O enfisema pulmonar : É uma doença do pulmão caracterizada
por um anormal e permanente alargamento dos espaços aéreos terminais, provocado pela destruição das suas paredes. Isto reduz a área de superfície dos pulmões e consequentemente a quantidade de oxigénio que atinge a corrente sanguínea.
Tipos de enfisema pulmonar
A forma como está envolvido o ácino na doença determina a
classificação do enfisema. Em termos de fisiopatologia, descrevemos quatro tipos de enfisema pulmonar:
1-Enfisema centrilobular ou centroacinar
O enfisema centrolobular, também designado de enfisema
centrilobular ou centroacinar é o tipo de enfisema mais comum e está intimamente associado a longa e pesada exposição tabágica.
De uma forma clássica, a destruição dos bronquíolos respiratórios
leva à união entre si e produz espaços enfisematosos bem demarcados, separados a partir da periferia acinar mantendo intactos os ductos alveolares e os alvéolos.
Estas lesões podem variar de forma quantitativa e qualitativa dentro
do mesmo pulmão, sendo muito comum a irregularidade de envolvimento dos lóbulos. São geralmente mais comuns e mais graves nos lobos superiores do que nos inferiores. O parênquima que envolve o enfisema é normal.
2-Enfisema paraseptal ou enfisema acinar distal
A descrição original deste tipo de enfisema é atribuída a Loeschcke,
que descreveu conjuntos de bolhas subpleurais (adjacentes à pleura) que se estendiam ao parênquima prolongando-se ao longo dos septos.
Uma vez que a parte distal do ácino (sacos alveolares e dutos) é a
porção predominantemente envolvida, o enfisema é mais evidente na região próxima à pleura, juntamente aos septos lobulares (enfisema paraseptal), às margens dos lóbulos e alvéolos (enfisema periacinar), e ao longo de vasos e vias aéreas que, quando cortadas longitudinalmente, exibem um padrão linear.
Geralmente, este tipo de enfisema é limitado na sua extensão e é
observado frequentemente ao longo do segmento anterior e posterior do lobo superior e ao longo da região posterior do lobo inferior. Quando extenso, é geralmente mais grave na metade superior do pulmão. Está associado à existência de fibrose do tecido entre os espaços aéreos alargados.
3-Enfisema panacinar ou enfisema panlobular
No enfisema panlobular a distinção entre os ductos alveolares e
os alvéolos torna-se difusa. Os alvéolos perdem os seus ângulos agudos, aumentam de tamanho e consequentemente perdem o seu contraste com os ductos aéreos.
O reconhecimento do enfisema panlobular ligeiro é muito difícil. Ao
contrário do enfisema centrilobular, o enfisema panlobular atinge mais os lobos inferiores.
Apesar da maior extensão de destruição de tecidos, no enfisema
panlobular os poros de Kohn são mais uniformes do que os encontrados no enfisema centrilobular.
O enfisema panlobular é a lesão pulmonar característica da
deficiência de a-1-antitripsina, mas também pode ocorrer como consequência da destruição permanente de vias aéreas (bronquiolite obliterante, bronquiolite constritiva).
4-Enfisema irregular e paracicatricial
Enfisema irregular é assim denominado, porque os ácinos estão
envolvidos de forma irregular. Este desenvolve-se ao lado de uma cicatriz, daí ser denominado de enfisema paracicatricial.
A gravidade do enfisema irregular depende da extensão dos danos
no tecido pulmonar e da quantidade de cicatrizes. Enfisema pulmonar - causas
O enfisema pulmonar é uma doença grave, sendo a causa mais
frequente o fumo do cigarro. Da lista de causas fazem também parte o tabagismo passivo, combustíveis de biomassa (fumo das lareiras e cozinhar à lareira), fumos laborais e poluição atmosférica.
Denominamos por enfisema senil, o enfisema que decorre do
envelhecimento pulmonar provocado pela idade.
Existe um risco genético para o desenvolvimento de enfisema,
sendo o mais estudado o déficit de a1-antitripsina. Trata-se de uma doença genética rara que está associada ao enfisema de aparecimento precoce. Embora controverso, alguns especialistas defendem que todos os doentes com DPOC devem ser estudados para a deficiência de a1-antitripsina. No entanto, a Sociedade Americana do Tórax e a Sociedade Europeia de Doenças Respiratórias (ATE/ERS) sugerem o doseamento de alfa-1 antitripsina apenas nas seguintes situações:
Enfisema de início precoce (idade inferior a 45 anos);
Enfisema não relacionado com o tabagismo; Enfisema predominantemente nas bases pulmonares (pan- acinar); Paniculite necrotizante (doença Weber-Christian); Vasculite positiva c-ANCA (por exemplo, granulomatose de Wegener); História familiar de enfisema de início precoce; Bronquiectasia, sem outra etiologia; Doença hepática inexplicada; Bronquiectasias ou paniculite; Asma persistente, com obstrução fixa do fluxo aéreo.
