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(OBJETIVOS):
1. Revisar a anatomia da região bucal, diferenciando os aspectos das lesões;
2. Conhecer as principais causas de sangramento da cavidade oral (afta, CANDIDÍASE, HERPES), associando com sua
epidemiologia e fatores de risco;
3. Entender a fisiopatologia, compreendendo seu quadro clínico;
4. Compreender os meios diagnósticos, relacionando com os métodos laboratoriais e de imagem;
5. Definir o manejo terapêutico, destacando os métodos farmacológicos e cirúrgicos;
BOCHECHAS
As bochechas têm estrutura muito parecida com a dos
lábios. São as paredes móveis da cavidade oral. Os
principais músculos das bochechas são os bucinadores.
GENGIVAS
São formadas por tecido fibroso recoberto por túnica
mucosa. A gengiva propriamente dita está firmemente
presa aos processos alveolares da mandíbula, da maxila e
aos colos dentários. Normalmente, é vermelho-brilhante e
não queratinizada.
DENTES
O dente fica inserido no alvéolo dental e é descrito como
CAVIDADE ORAL: decíduo (primário) ou permanente (secundário). Podem
Possui duas partes principais: o vestíbulo da boca e a ser:
cavidade própria da boca. Incisivos: margens cortantes finas = cortam
Vestíbulo da boca: região em fenda, localizada entre os Caninos: cones proeminentes únicos = perfuram
dentes/gengiva e os lábios/bochechas. Comunica-se com Pré-molares: possuem duas cúspides
o meio externo através da rima da boca - controlada Molares: possuem três cúspides
pelos músculos periorais (orbicular da boca, bucinador, Os dentes são vascularizados pelas artérias alveolares
risório e os depressores e elevadores dos lábios) -. superior e inferior, ramos da artéria maxilar, suprem os
Cavidade própria da boca: consiste no espaço entre as dentes maxilares e mandibulares, respectivamente. São
arcadas dentárias superior e inferior. O teto é formado inervados por ramos do nervo trigêmeo (quinto par de
pelo palato duro e posteriormente é limitada pela parte nervo craniano).
oral da faringe. Quando a boca está fechada e em
repouso, esta cavidade é totalmente preenchida pela PALATO
língua O palato forma o teto curvo da boca e o assoalho da
cavidade nasal. Em sua porção oral, é coberta por túnica
mucosa e densamente povoada por glândulas. Divide-se
em:
PALATO DURO:
Possui um formato côncavo, espaço onde a língua fica em
repouso. É formado por um esqueleto ósseo, resultado dos
processos palatinos da maxila e as lâminas horizontais do
palatino.
Vestíbulo Cavidade própria
MED 16 – FPS/IMIP Marcela Beatriz Desequilíbrios no adulto: Anemias e Sangramentos
DIAGNÓSTICO:
Lesão queratótica da mucosa, de coloração branca ou Exame histológico, que normalmente, revela apenas
branco-acinzentada, em forma de mancha ou placa, que hiperqueratose, hiperortoqueratose e acantose.
não pode ser removida e não possui diagnóstico definitivo,
ou seja, não pode ser caracterizada clínica ou LEMBRAR: É um DDX de EXCLUSÃO!
histopatologicamente;
Diagnóstico de exclusão.
TRATAMENTO:
EPIDEMIOLOGIA: Diante de todas as lesões leucoplásicas, deve-se assumir
A prevalência de leucoplasia oral na população, desde que que possuam potencial de transformação carcinomatosa.
haja um diagnóstico definitivo firmado acerca da doença, é Assim, o tratamento se baseia no fato de que a detecção e
por volta de 0,2%; a remoção precoces podem prevenir o aparecimento de
A doença é mais frequente no sexo masculino, na quinta e câncer oral.
