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MED 16 – FPS/IMIP Marcela Beatriz Desequilíbrios no adulto: Anemias e Sangramentos

Sangramento da cavidade oral


CASO VII

(OBJETIVOS):
1. Revisar a anatomia da região bucal, diferenciando os aspectos das lesões;
2. Conhecer as principais causas de sangramento da cavidade oral (afta, CANDIDÍASE, HERPES), associando com sua
epidemiologia e fatores de risco;
3. Entender a fisiopatologia, compreendendo seu quadro clínico;
4. Compreender os meios diagnósticos, relacionando com os métodos laboratoriais e de imagem;
5. Definir o manejo terapêutico, destacando os métodos farmacológicos e cirúrgicos;

PRIMEIRO OBJETIVO: LÁBIOS:


Os lábios são considerados pregas musculofibrosas móveis
ANATOMIA DA REGIÃO: que circundam a boca. Estendem-se dos sulcos nasolabiais
lateral e superiormente até o sulco mentolabial
A região oral inclui a cavidade oral, os dentes, a gengiva, a inferiormente.
língua, o palato e a região das tonsilas palatinas; São formados pelo músculo orbicular da boca.
Externamente são revestidos por pele e internamente por
túnica mucosa

BOCHECHAS
As bochechas têm estrutura muito parecida com a dos
lábios. São as paredes móveis da cavidade oral. Os
principais músculos das bochechas são os bucinadores.

GENGIVAS
São formadas por tecido fibroso recoberto por túnica
mucosa. A gengiva propriamente dita está firmemente
presa aos processos alveolares da mandíbula, da maxila e
aos colos dentários. Normalmente, é vermelho-brilhante e
não queratinizada.

DENTES
O dente fica inserido no alvéolo dental e é descrito como
CAVIDADE ORAL: decíduo (primário) ou permanente (secundário). Podem
Possui duas partes principais: o vestíbulo da boca e a ser:
cavidade própria da boca.  Incisivos: margens cortantes finas = cortam
 Vestíbulo da boca: região em fenda, localizada entre os  Caninos: cones proeminentes únicos = perfuram
dentes/gengiva e os lábios/bochechas. Comunica-se com  Pré-molares: possuem duas cúspides
o meio externo através da rima da boca - controlada  Molares: possuem três cúspides
pelos músculos periorais (orbicular da boca, bucinador, Os dentes são vascularizados pelas artérias alveolares
risório e os depressores e elevadores dos lábios) -. superior e inferior, ramos da artéria maxilar, suprem os
 Cavidade própria da boca: consiste no espaço entre as dentes maxilares e mandibulares, respectivamente. São
arcadas dentárias superior e inferior. O teto é formado inervados por ramos do nervo trigêmeo (quinto par de
pelo palato duro e posteriormente é limitada pela parte nervo craniano).
oral da faringe. Quando a boca está fechada e em
repouso, esta cavidade é totalmente preenchida pela PALATO
língua O palato forma o teto curvo da boca e o assoalho da
cavidade nasal. Em sua porção oral, é coberta por túnica
mucosa e densamente povoada por glândulas. Divide-se
em:

PALATO DURO:
Possui um formato côncavo, espaço onde a língua fica em
repouso. É formado por um esqueleto ósseo, resultado dos
processos palatinos da maxila e as lâminas horizontais do
palatino.
Vestíbulo Cavidade própria
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PALATO MOLE: EPIDEMIOLOGIA:


É o terço posterior e móvel do palato. Fica suspenso A candidíase representa a condição patológica mais
posteriormente ao palato duro. Não possui esqueleto frequente dentro do grupo de lesões brancas da mucosa
ósseo, mas sim um reforço da aponeurose palatina, que oral. