Jorge Salomão (São Paulo/SP) Manuel de Jesus Simões (São Paulo/SP)
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Eddie Fernando Candido Murta (Uberaba/MG) Marcelo Zugaib (São Paulo/SP)
Edmund Chada Baracat (São Paulo/SP) Marcos Felipe Silva de Sá (Ribeirão Preto/SP)
Francisco Mauad Filho (Ribeirão Preto/SP) Maria de Lourdes Brizot (São Paulo/SP)
Geraldo Duarte (Ribeirão Preto/SP) Marilza Vieira Cunha Rudge (Botucatu/SP)
Gutemberg Leão de Almeida Filho (Rio de Janeiro/RJ) Melania Maria Ramos de Amorim (Campina Grande/PB)
Haroldo Capurro Alzola (Montevideo, Uruguay) Nilma Antas Neves (Salvador/BA)
Iracema de Mattos Paranhos Calderon (Botucatu/SP) Paulo Traiman (Botucatu/SP)
Ivo Behle (Porto Alegre/RS) Ricardo Mello Marinho (Belo Horizonte/MG)
Jesus de Paula Carvalho (São Paulo/SP) Roseli Mieko Yamamoto Nomura (Santo André/SP)
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José Carlos Peraçoli (Botucatu/SP) Rui Alberto Ferriani (Ribeirão Preto/SP)
José Geraldo Lopes Ramos (Porto Alegre/RS) Sebastião Freitas de Medeiros (Cuiabá/MT)
José Guilherme Cecatti (Campinas/SP) Selmo Geber (Belo Horizonte/MG)
José Meirelles Filho (Cuiabá/MT) Sérgio Hofmeister de Almeida Martins Costa (Porto Alegre/RS)
Joseph A.Spinnato, II (Cincinnati, Ohio) Sérgio Mancini Nicolau (São Paulo/SP)
Krikor Boyaciyan (São Paulo/SP) Técia Maria de Oliveira Maranhão (Natal/RN)
Luiz Carlos Zeferino (Campinas/SP) Victor Hugo de Melo (Belo Horizonte/MG)
Luiz Gerk de Azevedo Quadros (São Paulo/SP) Wagner José Gonçalves (São Paulo/SP)
Luiz Henrique Gebrim (São Paulo/SP) Wellington de Paula Martins (Ribeirão Preto/SP)
Expediente
REVISTA BRASILEIRA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA, ISSN 0100-7203, é uma publicação
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texto publicado, não podendo ser feitos acréscimos ou exclusões no mesmo.
Produção Editorial
Rev Bras Ginecol Obstet v. 36, n. 10, p. 433-480, outubro 2014 Sumário
Editorial
Artigos Originais
Agenda
480 Agenda
Instruções aos Autores
A Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Rev Bras Gincecol será enviado convite para apresentação do texto definitivo. Todos os
Obstet., ISSN 0100 7203), publicação mensal de divulgação científica autores devem ter publicações em periódicos regulares, indexados
da Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), sobre o tema da revisão. O número de autores é limitado a quatro,
é dirigida a obstetras, ginecologistas e profissionais de áreas afins, com dependendo do tipo de texto e da metodologia empregada. Devem ser
o propósito de publicar contribuições originais sobre temas relevantes no descritos os métodos e procedimentos adotados para a obtenção do
campo da Ginecologia, Obstetrícia e áreas correlatas. É aberta a contri- texto, que deve ter como base referências recentes, inclusive do ano em
buições nacionais e internacionais. A revista aceita e publica trabalhos em curso. Tratando-se de tema ainda sujeito a controvérsias, a revisão deve
português, inglês e espanhol. discutir as tendências e as linhas de investigação em curso. Apresentar,
O material enviado para análise não pode ter sido submetido simulta- além do texto da revisão, resumo, abstract e conclusões. Ver a seção
neamente à publicação em outras revistas nem publicado anteriormente. “Preparo do manuscrito” para informações quanto ao texto principal,
Na seleção dos manuscritos para publicação, são avaliadas originalidade, página de rosto, resumo e abstract;
relevância do tema e qualidade da metodologia utilizada, além da ade-
quação às normas editoriais adotadas pela revista. O material publicado 5. Comentários Editoriais, solicitados pelo editor;
passa a ser propriedade da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
6. Resumos de Teses apresentadas e aprovadas nos últimos 12 meses,
e da Febrasgo, só podendo ser reproduzido, total ou parcialmente, com
contados da data de envio do resumo. Devem conter, aproximada-
a anuência dessas entidades.
mente, 300 palavras e, para serem aceitos, devem seguir as normas
Os manuscritos submetidos à revista são analisados por pareceristas
e o sigilo sobre a autoria e a identidade dos revisores é garantido durante da revista quanto à estruturação, à forma e ao conteúdo. Incluir título
todo o processo de edição. Os pareceres dos revisores e as instruções do em português e inglês e, no mínimo, três palavras ou expressões-
editor serão enviados para os autores para que eles tomem conhecimento chave. Não há revisão do texto dos Resumos de Teses. No arquivo
das alterações a serem introduzidas. Os autores devem reenviar o texto com enviado, informar: nome completo do autor e do orientador; membros
as modificações solicitadas assim que possível, devendo justificar, na carta da banca; data de apresentação e a identificação do serviço ou
de encaminhamento, se for o caso, o motivo do não atendimento de alguma departamento onde a tese foi desenvolvida e apresentada. Lembramos
sugestão para modificação. Não havendo retorno do trabalho após três que a publicação do resumo não impede a posterior publicação do
meses, presume-se que os autores não têm mais interesse na publicação. Os trabalho completo em qualquer periódico.
autores podem solicitar em qualquer ponto do processo de análise e edição
7. Cartas dos Leitores para o Editor, versando sobre matéria editorial
do texto a sustação do processo e a retirada do trabalho. Os conceitos e
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As cartas podem ser resumidas pela editoria, mas com manutenção
A revista publica contribuições nas seguintes categorias: dos pontos principais. No caso de críticas a trabalhos publicados,
a carta é enviada aos autores para que sua resposta possa ser
1. Artigos Originais, trabalhos completos prospectivos, experimentais ou
publicada simultaneamente.
retrospectivos. Manuscritos contendo resultados de pesquisa clínica
ou experimental original têm prioridade para publicação.
Informações gerais
2. Relatos de Casos, de grande interesse e bem documentados, do
ponto de vista clínico e laboratorial. Os autores deverão indicar na 1. A revista não aceita material editorial com objetivos comerciais.
carta de encaminhamento os aspectos novos ou inesperados em
relação aos casos já publicados. O texto das seções Introdução e 2. Conflito de interesses: devem ser mencionadas as situações que podem
Discussão deve ser baseado em revisão bibliográfica atualizada. influenciar de forma inadequada o desenvolvimento ou as conclusões do
O número de referências pode ser igual ao dos trabalhos completos. trabalho. Entre essas situações, menciona-se a participação societária
nas empresas produtoras das drogas ou dos equipamentos citados
3. Técnicas e Equipamentos, para apresentação de inovações em diagnós- ou utilizados no trabalho, assim como em concorrentes da mesma.
tico, técnicas cirúrgicas e tratamentos, desde que não sejam, clara ou São também consideradas fontes de conflito os auxílios recebidos, as
veladamente, propaganda de drogas ou outros produtos. Valem para relações de subordinação no trabalho, as consultorias etc.
essa categoria todas as normas aplicadas para trabalhos completos.
3. No texto, deve ser mencionada a submissão e a aprovação do es-
4. Artigos de Revisão, incluindo avaliação crítica e sistematizada da literatura, tudo por um Comitê de Ética em Pesquisa reconhecido pelo Comitê
meta-análises ou revisões sistemáticas. A seleção dos temas e o convite Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).
aos autores têm como base planejamento estabelecido pela editoria.
Contribuições espontâneas podem ser aceitas. Nesse caso, devem ser 4. Artigo que trate de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir
enviados inicialmente um resumo ou roteiro do texto, a lista de autores e a declaração, na seção Métodos, de que os sujeitos do estudo
as respectivas publicações sobre o tema. Se houver interesse da revista, assinaram o termo de consentimento livre e informado. Os autores
v
devem informar, também, que a pesquisa foi conduzida de acordo trabalho e, assim, não será necessária a assinatura de todos na carta
com a Declaração de Helsinque revisada em 2008. de encaminhamento. O endereço eletrônico para correspondência com
a revista é rbgo@fmrp.usp.br. O arquivo correspondente ao trabalho
5. No caso de trabalhos envolvendo experimentação animal, os deve ser único e deve conter texto, referências, tabelas e figuras.
autores devem indicar na seção Métodos que foram seguidas as
normas contidas no CIOMS (Council for International Organization Preparo dos manuscritos
of Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO
Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro As normas que seguem foram baseadas no formato proposto pelo ICMJE
e publicado no artigo “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to
de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br).
Biomedical Journals”, atualizado em Outubro de 2008 e disponível no
6. Todos os ensaios controlados aleatórios (randomized controlled trials) endereço eletrônico: http://www.icmje.org/.
e clínicos (clinical trials) submetidos à publicação devem ter o registro
em uma base de dados de ensaios clínicos. Essa é uma orientação Apresentação do texto
da Plataforma Internacional para Registros de Ensaios Clínicos (IC-
TRP) da Organização Mundial da Saúde (OMS), e do International 1. Os trabalhos devem ser digitados em espaço 2 em todas as seções, da
Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). As instruções para o página de rosto às referências bibliográficas, tabelas e legendas. Cada
registro estão disponíveis no endereço eletrônico do ICMJE (http:// página deve conter aproximadamente 25 linhas em uma coluna. Usar
www.icmje.org/clin_trialup.htm) e o registro pode ser feito na base preferencialmente o processador de texto Microsoft Word® e a fonte Times
de dados de ensaios clínicos da National Library of Medicine, New Roman 12. Não dar destaque a trechos do texto: não sublinhar ou
disponível em http://clinicaltrials.gov/ct/gui. usar negrito. Numerar todas as páginas, iniciando pela de rosto.
7. O número de autores de trabalhos completos e relatos de casos é limi- 2. Não usar maiúsculas nos nomes próprios (a não ser a primeira letra)
tado a sete. Trabalhos de autoria coletiva (institucionais) devem ter os no texto ou nas referências bibliográficas. Não utilizar pontos nas
responsáveis especificados. Trabalhos e estudos multicêntricos podem siglas (DPP em vez de D.P.P.). Quando usar siglas ou abreviaturas,
ter número de autores compatível com o número de centros (cada situ- descrevê-las por extenso na primeira vez que mencionadas no texto.
ação será avaliada pela editoria e pelos revisores). Os investigadores Iniciar cada seção em uma nova página: página de rosto; resumo e
responsáveis pelos protocolos aplicados devem ser especificados. Todos palavras ou expressões-chave; abstract e keywords; texto; agradeci-
os autores devem ter conhecimento do texto enviado para a revista. mentos; referências; tabelas individuais e legendas das figuras.
10. Junto dos arquivos originais, deve ser enviada uma carta de enca- Resumo
minhamento, na qual deve ficar explícita a concordância com as
O resumo do trabalho deve aparecer na segunda página. Para traba-
normas editoriais, com o processo de revisão e com a transferência
lhos completos, redigir um resumo estruturado, que deve ser dividido em
de copyright para a revista.
seções identificadas: objetivo, métodos, resultados e conclusões. Deve ter
11. Para manuscritos originais, não ultrapassar 25 páginas de texto aproximadamente 300 palavras. O resumo deve conter as informações
digitado ou aproximadamente 30.000 caracteres. Limitar o número relevantes, permitindo que o leitor tenha uma ideia geral do trabalho. Deve
de tabelas e figuras ao necessário para apresentação dos resultados incluir descrição resumida de todos os métodos empregados e da análise
que são discutidos (como norma geral, limitar a cinco). Para manus- estatística efetuada. Expor os resultados numéricos mais relevantes, e não
critos do tipo Relato de Caso, não ultrapassar 15 páginas de texto apenas indicação de significância estatística. As conclusões devem ser
ou 18.000 caracteres (ver “Preparo do manuscrito”, “Resultados”). baseadas nos resultados do trabalho e não da literatura. Evitar o uso de
abreviações e símbolos. Não citar referências bibliográficas no resumo.
12. O trabalho deve ser enviado pelo sistema de submissão online no portal Abaixo do texto do resumo indicar o número de registro e/ou identifi-
SciELO. O endereço eletrônico de todos os autores deve ser fornecido. cação para os ensaios controlados aleatórios e ensaios clínicos (ver item
Desta forma, os coautores receberão informação sobre a submissão do 5 das “Informações Gerais”).
vi
Na mesma página do resumo, citar pelo menos três palavras ou discussão em ampla e atualizada revisão da literatura. As informações
expressões-chave que serão empregadas para compor o índice anual da sobre os casos já publicados podem ser tabuladas e exibidas nessa seção
revista. Devem ser baseadas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) para comparações.
publicado pela Bireme, que é uma tradução do Medical Subject Headings
(MeSH) da National Library of Medicine e está disponível no endereço Agradecimentos
eletrônico: http://decs.bvs.br.
Dirigidos a pessoas que tenham colaborado intelectualmente, mas
O abstract deve ser versão fiel do texto do resumo estruturado (purpose,
cuja contribuição não justifica coautoria, ou para aquelas que tenham
methods, results e conclusions). Deve ser também acompanhado da versão
provido apoio material.
para o inglês das palavras ou expressões-chave (keywords). O resumo e o
abstract dos Relatos de Casos e dos Artigos de Revisão e de Atualização
não devem ser estruturados e são limitados a 150 palavras. Referências
Todos os autores e trabalhos citados no texto devem constar dessa
Introdução seção e vice-versa. Numerar as referências bibliográficas por ordem de
entrada no trabalho e usar esses números para as citações no texto. Evitar
Repetir, na primeira página da introdução, o título completo em português
número excessivo de referências, selecionando as mais relevantes para
e inglês. Nessa seção, mostre a situação atual dos conhecimentos sobre o
cada afirmação e dando preferência para os trabalhos mais recentes.
tópico em estudo, divergências e lacunas que possam eventualmente justifi-
Não empregar citações de difícil acesso, como resumos de trabalhos
car o desenvolvimento do trabalho, mas sem revisão extensa da literatura.
apresentados em congressos, teses ou publicações de circulação restrita
Para Relatos de Casos, apresentar um resumo dos casos já publicados,
(não indexados). Não empregar referências do tipo “observações não
epidemiologia da condição relatada e uma justificativa para a apresentação
publicadas” e “comunicação pessoal”. Artigos aceitos para publicação
como caso isolado. Expor claramente os objetivos do trabalho. podem ser citados acompanhados da expressão: “aceito e aguardando
publicação” ou “in press”, indicando-se periódico, volume e ano. Trabalhos
Métodos aceitos por periódicos que estejam disponíveis online, mas sem indicação
de fascículos e páginas, devem ser citados como “ahead of print”.
Iniciar essa seção indicando o planejamento do trabalho: se prospectivo
Outras publicações dos autores (autocitação) devem ser empregadas
ou retrospectivo; ensaio clínico ou experimental; se a distribuição dos casos
apenas se houver necessidade clara e forem relacionadas ao tema. Nesse
foi aleatória ou não etc. Descrever os critérios para seleção das pacientes
caso, incluir entre as referências bibliográficas apenas trabalhos originais
ou Grupo Experimental, inclusive dos Controles. Identificar os equipamentos
publicados em periódicos regulares (não citar capítulos ou revisões).
e reagentes empregados (fabricante, cidade e país). Se a metodologia
O número de referências bibliográficas deve ser aproximadamente
aplicada já tiver sido empregada, indicar as referências, além da descrição
resumida do método. Descrever também os métodos estatísticos empregados 35. Os autores são responsáveis pela exatidão dos dados constantes das
e as comparações para as quais cada teste foi empregado. referências bibliográficas.
Os trabalhos que apresentam como objetivo a avaliação da eficácia Para todas as referências, citar os autores até o sexto. Se houver
ou a tolerabilidade de tratamentos ou drogas devem, necessariamente, mais de seis autores, citar os seis primeiros, seguidos da expressão et al.,
incluir Grupo Controle adequado. Para informações adicionais sobre o conforme os seguintes modelos:
desenho de trabalhos desse tipo, consultar ICH Harmonized Tripartite
Guideline - Choice of Control Group and Related Issues in Clinical Trials Formato impresso
• Artigos em revistas
(http://www.hc-sc.gc.ca/hpfb-dgpsa/tpd-dpt/e10_e.html). Ver também
- Ceccarelli F, Barberi S, Pontesilli A, Zancla S, Ranieri E. Ovarian
itens 4 e 5 das “Informações Gerais”.
carcinoma presenting with axillary lymph node metastasis: a case
report. Eur J Gynaecol Oncol. 2011;32(2):237-9.
Resultados - Jiang Y, Brassard P, Severini A, Goleski V, Santos M, Leamon A, et al.
Apresentar os resultados em sequência lógica, no texto, nas tabelas Type-specific prevalence of Human Papillomavirus infection among
e nas figuras. Expor os resultados relevantes para o objetivo do trabalho women in the Northwest Territories, Canada. J Infect Public Health.
e que são discutidos. Não repetir no texto dessa seção todos os dados 2011;4(5-6):219-27.
das tabelas e figuras, mas descrever e enfatizar os mais importantes, sem
interpretação dos mesmos (ver também “Tabelas”). Nos Relatos de Casos, • Artigos com título em inglês e texto em português ou outra língua
as seções “Métodos” e “Resultados” são substituídas pela “Descrição do Utilizar o titulo em inglês, entre colchetes e no final da referência,
caso”, mantendo-se as demais. indicar a língua na qual o artigo foi publicado.
- Prado DS, Santos DL. [Contraception in users of the public and private
sectors of health]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(7)143-9.
Discussão
Portuguese.
Devem ser realçadas as informações novas e originais obtidas na - Taketani Y, Mizuno M. [Application of anti-progesterone agents for
investigação. Não repetir dados e informações já mencionados nas seções contraception]. Rinsho Fujinka Sanka. 1988;42(11):997-1000.
“Introdução” e “Resultados”. Evitar citação de tabelas e figuras. Ressaltar Japanese.
a adequação dos métodos empregados na investigação. Comparar e
relacionar suas observações com as de outros autores, comentando e expli- • Livro
cando as diferenças. Explicar as implicações dos achados, suas limitações - Baggish MS, Karram MM. Atlas of pelvic anatomy and gynecologic
e fazer as recomendações decorrentes. Para Relatos de Casos, basear a surgery. 2nd ed. Philadelphia: WB Saunders; 2006.
vii
• Capítulos de livro Legendas
- Picciano MF. Pregnancy and lactation. In: Ziegler EE, Filer LJ, editors.
Digitar as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respec-
Present knowledge in nutrition. Washington (DC): ILSI Press; 1996.
tivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações). Cada legenda deve ser
p. 384-95.
numerada em algarismos arábicos, correspondendo a cada figura, e na
Formato eletrônico ordem em que foram citadas no trabalho.
Figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) 5. página de rosto com todas as informações solicitadas;
As figuras devem ser apresentadas em páginas separadas e numeradas
6. resumo e abstract estruturados e compatíveis com o texto do trabalho;
sequencialmente, em algarismos arábicos, conforme a ordem de aparecimento
no texto. Todas as figuras devem ter qualidade gráfica adequada e apresentar 7. três ou mais palavras-chave relacionadas ao texto e respectivas
título e legenda. Para evitar problemas que comprometam o padrão da revista, keywords baseadas no Decs;
o processo de digitalização de imagens (scan) deve obedecer aos seguintes
parâmetros: para gráficos ou esquemas, usar 300 dpi/bitmap para traço; 8. verificar se todas as tabelas e figuras estão corretamente citadas no
para ilustrações e fotos (preto e branco), usar 300 dpi/RGB ou grayscale. Em texto e numeradas, e se as legendas permitem o entendimento das
todos os casos, os arquivos devem ter extensão .tif e/ou .jpg. Também são mesmas;
aceitos arquivos com extensão .xls (Excel), .eps, .psd para ilustrações em curva
(gráficos, desenhos e esquemas). São aceitas, no máximo, cinco figuras. Se as 9. referências bibliográficas: numeradas na ordem de aparecimento e
figuras já tiverem sido publicadas, devem vir acompanhadas de autorização corretamente digitadas. Verificar se todos os trabalhos citados estão
por escrito do autor/editor e constando a fonte na legenda da ilustração. na lista de referências e se todos os listados estão citados no texto.
viii
Patrick Bellelis1
Sergio Podgaec1 Fatores ambientais e endometriose:
Mauricio Simões Abrão1
um ponto de vista
Environmental factors and endometriosis: a point of view
Editorial
Endometriose é uma afecção ginecológica comum, que atinge de 10 a 15% das mulheres
no período reprodutivo e até metade das mulheres com dor pélvica crônica e/ou infertilidade1,2.
Estima-se que o número de mulheres com endometriose seja de 7 milhões nos Estados Unidos
da América e de mais de 70 milhões no mundo. Em países industrializados, essa é uma das
principais causas de hospitalização ginecológica3.
Apesar de ser uma das doenças mais estudadas em ginecologia4, alguns aspectos conti-
nuam sendo alvo de pesquisa, destacando-se a busca pela sua etiopatogenia5-7. Muitos estudos
têm sido realizados na tentativa de se identificar as alterações imunológicas, genéticas, ou
mesmo as respostas a contaminantes ambientais que podem estar presentes em pacientes
com endometriose. Desta forma, seria possível chegar a uma explicação do porquê somente
em algumas mulheres, as células endometriais que adentram a cavidade peritoneal, na
menstruação retrograda, não são eliminadas.
Na tentativa de se estabelecer um diagnóstico não invasivo e, desta forma, um trata-
mento mais precoce, cada vez mais estudos têm sido conduzidos para se avaliar possíveis
fatores indutores/desencadeadores dessa doença. Desses possíveis fatores desencadeadores
da endometriose, estão alguns fatores ambientais. É sabido que a poluição pode desenca-
dear inúmeras doenças, principalmente, as respiratórias. No entanto, cada vez mais tem se
observado que os referidos poluentes podem causar outras doenças, ou ainda, funcionarem
como fatores concausais.
Muitos desses poluentes ambientais são persistentes, com meias-vidas longas, podendo
se acumular no meio ambiente e influenciar negativamente desde o processo gestacional até a
vida adulta. Uma análise do Environmental Working Group8 revelou a presença de 287 agentes
químicos diferentes no cordão umbilical humano , e apesar de nem todas as crianças terem sido
expostas a todos os poluentes detectados, nenhuma criança não foi exposta a nenhum poluente.
Considerado o poluente ambiental mais tóxico ao homem, o tetrachlorodibenzo-p-dioxina
(TCDD)2,3,7,8 tem sido amplamente estudado9. Entretanto, certos bifenilos policlorados (PCBs)
apresentam toxicidade biológica similar ao TCDD e, portanto, também podem agir compro-
metendo a função reprodutiva.
Os PCBs foram amplamente utilizados em transformadores, capacitores e refrigerantes
por décadas. Embora sua produção tenha sido proibida, os PCBs persistem no meio ambiente
Correspondência Setor de Endometriose, Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Patrick Bellelis Universidade de São Paulo – USP – São Paulo (SP), Brasil.
Avenida Doutor Enéas Carvalho de Aguiar, 255 – 10º andar –
1
Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – USP –
Cerqueira César São Paulo (SP), Brasil.
CEP: 05403-000 Conflito de intesesses: não há.
São Paulo (SP), Brasil
Recebido
22/07/2014
DOI: 10.1590/SO100-720320140005128
Bellelis P, Podgaec S, Abrão MS
e têm se acumulado no tecido gorduroso de inúmeros animais por todo o planeta. Desta forma, os humanos continuam
sendo expostos a eles em consequência do consumo de produtos de origem animal e laticínios10.
Há, aproximadamente duas décadas, a relação entre a exposição humana aos PCBs e o desenvolvimento de doenças
hormônio-dependentes tem sido objeto de pesquisa em diversos estudos epidemiológicos. A maioria dos estudos de
endometriose se concentra em uma forma de PCB, a dioxina, embora nenhuma associação tenha sido encontrada10.
Tanto o TCDD quanto os PCBs são extremamente resistentes à degradação e se acumulam nos tecidos, devido à
sua natureza lipofílica, magnificando sua concentração tecidual na cadeia alimentar10,11.
Devido à reconhecida habilidade dos PCBs de alterarem a função endometrial, tanto em animais quanto em hu-
manos, não é surpresa que se tentasse relacionar a atuação desses poluentes na etiopatogenia dessa doença. Entretanto,
como a contaminação pode estar inclusive em nossos alimentos, mesmo em um estudo controlado, pode ser difícil
excluir completamente outras fontes de exposição pela comida ou pela água12.
A perda da sensibilidade endometrial à progesterona é reconhecidamente um potencial fator causal da endome-
triose. Durante o ciclo menstrual, conforme os níveis de progesterona diminuem na fase secretória, percebemos um
aumento de citocinas e quimiocinas proinflamatórias e de MMPs, preparando o endométrio para o intenso processo
inflamatório da menstruação13,14.
Além disso, complexos PCBs/TCDD + receptores AhR podem ativar genes proinflamatórios de citocinas e qui-
miocinas, podendo propiciar um padrão crônico de sinalização pro-inflamatória que ocasionaria em uma interrupção
da função endometrial normal. Além disso, a combinação do TCDD ao estradiol pode potencializar ainda mais esse
efeito pró-inflamatório, aumentando a capacidade de invasão das células estromais endometriais15.
Além de poluentes ambientais, alguns estudos têm tentado demonstrar a atuação de alguns fatores dietéticos na
gênese dessa doença. Hoje em dia, sabemos que algumas doenças são conhecidamente influenciadas pela dieta (resis-
tência insulínica, hipertensão, colecistopatia, doença celíaca, intolerância à lactose, etc)16.
Existem diversas teorias plausíveis relacionando a dieta à endometriose e à dismenorreia. A liberação de prosta-
glandinas parece ser um fator patogênico tanto da endometriose quanto da dismenorreia. Os ácidos graxos da dieta são
precursores das prostaglandinas. Dependendo do alimento consumido, pode-se estimular ou inibir o desencadeamento
da dismenorreia e da própria endometriose17.
A ingesta de fibras pode aumentar a excreção de estrogênio18,19 e poderia, desta forma, desempenhar um papel
inverso no risco de endometriose, assim como a redução na ingesta de gorduras também poderia diminuir os níveis
séricos de estrogênio. Dietas vegetarianas poderiam, supostamente, aumentar os níveis séricos de ligantes e proteínas
carreadoras de hormônios sexuais, diminuindo, desta forma, a concentração disponível de estrogênio20.
Em uma revisão da Cochrane de 2004, Yap et al.21 puderam verificar que o consumo de vitaminas do complexo B,
magnésio e a suplementação de ômega 3 podem exercer um papel anti-inflamatório em pacientes com endometriose.
Foi proposto que os ácidos graxos ômega 3 e 6, magnésio e vitaminas do complexo B podem melhorar os sintomas
álgicos relacionados com a endometriose, modulando a biossíntese e a atividade bioquímica de prostaglandinas rela-
cionadas à dor pélvica. Além disso, uma dieta rica nesses nutrientes acaba diminuindo a ingesta de proteínas animais
e, portanto, diminuindo o excesso de gordura corporal e a produção periférica de estrogênio21.
Alguns estudos tentam correlacionar adventos provindos da evolução da tecnologia com doenças humanas. Em 2013,
Naziroğlu et al.22, publicaram uma revisão mostrando possíveis o papel das radiações eletromagnéticas (REM) pro-
vindas, principalmente, de aparelhos celulares e dispositivos Wi-Fi. No entanto, concluíram que os estudos são falhos
em provar qualquer relação das REMs com possíveis doenças do aparelho reprodutor masculino e/ou feminino22.
Condições adversas de vida e nutricionais intraútero e na primeira infância podem influenciar o risco do desen-
volvimento de doenças na vida adulta, já que o crescimento fetal parece estar determinado por interações entre o
genoma e o meio ambiente. Essas interações podem determinar o risco de doenças pós-natais, além da capacidade de
reagir e se adaptar a esse meio ambiente. Já está provado que a exposição fetal massiva a alguns agentes tóxicos pode
comprometer os resultados perinatais23. Nosso interesse específico seria a exposição a agentes tóxicos intraútero e o
risco de se desenvolver endometriose.
A exposição a microorganismos poderia estimular vias pró-inflamatórias e a resposta imune inata24, sendo, desta
forma, o ponta-pé inicial para que a endometriose se instale e desenvolva.
Poluentes ambientais a que estamos expostos, como a dioxina e seus similares (TCDD/PCBs), fatores dietéticos e
radiações, poderiam ter papel importante nas mulheres grávidas, ocasionando um desbalanço hormonal, além é claro,
da resposta endometrial, levando assim a uma maior chance de desenvolvimento dessa doença23. No entanto, apesar das
associações serem teoricamente bastante plausíveis, todos os estudos que tentaram estabelecer tais relações fracassaram.
O mecanismo pelo qual os fatores ambientais e nutricionais atuam na alteração da fisiologia endometrial perma-
nece incerto e ainda é especulativa devido à dificuldade em se avaliar precisamente a exposição aos mesmos durante
a vida intrauterina, infância e vida adulta, e suas reais consequências, além das limitações de sua reprodução in vitro.
Novos estudos avaliando exposição, faixa etária e fatores concomitantes devem ser conduzidos em uma tentativa
de se determinar como estes patógenos poderiam contribuir para a gênese da endometriose.
Além disso, deve-se entender melhor o mecanismo de ação destes fatores ambientais, não só na saúde reprodutiva,
mas na saúde em geral do indivíduo. Desta forma, promovendo, se possível, estratégias de prevenção, incluindo não
só a educação populacional mas também o estabelecimento de limites de exposição, técnicas menos poluentes e um
melhor aproveitamento dos recursos naturais.
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Original Article
Abstract
Keywords PURPOSE: Pregnant women have a 2-3 fold higher probability of developing restless legs syndrome (RLS – sleep-related
Restless legs syndrome movement disorders) than general population. This study aims to evaluate the behavior and locomotion of rats during
Motor activity pregnancy in order to verify if part of these animals exhibit some RLS-like features. METHODS: We used 14 female
Pregnancy 80-day-old Wistar rats that weighed between 200 and 250 g. The rats were distributed into control (CTRL) and
Rats, Wistar
pregnant (PN) groups. After a baseline evaluation of their behavior and locomotor activity in an open-field environment,
Palavras-chave the PN group was inducted into pregnancy, and their behavior and locomotor activity were evaluated on days 3, 10
Síndrome das pernas inquietas and 19 of pregnancy and in the post-lactation period in parallel with the CTRL group. The serum iron and transferrin
Atividade motora levels in the CTRL and PN groups were analyzed in blood collected after euthanasia by decapitation. RESULTS:
Gravidez There were no significant differences in the total ambulation, grooming events, fecal boli or urine pools between the
Ratos Wistar CTRL and PN groups. However, the PN group exhibited fewer rearing events, increased grooming time and reduced
immobilization time than the CTRL group (ANOVA, p<0.05). CONCLUSION: These results suggest that pregnant rats
show behavioral and locomotor alterations similar to those observed in animal models of RLS, demonstrating to be a
possible animal model of this sleep disorder.
Resumo
OBJETIVO: Mulheres grávidas apresentam de duas a trêz vezes maior probabilidade de desenvolver a Síndrome
das Pernas Inquietas (SPI – distúrbio do movimento relacionado ao sono) do que a população geral. O objetivo do
estudo foi avaliar o comportamento e a locomoção de ratas durante a gravidez, a fim de verificar se esses animais
apresentam algumas características SPI-like. MÉTODOS: Foram utilizadas 14 fêmeas Wistar de 80 dias de idade,
pesando entre 200 e 250 g. Os ratos foram distribuídos em grupos controle (CTRL) e prenhes (PN). Após uma
avaliação inicial do comportamento e da atividade locomotora em um ambiente de campo aberto, o grupo PN
foi introduzido a prenhez, e sua atividade e comportamento locomotor foram avaliados nos dias 3, 10 e 19 de
prenhez e no período pós-lactação em paralelo ao grupo CTRL. Os níveis de ferro e transferrina séricos nos grupos
CTRL e PN foram analisados em sangue coletado após eutanásia por decapitação. RESULTADOS: Não houve
diferenças significativas na deambulação total, nos eventos de grooming, bolos fecais e urina entre os grupos CTRL
e PN. No entanto, o grupo PN apresentou menos eventos de rearing, aumento no tempo de duração de grooming e
redução no tempo de imobilização em relação ao grupo CTRL (ANOVA, p<0,05). CONCLUSÃO: Esses resultados
sugerem que ratas prenhes apresentam alterações comportamentais e locomotoras semelhantes às observadas em
modelos animais de SPI, demonstrando ser um possível modelo animal desse distúrbio do sono.
Correspondence Department of Psychobiology da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil.
Andrea Maculano Esteves
1
Department of Psychobiology, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brazil.
Faculdade de Ciências Aplicadas,
2
Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Limeira (SP), Brazil.
Universidade Estadual de Campinas
3
Department of Biological Sciences, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brazil.
Rua Pedro Zaccaria, 1300
4
Sleep and Epilepsy Center, Neurocenter of the Southern Switzerland, Civic Hospital of Lugano – Lugano, Switzerland.
Zip code: 13484-350 Conflict of interests: none.
Limeira (SP), Brazil
Received
07/31/2014
DOI: 10.1590/SO100-720320140005105
Changes in motor behavior during pregnancy in rats: the basis for a possible animal model of restless legs syndrome
Introduction Methods
Restless legs syndrome (RLS) is a sleep-related A total of 17 80-day-old female Wistar rats weighing
movement disorder with estimated prevalence between between 200 and 250 g were obtained from the Center for
5 and 10% of the general population1 and is negatively the Development of Experimental Models for Medicine
associated with quality of life2. RLS is a sensory-motor and Biology at the Universidade Federal de São Paulo
disorder characterized by leg dysesthesia and restless- (CEDEME/UNIFESP, São Paulo, Brazil). During the
ness while awake3. study period, the animals were maintained in the vivar-
Among the so called secondary forms of RLS, the ium of the Departamento de Psicobiologia/UNIFESP.
pregnancy-related one is one of the most common and They were acclimatized to a room with a constant light-
well studied. Pregnant women have a 2–3 fold higher dark cycle (12/12h). The animals were given access to
probability of developing RLS than general population4,5. food and water ad libitum and were housed in collective
Around 25% of women experience RLS during the cages. The rats used in this study were maintained and
third trimester of pregnancy. Recognized risk factors treated in accordance with the Council for International
for RLS during pregnancy are multiparity, positive Organization of Medical Sciences (CIOMS) Ethical Code
family history of RLS, previous history of RLS out- for Animal Experimentation27 and the precepts of Colégio
side of pregnancy or in a previous pregnancy, other Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) (www.
sleep disorders (insomnia, snoring), age and use of cobea.org.br). All procedures were approved by the Ethics
hypnotics. Possible etiologic factors implicated in this Committee of UNIFESP (# 207/11).
form of RLS are iron and folate deficiency, hormonal The rats were divided into two groupsgroups: con-
changes, mechanical stretching of the nervous lumbar trol (CTRL) and pregnant (PN), where the PN group was
roots, genetic predisposition, however the pathogen- previously placed with male rats to induce pregnancy.
esis remains unknown5-12. The prevalence of RLS in
pregnant women varies from between 11 and 30%, Experimental design
as assessed in groups of 100–642 women5,6,13-16. This One week after the open-field test for environmen-
variability in rates might be due to racial/geographi- tal adaptation, which was used to evaluate the behav-
cal differences among the studies, the gestational stage ior and locomotor activity (each test lasted 10 minutes
of women recruited, and to the different criteria and per animal), the animals began the baseline testing
method used for the diagnosis of RLS5,17. session. After the baseline session, the rats in the PN
Low iron and folate levels may also be associated group were impregnated and then re-evaluated in the
with the development of RLS during pregnancy, given open-field tests on days 3, 10 and 19 of pregnancy and
that the demand for iron and folate increases consider- after their pups were weaned. The rats in the CTRL
ably in pregnant women while plasma levels decrease5. group were tested alongside the PN group. Analyses
The prevalence of RLS progressively increases of the iron and transferrin levels were performed after
from the third and fourth month of gestation, with the pups from the PN group were weaned.
a peak of intensity and frequency of the symptoms
in the third trimester of gestation. The symptoms Experimental procedures
decrease during the ninth month and usually disappear
or drop down around delivery5. An animal model of Vaginal smears and breeding
RLS might help in understanding the etiopathogen- To identify the phases of the estrous cycle, vaginal
esis of the syndrome, and secondary forms of RLS can smears were performed daily on the rats during the same
be a model to replicate in animals the RLS symptoms. period of the day. The vaginal smears were performed
However, to develop an animal model of RLS, several by introducing saline into the vaginal opening of the
key components of the animal phenotype (behavior) rat with a 200-μl tip and aspirating the liquid contain-
of the syndrome must be defined and several studies ing the vaginal epithelial cells after a few moments.
have been performed to demonstrate an animal model The liquid was spread onto a slide for microscopic exam-
that exhibits those characteristics18-26. ination at 40x magnification to determine the predomi-
Thus, due to the increased propensity of developing nant cell type, which helps to identify the estrus phase.
RLS during pregnancy, the objective of this study was to During this phase, the rats were placed with male rats
evaluate the behavior and locomotor activity of rats dur- to breed for a period of approximately 12 hours (19 h,
ing pregnancy in order to verify if part of these animals day 1, 7 h, day 2). After being placed with the male rats,
exhibit some RLS-like features. saline was again introduced into the female’s vaginal
cavity to aspirate the material contained following cop- frequency (the number of times that the animal put its
ulation. The aspirate was spread onto a slide for micro- mouth or paws on its body or head), total duration of
scopic examination to detect spermatozoa28-30. grooming (the total amount of time that the animal put
its mouth or paws on its body or head), total immobi-
Determination of serum iron and transferrin levels lization time (the total amount of time that the animal
The iron levels were determined using a two-point remained perfectly still, moving only the vibrissae) and
enzymatic method (VITROS®, Johnson & Johnson, total fecal boli and urine pools32.
NJ, USA) and were read at a wavelength of 600 nm. The same two observers participated in all open-field
Transferrin, an iron transporter protein, was analyzed sessions. The first observer was responsible for record-
using an immunoturbidimetric reaction (Advia 1650®, ing the total time and observing the rearing events and
Bayer, Holliston, MA, USA). total ambulation. The other observer was responsible for
observing the total immobilization time and the dura-
The open-field test tion and number of grooming events.