na sexta décadas de vida. = cessar tabagismo; (em um
período de 2-4 semanas);
ETIOLOGIA: Nos casos de ,
Tabagismo (80% dos pacientes) e o etilismo, além de realizar exérese cirúrgica ou a laser quando a lesão estiver
trauma continuado e exposição à radiação solar – localizada na superfície ventral da língua ou assoalho bucal;
principalmente naquelas lesões localizadas em lábios. , realizar exérese cirúrgica ou
a laser;
QUADRO CLÍNICO: Quando houver , realizar exérese
Clinicamente, a leucoplasia é caracterizada por uma cirúrgica;
mancha branca na mucosa oral que não pode ser removida Em , pode-se optar pelo tratamento
por raspagem. Sua localização mais comum é no lábio. clínico inicial com vitamina A (um comprimido antes das
Existem três variantes clínicas: refeições por 30 dias) e retinoides sintéticos e
betacaroteno, que se mostraram eficazes em estudos;
LEUCOPLASIA HOMOGÊNEA: lesão predominantemente
branca, de aspecto uniforme, de superfície plana.
LEUCOPLASIA NÃO HOMOGÊNEA: lesões
predominantemente brancas ou brancas e vermelhas
(leucoeritroplasia), de superfície irregular, que podem EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA:
apresentar áreas nodulares ou exofíticas. Essas lesões É uma doença inflamatória crônica que afeta o epitélio
estão sujeitas a um maior risco de apresentar displasia e, estratificado escamoso de pele e mucosas;
também, de transformação maligna Etiologia não é bem conhecida, mas sabe-se que as células
da membrana basal de pele e mucosas são destruídas por
ERITROPLASIA: semelhante à leucoplasia, exceto pela
linfócitos citotóxico; Tem ampla associação com
coloração avermelhada da lesão. Quase todas essas
hepatopatia.
lesões apresentam displasia, carcinoma in situ ou
Afeta 1 a 2% da população. É considerada uma entidade
carcinoma invasivo ao exame histopatológico.
nosológica típica da meia-idade e acomete com maior
frequência os pacientes do sexo feminino;
ATENÇÃO:
Em geral, ocorre em uma lesão considerada pré-maligna,
FISIOPATOLOGIA
que sofre malignização em 1 a 15% dos casos, dependendo Doença autoimune mediada por células T, nas quais
do grau de displasia que apresente. linfócitos T CD8+ autocitotóxicos desencadeiam apoptose
Quanto maior o grau de displasia na lesão, maior a das células epiteliais da mucosa oral provocando as lesões
probabilidade de transformação em carcinoma oral. As características da doença;
características associadas a maior risco de transformação
maligna de uma leucoplasia são: QUADRO CLÍNICO:
Forma não homogênea, de aspecto verrucoso, As lesões orais podem ser do tipo reticular, com estrias
vegetante ou com pontilhado hemorrágico. finas entrelaçadas, estrias de Wickham, sendo esta a
Presença de displasia epitelial moderada ou grave à forma mais frequente.
histopatologia Em geral, são assintomáticas.
Localização em assoalho bucal ou ventre de língua ou Também podem aparecer em forma de placas e de lesões
lesões dissociadas; atróficas, eritematosas e bolhosas-ulceradas, que causam
Paciente não fumante; graus variáveis de desconforto ao paciente. Sua localização
mais frequente é a mucosa jugal, seguida pela gengiva e
pela língua.
MED 16 – FPS/IMIP Marcela Beatriz Desequilíbrios no adulto: Anemias e Sangramentos
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA:
As principais lesões vesicobolhosas são aquelas causadas
pela infecção por vírus, principalmente os da família
Herpes viridae, os pênfigos e penfigoides, bem como o
eritema multiforme.
O herpes simples vírus (HSV) é um DNA vírus classificado
em tipos I e II. O tipo I está mais frequentemente associado
às lesões orofaciais, e o tipo II, às lesões genitais, porém
também pode ocorrer o contrário.
O período de incubação é de geralmente 2 a 12 dias (em
média, 4 dias.
Após a infecção primária, o vírus atravessa a barreira
DIAGNÓSTICO: mucosa, migra através da bainha periaxonal,
A imunofluorescência direta detecta fibrinogênio na retrogradamente, até atingir o gânglio trigeminal, onde
membrana basal em 90 a 100% dos casos. permanece latente até a reativação.
