Você está na página 1de 4

VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA: PRINCÍPIOS, DESMAME, TÉCNICAS E

COMPLICAÇÕES
A Ventilação Mecânica Invasiva (VMI) é o princípio fundamental da reanimação
cardiopulmonar, da terapia intensiva e da anestesia. Ela surgiu, como tudo em medicina, da
necessidade de manter a vida.

A ventilação mecânica invasiva oferece suporte para pacientes com Insuficiência


Respiratória Aguda (IRA), tendo como objetivo:

Manter a função respiratória até seu ponto de recuperação;


Aliviar o trabalho da musculatura respiratória evitando a fadiga;
Diminuir o consumo de oxigênio e com isso reduzir o desconforto respiratório permitindo a
aplicação de terapêuticas específicas.
Além disso, a técnica pode ser utilizada de forma profilática, como no pós-operatório de
cirurgias com anestesia geral, em pacientes com necessidade de controle dos gases
sanguíneos e nos casos de disfunção de outros sistemas ou órgãos, como no choque ou na
sepse.

Entretanto a ventilação mecânica invasiva pode induzir diversas complicações, que podem
aumentar a morbimortalidade de um paciente grave.

Sendo assim, é importante diminuir o tempo no qual o paciente está sob a ventilação
mecânica invasiva, restabelecendo a ventilação espontânea tão logo seja possível.

Confira a seguir mais informação a respeito do assunto. Continue lendo!

Desmame da ventilação mecânica invasiva

O desmame da ventilação mecânica invasiva refere-se ao processo de transição da


ventilação artificial para a ventilação espontânea em pacientes que se apresentam em VM
por tempo maior de 24 horas.

O processo de desmame geralmente ocorre de forma bem sucedida na maioria dos casos,
embora existam falhas nas primeiras tentativas.

Como é classificado o desmame da ventilação mecânica invasiva?

Dividimos o desmame ventilatório em três categorias: simples, difícil e prolongado.

O desmame simples é definido como aquele em que o paciente tolera o Teste de


Respiração Espontânea (TRE) inicial é extubado com sucesso na primeira tentativa.

O desmame difícil refere-se àquele no qual há falha na tentativa inicial, requerendo mais de
três TRE ou até sete dias desde o primeiro TRE para que o paciente seja desmamado com
sucesso.

No desmame prolongado há falha em ao menos três tentativas de desmame, requerendo


mais de sete dias após o primeiro TRE para que o paciente seja desmamado com sucesso.
25% dos casos apresentam um desmame difícil o que acarreta um prolongamento da
utilização do suporte ventilatório, conduzindo a inúmeros e importantes problemas que
poderão levar a um agravamento irreversível do paciente. Esses pacientes, com desmame
considerado difícil, necessitam de uma retirada gradual da VMI.

Desta forma, é imprescindível o conhecimento dos métodos utilizados para a evolução do


desmame, a fim de evitar o retorno do paciente ao suporte ventilatório.

Os motivos mais relatados nos estudos de fracasso no desmame foram:

Fadiga muscular;
Dessaturação do sangue arterial;
Hipoventilação alveolar;
Taquicardia e bradicardia sinusais.
Entre outras menos expressivas, porém não menos importantes como:

Anorexia;
Insônia;
Ansiedade;
Depressão;
Hemorragia digestiva alta.
Com relação às complicações tardias, ou seja, as ocorridas 48 horas após a extubação e
que necessitaram ser reintubados, foram mais citadas a broncoaspiração, a retenção de
secreção traqueal, fadiga e exaustão muscular, sepse e atelectasia.

Preditores de desmame da Ventilação Mecânica Invasiva

Os preditores fisiológicos têm fornecido informações importantes a respeito dos


mecanismos da falha do desmame. Entretanto, segundo relatos, o desmame da VMI é difícil
em 20-30% dos pacientes.

Os parâmetros preditivos para o desmame são critérios que avaliam uma ou mais funções
fisiológicas relacionadas à respiração, tendo como objetivo de identificar o prognóstico
desse processo.

Os parâmetros do desmame devem ser avaliados antes do TRE, o qual funciona como um
teste diagnóstico para determinar a probabilidade do sucesso da extubação.

Para o sucesso da retirada da pressão positiva, em muitos casos, só ocorre com a


adequada utilização de parâmetros que possam avaliar, de forma objetiva, o mais
precocemente e com menor possibilidade de erro, o momento indicado para isso.