O HIV/SIDA é uma etiologia a ter em conta no enfisema precoce. O
rastreio de HIV deve ser realizado em pessoas com enfisema e fatores de risco VIH, como uso de drogas intravenosas ou atividade sexual de risco.
O enfisema intersticial é uma doença que atinge os bebés recém
nascidos submetidos a ventilação.
O enfisema pulmonar não é contagioso, ou seja, a doença não se
transmite de pessoa para pessoa. De modo a prevenir a doença não deve fumar e deve evitar o fumo passivo, fumos industriais e o fumo das lareiras.
Quadro clínico
Os sintomas de enfisema pulmonar leve são ligeiros e durante
muitos anos o doente não valoriza, habitualmente, quaisquer sinais ou sintomas relacionados com a doença.
No enfisema pulmonar (tal como na DPOC) o sintoma inicial é a
falta de ar quando o doente efetua grandes esforços, como por exemplo caminhada ou subir escadas. À medida que a doença evolui começa a interferir com as atividades diárias e surge falta de ar quando realizam pequenos esforços, como por exemplo tomar banho. Os doentes com enfisema pulmonar também têm aumento das glândulas mucosas dos brônquios que levam a uma maior produção crónica de muco e consequentemente tosse crónica com expectoração (“catarro do fumador”).
Os sintomas no enfisema pulmonar avançado, já são bem
evidentes e limitantes, a saber: Hipoxia (baixa quantidade de oxigénio no sangue), falta de ar em repouso, fraqueza muscular generalizada e desnutrição. Como consequência deste envolvimento sistémico, o enfisema pulmonar pode levar à morte. Enfisema pulmonar - diagnóstico
O diagnóstico de enfisema pode ser equacionado com base na
história clínica, exame objetivo (tórax enfisematoso) e no exame de radiologia (radiografia do tórax), no entanto é com base na tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) do pulmão que o diagnóstico é feito.
O Raio x (RX) de tórax é útil como auxiliar de diagnóstico no
enfisema avançado e para excluir outras causas de falta de ar ou complicações do enfisema. Convém salientar que uma radiografia normal não exclui a presença de enfisema.
Complicações
Problemas cardíacos - Um individuo com enfisema pulmonar
pode desenvolver problemas cardíacos pelo aumento da pressão das artérias da circulação pulmonar. Isto deve-se aos baixos níveis de oxigenação sanguínea e à perda de capilares pulmonares que levam a um maior esforço cardíaco – cor pulmonale. Pneumotórax (colapso pulmonar) – pode ser muito grave num doente com enfisema pulmonar avançado onde a função pulmonar já está comprometida. Bolhas gigantes (enfisema bolhoso) – alguns doentes com enfisema desenvolvem bolhas gigantes que podem ocupar metade do tórax ocupando o espaço disponível para o pulmão expandir (enfisema bolhoso).
Enfisema pulmonar – tratamento.
De uma forma global podemos dizer que a medicação ou
os remédios para tratar o enfisema seguem as normas da DPOC.
O tratamento medicamentoso consiste basicamente em dois
grandes grupos de medicamentos inalados (“bombas”):
Broncodilatadores - medicamentos que ajudam a aliviar a
tosse e a falta de ar ao diminuírem a obstrução brônquica. (Salbutamol, terbutalina, brometo de ipratrópio, indacaterol, olodaterol, aclidinio, glicopirrónio, tiotrópio, umeclidinio). Corticoides inalados - diminuem a inflamação brônquica e reduzem o risco de exacerbações da doença. (Budesonida e fluticasona).
Além do tratamento medicamentoso, a reabilitação pulmonar,
constituída por técnicas respiratórias (incluindo o tratamento fisioterapêutico), exercício físico, nutrição e ensinos sobre a doença contribuem para a melhoria da dispneia, da tolerância ao exercício e do tempo de vida. Note-se que a reabilitação respiratória é mais do que uma simples fisioterapia.
Em casos muito selecionados é possível a realização
de cirurgia (ou operação) de redução de volume pulmonar, tornando o restante pulmão com enfisema mais eficiente.
O transplante pulmonar é uma opção no enfisema pulmonar muito
grave quando todas as outras medidas falharam.
Enfisema pulmonar - prevenção
Evitar inalação de substâncias irritantes;
Praticar exercício físico regularmente; Evitar a exposição a ar frio; Prevenir infecções respiratórias (vacinação pneumocócica e gripal). Evitar o habito tabagico,fumo passivo,fumos industriais. TELECONSULTA