Locomotor activity was assessed by using the open-
field paradigm, which consists of a circular wooden ring Statistical analysis
measuring 81 cm in diameter and enclosed by 41 cm high Repeated-measures analysis of variance (ANOVA)
white walls. The ceiling was open, and the ground was followed by the post hoc Tukey’s test were used to
divided into 19 quadrants. The open-field test is one of analyze the behavior and locomotor activity over the
the most commonly used tests to assess locomotor activity course of the pregnancy. For the iron and transferrin
in rodents. It has been already applied to quantify move- analyses, Student’s t-tests were used for independent
ment in the contest of previous attempts in obtaining measurements. The level of significance considered to
animal model of RLS18,23,31. reject the null hypothesis was p<0.05. The values are
Each animal was individually placed in the center of expressed as the means ± standard error.
the apparatus and observed for 10 minutes. However, only
the final 5 minutes were evaluated. In line with the circa- Results
dian pattern of the human RLS symptoms, which appear
or worsen during night, all tests were performed between Table 1 presents the results for the CTRL and PN
9 a.m. and 11 a.m. because rats are nocturnal animals23. groups at baseline, on days 3, 10 and 19 of pregnancy
Observers quantified the following parameters: cen- and after the weaning period. There were no significant
tral ambulation (number of quadrants that the animal differences in the central, peripheral or total ambula-
stepped on with four feet that were not close to the walls tion; grooming events; fecal boli or urine pools between
of the apparatus), peripheral ambulation (number of quad- the CTRL and PN rats.
rants that the animal stepped on with four feet near the Repeated-measures ANOVA indicated significant dif-
walls of the apparatus), total ambulation (the total num- ferences between the groups in the number of rearing events
ber of quadrants that the animal stepped on with four (F(1,12)=8.137; p=0.01), duration of grooming (F(1,12)=18.882;
feet), rearing frequency (the number of times that the p<0.001) and duration of immobilization (F(4,48)= 8.889;
animal supported itself with both hind legs), grooming p<0.001). The results presented in Figure 1 show that the
Table 1. Results of the open-field evaluations for the Control and Pregnant groups from the following sessions: basal, days 3, 10 and 19 of pregnancy and during the post-weaning period
CLA 8.00±3.14 5.85±1.69 6.42±3.16 2.28±0.80 5.00±2.10 2.00±0.95 8.14±4.59 3.42±3.10 15.00±2.91 5.71±1.89
PLA 29.71±9.80 34.57±9.59 40.57±8.28 23.42±6.24 28.57±7.68 22.42±5.56 33.14±4.31 23.14±5.91 47.71±8.49 24.42±5.00
LA 37.71±12.57 40.42±10.63 47.00±10.31 25.71±6.32 33.57±9.44 24.42±6.28 41.28±8.46 26.57±8.19 62.71±10.70 30.14±6.65
GRO 2.42±0.52 3.42±0.48 2.14±0.50 2.28±0.56 3.57±0.64 2.42±0.36 2.42±0.36 4.00±0.53 3.28±1.10 3.85±0.70
FB 0.57±0.57 0.42±0.20 2.28±1.01 2.42±1.34 1.57±1.11 0.85±0.45 1.28±0.89 0.42±0.29 0.00±0.00 1.00±0.69
UP 1.28±0.68 1.85±0.80 1.42±0.86 1.14±0.45 2.57±1.15 0.28±0.18 1.85±0.98 0.00±0.00 0.71±0.42 4.28±1.42
CTRL: control; PN: pregnant; CLA: central locomotor activity; PLA: peripheral locomotor activity; LA: locomotor activity; GRO: grooming (events); FB: fecal boli; UP: urine
pools. ANOVA (p>0.05)
Table 2. Iron and transferrin serum levels in rats from the Control and Pregnant groups
A Group Iron (µg/dL) Transferrin (mg/dL)
30
25 * CTRL 279.28±85.86 360.86±52.67
*
Rearing (events)
20 PN 300.86±45.29 341.86±29.75
15 CTRL: control; PN: pregnant. Student’s t-test (p>0.05)
10
5
0 Table 2 shows the results of the iron and transferrin
Baseline 3 days 10 days 19 days Post-lactation
pregnancy pregnancy pregnancy period evaluations, which were performed using blood collected
six days after the pups from the PN group were weaned.
B
6000 No significant differences in the serum iron or transferrin
5000
concentrations were observed between the CTRL group
*#$ and the PN group.
Grooming (h sec)
4000 *#
3000 Discussion
2000
1000 This study assessed the behavior and locomotor activ-
0
ity of rats during pregnancy. Pregnant rats were shown to
Baseline 3 days 10 days 19 days Post-lactation exhibit fewer rearing events, increased grooming time and
pregnancy pregnancy pregnancy period
less immobilization time compared to the CTRL group.
C However, no significant difference in ambulation and reduc-
7000 tion in number of rearing events were observed, maybe due
6000 to anatomical reasons related to the pregnant condition in
Immobility time (h sec)
5000
#
Wistar rats. Pregnant rats are relatively small considering
#
4000 #
the average number of pups per pregnancy (10 to 12 pups),
3000 and significant weight gain occurs over a short period (21
2000 days). Similarly, pregnant women who experience RLS symp-
1000 toms, especially during the third trimester of pregnancy6,
0 have some difficulty to relieve the symptoms by walking
Baseline 3 days 10 days 19 days Post-lactation or stretching, preferring to move their limbs in bed.
pregnancy pregnancy pregnancy period
The pregnant rats spent more time grooming com-
CTRL PN pared to the CTRL rats, demonstrating that the condition
of pregnancy affected this behavior and suggesting that this
Repeated-measures ANOVA (p<0.05). *differs from the CTRL group in the same may have occurred because of increased limb discomfort.
session; #differs from the baseline session of both groups; $differs from the post- Like any other animal model in which the subjective
weaning session for both groups. H sec: hundred seconds.
Figure 1. Rearing (A), grooming (B) and immobilization time (C) for the elements of pathology cannot be evaluated, this model
control (CTRL) and pregnant (PN) groups at the following time-points: base- is also not able to assess the subjective need to move,
line, days 3, 10 and 19 of pregnancy and post-weaning which is necessary for a clinical diagnosis of RLS22.
However, this model is consistent with the motor com-
ponent of human RLS when particular attention is paid
PN group exhibited fewer rearing events, increased groom- to the symptoms: the desire to move the limb, usually
ing time and reduced immobilization time compared to the accompanied or caused by an uncomfortable sensation
CTRL group during the period of pregnancy, given that in the legs that begins or worsens during periods of
the duration of grooming returned to the baseline during rest or inactivity, when the patient is sitting or lying
the evaluation performed after the lactation period. down, and where the symptoms are partially or totally
No significant differences in the serum iron (CTRL: relieved by movement such as walking or stretching17.
279.28±85.86 µg/dL; PN: 300.86±45.29 µg/dL) or transfer- Unpleasant sensory symptoms in the limbs of experi-
rin (CTRL: 360.86±52.67 mg/dL; PN: 341.86±29.75 mg/ mental animals can result in increased attention to the
dL) concentrations were observed between the CTRL group affected limb, which is manifested by licking, scratch-
and the PN group, performed using blood collected six ing, stretching or holding24. These behaviors were
days after the pups from the PN group were weaned. observed in the present study.
After analyzing the immobility time in the CTRL degree of hemodilution that occurs during pregnancy
group, a clear decrease in the immobility time could be in the PN group had already reverted to normal levels9.
observed when the length on day 10 of the pregnancy Similarly, the RLS symptoms most likely decreased because
(early symptoms of RLS in human pregnancy) and day the secondary conditions related to the syndrome, such
19 of pregnancy (peak RLS symptoms) were compared as pregnancy, were no longer present.
to the baseline session. This finding indicates that preg- According to several studies that have analyzed
nancy can interfere with the rats ability to remain inactive. serum and cerebral Fe, ferritin and transferrin levels in
In 2004, Manconi et al.11 conducted a study on patients affected by RLS from either idiopathic causes
a group of 642 women throughout their pregnancies or secondary to conditions such as pregnancy, most
and reported a prevalence of 26.6% for RLS, of which patients exhibited normal serum iron, ferritin and trans-
9.9% had been previously affected and 16.7% had not ferrin levels. However, the Fe and ferritin levels in the
been previously affected. According to this study, the cerebrospinal fluid were reduced, and this dysfunction
prevalence of the syndrome progressively increased dur- was probably due to the transport of elements from
ing the third or fourth month of pregnancy, with the the blood to the brain via transferrin, resulting in an
peak intensity and frequency of symptoms occurring increase in transferrin in the brain33,34.
during the third trimester, especially during the eighth In the 2001 study by Lee et al.9 linking RLS and
month, followed by a reduction in symptoms in the pregnancy, the group affected by RLS frequently mani-
ninth month and relief around delivery11. One month fested slightly higher serum Fe levels and lower ferritin
after delivery, the prevalence of RLS in the women levels, and these levels did not significantly change dur-
evaluated decreased to 6.8% and remained between 5 ing pregnancy in either the affected group or in the group
and 6% in the 6 months following delivery. In 2001, unaffected by RLS. In both groups, the lowest ferritin
Lee et al.9 reported an increase in the prevalence of the levels were measured in the third trimester when RLS
syndrome in the last trimester of pregnancy. Initially, is most prevalent. In the first month postpartum, both
32 pregnant women were evaluated, including 4 who groups showed an improvement in the Fe, ferritin and
experienced RLS symptoms at 12 weeks of pregnancy hemoglobin levels due to the absence of hemodilution
and 5 who reported symptoms at 24 weeks. In the that occurs during pregnancy9.
3rd trimester, 7 women reported symptoms of RLS, Technical difficulties prevented us in analyzing
which corresponds to 23% (N was reduced to 30). One the animal blood to confirm that the hormone lev-
month after delivery, only one woman still presented els were altered by the pregnancy. The lack of this
with RLS symptoms9. This reduction in RLS symp- information is limitation of this study. Nonetheless,
toms in women after pregnancy is consistent with the we have clearly demonstrated changes in the animals’
results of the present study, which demonstrated that behavior patterns.
the duration of grooming in rats returned to baseline In summary, our results suggest that pregnant rats
levels following the lactation period. exhibit behavioral changes that appear similar to an
If we translate the human knowledge to the animal, experimental model of RLS, demonstrating increased dis-
we would expect that only about one quarter of rats will comfort in the limbs and reduced immobilization time
develop RLS during pregnancy, so this will decrease the during pregnancy.
statistical power of our final results.
The temporal relationship between RLS symptoms Acknowledgements
and the third trimester of pregnancy suggests that there
are pregnancy-related factors that exacerbate RLS dur- The authors would like to thank Roberto Frussa-
ing this period, but the presence and duration of the Filho (in memoriam) for all of his efforts in helping us
syndrome depends primarily on the predisposition of on this work. This work was supported by grants from
each individual woman who experiences symptoms5,11. the Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP)
For the measurements of serum iron and transfer- and Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
rin levels 1 week after the pups in the PN group were São Paulo (CEPID no. 98/14303-3 to ST). Centro
weaned, the blood was analyzed approximately 1 month de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE) and
after delivery (21 days of feeding+6 days post-weaning). Centro de Estudos Multidisciplinar em Sonolência e
There was no significant difference between the CTRL Acidentes (CEMSA). ST and MTM are recipients of
and PN groups in the measured parameters because the CNPq fellowships.
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Abstract
PURPOSE: To identify obstetric and perinatal factors associated with perinatal morbidity and mortality in pregnancies
that progressed with ruptured membranes. METHODS: A cross-sectional hospital-based study with secondary data
from records of patients (n=87) that evolved with the premature rupture of membranes between 24 and 42 weeks of
gestation, admitted from January to April 2013 to a public hospital in Acre State, North of Brazil. Data were subjected
to bivariate analysis for selection of variables to be used in a multiple regression model according to Poisson logistic
regression with robust error. RESULTS: The prevalence of perinatal morbidity-mortality was 51.4%, including a 2.3%
death rate (2 cases) and a 9.2% fetal neonatal death rate (8 cases). The variables associated with mortality in the final
multiple model were: number of prenatal consultations ≥6, with a prevalence ratio (PR) of 0.5 and a 95% confidence
interval (95%CI) of 0.3–0.9, gestational age ≥30 weeks (PR=0.6; 95%CI 0.4–0.8), low birth weight (PR=2.9; 95%CI
1.5–5.4), and mechanical ventilation (PR=3.8; 95%CI 2.0–7.2). CONCLUSION: Perinatal morbidity and mortality
were high among cases of ruptured membranes. Morbidity and mortality were associated with factors such as fewer
prenatal visits, extreme prematurity and low birth weight in this group.
Correspondência Centro de Ciências da Saúde e do Desporto da Universidade Federal do Acre – Rio Branco (AC), Brasil.
Samara Maria Messias da Silva
1
Centro de Ciências da Saúde e do Desporto, Universidade Federal do Acre – Rio Branco (AC), Brasil.
Centro de Ciências da Saúde e do Desporto,
2
Secretaria de Saúde do Estado Acre – Rio Branco (AC), Brasil.
Universidade Federal do Acre
3
Curso de Medicina, Universidade Federal do Acre – Rio Branco (AC), Brasil.
Campus Universitário, BR 364, Km 04
Distrito Industrial
CEP: 69920-900
Rio Branco (AC), Brasil
Recebido
28/01/2014
DOI: 10.1590/SO100-720320140004941
Morbidade e mortalidade perinatal em gestações que cursaram com amniorrexe prematura em maternidade pública do norte do Brasil
uma proporção de não exposição para exposição de 4,8:1 morbimortalidade. Para isso foram selecionadas aquelas que
obtida a partir de estudo piloto com os prontuários da apresentaram valor de p<0,1 na aplicação do teste do χ2
instituição, sendo elegida como variável de exposição (chi-quadrado) de Pearson na análise bivariada. As variáveis
o baixo peso ao nascer e as informações de proporção foram ajustadas dentro de cada bloco, permanecendo para
de doentes entre os não expostos de 21,3% e odds artio o ajuste dos blocos seguintes apenas as que mantiveram
(OR) de 6,1, obtidas a partir do estudo de Paula et al.7. valor de p<0,05. As variáveis que apresentaram valores
Com essas informações, utilizando o programa Epi de p>0,05 foram retiradas do modelo e reavaliadas uma
Info 3.5.4 for Windows11 em sua ferramenta Statcalc, a uma quanto a alterações na magnitude das RP das
se chegou a essa amostra necessária de 87 prontuários variáveis que permaneceram no modelo. Se ocorressem
para a produção de estimativa de risco com intervalo alterações nas magnitudes acima de 10,0%, a variável
de confiança de 95% (IC95%). era novamente inserida e mantida no modelo múltiplo
As variáveis coletadas foram divididas em mater- final. As variáveis foram organizadas em quatro blocos
nas, que incluem variáveis epidemiológicas, clínicas e hierarquizados: o primeiro foi composto pela variável
obstétricas, e variáveis neonatais. As variáveis maternas distal número de consultas pré-natal. O segundo bloco
incluídas foram: idade materna; município de procedên- foi composto pelas características e intercorrências no
cia; estado civil; escolaridade; estado civil; número de período gestacional (idade gestacional pelo método ultras-
consultas pré-natal; idade gestacional no momento do sonográfico e infecção do trato urinário). O terceiro pelas
parto utilizando-se o método ultrassonográfico (USG); alterações maternas e fetais no final da gestação e do parto
uso de corticoide em gestantes com idade gestacional (uso de corticoide, taquicardia fetal, corioamnionite, peso
entre 24 e 34 semanas7; tocólise; uso de antibiótico ao nascer, tipo de conduta e tocólise). O quarto bloco
profilático; via de parto; e corioamnionite. por aquelas variáveis relacionadas às condições pós-parto
O diagnóstico clínico de corioamnionite foi (via de parto, reanimação cardíaca, internação em UTI e
baseado nos critérios estabelecidos pelo protocolo ventilação mecânica).
da MBH que são: presença de temperatura axilar A pesquisa foi conduzida de acordo com a Declaração de
≥37,8ºC, na ausência de outro foco infeccioso ou dois Helsinque revisada em 2008 e seguindo as recomendações
ou mais dos seguintes sinais e sintomas: taquicardia da Resolução nº 466, de 2012. O estudo foi aprovado pelo
materna, taquicardia fetal, útero irritável, secreção Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
purulenta ou odor fétido do líquido amniótico e Acre, com protocolo número 219.793 (2013).
leucocitose materna.
As variáveis neonatais avaliadas foram: idade Resultados
gestacional do RN; índice de Apgar no primeiro e no
quinto minuto; peso ao nascer; atendimento em UTI; A idade das gestantes que integraram o estudo va-
ventilação mecânica; reanimação cardíaca e óbito do RN; riou de 16 a 39 anos, com média de 25,4 (±6,2) anos,
e presença de morbimortalidade. Para caracterização do sendo que 64,0% residiam em Rio Branco, Acre. Apenas
desfecho principal foram considerados como apresentando três pacientes moravam fora do Estado do Acre. Houve
morbimortalidade os RN que apresentaram um ou mais um predomínio de pacientes com ensino fundamental
dos seguintes sinais e sintomas: síndrome do descon- incompleto (29,8%). Em relação ao estado civil, 28,7%
forto respiratório, taquipneia transitória, pneumonia delas não têm uma vida conjugal estável.
adquirida, kernicterus, icterícia, policitemia, sepse, A idade gestacional no momento do diagnóstico da
alterações metabólicas; alterações anatômico-faciais; RPM variou entre 24,2 e 41,1 semanas, com média de
malformações congênitas. Também foram computados 34,9±4,5. Quanto aos períodos de ocorrência da amnior-
nessa definição os óbitos fetais e neonatais. rexe, observou-se que 11,5% das mulheres apresentaram
Os dados foram digitados no programa Epi Info a perda da integridade das membranas ovulares antes da
3.5.4. Em seguida foi verificada a consistência dos 30ª semana de idade gestacional. Foi constatada gestação
dados através obtenção das tabelas de distribuição múltipla em apenas uma paciente e cirurgia cesárea prévia
de frequência para identificação de valores aberrantes em 23,3% dos casos. Quanto à paridade, 40,7% eram
e diferenças notáveis de cada variável. As variáveis primíparas e 59,3% multíparas.
quantitativas foram descritas em termos de média, Em relação ao pré-natal, 50,6% frequentaram 6 ou
e desvio padrão, e as qualitativas através de medidas mais consultas (média de 5,6±2,5 consultas). Infecção do
absolutas e proporções. trato urinário foi evidenciada em 47,2% das gestantes
Foi realizada análise de regressão logística hierarquizada com AP e corioamnionite clínica foi diagnosticada em
por blocos para identificação das variáveis relacionados à 14,6% das gestações. Em 68,6% dos casos optou-se por
interrupção da gravidez, sendo a via de parto cesárea a mais Das variáveis que compõem o desfecho morbimorta-
frequente (60,5%). Realizou-se em 33,3% dos casos o uso lidade perinatal, as que tiveram maior frequência foram
de corticoide, sendo a betametasona a principal escolha. sepse (18,6%), síndrome do desconforto respiratório
A terapia tocolítica foi usada apenas em 4,6% dos casos e agudo (14,0%), pneumonia (10,5%) e icterícia (10,5%).
o uso de antibioticoprofilaxia, em 78,2% dos casos, sendo Apresentaram alterações anatômico-faciais 2,3% dos casos.
mais frequente o uso de ampicilina (73,6%). A média A frequência de óbito perinatal foi de 11,5%.
do tempo de internação hospitalar foi de 5,6±2,2 dias, A prevalência de morbimortalidade perinatal foi de 51,4%,
com 95,0% das pacientes não apresentando complicações sendo que a Tabela 1 apresenta os fatores clínico-obstétricos
imediatas no pós-parto. Não foram encontrados registros e neonatais que se relacionam com o desfecho, segundo aná-
de óbito materno nos prontuários analisados (Tabela 1). lise bivariada. Essas foram escolhidas para compor o modelo
No tocante às variáveis perinatais, 52,9% dos RN múltiplo por apresentarem p<0,1.
tiveram idade gestacional, aferida pelo neonatologista pelo Na modelagem multivariada final, conforme demons-
método Capurro, maior ou igual a 37 semanas e 21,8% trado na Tabela 2, observa-se associação de morbimortali-
com menos de 34 semanas. Apresentaram peso ao nascer dade perinatal com as variáveis número de consultas no
menor do que 2.500 g, 42,5% dos RN. A taquicardia pré-natal ≥6 (RP=0,5; IC95% 0,3–0,9; p=0,01), idade
fetal (mais que 160 batimentos cardíacos por minuto) foi gestacional pela ultrassonografia no momento do diag-
evidenciada em 13,8% dos casos. Houve a necessidade nóstico da AP (RP=0,6; IC95% 0,4–0,8; p<0,0001), peso
de internação em UTI em 25,3% e 40,2% dos RN ne- ao nascer (RP=2,9; IC95% 1,5–5,4; p=0,001) e ventilação
cessitaram de ventilação mecânica. mecânica (RP=3,8; IC95% 2,0–7,2; p<0,0001).
Tabela 1. Distribuição percentual e razão de prevalência bruta da morbimortalidade perinatal segundo variáveis obstétricas e clínicas de recém-nascidos de gestações que evoluíram com
amniorrexe prematura.