O estudo anatomopatológico mostra hiperqueratose e
liquefação do leito das células basais e infiltrado linfocitário Indivíduos predispostos podem desenvolver quadro de
na lâmina própria. herpes simples recorrente, sobretudo na região dos
No leito das células basais, são observadas células ovoides lábios – herpes labial recorrente.
eosinofílicas (corpos de Civatte), sugestivas de líquen A recorrência com reativação do vírus pode
plano; ocorrer em resposta a uma variedade de
As formas em placa ou reticular devem ser diferenciadas estímulos fisiológicos, infecciosos, psíquicos ou
de lesões brancas como candidíase atrófica, lúpus discoide ambientais (exposição à radiação ultravioleta
e displasia liquenoide. solar, estados gripais, estresse emocional e
resposta ao trauma);
TRATAMENTO:
É principalmente sintomático. Nos casos assintomáticos, a QUADRO CLÍNICO:
conduta é expectante, com higiene oral e As duas principais manifestações clínicas são a
acompanhamento semestral pelo risco de malignização; gengivoestomatite herpética primária e as infecções
LESÕES EROSIVAS E DOLOROSAS em geral são controladas recorrentes;
tanto por corticosteroides tópicos quanto sistêmicos.
GENGIVOESTOMATITE:
em orabase nos casos leves (2- Gengivoestomatite herpética primária, na maioria dos
3x/dia), e sistêmicos, nas FORMAS EROSIVAS E casos, é uma infecção subclínica ou com pequenas
DOLOROSAS (prednisona, 20 a 30 mg/dia). manifestações, usualmente atribuídas à erupção de
dentes.
Pacientes que NÃO RESPONDE BEM À CORTICOTERAPIA = Em seu período de estado, a criança apresenta vesículas
em doses progressivas até 1 a 3 mg/kg/dia orais pequenas e dolorosas, localizadas na mucosa bucal,
por 4 a 8 semanas, (reservada para os CASOS MAIS gengival e da língua. As vesículas rapidamente se rompem,
GRAVES); tornando-se úlceras que podem coalescer, formando
lesões maiores.
SOBRE AS LESÕES VESICOBOLHOSAS: Em geral, o quadro perdura por 12 dias, causando
dificuldades para a alimentação e a ingestão de líquidos e
provocando hipersialorreia.
A maioria delas apresenta febre (> 38°C) e enfartamento
O herpes simples vírus (HSV) é um DNA vírus ganglionar cervical;
classificado em tipos I e II. O tipo I está mais
frequentemente associado às lesões orofaciais; A DIAGNÓSTICO:
lesão fundamental uma bolha ou vesícula na O quadro clínico costuma ser suficiente para
mucosa. O diagnóstico em cerca de 80% das crianças com
gengivoestomatite herpética primária. O exame citológico
EPIDEMIOLOGIA: de esfregaço ainda é uma técnica confiável para o
diagnóstico do herpes simples ativo.
Estima-se que 500 mil pessoas sejam afetadas anualmente
Imunofluorescência, em que se nota a presença de IgG nos
por surtos de infecção orofacial;
espaços intraepiteliais em 100% dos pacientes, C3 (50%) e
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IgA (30%), ou a pesquisa de anticorpos circulantes IgM em necrose tumoral alfa (TNF-alfa) por macrófagos e
níveis correlacionados ao grau de atividade da doença, mastócitos.
positiva em 80 a 90% dos pacientes, a cultura para A citocina do TNF-alfa, um importante mediador
isolamento do vírus continua sendo o método de inflamatório, desencadeia o processo inflamatório por seu
diagnóstico definitivo para a doença. efeito sobre a adesão das células endoteliais e a
quimiotaxia de neutrófilos.
Histopatologia: Bolha intraepitelial. As células mostram TNF-alfa também tem um importante papel em atividades
degeneração “em balão”, enquanto outras contêm de regulação imune, incluindo a expressão de antígenos de
inclusões intranucleares conhecidas como corpos de histocompatibilidade classes I e II.
Lipschutz. Aumento na expressão desses antígenos foi detectado nas
O tecido conjuntivo subjacente usualmente está células epiteliais basais nos estágios pré-ulcerativos e
infiltrado por células inflamatórias ulcerativos das lesões de EAR.
