Você está na página 1de 65

Malformações Orais e Maxilofaciais

FMDUP Unidade Curricular de Medicina Oral I

Filipe Coimbra
Conteúdo

A. TECIDOS OROFACIAIS
B. LÍNGUA
1. Fendas Labiais e Palatinas
1. Língua Geográfica
2. Fossetas Labiais
2. Língua Fissurada
3. Lábio Duplo
3. Língua Pilosa
4. Grânulos de Fordyce
4. Varizes Linguais
5. Pigmentação Melánica Fisiológica
5. Glossite Romboide Mediana
6. Nódulo Tiroideu Lingual
7. Anquiloglossia
C. OSSO 8. Micro e macroglossia
1. Exostose
2. Torus mandibular
3. Torus palatino
4. Tuberosidade Fibrosa
5. Cavidade de Stafne
Fendas Labiais e Palatinas
Tecidos Orofaciais

defeito congénito major + comum

fatores hereditários e ambientais

1:700 nascimentos

variação racial
Fendas Labiais e Palatinas
Tecidos Orofaciais

DESENVOLVIMENTO FACIAL e ORAL

complexo

início: fim da 4ª semana de desenvolvimento


aparecimento dos placódios nasais
formação do processo nasal lateral e medial
narina primitiva

6-7ª semanas de desenvolvimento


formação do lábio superior (fusão do
processo nasal medial com o
processo maxilar)
Fendas Labiais e Palatinas
Tecidos Orofaciais

50% dos casos de fendas palatinas


isoladas estão associadas a outras
anomalias de desenvolvimento

FL isolada + sexo masculino


FP isolada + sexo feminino
FP + FL + sexo feminino

A fenda labial e palatina unilateral


completa produz um desvio.
A região sem fenda afasta-se do defeito
e arrasta consigo a base do nariz –
forças não compensadas.
Fendas Labiais e Palatinas
Tecidos Orofaciais

FENDA LABIAL
Forma isolada ou associada a síndromes
80% dos casos unilateral (70% deles do lado esquerdo)
Completa ou incompleta
Falha na fusão do processo nasal com o processo maxilar

FENDA PALATINA
Severidade variada
Manifestação mínima – úvula bífida
Completa ou incompleta
Defeito na fusão dos processos palatinos
Fendas Labiais e Palatinas
Tecidos Orofaciais

Defeitos associados

locais ausência de dentes no local da fenda ou com formação anómala

sistémicos defeitos congénitos major (50% dos casos)


coração
membros
espinha bífida
mental
Fendas Labiais e Palatinas
Tecidos Orofaciais
TRATAMENTO
multidisciplinar

FL – até às 6 semanas


FP – após os 18 meses de idade

intervenções múltiplas
- 1os meses – encerramento primário do palato
- reparação do palato
- moldagem ou expansão do maxilar
- enxertos ósseos no local de defeito ósseo
- correção tecidular e ortognática
Fenda Alveolar

Não existe fenda palatina nem labial


Boa estética
Fossetas labiais
Tecidos Orofaciais

Defeitos do desenvolvimento

pode envolver a área paramediana dos lábios ou a comissura


labial

Transmissão autossómica dominante

pequenas invaginações da mucosa que


correspondem a buracos cegos ou a ductos
dilatados de glândulas salivares minor ectópicas
Fossetas labiais
Tecidos Orofaciais

Paramediana

Tipicamente bilateral
+ comum no lábio inferior
distribuição simétrica
isolada ou associada a fenda labial ou palatina
poro 1-3 mm de diâmetro
5-15 mm de profundidade
não requer tratamento
Fossetas labiais
Tecidos Orofaciais

Comissurais

uni ou bilateral
+ no homem
comum nos adultos – 12-20% da população
(crianças: 0,2-0,7%)

poro 1-2 mm de diâmetro


2-4 mm de profundidade
não requer tratamento
Lábio Duplo
Tecidos Orofaciais
Raro

localização + comum: parte interna do lábio superior

visível quando lábio em tensão

não requer tratamento

Tecido hiperplásico, por vezes com abundantes glândulas salivares minor


Lábio Duplo
Tecidos Orofaciais

Congénito - aparece durante o 2º-3º mês de desenvolvimento

Adquirido - componente do Síndrome de Ascher ou resultado de trauma ou hábitos orais


viciosos

TRÍADE DE SINAIS DO SÍNDROME DE ASCHER

- lábio duplo
- blefarocalasia
- aumento não tóxico da tiróide

Autossómico dominante
Lábio Duplo
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1807-59322008000500022&script=sci_arttext
Grânulos de Fordyce
Tecidos Orofaciais
comum

em qualquer idade - 80% dos adultos

em qualquer sexo (+ nos homens)

não tem incidência geográfica

localização + comum: mucosa oral e lábio superior

normalmente bilateral
Grânulos de Fordyce
Tecidos Orofaciais

múltiplas estruturas maculopapulares amareladas


e esbranquiçadas, bem definidas e elevadas

1-2 mm de diâmetro

assintomático – não requer tratamento


Grânulos de Fordyce
Tecidos Orofaciais

Glândulas sebáceas ectópicas


Pigmentação Melânica Fisiológica
Tecidos Orofaciais
em qualquer idade

sem predileção sexual

localização + comum: gengiva

distribuição simétrica

não altera superfície dos tecidos

Produção aumentada de melanina


Pigmentação Melânica Fisiológica
Tecidos Orofaciais

não tem tratamento

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Doença de Addison
Nevo pigmentado
Melanoma maligno
Síndrome de Peutz-Jeghers
Melanose tabágica
Síndrome de Peutz Jeghers

Máculas ou efélides

Pigmentação melânica mucocutânea com


distribuição perioral, lábios e mãos
Polipose intestinal hamartomatosa

Autossómica dominante
Língua Geográfica
Língua

eritema multiforme,
glossite migratória benigna

etiologia desconhecida
benigno
comum : prevalência 1-2%

manifesta-se em todas as idades

+ no sexo feminino
Língua Geográfica
Língua

CARATERISTICAS CLÍNICAS

Múltiplas placas eritematosas


Halo branco, fino e elevado
Centro atrófico

tamanho variável
áreas circulares ou irregulares

assintomático
Língua Geográfica
Língua

PATOGÉNESE

Desqueratinização e descamação
das papilas filiformes

Persistem durante um curto período


de tempo numa área, mas logo
curam por completo e reaparecem
noutra área da língua.

Podem desaparecer
espontaneamente ou manter
durante semanas, meses e mesmo
anos.
Língua Geográfica
Língua

LOCALIZAÇÃO

Superfície dorsal da língua


Língua Geográfica
Língua

Diagnóstico diferencial
Psoriase
Síndrome de Reiter
Placas mucosas da sifilis secundária
Liquen plano
Leucoplasia
Candidose
Reações alérgicas

TRATAMENTO

Não é necessário
Língua Fissurada
Língua

benigno
comum : prevalência 2-5%

manifesta-se em todas as idades

+ no sexo masculino

hereditariedade e fatores ambientais

Alteração da textura da superfície da língua com numerosos sulcos e fissuras


Língua Fissurada
Língua

CARATERISTICAS CLÍNICAS

Sulco central ao longo da linha média da


superfície dorsal com ramificações de sulcos
menores

sulcos com 2-6 mm de profundidade

As fissuras variam em profundidade, tamanho,


número e podem ter uma distribuição simétrica.
Língua Fissurada
Língua
Histologia
Perda da queratina da superfície das papilas filiformes
Leucócitos polimorfonucleares migram para o epitélio
Na lâmina própria estão presentes células inflamatórias
Língua Fissurada
Língua
Assintomática
contudo, a deposição de restos alimentares e microorganismos nas fissuras mais profundas causam
uma ligeira inflamação. No exame físico deve-se pesquisar a presença de úlceras no fundo dessas
fissuras que podem causar dor atípica.
Língua Fissurada
Língua

Diagnóstico diferencial
Síndrome de Sjögren
Síndrome de Melkerson Rosenthal

TRATAMENTO

Sem tratamento específico


Língua Fissurada
Língua

A língua fissurada pode coexistir com a língua geográfica e constituir um dos diagnósticos clínicos do
Síndrome de Melkerson-Rosenthal.