Morbimortalidade
Variáveis Sim Não RP IC95% Valor p§
n % n %
Idade gestacional no diagnóstico
≥30 semanas de gestação 34 44,7 42 55,3 1
<30 semanas de gestação 11 100 0 – 2,2 (1,7–2,9) 0,001
Peso ao nascer
≥2.500 g 13 26,5 36 73,5 1
<2.500 g 32 83,8 6 16,2 4,5 (2,1–9,6) <0,0001
Corioamnionite*
Presença 11 91,7 1 8,3 1
Ausência 29 42,0 40 58 0,4 (0,3–0,6) 0,002
Tipo de conduta*
Interrupção da gestação 20 34,5 38 65,5 1
Conservadora 24 88,9 3 11,1 2,6 (1,8–3,8) <0,0001
Internação em unidade de terapia intensiva
Sim 22 100 0 0 1
Não 22 34,4 42 65,6 0,3 (0,2–0,5) <0,0001
Uso de ventilação mecânica
Sim 33 94,3 3 5,7 1
Não 11 21,6 40 78,4 0,2 (0,1–0,4) <0,0001
Nº de consulta de pré-natal*
<6 consultas 26 65,0 14 35 1
≥6 consultas 15 35,7 27 64,3 0,5 (0,3–0,9) 0,01
Via de parto*
Vaginal 12 36,4 21 63,3 1
Cesáreo 32 61,5 20 38,5 1,6 (1,1–2,5) 0,02
Infecção do trato urinário*
Não 14 36,1 26 63,9 1
Sim 26 60 17 40 1,6 (1,0–2,7) 0,05
RP: razão de prevalência; IC95%: intervalo de confiança de 95%; §significância estatística (p<0,10); *ausência de informação para alguns sujeitos da pesquisa (missing).
Tabela 2. Fatores relacionados ao desenvolvimento de morbimortalidade perinatal de estudo, que evidenciou uma frequência de 78,2%, sendo
recém-nascidos de gestações que evoluíram com amniorrexe prematura preconizado que a mesma seja utilizada após 18 horas de
RP ajustada IC95% Valor p§ bolsa rota (>37 semanas), quando se instala o trabalho de
≥6 consultas pré-natais 0,5 (0,3–0,9) 0,012 parto prematuro ou em pacientes para os quais se opta pela
≥30 semanas* 0,6 (0,4–0,8) <0,0001 conduta conservadora (<34 semanas). Contudo, a literatura
Peso ao nascer <2.500 g 2,9 (1,5–5,4) 0,001 ainda é controversa em relação ao benefício da utilização
Ventilação mecânica 3,8 (2,0–7,2) <0,0001 de antibióticos como terapia profilática21,22, sendo que a
RP: razão de prevalência; IC95%: intervalo de confiança de 95%; §significância alta aplicação de antibiótico pode ser também ocasionado
estatística (p<0,05); *idade gestacional pela ultrassonografia na época do
diagnóstico de amniorrexe prematura. pelo uso independente da recomendação do protocolo por
parte dos médicos. O presente estudo não mostrou asso-
ciação entre antibióticos e morbimortalidade perinatal,
Discussão sendo necessários novos estudos para melhor avaliação.
O fator que contribui de forma mais significativa
Cerca de um terço dos partos prematuros e 20,0% para a morbidade e mortalidade perinatal é a prematu-
dos óbitos perinatais são oriundos de gestações que ridade, havendo relação inversa entre idade gestacional
cursaram com RPM1,2. Em nosso estudo, 47,1% foram no momento do parto e sobrevida neonatal23. Em nosso
partos prematuros e a taxa de óbitos perinatais foi de estudo foi encontrada associação entre idade gestacional
11,5%. As principais causas de morbimortalidade foram e morbimortalidade perinatal (RP=0,6; IC95% 0,4–0,8;
a prematuridade extrema, infecções (sepse e pneumonia) e p=0,000). De forma geral, a prematuridade está associada
síndrome do desconforto respiratório, estando de acordo a diversos problemas de adaptação à vida extrauterina pela
com as causas que prevalecem nos países nos países em imaturidade dos sistemas orgânicos, gerando assim diver-
desenvolvimento, como o Brasil, que são asfixia intrauterina sos agravos que contribuem para a morbimortalidade no
e intraparto, baixo peso ao nascer, afecções respiratórias do período neonatal, podendo haver mais chances de ocorrer
RN, infecções e prematuridade12. Causas estas, prevení- alguma disfunção sistêmica, além do risco maior de sofrer
veis e relacionadas com a qualidade de atenção perinatal. algum comprometimento ao longo do desenvolvimento24.
O pré-natal é o atendimento multidisciplinar que Isso reforça a importância da prematuridade no incremen-
objetiva alcançar e manter a integralidade das condições to das taxas de morbimortalidade perinatal, sobretudo
de saúde materna e fetal, estando sua ausência associada em egressos de gestações com RPM pré-termo, além de
ao aumento do risco de baixo peso ao nascer, partos pre- aumentar os gastos públicos devido à maior demanda de
maturos e mortalidade materna e infantil13. A realização assistência e cuidados de alta complexidade nesse grupo6.
de seis ou mais consultas obteve associação inversa com O peso ao nascimento é fator relevante no manejo
a morbimortalidade perinatal, se mostrando como fator clínico e na avaliação prognóstica quanto à sobrevida e ao
protetor para morbimortalidade perinatal. Esses dados dano pós-natal25. O baixo peso ao nascer é um indicador
reforçam as recomendações do Ministério da Saúde e de- importante de desnutrição e representa o fator de risco
monstram a necessidade de conscientização em relação ao que mais influencia a sobrevivência infantil, estando re-
número de consultas, para garantir uma gestação saudável lacionado à maior morbimortalidade neonatal26. Isso foi
e um parto seguro14. evidenciado no presente estudo, que verificou associação
Em relação ao risco materno, observou-se elevada entre peso menor que 2.500 g e morbimortalidade peri-
frequência de parto cesáreo (60,5%), sendo o resultado natal. Dessa forma, a idade gestacional e o peso ao nasci-
semelhante a outro estudo de gestações que cursaram com mento estão consistentemente relacionados ao aumento
AP15. A cesárea apresenta duas vezes mais riscos que o parto na incidência da mortalidade e a algumas morbidades
vaginal16, implicando em maior permanência hospitalar relacionadas à prematuridade25-27.
e ocorrência de comorbidades neonatais, como prema- Foi visto que o uso de ventilação mecânica está associa-
turidade e síndrome do desconforto respiratório do RN. do à morbimortalidade perinatal (RP=3,8). Em neonatos
A frequência de corioamnionite foi de 14,6%. Esse prematuros, a ventilação pode provocar lesão pulmonar
valor foi semelhante ao observado em outros estudos, ou exacerbar condições pré-existentes que levaram à ne-
que detectaram valores de 14,317 e 15,0%18, contudo, a cessidade do referido procedimento6,28. Os neonatos sob
literatura relata prevalências de até 60,0%19 em gestações risco de desenvolver displasia broncopulmonar geralmente
que cursaram nascimento pré-termo. A corioamnionite é têm dificuldade respiratória intensa, que exige períodos
um dos principais fatores que levam ao parto pré-termo prolongados de ventilação mecânica e oxigenioterapia29.
e a sequelas em gestações20. A antibioticoprofilaxia é A prematuridade pode estar associada à presença de enfi-
preconizada em alguns serviços, como o do presente sema intersticial pulmonar, persistência do canal arterial,
baixa pressão parcial do CO2 com 48 horas de vida, pres Vale destacar também que a metodologia utilizada é
são inspiratória máxima elevada, maior resistência das adequada ao objetivo proposto de identificar fatores que
vias aéreas na primeira semana de vida e pressão arterial contribuem para o adoecimento e morte dos RN e fetos
pulmonar elevada, contribuindo para o agravamento do de gestações complicadas pela RPM ovulares.
dano pulmonar e aumento do tempo de permanência em Em síntese, observa-se elevada morbimortalidade
ventilação mecânica30. perinatal em gestações que cursaram com RPM, sendo
Este trabalho apresentou algumas limitações, como essa um importante problema de saúde pública, por estar
dificuldades de obter informações sobre a evolução do associada à extrema prematuridade e ao baixo peso ao
RN que obtiveram alta hospitalar com 24 a 48 horas por nascer, principais causas de morbimortalidade perinatal
não apresentarem morbimortalidade ao nascer. Assim, se no mundo1,2. Além disso, verifica-se associação desse
esses RN voltassem ao serviço por alguma morbimorta- quadro com a assistência pré-natal, devendo-se incenti-
lidade evidenciada ainda no período neonatal, não seria var a realização de consultas pré-natais, além de avaliar a
possível avaliar, pois dariam entrada no serviço com novos qualidade das mesmas para dar melhor suporte à gestação,
prontuários. Também não foi possível avaliar o período a fim de diminuir os fatores que levaram a RPM e que
de latência, isto é, o tempo decorrido entre a RPM e o por sua vez levam a um maior risco de prematuridade,
parto, por falta de informação nos prontuários. Além dis- e assim diminuir a necessidade de internações em UTI
so, a coleta de dados secundária também representa uma e uso de suporte mecânicos à vida, como a ventilação
limitação do presente estudo, pois dificultou a obtenção mecânica, diminuindo a morbimortalidade perinatal e
de informações relevantes para a avaliação da morbimor- os gastos públicos.
talidade como, por exemplo, a confirmação diagnóstica de
algumas doenças, que pode ter subestimado a proporção Agradecimentos
de complicações nos RN. Novas investigações, com ca-
suísticas mais substanciais, permitirão avaliar aspectos À Universidade Federal do Acre, à equipe do Serviço
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tindo sobrevivência com qualidade dos RN acometidos. Heliodora e ao Lucas Carvalho Dantas.
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Artigo Original
Resumo
Palavras-chave OBJETIVO: Avaliar fatores de risco cardiometabólicos durante a gestação normal, observando a influência da obesidade
Gravidez materna sobre os mesmos. MÉTODOS: Estudo realizado com 25 gestantes sadias com gestação única e idade
Obesidade gestacional inferior a 20 semanas. Foi feita análise longitudinal de pressão arterial, peso, índice de massa corporal
Leptina (IMC), concentrações séricas de leptina, adiponectina, cortisol, colesterol total e frações, triglicérides, ácido úrico, glicose
Adiponectina
de jejum, teste oral de tolerância à glicose, HOMA-IR e relação insulina/glicose nos três trimestres da gestação. Para
Hipertensão
Fatores de risco avaliação da influência da obesidade, as gestantes foram divididas em dois grupos baseados no IMC do primeiro
trimestre: grupo com peso normal (Gpn) para gestantes com IMC<25 kg/m2 e grupo com sobrepeso/obesidade (Gso)
Keywords para IMC≥25 kg/m2. Foram utilizados testes ANOVA de um fator para medidas repetidas ou teste de Friedman e os
Pregnancy testes t de Student ou de Mann-Whitney para análises estatísticas comparativas e teste de Pearson para correlações.
Obesity RESULTADOS: A média de idade foi de 22 anos. Os valores médios para o primeiro trimestre foram: peso 66,3 kg e
Leptin
IMC 26,4 kg/m2, sendo 20,2 kg/m2 do Gpn e 30,7 kg/m2 do Gso. A média do ganho de peso foi de 12,7 kg
Adiponectin
Hypertension (10,3 kg para Gso e 15,2 Kg para Gpn). Os níveis de cortisol, ácido úrico e lipidograma elevaram-se nos trimestres,
Risk factors com exceção do HDL-colesterol que não se alterou. A pressão arterial, insulina e HOMA-IR sofreram elevação apenas no
terceiro trimestre. O grupo Gso mostrou tendência a maior ganho de peso, apresentou concentrações de leptina, colesterol
total, LDL-colesterol, VLDL-colesterol, TG, glicemia jejum e insulina mais elevados, maior HOMA-IR, além de reduzida
concentração de HDL-colesterol e pressão arterial diastólica mais elevada no 3º trimestre. Três gestantes desenvolveram
hipertensão gestacional, apresentaram obesidade pré-gestacional, ganho excessivo de peso, hiperleptinemia e relação
insulina/glicose maior que dois. O peso e o IMC apresentaram correlação positiva com colesterol total e sua fração LDL,
TG, ácido úrico, glicemia jejum, insulina e HOMA-IR; e negativa com adiponectina e HDL-colesterol. Leptina apresentou
correlação positiva com pressão arterial. CONCLUSÕES: As alterações metabólicas da gestação são mais expressivas
entre as gestantes obesas, o que as torna mais propensas às complicações cardiometabólicas.As mulheres obesas devem
ser esclarecidas sobre esses riscos e diante de uma gestante obesa, na primeira consulta de pré-natal, o cálculo do IMC,
bem como da relação insulina/glicose e o lipidograma devem ser solicitados, a fim de identificar a gestante de maior
risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Abstract
PURPOSE: To assess cardiometabolic risk factors during normal pregnancy and the influence of maternal obesity on them.
METHODS: This study included 25 healthy pregnant women with a single pregnancy and a gestational age of less than
twenty weeks. Longitudinal analysis of blood pressure, body weight, body mass index (BMI), serum concentrations of leptin,
adiponectin, cortisol, total cholesterol and fractions, triglycerides, uric acid, fasting glucose, oral glucose tolerance test,
HOMA-IR and insulin/glucose ratio was performed each trimester during pregnancy. In order to evaluate the impact of
obesity, pregnant women were divided into two groups based on BMI for the first quarter of pregnancy: Gpn for pregnant
women with BMI<25 kg/m2 and Gso for BMI≥25 kg/m2. One-Way ANOVA for repeated measurements or Friedman test
and Student-t or Mann-Whitney tests for statistical comparisons and Pearson correlations test were used for statistical analysis.
Correspondência Serviço de Endocrinologia e Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba
Sandra Beatriz Mangucci Callegari (MG) Brasil.
Avenida Getúlio Guaritá, 130 – Abadia
1
Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
CEP: 38025-440
2
Disciplina de Endocrinologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
Uberaba (MG),Brasil
3
Curso de Educação Física, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
4
Disciplina de Imunologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
Recebido 5
Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
29/01/2014 Conflito de interesses: não há.
DOI: 10.1590/SO100-720320140004946
Mangucci SB, Resende EA, Barbosa Neto O, Rodrigues Júnior V, Oliveira EM, Borges MF
RESULTS: The mean values for the first quarter of pregnancy for the following parameters were: age: 22 years; weight: 66.3 kg and BMI 26.4 kg/m2,
with 20.2 and 30.7 kg/m2 for the Gpn and Gso groups, respectively. Mean weight gain during pregnancy was ±12.7 kg with 10.3 kg for the Gso group
and 15.2 kg for the Gpn group. Regarding plasma determinations, cortisol, uric acid and lipid profile increased during all trimesters of pregnancy, except for
HDL-cholesterol, which did not change. Blood pressure, insulin and HOMA-IR only increased in the third quarter of pregnancy. The Gso group tended to gain more
weight and to show higher concentrations of leptin, total cholesterol, LDL-cholesterol, VLDL-cholesterol, TG, glucose, insulin, HOMA-IR, besides lower HDL-cholesterol
and greater diastolic blood pressure in the 3rd quarter of pregnancy. Three pregnant women developed gestational hypertension, presented prepregnancy obesity,
excessive weight gain, hyperleptinemia and an insulin/glucose ratio greater than two. Weight and BMI were positively correlated with total cholesterol and its
LDL fraction, TG, uric acid, fasting blood glucose, insulin and HOMA-IR; and were negatively correlated with adiponectin and HDL-cholesterol. Leptin level was
positively correlated with blood pressure. CONCLUSIONS: The metabolic changes in pregnancy are more significant in obese women, suggesting, as expected,
an increased risk of cardiometabolic complications. During their first visit for prenatal care, obese women should be informed about these risks, have their BMI and
insulin/glucose ratio calculated along with their lipid profile to identify pregnant women at higher risk for cardiovascular diseases.
O critério de inclusão considerado foi idade gestacional A adiponectina foi dosada no Laboratório de Imunologia
(IG) inferior a 20 semanas. A IG foi dada em semanas da UFTM, utilizando-se enzimoimunoensaio quantitativo
completas, e seu cálculo foi baseado na data da última (ELISA), com padrão duplo de anticorpo recombinante e
menstruação e/ou na IG do primeiro exame de ultrasso- kits do tipo Adiponectin Human Elisa kit ab (108789), for-
nografia, caso esse exame tivesse sido realizado antes da necidos pela Abcam Inc. (Cambridge, USA). Os resultados
18ª semana de gestação. Os critérios de exclusão foram foram lidos em espectrofotômetro Biorad, utilizando-se
gestação múltipla e ocorrência de doença cardiometabólica placas Benchmark plus.
prévia. Exames preliminares, como função renal, hepática A leptina foi dosada no Laboratório de Hormônio e
e tireoidiana, hemograma e glicemia de jejum, foram Genética Molecular-LIM 42 do Hospital das Clínicas da
realizados para avaliar o estado de saúde das gestantes. Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São
Na primeira entrevista, foi calculado o índice de Paulo-SP, empregando-se o método de enzimoimunoensaio
massa corporal (IMC) (kg/m2) do 1º trimestre (T). MI e kits Human Leptin cat#EZHL-80SK, fornecidos por
Baseando-se no peso pré-gestacional autorreferido, foi Millipore Corporation, (St. Charles, Missouri, USA), os
também calculado o IMC pré-gestacional. Considerados quais foram calibrados com padrão da NIBSC 97/554.
os IMCs do 1º T, as gestantes foram divididas em dois Os valores de referência para IMC 18 a 25 kg/m2 foram
grupos: grupo de gestantes com peso normal (Gpn), com de 3,70 a 11,10 ng/mL.
IMC<25 kg/m2 e grupo de gestantes com sobrepeso/ O índice HOMA-IR foi calculado segundo a fórmula:
obesidade (Gso), com IMC≥25 kg/m2. glicemia de jejum (mg/dL) X insulina (µU/mL) / 405.
Peso e IMC foram registrados no 1º T, 2º T, 3º T e no Os valores normais de referência foram analisados de acor-
momento do parto. A pressão arterial (PA) e os exames do com o IMC: até 25 kg/m2, 0,40 a 2,90; IMC de 25 a
laboratoriais específicos para o estudo — leptina, adiponec- 30 kg/m2, 0,40 a 4,30, e IMC maior de 30 kg/m2, 0,70
tina, cortisol, colesterol e frações, triglicérides (TG), ácido a 8,2013. A relação insulina/glicose foi considerada normal
úrico, glicose de jejum, teste oral de tolerância à glicose com quociente menor que 0,214.