ETIOLOGIA DIAGNÓSTICO:
Há predisposição genética da doença, como mostram a Clínico, baseado na história e nos achados de exame físico.
frequência aumentada de certos tipos de antígenos de
histocompatibilidade (HLA) e uma história familiar positiva
TRATAMENTO:
em alguns pacientes de EAR. Deficiência de ferro sérico é Se baseia no uso de anti-inflamatórios, imunossupressores,
encontrada em 20% dos pacientes e o estresse emocional antibióticos se necessário, ingestão de iogurte e
é característica de alguns pacientes. Entre os fatores lactobacilos, e controle emocional com psicoterapia ou
predisponentes à EAR também estão o trauma local em medicação caso o componente psicogênico desempenhe
indivíduos suscetíveis. um papel importante.
Outras causas prováveis incluem as infecções virais (HSV,
Entre as , o corticosteroide com
Epstein-Barr – EBV), bacterianas (Streptococcus sanguis ou
orabase (BETAMETASONA E TRIANCINOLONA) pode
mitis), déficits nutricionais (vitamina B12, ácido fólico),
diminuir a duração da crise, minorar o processo
alterações hormonais e alergia a alimentos (chocolate,
inflamatório local e facilitar a cicatrização.
glúten).
O uso sistêmico de corticosteroides, em
FISIOPATOLOGIA: (PREDNISONA, 20 a 40 mg/dia, por 7 a 10 dias), deve ser
Imunopatogênese envolve mecanismo de resposta imune controlado, (efeitos colaterais quando de uso prolongado);
mediada por células, com, geração de células T e fator de
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QUADRO CLÍNICO:
Se apresenta clinicamente por necrose gengival
interdentária, hemorragia gengival e dor. Além disso, os
pacientes podem apresentar linfadenopatia e odor fétido;
Invariavelmente, há ulceração das papilas interdentárias.
As ulcerações, que podem estender-se à gengiva marginal,
podem resultar na redução da faixa de gengiva aderida,
devido à necrose marginal.
Caracteristicamente, as úlceras são crateriformes e o
termo “invertidas” tem sido usado para descrever as
papilas interdentárias. Se intacta, a superfície ulcerada é
normalmente coberta por uma camada de restos
necróticos, também designada por “pseudomembrana”.
Esta é composta por fibrina, tecido necrótico, células
inflamatórias e massas de bactérias mortas ou ainda
viáveis, e é rapidamente destacada, expondo uma
ulceração hemorrágica nos tecidos subjacentes.
A área localizada entre a margem da necrose e o tecido
gengival não afetado geralmente apresenta uma faixa
eritematosa estreita, também classificada como eritema
linear.
Nas fases iniciais da doença, as lesões estão limitadas às
pontas de poucas papilas. As primeiras lesões surgem
frequentemente na área interproximal da região anterior
da mandíbula, mas podem ocorrer em qualquer espaço
interproximal. Em alguns casos a gengiva de dentes
seminclusos e da região posterior da maxila é também
afetada. A hemorragia gengival ocorre com pouca ou Fontes:
nenhuma provocação e é, provavelmente, o sinal clínico Medicina Interna de Harrison 20ª edição – 2 volumes;
Martins, Mílton de, A. et al. Clínica Médica, Volume 6: Doenças dos Olhos, Doenças dos Ouvidos,
menos distintivo da doença. Nariz e Garganta, Neurologia, Transtornos Mentais. USP
Lalwani, Anil K. CURRENT: Otorrinolaringologia - Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
https://www.sanarmed.com/resumo-de-cavidade-oral-labios-gengivas-lingua-palato-e-mais
http://revodonto.bvsalud.org/pdf/occ/v12n1/a04v12n1.pdf
DIAGNÓSTICO: https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/protocolos_resumos/candidiase_bucal.pdf
https://www.odonto.ufmg.br/cpc/wp-content/uploads/sites/19/2018/03/doen%C3%A7as-
periodontais-necrosantes.pdf
É clínico, mas precisa de pelo menos 3 critérios clínicos DynaMed. Gengivite Ulcerativa Necrosante Aguda. Serviços de Informação EBSCO. Acessado em
26 de agosto de 2022. https://www.dynamed.com/condition/acute-necrotizing-ulcerative-
para ser validado. gingivitis