Sind. Melkerson Rosenthal

-Língua fissurada
- edema facial
- paralisia facial
- queilite granulomatosa
Língua Pilosa
Língua

Acumulação de queratina nas papilas filiformes


Ausência de descamação

Raro: 0,5% adultos

Geralmente assintomático
Benigno
Patognomónico

LOCALIZAÇÃO superfície dorsal da língua


afeta linha média anteriormente às papilas circunvaladas
Língua Pilosa
Língua

Fatores antibioticoterapia
crescimento fúngico ou bacteriológico
má higiene
anemia
perturbações gástricas
deficiências vitamínicas
fumadores
uso de perborato de sódio
radioterapia
doentes que usam muitos colutórios
desdentados totais

Clínica papilas alongadas


cor : castanho, amarelo ou preto resultado do pigmento produzido
pelas bactérias e pelo tabaco ou alimentos
Língua Pilosa
Língua

TRATAMENTO retinoides
raspador mecânico da língua
eliminar fatores predisponentes
Varizes Linguais
Língua

Veias tortuosas e dilatadas

Fator etiológico – idade

Local + comum: superfície ventral da língua

Assintomático

Não tem significado clínico


Sem tratamento específico
Glossite Romboide Mediana
Língua

área despapilada

nunca aparece em crianças


incidência aumenta com a idade

+ comum em diabéticos
Glossite Romboide Mediana
Língua

Causas falta de retração do tubérculo impar


falta de fusão dos tubérculos laterais com retenção de tecido conjuntivo

Diagnóstico – observação clínica


Glossite Romboide Mediana
Língua

Histologia perda das papilas com hiperqueratose


acantolise
infiltrado no tecido conjuntivo
degeneração e formação de hialino no músculo subjacente
Glossite Romboide Mediana
Língua

lesão com forma rombóide ou oval

ao longo da linha média da superfície dorsal da língua,


anteriormente às papilas circunvaladas
Glossite Romboide Mediana
Língua

2 TIPOS

placa vermelha lisa, bem delimitada, desprovida de papilas e


situada imediatamente abaixo do nível da mucosa circundante

massa multinodular elevada, firme e vermelha com superfície


lisa sem papilas
Glossite Romboide Mediana
Língua

Pode ser assintomático

se secundária a infeção por Cândida


albicans causa ligeira inflamação.
Glossite Romboide Mediana
Língua

Diagnóstico diferencial
glossite sifilítica intersticial
candidose eritematosa
língua geográfica
quisto do canal tiroglosso
linfangioma
hemangioma
neoplasias

TRATAMENTO

Não é necessário
Em caso de infeção por Candida albicans
aplicação de nistatina tópica.
Nódulo Tiroideu Lingual
Língua

Restos foliculares da tiroide na superfície dorsal da língua, junto ao V lingual

3ª-4ª semana intra-uterina


Glândula tiroide inicia-se como uma proliferação epitelial na bolsa endodérmica da faringe.

7ª semana
Glândula migra inferiormente ao longo do canal tiroglosso atingindo a sua posição final.

O local de descida invagina e, na junção dos 2/3 anteriores com o 1/3 posterior da língua, na linha
média, permanece um buraco cego.

Se a glândula primitiva não migrar permanece tecido tiroideu remanescente na região da sua origem.
Nódulo Tiroideu Lingual
Língua

+ frequente no sexo feminino

Normalmente assintomático

Histologicamente: tecido tiroideu maduro normal

Sintomas disfagia
disfonia
dispneia

Associado a hipotiroidismo (70% dos casos)


Nódulo Tiroideu Lingual
Língua

Diagnóstico despiste de glândula salivar ectópica, quisto, adenocarcinoma


substituição da hormona da tiroide reduz a lesão

cintigrafia, RMN ou TC

Biópsia deve ser evitada pelo risco de hemorragia.


Por vezes faz-se biópsia incisional para confirmar o diagnóstico.
Nódulo Tiroideu Lingual
Língua

TRATAMENTO se assintomático
não necessário controlo periódico
se sintomático
terapia inicial: administração supressiva da hormona tiroideia
remoção cirúrgica
ablação com iodo radioativo

Taxa de malignização: 1% dos casos + nos homens


Anquiloglossia
Língua

+ comum no sexo masculino

Completa fusão completa entre a língua e o pavimento da boca


(+ raro) fusão entre a língua e o palato

Parcial freio curto


inserção do freio perto da ponta da língua
Anquiloglossia
Língua

Restrição da protusão e movimentos de lateralidade da língua

Tratamento – correção espontânea ou cirúrgica (frenectomia)


Anquiloglossia
Língua

Consequências diastemas entre os IC inferiores


recessões periodontais
dispneia
deglutição atípica
dificuldade na amamentação
afeção do crescimento e desenvolvimento
dificuldade na fala
FREIO LABIAL

Comum
Associado a diastema

A frenectomia com remoção das fibras localizadas


entre os incisivos.
Micro e Macroglossia
Língua

MICROGLOSSIA MACROGLOSSIA
Raro Raro
Língua pequena ou rudimentar Língua de tamanho aumentado
+ comum que microglossia
Associada a hipoplasia da mandíbula
Congénita
Pode ser secundária a desidratação, hipertrofia muscular
esclerodermia, cólera malformações vasculares
Síndrome de Down
neurofibromatose
Secundária/adquirida
carcinoma
acromegalia
hipotiroidismo secundário
amiloidose
mixedema
angioedema
desdentado total
Exostose
Osso

Hiperplasia óssea benigna de crescimento lento e indolor; duro à palpação

Tumefações ósseas

25% da população
Não aparece em crianças
+ frequente em asiáticos

Sem predileção sexual


Exostose
Osso
Crescimento exofítico

Assintomático, excepto se a mucosa que recobre ulcerar

Pode ser necessário tratamento

Etiologia desconhecida

Diagnóstico História clínica


Características clínicas
Radiografia
Diagnóstico diferencial:
Osteomas
Osteomielite com periostite proliferativa
Torus mandibular
Osso

Crescimento ósseo na superfície


lingual da mandíbula

Benigno

localização: acima da linha milo-hioideia, na região dos pré-molares


tipicamente bilateral
Predisposição hereditária + fatores ambientais e funcionais

Prevalência 7-40%
Frequência e tamanho aumentam com a idade
Torus mandibular
Osso

crescimento lento
sessil ou lobulado
mucosa de recobrimento: normal, atrófica ou ulcerada
Rx: pode revelar aumento da cortical
Torus mandibular
Osso

assintomático
tratamento necessário se trauma constante, interferência na fala ou dificuldade na confeção de
prótese
Torus palatino
Osso

Crescimento ósseo ao longo da linha


média do palato

Benigno

Predisposição hereditária
+ fatores ambientais e funcionais
Prevalência 9-60%
+ nos asiáticos
+ no sexo feminino (2:1)
Frequência e tamanho aumentam com idade
Torus palatino
Osso

crescimento lento
sessil ou nodular
diâmetro: < 2cm
mucosa de recobrimento: normal ou coloração pálida

exostose assintomática

osso compacto normal


Torus palatino
Osso

Diagnóstico História clínica


Caraterísticas clínicas
Radiografia

Rx: pode revelar aumento da cortical

Tratamento: não requer

Diagnóstico diferencial:
Neoplasias
Tuberosidade Fibrosa
Osso

Etiologia idiopática

Tuberosidades aumentadas de tamanho

Tratamento cirúrgico
Tuberosidade Fibrosa
Osso

Diagnóstico: história e caraterísticas clínicas

Diagnóstico diferencial:
fibromatose gengival
hereditária drogas
neoplasias
gengivite na gravidez
sarcoidose
doença de Crohn
leucemia
Cavidade de Stafne
Osso

Depressão na cortical óssea lingual posterior da mandíbula

Área radiotransparente, na região posterior da mandíbula, abaixo do nível do canal do nervo alveolar
inferior

Tipicamente bem circunscrito e unilocular

Causa indeterminada

+frequente: sexo masculino


Cavidade de Stafne
Osso

Concavidade

Assintomático
Não é necessário tratamento

Confirmação do diagnóstico Sialografia


TC
biópsia

Diagnóstico diferencial:
Sarcoma
Condroma
Osteocondroma

Você também pode gostar