(TOTG), relação insulina/glicose (I/G) e HOMA-IR — Os resultados obtidos foram submetidos à análise
foram registrados apenas nos três trimestres. estatística, utilizando-se do teste de normalidade de
A coleta de sangue do 1º T foi realizada entre a 9ª e a Kolmogonov-Smirnov para a avaliação do perfil de dis-
20ª semanas gestacionais (média: 16ª semana); a do 2º T, tribuição dos dados. Nas análises comparativas entre os
entre a 24ª e a 29ª semanas gestacionais (média: 27ª sema- trimestres, utilizou-se o teste de ANOVA de um fator para
na) e a do 3º T, entre a 30ª e a 39ª semanas gestacionais medidas repetidas ou teste de Friedman, de acordo com a
(média: 35ª semana). necessidade. Através dessa análise, foi possível verificar o
As amostras de sangue foram colhidas após um comportamento dos fatores estudados nos trimestres, sem
período de 10 a 12 horas de jejum, entre 7 e 9 horas da fazer diferenciação entre grupos. Para análise comparativa
manhã, e foram, em seguida, encaminhadas ao laboratório do comportamento dos fatores estudados entre os dois gru-
do Hospital de Clínicas da UFTM. As amostras foram pos (Gpn e Gso), foram utilizados o teste t de Student ou o
então centrifugadas, e o soro obtido foi separado em três teste de Mann-Whitney. O teste de correlação de Pearson
alíquotas. Uma delas foi encaminhada para processamento foi usado para avaliação das correlações do peso corporal, do
imediato dos exames bioquímicos. Duas outras alíquotas IMC, da leptina e da adiponectina com os demais fatores.
foram armazenadas a -20ºC até o momento da realização Os resultados estatísticos foram calculados através do Software
dos ensaios hormonais e das citocinas de interesse. Sigmastat 2.0.3 (SPSS Inc., Sommers, NY, USA). Diferenças
Os exames bioquímicos e hormonais foram realizados foram consideradas significativas com os valores de p<0,05.
no laboratório do Hospital das Clínicas da UFTM, no
setor de análises clínicas, empregando-se o sistema de Resultados
automação Cobas 6000 (módulo E601) e Cobas E411
da Roche-Hitachi. Foi utilizado o método enzimático A média de idade entre as 25 gestantes incluídas no
com hexoquinase para glicemia de jejum e teste oral de estudo foi de 22 anos (13–34 anos), com a média de idade
tolerância à glicose, e o método colorimétrico enzimático da menarca de 12 anos (9–14 anos). A maioria (85%)
para colesterol e frações, TG e ácido úrico. Insulina basal, apresentava ciclos menstruais regulares. Constatou-se
cortisol basal, TSH e T4 livre foram dosados pelo método acantose em três pacientes. Quanto à escolaridade, 80%
de eletroquimioluminescência (Compendium of background haviam completado o ensino fundamental. Em relação
information-CD, 2010), utilizando-se kits Roche Diagnostics à atividade física, 64% estavam sedentárias. Quanto à
(Indianápolis, USA), sendo os valores de referência me- presença de doenças cardiovasculares nos familiares, 60%
nores que 20 µU/mL; entre 6,2 e 19,4 µg/dL; entre 0,27 relatavam pai ou mãe com doença, sendo a hipertensão a
e 4,2 mUI/L e entre 0,93 e 1,7 ng/dL, respectivamente. mais frequente (58,8%), seguida pelo diabetes (41,2%).
Na análise dos parâmetros antropométricos, a média As concentrações séricas de colesterol total e frações
autorreferida de peso pré-gestacional foi de 64,4 kg, com (203,3 para 239,1 mg/dL), bem como de TG (135,6 para
IMC médio de 25,7 kg/m2.O peso médio no 1º T foi de 213,6 mg/dL) e ácido úrico (3,2 para 4,0 mg/dL), foram
66,3 kg (39,3–97,9 kg), com IMC médio de 26,4 kg/m2 significantemente crescentes nos trimestres, com exceção
(16,6–42,4 kg/m2), resultados muito semelhantes ao do HDL-colesterol, que se manteve inalterado (61,9
período pré-gestacional. A média de peso no 2º T, 3º T e para 61,6 mg/dL) (Tabela1). Durante toda a gestação,
parto foi de 71,4; 75,3 e 77,1 kg e do IMC foi de 28,4; as gestantes do Gso mantiveram níveis sanguíneos de
30,0 e 30,7 kg, respectivamente. Doze gestantes integra- colesterol total e suas frações VLDL e LDL mais elevadas
ram o grupo com peso normal (Gpn), apresentando IMC que as do Gpn. As diferenças foram significativas para
médio de 20,1 kg/m2 e 13 gestantes formaram o grupo VLDL-colesterol (36,9 para 24,0 mg/dL) e LDL-colesterol
sobrepeso/obesidade (Gso), apresentando IMC médio de (105,4 para 134,5mg/dL), respectivamente. Foi observado
30,7 kg/m2. O peso corporal e o IMC elevaram-se de modo comportamento inverso com relação ao HDL-colesterol,
significativo nos trimestres, apresentando um aumento de onde o Gso (54,7 mg/dL) manteve níveis séricos signifi-
+12,7 kg e +5,1 kg/m2, respectivamente. O Gpn apre- cativamente mais baixos que o Gpn (69,3 mg/dL).
sentou aumento significativamente superior (+15,2 kg Na avaliação do metabolismo glicídico, a glicemia de
e +6,2 kg/m2, respectivamente) ao do Gso (+10,3 kg e jejum manteve-se estável. TOTG, insulina basal, HOMA-IR
+4,1 kg/m2, respectivamente). e I/G apresentaram redução dos níveis sanguíneos no 2º T.
No registro dos níveis pressóricos, observou-se ele- HOMA-IR elevou-se de modo significativo no 3º T (Tabela 1).
vação de modo significativo no 3º T, com média aferida Observou-se que as médias da relação I/G do 1º T e do
de 102 x 64 mm/Hg no 2º T e 111 x 72 mm/Hg no 3º T. 3º T foram maiores que 0,2, sugerindo hiperinsulinemia.
A PA diastólica do Gso (80 mmHg) foi significativamente Verificamos que seis pacientes eram hiperinsulinêmicas
mais elevada (p=0,038) que no Gpn (65mmHg) durante desde o início da gestação, e foram responsáveis pelo au-
o 3º T. Três pacientes (12%) desenvolveram hipertensão mento da média da relação I/G no 1º T. Como tais gestantes
arterial gestacional. poderiam interferir na análise dos dados, realizamos nova
O nível sérico de cortisol elevou-se significativamen- análise após exclusão dessas gestantes. Observou-se, então,
te durante os três trimestres. O nível sérico de leptina gradativa elevação da média sérica de insulina basal durante
também se elevou do primeiro para o terceiro trimestre, a gestação (1º T=10,1; 2º T=10,2; 3º T=16,4 µU/mL),
apesar da diferença não ter sido significativa. As concen- simultaneamente a elevação do índice HOMA-IR (1º T=1,7;
trações séricas de adiponectina não variaram (Tabela 1). 2º T=1,9; 3º T=3,3) e a relação I/G (1º T 0,1; 2º T=0,1;
Nestes três trimestres, o Gso (19,9 ng/mL) apresentou 3º T=0,2). Essa nova análise resultou em diferença sig-
concentrações séricas significativamente mais elevadas de nificativa entre 1º e 2º T, entre 2º e 3º T (p=0,04) para
leptina em relação ao Gpn (9,7 ng/mL). HOMA-IR, e entre 2º e 3º T (p=0,03) para I/G. Neste
estudo, nenhuma das gestantes preencheu critérios para
Tabela 1. Concentrações de leptina, adiponectina, cortisol, colesterol e frações, triglicérides, diabetes mellitus gestacional (DMG).
ácido úrico, glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose, insulina e marcadores de As três pacientes que desenvolveram hipertensão arterial
resistência insulínica nos três trimestres gestacional (HAG) apresentavam IMC≥25 kg/m2 no 1º T
Variáveis
1º 2º 3º
Valor p
(29,7; 37,4 e 26,3 kg/m2) pesavam 64,4, 93 e 57 kg e
trimestre trimestre trimestre apresentaram um considerável ganho de peso durante a
Leptina (ng/mL) 16,3±10,3 17,7±14,2 18,2±10,6 0,368* gestação de +20,7; +21,9 e +23,3 kg respectivamente.
Adiponectina (pg/mL) 1781,1±83,8 1777±85 1791,3±89 0,782*
A gestante de maior peso (93 kg) apresentava hiperlep-
Cortisol (µg/mL) 23,2±9,3 26,6±10,7 27,4±10,1 0,013*
tinemia (37,5 ng/mL) desde o inicio da gestação, e a de
Colesterol total (mg/dL) 204,3±42,5 222,3±39,1 239,1±43,2 < 0,001*
menor peso (57 kg) teve a leptina sérica elevada em 52,41%
HDL-Colesterol (mg/dL) 61,9±19,6 62,2±17,7 61,6±17 0,175*
(12,4 para 18,9 ng/mL) e apresentou um ganho de peso
LDL-Colesterol (mg/dL) 120,7±47,0 126±36,2 137,9±53,7 0,008*
de 40% (57 para 80,3 kg). As três gestantes apresentavam
VLDL-Colesterol (mg/dL) 27,1±11,7 35,7±15,3 42,9±16,7 < 0,001*
Triglicérides (mg/dL) 135,6±57,1 169±54,3 213,7±83 < 0,001*
relação I/G>0,2 no 1º T (0,3; 0,5 e 1,0 respectivamente),
Ácido Úrico (mg/dL) 3,3±0,7 3,6±0,9 4±1 < 0,001*
revelando hiperinsulinemia. Ao compará-las às gestantes
Glicose (mg/dL) 79,9±9,2 78,7±12,1 78,7±10,4 0,147**
que se mantiveram normotensas, observou-se PAS, PAD,
Teste oral de tolerância à 102,1±17,5 94,4±14,8 95,6±22,6 0,035**
níveis de leptina e HOMA-IR significativamente mais
glicose (mg/dL) elevadas. Constatou-se também correlação positiva entre
Insulina (µU/mL) 20,2±22,7 11,8±6,9 18,6±14,6 0,141** PAS, PAD e leptina.
HOMA-IR 4,2±4,8 2,4±1,7 3,9±3,7 0,039** Os resultados das correlações entre peso corporal,
Insulina/glicose 0,2±0,3 0,2±0,9 0,2±0,1 0,088** IMC, leptina e adiponectina com as outras variáveis
*Teste de ANOVA de um fator para medidas repetidas; **teste de Friedman estudadas estão representadas na Tabela 2. Destacamos
Tabela 2. Correlação entre peso corporal, índice de massa corporal, leptina e adiponectina é similar ao descrito no estudo de Mazaki et al.18, embora
com as outras variáveis indicativas de risco cardiovascular contrate com o estudo de Cseh et al.19, em que foram des-
Peso Índice de massa
Leptina Adiponectina critos níveis sanguíneos inferiores de adiponectina durante
corporal corporal
a gestação. Observamos correlação negativa entre peso,
Pressão arterial sistólica - - ↑↑ -
TG e colesterol não HDL com adiponectina. Semelhantes
Pressão arterial diastólica - - ↑↑↑ -
Leptina - - - -
observações foram feitas em outros estudos20,21. Nesse
Adiponectina ↓ - - - trabalho, a adiponectina apresentou comportamento
Cortisol ↓ ↓ - - semelhante entre obesas e não obesas. Porém, existem
Colesterol Total ↑↑↑ ↑↑↑ - - estudos22 que mostram concentrações maiores nas gestan-
LDL-colesterol ↑↑ ↑↑↑ - ↓ tes com IMC<25 kg/m2 quando comparadas com gestantes
VLDL-colesterol - - - ↓ com IMC≥25 kg/m2. Mostrando sua estreita relação com
HDL-colesterol ↓ ↓ - - o peso, os níveis séricos de leptina foram mais elevados
Triglicérides ↑↑↑ ↑↑↑ - ↓ nas gestantes obesas, da mesma forma que apresentado
Ácido úrico ↑↑ ↑↑ - - nos dados de Madan et al.23.
Glicose de jejum ↑↑ ↑↑ - -
Nesse estudo, os níveis pressóricos das gestantes
Teste oral de tolerância à glicose - - - -
aumentaram significativamente no 3ºT, em paralelo ao
Insulina ↑ ↑ - -
Insulina/glicose ↑ ↑ - -
aumento do peso e da RI. Apesar de o Gso apresentar
HOMA-IR ↑↑ ↑↑ - - níveis pressóricos normais, ainda assim eram maiores que
↑ - Correlação positiva com p<0,05 ↓ - Correlação negativa com p<0,05
do Gpn, especialmente a PA diastólica no 3º T. As três
↑↑ - Correlação positiva com p<0,01 ↓↓ - Correlação negativa com p<0,01 gestantes que desenvolveram hipertensão arterial gestacional
↑↑↑ - Correlação positiva com p<0,001 ↓↓↓ - Correlação negativa com p<0,001 iniciaram gestação com IMC≥25 kg/m2 e ganharam peso
Teste de correlação de Pearson excessivo. Concordante observação foi demonstrada na
revisão realizada por Viswanathan et al.24, que revelou forte
a correlação negativa do peso com níveis séricos de adi- evidência entre ganho de peso e maior incidência de PE.
ponectina e com HDL-colesterol; correlação negativa da Outra observação relevante neste trabalho é a res-
adiponectina com frações não HDL do colesterol e com peito do índice HOMA-IR. Esse índice apresentou-se
TG; correlação positiva da leptina com PAS e com PAD; significativamente maior nas gestantes que desenvol-
e correlação positiva do peso e do IMC com o colesterol veram hipertensão arterial, quando comparadas com
total, assim como com suas frações não HDL, glicemia o grupo das gestantes não hipertensas. Outro estudo
de jejum e insulina basal. recente concluiu que HOMA-IR do 1º T pode ser fator
preditivo da PE25.
Discussão A respeito da hipertensão gestacional e da PE, a
literatura vem apontado a associação destas duas condi-
Este estudo descreve as mudanças longitudinais dos ções com variações das adipocinas. Em estudo recente26,
fatores de risco cardiometabólicos no decorrer da gestação, demonstrou-se que as concentrações de adiponectina no
bem como a influência da obesidade sobre esses fatores. soro de gestantes com PE foram significativamente mais
Os resultados encontrados no presente estudo reforçam altos do que nas gestantes normais, sendo essas concentrações
achados de estudos anteriores. ainda mais elevadas no grupo com PE grave. Os nossos
O ganho de peso foi mais expressivo no 3º T. O Gpn resultados não demonstraram tal associação. Foi constatado,
ganhou mais peso que o Gso, mas se manteve dentro do no entanto, correlação positiva entre níveis de leptina e
valor adequado. O ganho de peso do Gso, entretanto, esteve PA. As gestantes que desenvolveram hipertensão arterial
no limite ou além do preconizado15. O menor ganho de gestacional cursaram a gestação com níveis elevados de
peso do Gso observado no presente estudo em comparação leptina, resultado concordante com estudo prévio27. Lepercq
ao Gpn contrasta com achado prévio15, o qual demonstrou e Hauguel De Mouzo28 correlacionaram a hipertensão
que o ganho de peso excessivo durante a gestação é mais arterial com níveis séricos de leptina e hiperinsulinemia
frequente nas mulheres que já iniciam a gestação com durante 1º, 2º e 3º T ao mesmo tempo em queo aumento
sobrepeso/obesidade. Independente dessa discrepância da massa corporal ocorria, encontrando dados semelhantes
de resultados, o ganho de peso excessivo leva ao maior ao de nosso trabalho, em que as gestantes que desenvolve-
risco de pré-eclâmpsia (PE) e também leva as gestantes ram hipertensão arterial gestacional apresentaram relação
a se manterem obesas no pós-parto16, além de predispor I/G>0,2 ao longo dos três trimestres.
à hipertensão arterial sistêmica17. O perfil lipídico das gestantes apresentou evidente
Nesse estudo, não foram observadas variações signifi- modificação, com elevações do colesterol total, frações não
cativas de adiponectina durante a gestação. Tal resultado HDL e TG durante o evoluir da gestação. Esse quadro,
associado a um ambiente de RI, ainda que fisiológica, do perfil lipídico, à elevação da PA e à hiperinsulinemia.
provavelmente aumenta o risco de doenças cardiovascu- Tais mudanças sofreram importante influência do estado
lares. Um estudo anterior29 definiu que os níveis de TG, nutricional prévio da gestante, uma vez que as gestantes com
colesterol total, LDL e VLDL-colesterol diminuem até a IMC>25 kg/m2 adquiriram maior elevação na PA diastólica,
oitava semana de gestação, sofrendo, após esse período, maiores concentração sérica de leptina, de colesterol total,
um crescente aumento. Como previsto, as gestantes do de LDL-colesterol, de VLDL-colesterol, de TG, de glicemia
Gso apresentaram níveis de colesterol total, frações LDL, jejum, de insulina e de HOMA-IR, além de menor concen-
VLDL, bem como TG mais elevados nos três trimes- tração de HDL-colesterol. Tais modificações metabólicas nas
tres em relação ao Gpn, sendo expressiva a elevação do gestantes com IMC>25 kg/m2 podem torná-las mais aptas
LDL-colesterol no Gso durante o 3º T, resultando em um a desenvolverem doenças cardiometabólicas.
pior perfil lipídico do Gso no final da gestação. Observou- Diante do quadro acima exposto e discutido, vemos
se também uma correlação positiva do colesterol total, uma necessidade emergente de esclarecer a população
do LDL-colesterol, do TG e do ácido úrico com o peso crescente de mulheres acima do peso, em idade reprodu-
e o IMC, e correlação inversa com HDL-colesterol. Tais tiva, sobre os riscos de complicações na gestante obesa,
resultados são similares aos encontrados no estudo de para que assim medidas preventivas e comportamentais
McIntyre et al.5, em que foi observado uma correlação possam ser tomadas em caso de gravidez planejada. Diante
positiva entre TG e peso materno. de uma gestante obesa, recomendamos que sejam calcu-
As glicemias mantiveram-se normais ao longo do lados, na primeira consulta de pré-natal, o IMC, o I/G, o
período de observação, o que não significa, entretanto, HOMA-IR, e que seja solicitado o lipidograma a fim de
que não estivesse ocorrendo RI, uma vez que as células identificar as gestantes com maior risco de complicações
β do pâncreas têm capacidade de aumentar a produção e cardiometabólicas. Uma vez identificadas, o monitoramento
secreção de insulina mantendo uma situação metabólica de e a educação a respeito de mudanças comportamentais
hiperinsulinemia e normoglicemia, associado a alterações para um menor ganho de peso podem ser imperativas no
metabólicas que favorecem a aterogênese, como aumento sucesso da gestação.
do VLDL-colesterol e AGL. Adicionalmente, foi obser-
vada correlação positiva da glicemia de jejum, insulina, Agradecimentos
HOMA-IR e I/G com peso e IMC11. A hiperinsulinemia
leva à disfunção endotelial e estimula a proliferação de À Profa. Dra. Berenice Bilharinho de Mendonça, Profa.
células da musculatura lisa vascular e endotelial como Titular do Departamento de Clinica Médica, Área de
parte do início do processo aterosclerótico30. Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade
Em vista desses resultados, podemos concluir que, de São Paulo, pelo apoio na dosagem da leptina.
durante a gestação, ocorrem mudanças fisiológicas no Ao Prof. Dr. Valdo Dias da Silva, Prof. Titular do
organismo materno que levam ao ganho de peso, à piora Departamento de Fisiologia, UFTM, pela revisão do artigo.
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Artigo Original
Resumo
Palavras-chave OBJETIVOS: Identificar a frequência do polimorfismo no gene IL-10, rs1800896 (-1082 A/G), em mulheres com
Polimorfismo genético pré-eclâmpsia (PE) e em mulheres do grupo controle e associar a presença deste polimorfismo com a proteção contra
Pré-eclâmpsia o desenvolvimento da PE. MÉTODOS: Estudo do tipo caso-controle, no qual foram selecionadas 54 mulheres com
Interleucina-10 PE, classificadas de acordo com os critérios da National High Blood Pressure Education Program e 172 mulheres
Keywords do grupo controle, com pelo menos duas gestações saudáveis. O polimorfismo proposto foi estudado utilizando-se a
Genetic polymorphism técnica de reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR), com sondas de hidrólise. A análise estatística foi
Pre-eclampsia realizada utilizando-se o teste de associação do χ2. Odds ratio e seu intervalo de confiança de 95% foram usados
Interleukin-10 para medir a força de associação entre o polimorfismo estudado e o desenvolvimento da PE. RESULTADOS: Foi
observado aumento significativo da frequência do genótipo AG entre mulheres do grupo controle (85 versus 15% nas
mulheres com PE). O alelo G é significativamente mais frequente entre as mulheres do grupo controle do que nas com
PE (Teste χ2; p=0,01). O odds ratio para as portadoras do alelo G foi de 2,13, indicando que apresentam menor
risco de desenvolver PE do que as não portadoras. CONCLUSÕES: Sugere-se associação entre a presença do alelo
G do polimorfismo no gene IL-10, rs1800896 (-1082 A/G), e a proteção contra o desenvolvimento da PE. Mais
estudos sobre a contribuição dessas variações e os mecanismos pelos quais afetam o risco de desenvolver PE ainda
necessitam de ser realizadas.
Abstract
PURPOSE: To identify the frequency of polymorphism in the IL-10 gene, rs1800896 (-1082 A/G), in women with
preeclampsia (PE) and in women in a control group and to associate the presence of this polymorphism with protection
against the development of PE. METHODS: This was a case-control study conducted on 54 women with PE, classified
according to the criteria of the National High Blood Pressure Education Program, and on 172 control women with at least
two healthy pregnancies. The proposed polymorphism was studied by the technique of real time polymerase chain reaction
(qPCR), with hydrolysis probes. Statistical analysis was performed using the χ2 test. Odds ratio and confidence interval
of 95% were used to measure the strength of association between the studied polymorphism and the development of PE.
RESULTS: Statistically increased frequency of the AG genotype was observed among control women (85 versus 15% in
women with PE). The G allele was significantly more frequent among control women than PE women (χ2 test, p = 0.01).
The odds ratio for carriers of the G allele was 2.13, indicating a lower risk of developing PE compared to non-carriers.
CONCLUSIONS: Thus, an association is suggested to occur between the presence of the G allele of the polymorphism
in the IL-10 rs1800896 (-1082 A/G) gene and protection against the development of PE. More studies investigating the
contribution of these variations and the mechanisms by which they affect the risk of developing PE still need to be undertaken.
Correspondência Disciplina de Genética, Instituto de Ciências Biológicas e Naturais, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba
Cristina Wide Pissetti (MG), Brasil.
Praça Manoel Terra, 330 – Centro
1
Programa de Pós-Graduação em Atenção à Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
CEP: 38015-050
2
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
Uberaba (MG), Brasil
3
Disciplina de Microbiologia e Imunologia, Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Uberaba (MG), Brasil.
4
Disciplina de Genética, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
Recebido 5
Disciplina Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM – Uberaba (MG), Brasil.
01/07/2014 Conflito de interesses: não há.
DOI: 10.1590/SO100-720320140005075
Papel protetor do alelo G do polimorfismo no gene Interleucina 10, (-1082G/A) contra o desenvolvimento de pré-eclâmpsia
realizada mediante entrevista pré-estruturada com as AG foi observado em 120 mulheres, sendo 102 (85%)
participantes da pesquisa e complementada por dados do grupo controle e 18 (15%) do grupo com PE. Foi
transcritos dos prontuários. observado que 24 mulheres apresentaram o genótipo
Foram coletados 20 mL de sangue periférico de todas GG, das quais 15 (62,5%) do grupo controle e nove
as participantes do estudo. O DNA genômico foi extraído (37,5%) do grupo com PE. Houve diferenças signi-
de leucócitos pela técnica de Fenol-Clorofórmio18. ficativas na frequência dos genótipos quando o gru-
Para amplificação das sequências e determinação po de mulheres com PE foi comparado com o grupo
dos genótipos, foi realizada a técnica de reação em ca- controle (Teste χ2; p=0,003). Pode-se observar que os
deia da polimerase em tempo real (qPCR), utilizando o genótipos AG e GG foram mais frequentes no grupo
sistema de sondas de hidrólise (Identificação do ensaio: controle do que no grupo com PE. Esses resultados
C____553275_20; TaqMan® Applied Biosystem), se- estão apresentados na Tabela 2.
gundo as recomendações do fabricante. As condições de Foi realizada, ainda, uma análise para a presença
amplificação foram: 95°C por 10 minutos, seguida de do alelo G. Foram agrupados como “presença do alelo
50 ciclos de amplificação (92°C por 15 segundos e 60°C G” os genótipos AG e GG, e como ausência de G o
por um minuto). Para cada ciclo, o software determinava genótipo AA. A ausência do alelo G foi verificada em
o sinal fluorescente emitido pelas sondas marcadas com 82 mulheres, sendo 55 (67%) do grupo controle e 27
VIC ou FAM. As amostras foram processadas pelo sistema (33%) do grupo com PE. Observou-se a presença do
de PCR Real-Time 7300 (Applied Biosystems). alelo G em 144 mulheres, sendo 117 (81,2%) do gru-
Para a análise estatística, os dados foram compila- po controle e 27 (18,8%) do grupo com PE. O alelo
dos no software Excel® 4.0, utilizando-se sua planilha G é significativamente mais frequente nas mulheres
eletrônica para armazenamento. A análise estatística dos do grupo controle do que no grupo com PE (Teste χ2;
resultados foi realizada de forma descritiva e inferencial. p=0,01). A razão de chance (odds ratio) para as por-
Para variáveis quantitativas, utilizaram-se medidas de tadoras do alelo G foi de 2,13 (IC95% 1,14–3,96),
posição ou centralidade (média) e medidas de dispersão sugerindo menor risco de desenvolver PE do que as não
e variabilidade (desvio padrão). As variáveis categóricas portadoras. Os dados estão representados na Tabela 3.
foram analisadas por meio do software SPSS, versão
16.0, empregando-se frequências relativas, bem como Tabela 1. Distribuição da idade, número de gestações e número de abortos em mulheres
análise de associação em tabelas de contingências χ2. com pré-eclâmpsia e grupo controle
Odds ratio (OD) e seu intervalo de confiança de 95% Grupo
(IC95%) foram usados para medir a força de associação Controle Pré-eclâmpsia
entre o polimorfismo estudado e o desenvolvimento da Média de idade±DP 40,1±11,5 28,4±7,0
PE. Os valores foram considerados estatisticamente Menos de 40 anos 72/120 48/120
significativos quando p≤0,05. 40 anos ou mais 66/68 2/68
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em número de gestações±DP 3,4±1,5 2,0±1,2
Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, DP: desvio padrão
Protocolo CEP nº 1115-08, em 18 de abril de 2008.
Tabela 2. Distribuição das frequências dos genótipos do polimorfismo no gene IL-10,
Resultados rs1800896 (-1082 A/G), em mulheres com pré-eclâmpsia e grupo controle
Pré-eclâmpsia Grupo controle Total
Genótipo
A amostra total foi composta por 226 mulheres, sendo n % n % n %
172 (76%) do grupo controle e 54 (24%) com PE, com AA 27 32,9 55 67,1 82 100
faixa etária entre 21 e 51 anos. O grupo controle apre- AG 18 15,0 102 85,0 120 100
sentou faixa etária maior ou igual a 40 anos, enquanto GG 9 37,5 15 62,5 24 100
que no grupo com PE, a faixa etária foi inferior a 40 anos. Total 54 24,0 172 76,0 226 100
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Artigo Original
Resumo
Palavras-chave OBJETIVO: Comparar as características clínicas e laboratoriais, os resultados maternos e perinatais de gestantes com
Pré-eclâmpsia pré-eclâmpsia versus hipertensão gestacional. MÉTODOS: Análise retrospectiva dos prontuários médicos de pacientes
Hipertensão induzida pela gravidez com diagnóstico de pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional, cujas gestações foram resolvidas em um período de
Diagnóstico diferencial cinco anos. Foram coletadas informações laboratoriais, resultados obstétricos e perinatais. As comparações entre os
Resultado da gravidez
grupos foram realizadas com o uso do teste adequado para a variável analisada: teste t não pareado, teste U de
Keywords Mann-Whitney, ou teste do χ2. Consideramos p<0,05 como nível de significância estatística. RESULTADOS: Foram
Pre-eclampsia avaliadas 199 pacientes no grupo com hipertensão gestacional (HG) e 220 pacientes no grupo com pré-eclâmpsia
Hypertension, pregnancy-induced (PE). No grupo HG o índice de massa corpórea médio foi 34,6 kg/m2 e no grupo PE, 32,7 kg/m2, com diferença
Diagnosis, differential significativa. O grupo PE apresentou valores de pressão arterial sistólica superiores ao grupo HG. Em relação aos
Pregnancy outcome exames laboratoriais, a média de valores denotou, de uma forma geral, maior gravidade no grupo PE. Pacientes
submetidas à cesárea foram 59,1% dos casos no grupo PE e 47,5% no grupo HG. Em relação aos resultados perinatais,
a idade gestacional e o peso ao nascer foram significativamente inferiores no grupo PE. CONCLUSÃO: As mulheres
com hipertensão gestacional apresentam características epidemiológicas de pacientes com risco de doenças crônicas.
As pacientes com pré-eclâmpsia apresentam parâmetros clínicos e laboratoriais de maior gravidade, taxas superiores
de cesárea e piores resultados maternos e perinatais.
Abstract
PURPOSE: To compare clinical and laboratory characteristics, obstetric and perinatal outcomes of patients with
pre-eclampsia versus gestational hypertension. METHODS: A retrospective study was carried out to analyze medical
records of patients diagnosed with pre-eclampsia and gestational hypertension whose pregnancies were resolved
within a period of 5 years, for a total of 419 cases. We collected clinical and laboratory data, obstetric and perinatal
outcomes. Comparisons between groups were performed using the test suitable for the variable analyzed: unpaired t test,
Mann-Whitney U test or χ2 test, with the level of significance set at p<0.05. RESULTS: Were evaluated 199 patients in
the gestational hypertension group (GH) and 220 patients in the pre-eclampsia group (PE). Mean body mass index was
34.6 kg/m2 in the GH group and 32.7 kg/m2 in the PE group, with a significant difference between groups. The PE
group showed higher systolic and diastolic blood pressure and higher rates of abnormal values in the laboratory tests,
although the mean values were within the normal range. Cesarean section was performed in 59.1% of cases of PE
and in 47.5% of the GH group; and perinatal outcomes in terms of gestational age and birth weight were significantly
lower in the PE group. CONCLUSION: Women with gestational hypertension exhibit epidemiological characteristics of
patients at risk for chronic diseases. Patients with pre-eclampsia present clinical and laboratory parameters of greater
severity, higher rates of cesarean delivery and worse maternal and perinatal outcomes.
Correspondência Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP –
Ricardo Carvalho Cavalli Ribeirão Preto (SP), Brasil.
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
1
Programa de Residência Médica, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo –
Avenida Bandeirantes, 3900 – Campus da USP USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil.
CEP: 14049-900
2
Programa de Pós-graduação em Biologia da Reprodução, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto (SP), Brasil Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil.
3
Departamento de Farmacologia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil.
Recebido 4
Departamento de Farmacologia, Instituto de Biociências de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
20/05/2014 UNESP – Botucatu (SP)l, Brasil.
5
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão
Aceito com modificações Preto (SP), Brasil.
26/08/2014 Conflito de interesses: não há.
DOI: 10.1590/SO100-720320140005029
Martinez NF, Filgueira GC, Machado JS, Santos JE, Sandrim VC, Duarte G, Cavalli RC
Kolmogorov-Smirnov. Consideramos p<0,05 como nível Tabela 2. Resultados perinatais de pacientes com hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia
de significância estatística. Hipertensão Pré-
gestacional eclâmpsia
Parâmetros Valor p*
(n=199) (n=220)
Resultados (média±DP) (média±DP)
Idade gestacional do parto
As características clínicas, biofísicas, laboratoriais 38,9±1,8 36,4±3,9 <0,01
(semanas)
e ultrassonográficas das 419 gestantes selecionadas para Peso do recém-nascido (g) 3203,3±548,5 2641,1±886,2 <0,01
este estudo estão sumarizadas na Tabela 1.
Altura do recém-nascido (cm) 49,0±2,3 46,8±4,4 <0,01
Dentre as alterações clínicas com diferença significativa
entre os grupos, destacamos o IMC, de 34,6±6,8 kg/m2 Peso da placenta (g) 587,0±118,7 524,0±151,3 <0,01
no grupo HG e 32,7±6,3 kg/m2 no grupo PE. Em con- Apgar <7,1 min (%)
o
16,1 17,3 0,74
trapartida, os valores de PAS foram superiores no grupo Apgar <7,5o min (%) 2,0 1,8 0,89
PE (139,8±18,6 mmHg) em relação ao grupo HG
DP: desvio padrão; *valor p obtido por one-way considerado significativo p<0,05
(133,2±17,7 mmHg).
As gestantes dos grupos HG e PE apresentaram
diferenças significativas em relação à quantidade de pla-
quetas (231,2±59,1 e 218,1±63,8 x 103/mm³) e albumina e 21,3±22,5 U/L), ALT (13,6±6,0 e 17,6±11,3 U/L),
(3,6±0,3 e 3,4±0,4 g/dL), sendo os resultados menores proteinúria total (134,64±92,7 e 1371,0±1827,1 mg)
no grupo PE. Já os valores de ácido úrico (4,2±1,1 e e LDH (407,0±79,9 e 473,8±187,7 U/L) foram mais
5,6±2,2 mg/dL), ureia (14,6±5,6 e 20,7±15,7 mg/dL), levados no grupo PE.
creatinina (0,6±0,1 e 0,7±0,2 mg/dL), AST (18,3±16,6 Não observamos diferenças significavas quanto ao ILA
e IR ACM ao se comparar as gestantes dos grupos HG e
PE. As gestantes do grupo PE, no entanto, apresentaram
IR Art Umb significativamente mais lato do que as ges-
Tabela 1. Aspectos clínicos, biofísicos, laboratoriais e ultrassonográficos pré-natais de
pacientes com hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia tantes com HG, (65,0±8,8 e 61,4±9,6, respectivamente).
Hipertensão Pré-
Quanto ao desfecho perinatal (Tabela 2), as gestantes
gestacional eclâmpsia do grupo PE apresentaram a idade gestacional do parto
Parâmetros Valor p*
(n=199) (n=220) mais precoce, além do peso da placenta, comprimento e
(média±DP) (média±DP)
peso do concepto serem inferiores ao grupo HG.
Índice de massa corpórea (Kg/m²) 34,6±6,8 32,7±6,3 <0,01 Os resultados quanto à via de parto mostraram
Pressão arterial sistólica (mmHg) 133,2±17,7 139,8±18,6 <0,01 número superior de resoluções por cesárea no grupo PE.
Pressão arterial diastólica Das pacientes com PE, 59,1% tiveram a resolução do
83,7±12,5 87,4±12,7 0,01
(mmHg) parto por cesárea, 37,2% por parto vaginal e 3,7% por
Idade gestacional da avaliação
36,1±4,4 34,5±4,6 <0,01
parto fórceps, enquanto que 50,3% das pacientes com
(semanas) HG tiveram parto vaginal, 47,5% parto cesárea e 4,0%
Plaquetas (x10³/mm³) 231,2±59,1 218,1±63,8 <0,01 parto fórceps.
Ácido úrico (mg/dL) 4,2±1,1 5,6±2,2 <0,01
critério para diagnóstico de PE que considera necessária a No grupo de pacientes em que a gestação não induziu a
presença de proteinúria3. Publicação recente, no entanto, hipertensão, apenas 1,6% das pacientes incluídas tiveram
considera o diagnóstico de PE mesmo na ausência da mes- alteração da função hepática. Os autores concluíram que
ma, desde que estejam presentes alterações laboratoriais alterações hepáticas ocorrem frequentemente em pacientes
(plaquetopenia, transaminases e cretinina) ou clínicas com PE e que alterações da função hepática podem ser
(edema pulmonar, cefaleia e turvação visual)5. Para estudos comprovadas em pacientes com HG, porém na mesma
retrospectivos, no entanto, a reclassificação utilizando os frequência que ocorrem entre gestantes não hipertensas.
critérios atuais pode ser subjetiva e este estudo se propõe Em outro estudo, a elevação das concentrações de AST
a avaliar pacientes com PE na presença de proteinúria também foram significativamente superiores nas pacientes
comparadas às pacientes com HG. com PE comparadas às gestantes normais19. Além disso,
Durante uma gestação normal, o fluxo sanguíneo houve um aumento nos níveis séricos de LDH entre
renal aumenta, levando a um aumento da taxa de filtração pacientes com PE. Os níveis elevados de AST mostram
glomerular, que resulta em uma redução das concentrações que ocorre um dano hepático, e os autores acreditam que
séricas de ureia e creatinina, em média 9,0 e 0,5 mg/dL, o aumento das concentrações de LDH pode ter ocorrido
respectivamente11. No presente estudo, os níveis séricos devido a esse dano hepático19. Esse comprometimento
de ureia e creatinina de ambos os grupos foram superiores ocorre devido à deposição de fibrina encontrada ao longo
aos observados no estudo citado11, o que sugere um maior das paredes de sinusoides hepáticos e à redução do fluxo
comprometimento renal. A presença de proteinúria superior sanguíneo hepático, que pode levar à isquemia e hemor-
a 300 mg/24 h nas pacientes com PE confirmou-se como ragia periportal20.
o principal critério utilizado para diferenciar PE de HG12. Na gravidez normal, devido à invasão trofoblástica
No presente estudo encontramos concentrações das artérias espiraladas que leva à perda da função
séricas superiores de creatinina, ureia e ácido úrico no dos componentes musculares, bem como à dilatação
grupo PE, sugerindo que em gestações complicadas por e à retificação desses vasos uteroplacentários, há uma
essa condição, a glomeruloendoteliose e o vasoespasmo diminuição progressiva da resistência vascular e um
causam uma redução de 30% na taxa de filtração glome- aumento do fluxo diastólico final na última metade
rular, resultando em aumento das concentrações séricas da gravidez21. No presente estudo o IR ArtUmb das
desses metabólitos13. pacientes com PE foi significativamente superior ao
A hiperuricemia foi uma das primeiras manifesta- das pacientes com HG, o que sugere um desenvol-
ções descritas na PE. Diferentes teorias foram propostas vimento vascular anormal da placenta nas gestantes
para explicar esse achado. Duas revisões sistemáticas com PE. Há um consenso de que a PE se origina da
publicadas em 2006 e uma revisão publicada em 2007 invasão trofoblástica inadequada das artérias espira-
sugerem que o ácido úrico em concentrações séricas ladas maternas, que resulta em uma falha na perfusão
superiores ou iguais a 5,5 mg/dL é um importante placentária. Essa perfusão placentária inadequada é
marcador para detecção de PE, porém não é um bom associada a um aumento na resistência vascular feto-
preditor de suas complicações14-16. placentária e a uma diminuição progressiva do fluxo
Com relação à função hepática, geralmente, durante diastólico da artéria umbilical22, o que foi confirmado
uma gravidez normal, as concentrações séricas de ALT neste estudo, onde encontramos maior resistência na
e AST permanecem normais e, portanto, quando há artéria umbilical em gestantes com PE.
alguma alteração, é necessária investigação. Cerca de Fetos com resultados anormais de doplervelocimetria
20 a 30% das pacientes com PE têm a função hepática da artéria umbilical estão em um risco significativamente
alterada enquanto que as concentrações de bilirrubina aumentado para oligohidrâmnio, parto prematuro, menor
raramente aumentam17. peso ao nascimento e admissão na unidade de terapia
Neste estudo, as concentrações de ALT e AST foram intensiva (UTI). O uso das informações da doplervelo-
significativamente superiores e a contagem de plaquetas cimetria da artéria umbilical em gravidez de alto risco
foi significativamente inferior no grupo de gestantes com tem sido associado a menos mortes perinatais, induções
PE. O mesmo ocorreu em um estudo realizado por Bailey do trabalho de parto e admissões hospitalares23,24.
e Walton18. Nesse estudo 11% das pacientes com PE As doenças hipertensivas da gravidez muitas vezes
apresentavam baixa contagem de plaquetas ou aumento podem estar relacionadas a alterações de resultados peri-
na concentração de AST, ou ambos, ao passo que se ob- natais. Gestantes com PE geralmente têm recém-nascidos
servou baixa contagem de plaquetas e alteração da função com peso inferior aos de gestantes com HG ou com
hepática em apenas uma das pacientes portadoras de HG. pressão sanguínea normal25. Isso, em parte, é resultado
Em outras três pacientes desse último grupo (1,8%) foi de parto pré-termo ou de duração menor da gestação,
comprovado apenas aumento na concentração de AST. pois o parto precoce é uma consequência da PE e do seu
único tratamento efetivo. Este resultado mascara o fato As pacientes com HG apresentam características epi-
da maioria dos recém-nascidos de gestantes com PE não demiológicas de pacientes com risco de complicações por
serem pequenos quando comparados aos de gestantes doenças crônicas, devido à relação entre obesidade e risco
sem PE e com a mesma idade gestacional. Essa dife- de diabetes e hipertensão27. Portanto, essas pacientes neces-
rença no peso dos recém-nascidos pode, por outro lado, sitam de acompanhamento em longo prazo. As pacientes
indicar que os fetos de gestantes com PE não tiveram com PE apresentam parâmetros clínicos e laboratoriais
o crescimento esperado para o seu potencial genético. de maior gravidade, taxas superiores de cesárea e piores
O crescimento fetal é o resultado do potencial genético resultados maternos e perinatais. As pacientes com PE,
modulado pelo meio nutricional e endócrino ao qual portanto, precisam de rigorosa monitorização durante a
ele está submetido26. gravidez, devido ao acometimento de múltiplos órgãos,
O presente estudo apresenta contribuições por com consequente alteração dos exames laboratoriais.
conter dados clínicos, epidemiológicos, laboratoriais
e resultados perinatais de gestantes com quadro hi- Agradecimentos
pertensivo de um hospital de referência terciária da
região sudeste do Brasil com número significativo Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
de grávidas incluídas. As limitações do estudo estão e Tecnológico (CNPQ) e à Fundação de Apoio ao
presentes na metodologia retrospectiva para análise Ensino, Pesquisa e Assistência (FAEPA) do Hospital das
e interpretação dos dados e ausência de seguimento Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
prospectivo destas mulheres. da Universidade de São Paulo.
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Original Article
Abstract
Keywords PURPOSE: To evaluate factors associated with hypertension in Brazilian women of 50 years of age or more. METHODS:
Hypertension A cross-sectional population based study using self-reports. A total of 622 women were included. The association between
Aging sociodemographic, clinical and behavioral factors and the woman’s age at the onset of hypertension was evaluated.
Menopause Data were analyzed according to cumulative continuation rates without hypertension, using the life-table method and
Obesity
considering annual intervals. Next, a Cox multiple regression analysis model was adjusted to analyze the occurrence rates
Palavras-chave of hypertension according to various predictor variables. Significance level was pre-established at 5% (95% confidence
Hipertensão level) and the sampling plan (primary sampling unit) was taken into consideration. RESULTS: Median age at onset of
Envelhecimento hypertension was 64.3 years. Cumulative continuation rate without hypertension at 90 years was 20%. Higher body
Menopausa mass index (BMI) at 20–30 years of age was associated with a higher cumulative occurrence rate of hypertension over
Obesidade time (coefficient=0.078; p<0.001). Being white was associated with a lower cumulative occurrence rate of hypertension
over time (coefficient= -0.439; p=0.003), while smoking >15 cigarettes/day was associated with a higher rate over time
(coefficient=0.485; p=0.004). CONCLUSION: The results of the present study highlight the importance of weight control
in young adulthood and of avoiding smoking in preventing hypertension in women aged ≥50 years.
Resumo
OBJETIVO: Avaliar os fatores associados com a taxa de ocorrência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) em
mulheres brasileiras com 50 anos ou mais. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal de base populacional usando
autorrelato de doenças. Foi avaliada a associação entre os fatores sociodemográficos, clínicos e comportamentais com
a idade da ocorrência de hipertensão. Os dados foram analisados com uso das taxas acumuladas de continuação
para hipertensão utilizando o método de tabela de vida, com intervalos anuais. Em seguida, foi ajustado modelo de
regressão múltipla de Cox, para a análise de diversas variáveis preditoras, possivelmente associadas à taxa acumulada
de ocorrência de hipertensão. O nível de significância foi pré-estabelecido em 5% (Intervalo de confiança de 95%)
e o plano de amostragem (unidade primária da amostra) foi levado em consideração. RESULTADOS: A mediana
da ocorrência da hipertensão das mulheres da amostra foi de 64,3 anos. A taxa acumulada de continuação sem
hipertensão, aos 90 anos, foi de 20%. Quanto maior o índice de massa corpórea entre os 20 e 30 anos, maior foi
a taxa acumulada de ocorrência de HAS ao longo do tempo (coef=0,078; p<0,001); ter cor da pele branca esteve
associada à menor taxa acumulada de ocorrência de HAS ao longo do tempo (coef=-0,4; p=0,003) e fumar mais
de 15 cigarros por dia esteve associado ao aumento da taxa acumulada de ocorrência de HAS ao longo do tempo
(coef=0,4; p=0,004). CONCLUSÃO: Os resultados do presente estudo evidenciam a importância de controlar o peso
na adulta jovem e evitar o tabagismo para prevenir a ocorrência de hipertensão em mulheres com 50 anos ou mais.
Correspondence Departamento de Tocoginecologia, Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP –
Ana Lúcia Ribeiro Valadares Campinas (SP), Brazil.
Rua Alexander Fleming, 101 – Cidade Universitária Zeferino Vaz
1
Departamento de Tocoginecologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP),
Distrito de Barão Geraldo Brazil.
CEP: 13083-970
2
Curso de Medicina, Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS – Belo Horizonte (MG), Brazil.
Campinas (SP), Brazil Conflict of interests: none.
Received
07/21/2014
DOI: 10.1590/SO100-720320140005094
Machado VS, Valadares AL, Costa-Paiva L, Sousa MH, Pinto-Neto AM
had been part of a population-based surveillance of the tables). The sociodemographic characteristics of the
risk factors and protective factors associated with chronic women in the sample are shown in Table 1.
non-transmissible diseases through telephone interviews The median age of the women in this sample at the
(VIGITEL)13 conducted by the Brazilian Ministry of onset of hypertension was 64.3 years. The cumulative
Health. The third questionnaire (“Women’s Health and continuation rate without hypertension at 90 years of
Aging Study”14) was used in the United States nation- age was 20% (Figure 1).
wide. The questionnaire used in the present study was No association was found between menopausal status
divided into five sections: sociodemographic evaluation; and the cumulative occurrence rate of hypertension. The
health-related habits; self-perception of health; and evalu- cumulative occurrence rate of SAH over time increased as a
ation of functional capacity and health-related problems. function of BMI at 20–30 years of age (coefficient=0.078;
The independent variables consisted of: education level p<0.001). Being white was associated with a lower cumula-
(≤8 years of schooling; >8 years of schooling); marital status tive occurrence rate of SAH over time (coefficient=-0.439;
(no partner; partner); skin color (white; other); number of p=0.03) and smoking more than 15 cigarettes/day was as-
individuals residing in the home (≤2; >2); smoking (never sociated with an increase in the cumulative occurrence rate
smoked; current or past smoker); number of cigarettes/day of SAH over time (coefficient=0.485; p=0.004) (Table 2).
currently or in the past (≤15; >15); alcohol consumption
(yes; no); frequency of alcohol consumption (none or less Table 1. Distribution of the women according to sociodemographic and behavioral
than once a month; other); woman has private medical characteristics
insurance (yes; no); weekly practice of physical exercise Variable n %
(yes; no); frequency of weekly physical exercise (≤2 days; Age (years)
≥3 days); Body Mass Index (BMI) at 20–30 years of age 50–59 234 38.8
(kg/m2); self-perception of health (very good; good; other); 60–69 193 32.0
menopause (yes; no). ≥70 176 29.2
The dependent variable consisted of time until the Body Mass Index (kg/m2) at 20–30 years of age
onset of SAH, i.e. the woman’s age at onset of SAH. If <20 156 36.1
the woman did not have hypertension, the variable taken 20.0–24.9 222 51.3
into consideration was her age at the time of the interview, ≥25 54 12.6
taken in conjunction with a variable indicating that SAH Current Body Mass Index (kg/m2)
had not occurred (censoring). <20 26 5.3
20.0–24.9 155 31.8
Data Analysis 25–29 181 37.2
0.6
postmenopausal women through different mechanisms
0.4 that may include inflammation19. Studies in female rats
have shown that the alterations in cardiovascular hemo-
0.2 dynamics and impairment of the autonomic parameters
0.0 that lead to hypertension appear to be a consequence of the
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 aging process rather than ovarian hormone deprivation20.
IDAD5.5 (Age at the onset of hypertension)
The median age at onset of hypertension in the women
n=610 (12 women failed to provide information on the time that had elapsed in this sample was 64.3 years. Aging, irrespective of hormone
since diagnosis of the disease). Median age at onset of hypertension: 64.3 years.
Cumulative continuation rate without hypertension at 90 years of age=20%. status, is a major risk factor for cardiovascular morbidity in
healthy women. In young women, parasympathetic tone
Figure 1. Cumulative survival rate without hypertension in women of 50 predominates. The transition from parasympathetic to sym-
years of age or more
pathetic control may contribute to the age-related increase
in cardiovascular morbidity21.
Table 2. Variables associated with the cumulative occurrence rate of hypertension over
time: Cox multiple regression analysis (n=428)
Higher BMI at 20–30 years of age was directly pro-
portional to the cumulative occurrence rate of SAH over
Estimated Standard error of the
Variable
coefficient estimated coefficient
p-value time in the present study. Another population-based
BMI at 20–30 years of age (kg/m2) 0.078 0.016 <0.001 study showed that in white women, being overweight
Skin color (white) -0.439 0.148 0.003 prior to 29 years of age was associated with obesity-related
Number of cigarettes smoked/day diseases such as hypertension, reducing the survival of
0.485 0.169 0.004
currently or in the past (> 15) these women in average by 5.2 years22. Recent theories
BMI: Body Mass Index suggest that obesity is associated with a chronic inflam-
Variables considered as possible predictors: education level (≤8 years of
schooling: 0/>8 years of schooling: 1); marital status (without partner: 1/partner:
matory response characterized by abnormal adipokine
0); skin color (white: 1/other: 0); number of individuals residing in the home production and the activation of proinflammatory signaling
(≤2: 0/>2: 1); smoking (never smoked: 0/current or past smoker: 1); number
of cigarettes/day currently or in the past (≤5: 0/>5: 1); alcohol consumption
pathways, resulting in the induction of several biologi-
(yes: 1/no: 0); frequency of alcohol consumption (none or less than once a month: cal markers of inflammation23, which may explain the
0/other: 1); woman has private medical insurance (yes: 1/no: 0); weekly practice
of physical exercise (yes: 1/no: 0); frequency of weekly physical exercise (≤2 days: physiopathology of the development of obesity-related
0/≥3 days: 1); BMI at 20 to 30 years of age (kg/m2); self-perception of health morbidities. Various studies have shown that obesity
(very good, good: 1/other: 0); menopause (yes: 1/no: 0).
increases the risk of acquiring cardiovascular diseases,
particularly hypertension3,23,24. The Coronary Artery Risk
Development in Young Adults (CARDIA) study recruited
Discussion healthy individuals of 18–30 years old who were not obese
and followed them up for 25 years, evaluating for heart
The objective of this study was to evaluate the factors disease and associated risk factors every 2–5 years. The
associated with the occurrence rate of systemic arterial results showed that for each additional year of obesity,
hypertension in women of 50 years of age or more in a the risk of developing subclinical heart disease increased
city in southeastern Brazil. In this sample, 55.9% of the by 2–4% regardless of the absolute level of generalized
women reported hypertension. This prevalence is in agree- or abdominal obesity25.
ment with the findings of a nationwide study conducted Factors that have been well established in the lit-
in Brazil showing that 56.5% of women of 55 to 64 years erature as being associated with SAH, such as skin color
of age report having hypertension16. and smoking, were also identified in the present study.
No association was found between menopausal sta- Being white was associated with a lower cumulative
tus and the cumulative occurrence rate of hypertension occurrence rate of SAH over time. Studies have shown
in this study, a result that differs from the findings of a that black women run a greater risk of developing arterial
population-based study conducted with younger women hypertension26-28. A common gene that determines both
of 40 to 65 years old who had a higher education level. skin color and blood pressure is a possible explanation for
That study showed that being postmenopausal increased the higher rates of hypertension in blacks; however, the
the likelihood of having hypertension by a factor of 2.617. genetic mechanisms controlling melanin biosynthesis are
Other studies have also shown an association between complex and poorly understood29. Smoking more than
15 cigarettes/day was associated with a higher cumulative with the Brazilian population to evaluate factors associ-
occurrence rate of SAH over time. A prospective paper ated with the occurrence rate of hypertension in women
from the Women’s Health Study with more than 28,000 of 50 years old or more. Therefore, it is important to
women, conducted to evaluate the association between evaluate the factors associated with the age at which
hypertension and smoking, found that this habit increases hypertension develops to permit preventive measures
the risk of developing hypertension, principally in smokers to be proposed to reduce the incidence of hypertension
of more than 15 cigarettes/day30. Smoking may lead to or increase disease-free survival.
arterial stiffening, affecting the onset of hypertension31. Menopause was not associated with the onset of hy-
Some limitations of the present study must be pertension. The results of the present study highlight the
taken into account. First, this was a cross-sectional importance of weight control in young adulthood, and of
study; therefore, the causal pathways underlying the avoiding smoking in preventing hypertension in women
reported relationships cannot be inferred. Secondly, of 50 years of age or more. Measures to control weight
the presence of hypertension was based on self-reports earlier in life and to encourage individuals to stop smok-
and was not confirmed by clinical diagnosis, although ing, implemented in conjunction with programs aimed
previous data indicate that the reliability of self-reported at raising public awareness to the dangers of smoking
hypertension is high32. Thirdly, the actual prevalence and providing support for those wishing to stop, may
of the disease, including non-diagnosed cases, is clearly increase the age at which hypertension develops, thus
under-reported. On the other hand, the population-based delaying onset of the disease.
nature of this study represents an important feature. The
representativeness of the population sample allows these Acknowledgment
conclusions to be extrapolated to the entire population
of women of 50 years of age or more in a Brazilian city. Study funded by the Fundação de Amparo à Pesquisa
Furthermore, no similar studies have been conducted do Estado de São Paulo (FAPESP); Protocol n° 04/10524-8.
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Artigo Original
Resumo
Palavras-chave OBJETIVO: Verificar se a contagem de folículos antrais pode predizer o número de oócitos captados em pacientes submetidas à
Folículo ovariano fertilização in vitro (FIV), bem como correlacioná-la com a idade materna e a taxa de gestação. MÉTODOS: Estudo observacional
Fertilização in vitro retrospectivo que incluiu 193 pacientes submetidas a técnicas de reprodução assistida, entre setembro de 2010 e setembro
Gravidez de 2012, em uma Clínica de Reprodução Humana do Sudeste do Brasil. O estudo incluiu mulheres com indicação de FIV e
Ultrassonografia com dosagem de hormônio folículo-estimulante inferior a 10 mUI/mL no terceiro dia do ciclo, sendo excluídas as receptoras de
Keywords oócitos. As pacientes foram divididas em três grupos de acordo com o número de folículos antrais (até 10, de 11 a 22, maior
ou igual a 23 folículos). Para a comparação entre esses três grupos e o grupo das pacientes que engravidaram, foram excluídas
Ovarian follicle
Fertilization in vitro as pacientes que não desenvolveram oócitos e as que não tiveram embriões transferidos. Utilizou-se o coeficiente de correlação
Pregnancy de Spearman para medir o grau de associação entre as variáveis numéricas e o teste do χ2 para comparar taxa de gravidez
Ultrasonography e contagem de folículos antrais. Para avaliar a probabilidade de gravidez, utilizou-se a regressão logística multivariada, com
nível de significância de 5%. RESULTADOS: A taxa de gestação da amostra foi 35,6%. Observou-se correlação significativa
(cs) positiva entre contagem de folículos antrais e número de oócitos aspirados (cs=0,5; p<0,05) e negativa entre contagem
de folículos antrais e idade (cs= -0,5; p<0,05). Não houve diferença significativa (p=0,16) na comparação entre os grupos
com diferentes números de folículos e o grupo com teste de gravidez positivo, entretanto, por meio da análise multivariada,
encontrou-se ponto de corte de 27 folículos antrais, a partir do qual as probabilidades de sucesso de gestação tenderam a
ficar constantes. CONCLUSÕES: A contagem dos folículos antrais decresce ao longo dos anos, é fator preditor do número de
oócitos captados e pode prever a probabilidade de sucesso da fertilização in vitro.
Abstract
PURPOSE: To determine whether the antral follicle count can predict the number of retrieved oocytes in patients undergoing in vitro
fertilization (IVF) and to correlate it with maternal age and pregnancy rate. METHODS: This was a retrospective observational
study based on a review of medical records from 193 patients who underwent assisted reproduction techniques between
September 2010 and September 2012 in a Clinic for Human Reproduction. The study included women indicated for IVF who
had follicle-stimulating hormone levels below 10 mIU/mL on third day of the menstrual cycle, with oocyte recipients being excluded.
The patients were divided into three groups according to the number of antral follicle (up to 10 follicles, 11–22 follicles, and
23 or more follicles). To compare these three groups with the group of patients who became pregnant, patients who had not
developed oocytes and had not undergone embryo transfer were also excluded. Spearman’s correlation coefficient was used
to measure the level of association between the numerical variables, and χ2 test was used to compare pregnancy rates with
antral follicle count. To assess the likelihood of pregnancy, we used multivariate logistic regression, with the level of significance
set at 5%. RESULTS: The pregnancy rate of the sample was 35.6%. There was a positive significant correlation (sc) between
antral follicle count and number of retrieved oocytes (sc=0.5; p<0.05) and a negative correlation between antral follicle count
and age (sc= -0.5; p<0.05). There was no significant difference (p=0.16) when groups with different numbers of follicles were
compared to the positive pregnancy test group; however, a cutoff of 27 antral follicles was observed in multivariate analysis, after
which the probability of successful gestation tended to remain constant. CONCLUSIONS: The antral follicle count decreases over
the years, is a predictor of the number of retrieved oocytes and can predict the likelihood of the success of in vitro fertilization.
Correspondência Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia – UFU – Uberlândia (MG), Brasil.
Geisa Mara da Silva
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Uberlândia – UFU – Uberlândia (MG), Brasil.
Avenida Pará, 1720 – Bairro Umuarama
2
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina,
CEP: 38400-902 Universidade Federal de Uberlândia – UFU – Uberlândia (MG), Brasil.
Uberlândia (MG), Brasil
3
Departamento de Ciências Básicas e Ambientais da Escola de Engenharia de Lorena – USP – Lorena (SP), Brasil.
4
Clínica de Reprodução Humana Fecunda – Uberlândia (MG), Brasil.
Recebido 5
Universidade Federal de Uberlândia – UFU; Laboratório de Reprodução Humana da Clínica de Reprodução Humana Fecunda –
09/06/2014 Uberlândia (MG), Brasil.
Conflito de interesses: não há.
Aceito com modificações
28/08/2014
DOI: 10.1590/SO100-720320140005046
Silva GM, Diniz AL, Bernardino Neto M, Marcolini TT, Perillo LC, Pires WP, Pessoa SM
Todos os sujeitos se submeteram à técnica de fer- com mais de 35 anos, neste mesmo dia, introduziu-se a
tilização in vitro convencional ou por meio de injeção alfalutropina recombinante (Luveris®) na dose de 75 UI/dia.
intracitoplasmática de espermatozóide. Foram utilizados Os exames ultrassonográficos foram repetidos a cada
dois distintos protocolos de estimulação ovariana con- dois dias. As pacientes foram acompanhadas pela USTV
trolada. Em 71 pacientes (39,6%), foi usado o protocolo até a identificação de pelo menos dois folículos com di-
com agonista de GnRH e sua administração foi inicia- âmetro médio maior ou igual a 18 mm. Neste dia, foi
da no meio da fase lútea (protocolo longo de segunda aplicada, por via subcutânea, a gonadotrofina coriônica
fase). Para as outras 108 mulheres (60,4%), utilizou-se humana recombinante (r-hCG; Ovidrel®), na dose de
o protocolo com antagonista de GnRH. Esse segundo 250 mcg/0,5 mL, para a maturação folicular final. A cap-
protocolo foi usado para as pacientes portadoras de sín- tura dos ovócitos foi realizada entre 34 e 36 horas após a
drome do ovário policístico, nas doadoras de ovócitos e aplicação da r-hCG, por punção do fundo de saco vaginal
naquelas com mais de 35 anos. guiada por USTV.
