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Filipe Coimbra

+
OBJETIVOS
– Compreender as indicações dos exames laboratoriais, interpretar os
resultados e valorizar a sua utilização no contexto do diagnóstico em
Medicina Oral.

– Conhecer as técnicas laboratoriais, os seus princípios e o tipo de amostra


necessária.

– Análise de decisão - Valores críticos.

– Conceito de normal (intervalos de referência).


IMPORTÂNCIA DA SEMIÓTICA LABORATORIAL

DIAGNÓSTICO Abstração mental e ordenação de dados - laboratoriais


(incluídos)

O conhecimento dos princípios e da utilidade das técnicas


laboratoriais – minimiza .
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‒ Exames
•Hematológico
•Imunológico
•Imunohistoquímico
•Microbiológico Colheita de sangue

•Biologia molecular
A. Hemograma
•Eritrócitos (ERITOGRAMA)
•Leucócitos (LEUCOGRAMA)
•Plaquetas (contagem global)

B. Química do sangue
4,15 – 4,90 x Leucócitos (total) 4,30 – 10,80 x 109/L
Eritrócitos
1012/L

Neutrófilos 45 – 74%
Hemoglobina 11,5 – 16,5 g/dl
Linfócitos 16 – 45%
Volume Globular 37 – 47 %
Monócitos 4 – 10%
Volume Globular Médio 76 – 96 μm3
Eosinófilos 0 – 7%

Hemoglobina Globular
27 – 32 pg Basófilos 0 – 2%
Média

Os valores normais dependem da idade.

A HEMOGLOBINA (Hb) é uma metaloproteína que contém


ferro e que permite o transporte de O2.
EXEMPLO

Dx - anemia

HEMATÓCRITO - relação do volume dos Volume corpuscular médio (MCV), MCHC baixo (< 32): Anemia hipocrômica.
eritrócitos com o do sangue total hemoglobina corpuscular média MCHC alto (> 36): Anemia hipercrômica.
Valores variam com o género e idade (MHC) e concentração corpuscular MCHC no intervalo de normalidade. As
Valores de referência: média do hemoglobina (MCHC) hemácias são consideradas
• 35,9-44,6%(mulheres) normocrômicas.
• 41,5-50,4% (homens)
ANEMIA Testes para distinguir os tipos de anemia

Ferro sérico, ferritina, capacidade total de ligação ao


MICROCÍTICA Deficiência em ferro ferro, saturação em transferrina, perdas ocultas de
sangue, outros

MACROCÍTICA Deficiência em folato Folato sérico, contagem completa do sangue

Vit. B12 sérica (cobalamina), contagem completa do


MACROCÍTICA Anemia perniciosa
sangue, outros

Cromotografia líquida, eletroforese da hemoglobina,


Anemia de células
NORMOCITICA contagem dos reticulócitos, níveis indiretos de
falciformes
bilirrubina

NORMOCITICA Anemia aplástica Níveis de eritropoietina, outros


Anemia perniciosa
Anemia ferropénica AFETAM A MUCOSA ORAL
Síndrme de Plummer-Vinson

Língua Língua e região perioral


EXEMPLO

LEUCOGRAMA - contagem global e diferencial de leucócitos e suas


alterações quantitativas e qualitativas.
- os leucócitos totais são expressos em milhares/mm3.
- a contagem diferencial permite definir o perfil patológico
Leucemia aguda Mieloide
Leucemia crónica Linfocítica AFETAM A MUCOSA ORAL

Gengiva Lábio
Neutropenia congénita
AFETA A MUCOSA ORAL

Gengiva Lábio
EXEMPLOS
+

•Doenças alérgicas tipo I (alergia a fármacos


ex. ampicilinas, hidantoínas) •Correspondem a 2-5% do total
.Infeções parasitas de leucócitos, e são distinguíveis
pelos seus grânulos acidofílicos
•Estomatite herpética (vermelho/laranja).
•Psoríase • O núcleo tem geralmente
•Pênfigo apenas 2 lobos.
•Neoplasias (linfoma, leucemia) • Funções: respostas alérgicas e
defesa contra parasitas.

•Hipersensibilidade atópica
•Leucemia mieloide crónica
•Varicela
•Compreendem menos de 1% do total de
leucócitos,e são distinguidos pelos grânulos, de cor
azul escura, específicos e proeminentes que contém
histamina.
•Estão associados à resposta imunológica inata a
antígenios externos, assim como na ocorrência de
asma e anafilaxias.
•Infeções bacterianas e víricas, mononucleose infeciosa, hepatite
vírica, tuberculose e sífilis

•Infeções bacterianas
•Doenças mieloproliferativas
•Doenças do colagénio como a artrite reumatoide, periartrite nodosa,
febre reumática aguda
•Fármacos: sulfamidas, eritromicinas, barbitúricos
•Lúpus eritematoso sistémico
•Síndrome de Felty
•leucócitos mais comuns no sangue
(55-70%).
•têm núcleo segmentado, com 2 a 5
lobos conectados entre si através de
finas fitas de cromatina.
•O aumento do seu número está
relacionado com quadros agudos.