É nesse momento que os parâmetros preditivos de desmame devem ser utilizados a fim de
diminuir as chances de insucesso decorrentes desse processo.
Existem mais de 50 índices descritos, e apenas alguns auxiliam significativamente, com
mudanças em relação à tomada de decisões clínicas quanto à probabilidade de sucesso ou
fracasso de desmame.

Entre os índices mensurados durante o suporte ventilatório, apenas cinco têm possível valor
em predizer o resultado do desmame:

Força inspiratória negativa;


Pressão inspiratória máxima (PImax);
Ventilação minuto (V.E);
Relação da pressão de oclusão da via aérea nos primeiros 100 ms da inspiração (P0,1) pela
pressão inspiratória máxima (P0,1/PImax);
CROP: complacência, frequência, oxigenação, pressão.
Dos índices acima, apenas os dois últimos apresentam taxas de probabilidade sugerindo
aplicação clínica.

Técnicas utilizadas para o desmame ventilatório

Várias técnicas são utilizadas para o processo de desmame ventilatório. Podendo este
acontecer de forma abrupta ou pela retirada gradual do suporte ventilatório, exigindo assim
um esforço gradual do paciente.

Entre os métodos utilizados podemos citar: SIMV, (ventilação mandatória intermitente


sincronizada), PSV (pressão de suporte ventilatório), CPAP (pressão positiva e contínua
nas vias aéreas) e Tubo T.

O Tubo T é uma peça com formato de “T” que é conectado é acoplado à prótese ventilatória
do paciente enriquecida com uma fonte de oxigênio.

Assim o paciente começa a respiração espontânea sem auxílio de prótese de pressão


positiva.

Esse é um método simples em sua resolução, com boa reprodutividade e com poucos
efeitos adversos ao paciente.

Esse método pode testar realmente a capacidade espontânea do doente, utilizando


pressões do ambiente, diminuindo assim o trabalho respiratório e condicionando a
musculatura respiratória, podendo levar a um desmame mais rápido ou gradual.

MODOS VENTILATÓRIOS CONVENCIONAIS


Como métodos essenciais de ventilação mecânica devemos entender todo e qualquer
método de suporte ventilatório capaz de prover, com o menor dano e custo possível, a
melhor ventilação e oxigenação capazes de suprir a demanda do paciente.

Métodos

Os métodos de suporte ventilatório mais praticados na rotina assistencial e, por isso,


considerados convencionais, são os seguintes:
ventilação com pressão positiva intermitente, assistida e/ou controlada,
ciclada a volume ou pressão (IPPV);
ventilação a pressão controlada (PCV);
ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV);
ventilação com suporte pressórico (PSV);
pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP);
associações: SIMV + PSV, PSV + CPAP, SIMV + CPAP.
Assim, temos como técnicas essenciais de suporte ventilatório aquelas que têm
demonstrado melhorar a condução das insuficiências respiratórias, principalmente na
SARA, isto é, as técnicas de suporte ventilatório total ou parcial, com respiradores de
pressão positiva ciclados a tempo, pressão, volume ou fluxo, PEEP, CPAP, SIMV, suas
associações, PCV, VAPSV (ventilação com suporte pressórico e volume garantido).

Técnicas que ainda não se tornaram convencionais, mas tem seguidores e indicações,
também devem ser consideradas como recursos de suporte ventilatório. Entre elas estão a
hipercapnia permissiva, a relação I:E invertida, a ventilação com jatos de alta freqüência e a
ventilação com liberação de pressão em vias aéreas.
Ciclagem dos ventiladores de pressão positiva
São classificados em quatro modalidades de acordo com o término da inspiração.

Ciclados a tempo
Ciclados a pressão
Ciclados a volume
Ciclados a fluxo
Ventilação ciclada a volume
Ventilação controlada
Ventilação assisto-controlada
Ventilação Mandatória Intermitente (IMV, SIMV)
Ventilação ciclada a fluxo – Pressão de suporte
Parâmetros programáveis
Concentração de oxigênio no ar inspirado (FIO2)
Frequência respiratória
Volume corrente
Fluxo inspiratório
Ondas de fluxo
Relação Inspiração: Expiração – I:E
Sensibilidade

Você também pode gostar