Para as mulheres com ciclo regular e alocadas no pro- Os oócitos foram avaliados e classificados em madu-
tocolo longo, utilizou-se o acetato de nafarrelina (Synarel®) ros (MII) e imaturos, sob uso de microscópio Invertido
na dose diária de 400 mcg dividido em duas vezes, ou Eclipse TE 300 (Nikon), e o número de oócitos captados
acetato de leuprolida (Lupron®) na dose de 0,5 mg/dia, foi anotado para a futura correlação com a CFA.
iniciado por volta do 21º dia do ciclo menstrual e mantido As coletas do sêmen foram efetuadas no dia da cap-
até o dia da aplicação da gonadotrofina coriônica humana tura de oócitos. Após a capacitação dos espermatozoides,
recombinante (r-hCG). Após 14 dias de uso, realizou-se realizou-se a microinjeção (ICSI) destes nos oócitos em
USTV para confirmar a supressão hipofisária (identifica- metáfase II.
ção de espessura endometrial <5 mm e dosagem sérica No segundo ou terceiro dia após a captura dos oó-
de estradiol <50 pg/mL) e também para a contagem dos citos, foi realizada a transferência para o útero de um
folículos antrais (folículos com diâmetro de 3 a 10 mm). ou dois embriões em procedimento guiado por ultras-
Foram avaliados os ovários direito e esquerdo e sonografia abdominal. Empregou-se cateter de Sidney®
realizada a somatória das duas contagens. Foi utilizado ou Wallace® para esse procedimento. O suporte de
equipamento Voluson Pro 730 da marca GE e transdutor fase lútea foi realizado com progesterona micronizada
convexo na frequência de 5 a 9 MHz. Os exames foram (600 mcg/dia) por via vaginal. A gravidez bioquímica
realizados por dois pesquisadores experientes em repro- foi constatada após positividade de beta-hCG, dosado no
dução humana, com adequada reprodutibilidade intra sangue, 12 a 14 dias após a transferência dos embriões.
e inter-observador, conforme já afirmado por Scheffer Para a análise estatística, utilizou-se o teste de Lilliefors
et al.16. Também nesse dia, uma amostra de sangue foi para a análise de normalidade das amostras. Para medir
obtida para dosagem de FSH e estradiol. a correlação entre variáveis numéricas (idade, folículos
Após a confirmação do bloqueio hipofisário, iniciou-se antrais e oócitos na captação), foi utilizado o coeficiente
a estimulação ovariana com a gonadotrofina recombi- de correlação de Spearman, uma vez que os dados não
nante alfafolitropina (r-hFSH; Gonal F®), cuja dose foi apresentaram distribuição normal. A comparação entre os
calculada de acordo com a contagem de folículos antrais grupos formados pela divisão da contagem dos folículos
e a idade da paciente. antrais e o teste de gravidez foi realizada pelo teste do χ2.
As mulheres alocadas para a submissão ao protocolo Para avaliar a probabilidade de gravidez, tendo como
de estimulação com o uso de antagonista do GnRH foram variáveis independentes a CFA e a idade, utilizou-se a
submetidas a USTV no terceiro dia do ciclo menstrual regressão logística múltipla. A avaliação do modelo foi
para a contagem dos folículos antrais. Nesse dia, foi ini- feita por meio de testes χ2 e R2 logit (logaritmo natural
ciada a estimulação ovariana com a alfafolitropina (rhFSH; da razão das probabilidades), tendo como referência o
Gonal F®), e a dose de FSH recombinante utilizada foi modelo nulo ou só intercepto.
calculada de acordo com CFA e a idade da paciente. A regressão logística multivariada é uma forma
No sexto ou sétimo dia após o início do estímulo, a USTV especial de regressão que é formulada com o objetivo de
foi realizada novamente com a finalidade de avaliar o gerar uma função matemática na qual a resposta permita
número e o desenvolvimento folicular, com programação estabelecer a probabilidade de que determinada condição de
de subsequentes exames ultrassonográficos. idade da paciente e o número de folículos antrais pertença
A administração do antagonista do GnRH (cetrorre- ao grupo de sucesso ou fracasso da fertilização in vitro17.
lix; Cetrotide®), na dose única diária de 0,25 mg por via A função matemática gerada no estudo foi: Logit Pi
subcutânea, foi realizada quando o folículo líder atingiu = ln(P/1-P)) = 1.3646 – (0.067 . Idade) + 0.0136 . CFA;
14 mm de diâmetro. A dose de FSH recombinante foi em que P = 1/(1+ l ^(-(α + β_1.X_1+ β_2.X_2+...
ajustada de acordo com a resposta ovariana. Para as pacientes β_n.X_n))) e l =2,7182818284.
As variáveis que não foram consideradas independen- teste de gravidez, 58 apresentaram resultado positivo, deter-
tes (fator masculino, outros fatores femininos, condições minando uma taxa de gestação de 35,6% por ciclo iniciado.
laboratoriais, etc.) foram indiretamente ponderadas no Considerando a CFA como variável principal, encontrou-se,
intercepto (1,3646). por meio do coeficiente de correlação de Spearman, correlação
Foi adotado como nível de significância o valor de significativa (cs) positiva com o número de oócitos captados
5% (p<0,05). A análise estatística foi realizada pelos (cs=0,5: p<0,05) e correlação significativa negativa com a idade
programas Statistical Package for Social Sciences (SPSS versão (cs=-0,5: p<0,05), conforme demonstrado nas Figuras 1 e 2.
17.0) e Bioestat 5.0®. Ao dividir as pacientes em três grupos de acordo
com o número de folículos antrais: até 10, de 11 a 22, e
Resultados maior ou igual a 23 folículos, e, a seguir, compará-los,
por meio do teste do χ2, com o grupo de pacientes que
A amostra foi constituída por 179 pacientes com media- engravidaram, foi obtida taxa de gestação de 24,4, 38,3
na da idade de 34 anos. A mediana dos folículos antrais no e 43,2%, respectivamente (Tabela 2). Observou-se uma
terceiro dia do ciclo foi 14,5 e a dos oócitos captados foi 6, tendência de aumento percentual na positividade do teste
conforme a Tabela 1. Entre as 163 pacientes que realizaram o de gravidez com o aumento da CFA, porém não houve
diferença significante com p=0,16.
Tabela 1. Apresentação das variáveis e causas de infertilidade de 179 pacientes submetidas A determinação do ponto de inversão dos dados (ponte
a ciclo de hiperestimulação ovariana na fertilização in vitro de corte), a partir do qual as probabilidades de sucesso
Variável Mediana Mínimo Máximo da fertilização in vitro tenderam a ficar constantes, está
Idade 34 19 46 representada na Figura 3, e o valor fixado foi de aproxi-
CFA 14,5 3 57 madamente 27 folículos antrais.
Oócitos 6 1 19
Causa da infertilidade n %
Fator masculino 56 31,3 45
Fator tubáreo 36 20,2
Idade avançada 23 12,8
40
Ovários policísticos 21 11,8
Endometriose 20 11,1
35
Sem causa aparente 16 9
Oligo-ovulação 2 1,1
Idade
30
Miomatose uterina 1 0,5
CFA: contagem de folículos antrais
25
20 20
15
0 20 40 60 80 100
15 CFA
Observado
Linear
Oócito
0.4
No entanto, a avaliação ecográfica da CFA tem sido
investigada como uma medida biofísica de avaliação da
reserva ovariana7. Alguns estudos favorecem o entendi-
0.2 mento de que as relações hormonais, como os níveis de
inibina B, hormônio anti-mülleriano e FSH, podem se
somar, mas não suplantar, à CFA, que parece ter maior
0 30 60 90 valor para avaliação da reserva folicular9,23.
CFA A CFA depende do tamanho do pool folicular pri-
CFA: contagem de folículos antrais
mordial do qual os folículos são recrutados. Quanto mais
Figura 3. Distribuição da probabilidade de sucesso da fertilização in
vitro, usando como variáveis independentes a contagem de folículos folículos primordiais estiverem presentes, mais folículos
antrais e a idade poderão crescer, o que sugere que a contagem de folículos
antrais possa ser um método de avaliação da capacidade
Com base na fórmula matemática de regressão lo- reprodutiva11.
gística multivariada para o cálculo de probabilidade de Em um estudo envolvendo 474 mulheres inférteis,
sucesso na fertilização in vitro, tendo como apoio a CFA foi verificada correlação significativa entre o número de
e a idade, a média calculada da probabilidade de sucesso folículos antrais e os testes hormonais (basais ou dinâmi-
da atual amostra foi 0,42. cos), sugerindo que a CFA representa um dos melhores
parâmetros funcionais quantitativos de reserva ovariana24.
Discussão Recentemente, vários trabalhos têm sido publica-
dos sobre a relação entre a CFA e a resposta ovariana na
O conceito de envelhecimento reprodutivo sugere que fertilização in vitro25,26. Em um estudo prospectivo com
o declínio do pool folicular, o qual se relaciona com a idade 52 pacientes entre 18 e 46 anos, concluiu-se que a CFA
cronológica, determina a perda da fertilidade feminina18. apresenta maior valor preditivo de resposta no protocolo
No entanto, apenas a idade não prediz de forma confiável de indução da ovulação se comparado à medida do volume
a capacidade reprodutiva da mulher19. ovariano e testes hormonais. Além disso, a CFA pode ser
Por esse motivo, outros métodos que avaliam essa considerada o teste de primeira escolha para a avaliação da
função têm sido estudados, a fim de distinguir aquelas reserva ovariana. O valor de corte para predizer a resposta
pacientes que ainda podem ser consideradas férteis daquelas ovariana no estudo citado foi de 15,525.
que estão se aproximando de uma diminuição da capaci- Os autores de outro estudo com 331 pacientes sub-
dade reprodutiva. Essa avaliação se aplica principalmente metidas a ciclos de recuperação de oócitos concluíram que
a pacientes inférteis candidatas a técnicas de reprodução a CFA é o único preditor isolado para alta e baixa resposta
assistida, na tentativa de selecionar aquelas que apresentam ovariana, com valor de corte de ≥1526.
um bom prognóstico para gestação viável20. No presente estudo, houve correlação positiva sig-
A questão da aplicação clínica da contagem dos fo- nificante entre a CFA e o número de oócitos obtidos na
lículos antrais, no grupo de pacientes selecionadas para captação, confirmando os dados publicados por outros
serem submetidas a técnicas de reprodução assistida, autores7,9,15. Esse achado confirma que a CFA é um mar-
tem sido levada em consideração em razão do alto grau cador de resposta ovariana com capacidade preditiva15,22.
de complexidade e custo do tratamento, além do estado A maioria dos estudos demonstra uma relação ín-
natural de ansiedade, comum a muitos casais. tima da contagem de folículos antrais com a idade8,11.
O presente estudo pretendeu analisar variáveis predi- Em 2011, foram publicados os primeiros nomogramas
tivas que pudessem funcionar como linhas orientadoras, que correlacionaram a CFA com a idade27-29. Os autores
auxiliando o clínico no aconselhamento e na adoção da encontraram correlação linear e negativa entre a CFA e
estratégia terapêutica mais adequada. Foi analisada de a idade em todos os percentis27,28, correlação linear e alta
forma específica a CFA e sua correlação com a reserva para o percentil 50 e uma correlação alta e bifásica para
ovariana, taxa de gestação e idade materna após estímulo os outros percentis29.
Outro achado do atual estudo foi a correlação signifi- Em um grande estudo prospectivo com 1.012
cativa negativa com a idade, mostrando associação inversa mulheres, os autores afirmaram que existe uma relação
da idade da mulher com a CFA, também demonstrada linear entre idade, CFA e taxa de gravidez, confirman-
em outros trabalhos12,14. Em contrapartida, essa associação do que a contagem dos folículos antrais é um preditor
inversa não foi confirmada no trabalho publicado por Souza significativo de resposta ovariana e sucesso de gestação
et al.7, que analisaram informações de 51 pacientes com após ICSI. A amostra foi dividida em quatro grupos de
idade igual ou menor que 37 anos, tendo como explicação acordo com a CFA. No quartil de 3 a 10, 11 a 15, 16 a
provável o tamanho amostral reduzido e a restrição do 22 e ≥23 folículos, observaram taxa de nascidos vivos de
limite de idade. 23, 34, 39 e 44%, respectivamente. A taxa de natalidade
No presente estudo, não houve diferença significante atingiu 35% com CFA de 34, sem aumento adicional na
após a comparação entre os grupos com diferentes quantias taxa de nascidos vivos com CFA acima de 34 folículos.
de folículos antrais e os grupos com teste de gravidez positivo Esses autores ainda afirmaram que a CFA melhor avalia
ou negativo. Após a divisão das pacientes em três grupos de os aspectos quantitativos da reserva ovariana (resposta
acordo com o número de folículos antrais: até 10, de 11 a a gonadotrofinas) do que os componentes qualitativos
22, e ≤ 23 folículos, observou-se uma tendência de aumento (taxa de nascimento)14. Isso é esperado porque o sucesso
percentual na positividade do teste de gravidez com o au- da reprodução assistida é influenciado não só pelo número
mento da CFA, porém sem significância. Esse resultado está de oócitos30 mas também pela qualidade do esperma31,
de acordo com os achados de outros trabalhos publicados o desempenho do laboratório32, o número de embriões
recentemente6,15,21,22. transferidos, a técnica de transferência dos embriões33 e
Em uma metanálise com 17 estudos que avalia- da receptividade endometrial34.
ram a aplicabilidade da ultrassonografia como teste No atual estudo, definiu-se um modelo matemático
de reserva ovariana, demonstrou-se que a CFA não é para cálculo de probabilidade de sucesso de FIV que se
eficaz para a previsão de sucesso de gravidez6. Esses preocupou em corrigir outras variáveis externas (fator mas-
dados foram reafirmados mais tarde em outra revisão culino, outros fatores femininos, condições laboratoriais,
sistemática de 15 estudos22. etc.), por meio de ponderação no intercepto na regressão
Em 2011, um estudo analisou informações de 1.049 logística multivariada. O atual estudo tem como vantagem
ciclos de estimulação de fertilização in vitro em pacientes o fato de ter calculado a probabilidade de sucesso da FIV
submetidas a dois protocolos de estimulação. As pacientes de forma individualizada, levando em consideração toda a
foram estratificadas por protocolo de estimulação e, em dispersão da amostra, sem fixar o cálculo na média da taxa de
seguida, divididas em quatro grupos baseados na CFA (1–5, gestação, o que leva a cálculos mais próximos da realidade.
6–10, 11–15 e ≥16 folículos antrais). A taxa de gravidez Em 2013, os autores de um estudo retrospectivo
não diferiu entre os grupos de CFA em nenhum dos dois concluíram que as chances de obtenção de um nascido
protocolos utilizados. Conclui-se que a CFA não prevê a vivo diminuem significativamente com o aumento da
qualidade do embrião ou taxa de gestação15. idade e com a diminuição da CFA e do número de oócitos
Em um recente estudo retrospectivo, em que foram captados35, o que está de acordo com o atual estudo.
incluídas 1.156 mulheres submetidas ao primeiro ci- O presente estudo tem como limitação o pequeno
clo de fertilização in vitro (FIV), houve uma tendência número amostral. Entretanto, com a análise estatística
significativa de aumento da taxa de nascidos vivos em multivariada, foi possível construir um modelo matemático
mulheres com maior CFA. No entanto, a regressão lo- para o cálculo da probabilidade de sucesso da fertilização
gística revelou que a CFA não foi preditora de nascidos in vitro, usando duas variáveis de fácil aquisição, que pode
vivos após o ajuste para idade e número de embriões ser usado como ferramenta preditora no aconselhamento
disponíveis para transferência21. de casais inférteis.
Em oposição a esses autores, Holte et al.13 estudaram Concluiu-se nesse estudo que a contagem dos folículos
ciclos de FIV-ICSI de 2.092 mulheres e encontraram antrais no terceiro dia do ciclo menstrual por meio de ul-
correlação positiva da CFA com as taxas de gravidez e trassonografia transvaginal pode ser utilizada como fator
de nascidos vivos. Não houve incremento nas taxas de preditivo do número de oócitos captados em pacientes
gestação e natalidade em CFA acima de 30 folículos13. No inférteis submetidas a ciclos de hiperestimulação ovariana
atual estudo, a regressão logística multivariada revelou controlada, bem como da probabilidade de sucesso da
maior probabilidade de sucesso de gravidez até aproxima- fertilização in vitro. A idade apresentou relação inversa
damente 27 folículos antrais. Após esse ponto de corte, com a CFA, demonstrando o declínio da quantidade de
as probabilidades de sucesso tenderam a ficar constantes. folículos antrais ao longo dos anos.
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OUTUBRO NOVEMBRO
23 a 25 de Outubro de 2014 20 a 22 de Novembro de 2014
20º Congresso Baiano de Obstetrícia e Ginecologia 28º Congresso Nordestino de Obstetrícia e Ginecologia
Realização: SOGIBA e IX Congresso Sergipano de Ginecologia e Obstetrícia
Local: Hotel Pestana – Salvador (BA) Local: Prodigy Beach Resort & Conventions
Informações: www.abmeventos.org.br/evento/ Aracaju – Aracaju (SE)
xx-congresso-baiano-de-ginecologia-e-obstetricia/ E-mail: sogise@sogise.com.br
index.html Informações: www.sogise.com.br/congresso/
2015
JUNHO NOVEMBRO
25 a 27 de Junho de 2015 12 a 15 de Novembro de 2015
VII Congresso Catarinense de Obstetrícia e Ginecologia
56º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia
II Congresso Catarinense de Perinatologia Local: Centro de Convenções Ulisses Guimarães -
Local: Expoville – Joinville (SC) Brasília (DF)
Informações: http://www.febrasgo.org.br/56cbgo/
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pacientes: lactantes,
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Referências: 1. Bula do produto. 2. Nappi RE, Merki-Feld GS, Terreno E, Pellegrinelli A, Viana M. Hormonal contraception in women with migraine: is progestogen-only contraception a
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Araceli - desogestrel. Indicação: anticoncepção. Contraindicações: hipersensibilidade à substância ativa ou a quaisquer dos excipientes, distúrbio tromboembólico venoso ativo,
presença ou história de doença hepática grave, enquanto os valores dos testes de função hepática não retornarem ao normal, doença maligna sensível a esteroides sexuais conhecida ou suspeita, sangramento vaginal não
diagnosticado, mulheres grávidas ou que suspeitam de gravidez. Precauções e Advertências: deve-se avaliar a relação risco/benefício na mulher com câncer hepático. Deve ser descontinuado em caso de trombose, imobi-
lização prolongada devido à cirurgia ou doença. Mulheres com história de distúrbios tromboembólicos devem ser alertadas sobre a possibilidade de recorrência. Pacientes diabéticas devem ser observadas durante os primeiros
meses de uso. Mulheres com tendência a cloasma devem evitar exposição ao sol ou à radiação ultravioleta. Contém lactose, não deve ser administrado em pacientes com o raro problema hereditário de intolerância à galactose,
à deficiência de lactase Lapp ou à má absorção de glicose-galactose. O desenvolvimento folicular ocorre e, ocasionalmente, o folículo pode continuar a se desenvolver além do tamanho que poderia atingir num ciclo normal.
Pode ser administrado durante a lactação. Interações Medicamentosas: fenitoína, fenobarbital, primidona, carbamazepina, rifampicina, oxcarbazepina, rifabutina, topiramato, felbamato, ritonavir, nelfinavir,
griseofulvina, produtos fitoterápicos contendo Hypericum perforatum (erva de São João ou St. John’s wort), carvão medicinal, ciclosporina. Reações adversas: alteração de humor, diminuição da libido, cefaleia, náusea,
acne, dor nas mamas, menstruação irregular, amenorreia, aumento de peso, secreções mamárias. Posologia: deve-se tomar um comprimido ao dia durante 28 dias consecutivos. Cada cartela subsequente deve ser iniciada
imediatamente após o término da anterior. USO ADULTO. Registro MS: 1.0181.0644. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
©Medley 2014 ® Marca Registrada. ARACELI ANUNCIO MEDICO - 50519488 - Julho/2014 - Material destinado aos profissionais de saúde habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos.
Outubro
2014
volume 36
nº 10
ISSN 0100-7203