Síndrome de Felty – caracteriza-se pela combinação de artrite reumatóide, esplenomegalia e neutropenia


Avaliação das PLAQUETAS pode ser feita de forma quantitativa, expressa em mm3, e de modo qualitativo
pela avaliação das características analisadas no esfregaço corado.
Alterações quantitativas - aumento da quantidade de plaquetas (trombocitose), diminuição da quantidade
de plaquetas (trombocitopenia).
Trombocitopenia púrpura

AFETA A MUCOSA ORAL


- lesões vermelhas na forma de petéquias, equimoses, hematomas,
geralmente localizadas no palato e mucosa jugal
- sangramento gengival espontâneo (frequente e precoce)

Palato
I. TEMPO DE HEMORRAGIA
II. TEMPO DE PROTROMBINA
III. TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL
+
I. Tempo de hemorragia
Realiza-se punção do lóbulo da orelha ou por incisão de 1 mm de profundidade
no antebraço, tendo-se aplicado previamente um manguito com 40 mm Hg de
pressão. O valor normal de referência é entre 3 e 8 minutos.
Avalia o funcionamento das plaquetas

trombocitopenias, trombopatias congénitas, ingestão de ácido acetisalicílico


ou qualquer anti-agregante plaquetário

Hepatopatia
Anemia hemolítica do recém nascido
Terapia anticoagulante
Aumentado Doença de von Willebrand
Coagulação intravascular disseminada
Deficiência dos factores da coagulação
Leucemia aguda
+
II. Tempo de protrombina
Mede o tempo que demora a coagular um plasma no qual se extraiu
previamente o cálcio com um quelante.
Mede a via extrínseca por acção da tromboplastina sobre o factor VII.

Tempo de Quick ou TAP ou TP.


N = 10-13 segundos.
Avalia a actividade dos factores V, VII (via extrínseca tecidular)

Hepatopatias
Deficiência Vit. K
Coagulação intravascular disseminada
Aumentado
Hipertiroidismo
Terapia anticoagulante
Deficiência dos factores I, II, V, VII, X

INR = Tempo Protrombina do paciente / Tempo Protrombia Padrão


II. TEMPO DE PROTROMBINA

INR
1.0 Normal

1.0 – 2.0 Risco ligeiro de hemorragia

2.0 – 3.0 Risco moderado de hemorragia

Risco muito alto – hemorragia não


3.0 – 5.0
controlada
+
III. Tempo de tromboplastina parcial
Adiciona-se a um plasma citratado, cálcio e cefalina e um acelerador.
O tempo de trombina mede o tempo que demora a coagular um plasma ao
adicionar trombina.
Os valores de referência normais são entre os 70 e 100 seg.
Mede o tempo de coagulação desde a activação do factor XII com Kaplin até à
formação de fibrina.

Hepatopatia com deficiência da síntese proteica


Deficiência Vit. K
Terapia anticoagulante
Aumentado Doença de Gaucher
Síndrome nefrótico
Coagulação intravascular disseminada
Deficiência dos factores I, II, V, VIII, IX, X, XII, XII
ALTERAÇÕES NA COAGULAÇÃO

CONDIÇÃO ALTERAÇÃO

Deficiência no fator de vW (diminuição na adesão


Doença de von Willebrand
plaquetária)

Hemofília A Deficiência no fator VIII

Hemofília B Deficiência no fator IX

Trombocitopenia A Plaquetas destruídas pelo sistema auto-imune

Doença hepática Defeitos em fatores de coagulação


AGENTES ANTI-TROMBÓTICOS

MEDICAMENTO INDICAÇÃO MONITORIZAÇÃO COMPLICAÇÕES

Hemorragia
Trombose venosa profunda,
VARFARINA INR, 2.0-3.0 Alopecia
embolia pulmonar
Desconforto abdominal

Trombose venosa profunda,


HEPARINA APTT (via intrinseca) Hemorragia, Trombocitopenia
embolia pulmonar

- Hemorragia GI
ASPIRINA Enfarte do miocárdio Tempo de hemorragia (- Urticária
freq) Broncoespasmo

- Hemorragia GI
CLOPIDOGREL Enfarte do miocárdio Contagem total do Trombocitopenia
sangue (- freq) Diarreia
B. QUÍMICA DO SANGUE
1. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

Hemograma – anemia, leucocitose.

- ureia, creatinina e ácido


úrico.

URINA - mais concentrada, albuminúria, maior


quantidade de cilindros e eritrócitos que o normal.
2. ENFARTE DO MIOCÁRDIO

Hemograma – neutrofilia, eosinopenia (primeiras 48 horas existe um quase


desaparecimento dos eosinófilos do sangue - indicativo da evolução do
processo)

- transaminases (glutamato-oxalacética)
durante 3 a 7 dias, creatina-fosfocinase e lacticodeshidrogenase.
Quando há necrose do tecido cardíaco o proteinograma revela um
aumento das fracções alfa-1 e alfa-2 com diminuição da albumina nas
primeiras horas. Gama-globulinas.
3. ARTERIOSCLEROSE

- hipercolesterolémia (>250 mg/100ml)


com aumento das betalipoproteínas, da hiperémia dos ácidos
gordos, principalmente, triglicerídeos (>350 mg/100ml) e
ácidos gordos saturados.
4. QUADROS OBSTRUTIVOS
HEPÁTICOS

Hemograma – leucocitose (por doença de Weill), leucopenia (por


hepatite epidémica)
- bilirrubina (directa e indirecta),
transaminases (aumento mais marcado da transaminase glutámico-
pirúvica relativamente á glutámico-oxalacética).
URINA – coloração da urina aumentada (presença de urobilinuria)
5. SARCOIDOSE

Hemograma – eosinófilos e monócitos, VSG aumentado.


- hiperproteinemia (gamaglobulinas),
fosfatase alcalina, láctico-desidrogenase e calcemia.
URINA – coloração da urina aumentada (presença de urobilinuria)
6. SÍNDROME DE CUSHING

Alterações
do metabolismo basal e da eliminação
de 17-cetosteroides e 17-
hidroxicorticosteroides

- cálcio,
fosfatase alcalina, intolerância relativa
à glicose.
6. HIPERTIROIDISMO

Hemograma – anemia hipocrómica relativa e VSG


– hiperglicémia com glicosúria e
intolerância à glicose.
Análise à urina - eliminação de creatinina.
VALORES DE REFERÊNCIA

Densidade 1,015 – 1,030

pH 5,0 – 7,0

Creatinina 1,0 – 1,6 g/dl

Proteínas <150 mg/dl

Potássio 25 – 100 mEq/dl

Sódio 100 – 260 mEq/dl


DENSIDADE

Avaliação da filtração renal

Diabetes insipidus (ausência de


Desidratação
vasasopressina)

Diabetes Mellitus Hipertensão maligna

Glomerulonefrite Insuficiência renal crónica

Insuficiência cardíaca
Utilização de drogas
congestiva
Insuficiência supra- Pressão intracraniana
renal aumentada
pH

Avaliação da capacidade renal de manter os iões de H+ no plasma e fluídos


extracelulares (equilíbrio ácido-base)

Alcalose respiratória Acidose metabólica e respiratória

Cálculos renais Infecção urinária


Infecção urinária Tuberculose renal
Sindr. de Cushing Fenilcetonúria
Utilização de diuréticos Anestésicos
CREATININA

Cl Cr = 173 x Cr U x V U / 1440 x Cr S x S

Cl Cr : Clearance de Creatinina (ml/min)


Cr U : Creatinina na urina (mg/dl)
V U : Volume de urina (ml)
Cr S : Creatinina no soro (mg/dl)
S : Superfície corporal
a) PROTEÍNAS
Albumina: 3.5 – 5.5 g/dl
Globulina: 2 - 3.5 g/dl
α 1 : 0,2 – 0.4 g/dl
α 2 : 0,5 – 0,9 g/dl
β : 0,6 – 1,1 g/dl
γ : 0,7 – 1,7 g/dl

Mieloma múltiplo Alcoolismo crónico

Patologia Renal
Insuficiência renal
(Glomerulonefrite)
b) GLICOSE
N = 75 – 115 mg/dl (jejum)

Diabetes
Jejum prolongado

Intolerância à glicose Excesso de


anti-diabéticos
Corticosteroides
Neoplasia pancreática
Sindr. Cushing
c) CREATININA

N = 0.6 – 1.5 mg/dl

Insuficiência renal
Desnutrição
Desidratação
Distrofia muscular
Diminuição fluxo Diminuição da
sangue renal massa muscular

Indivíduos musculados

Obstrução das vias Gravidez


urinárias
+

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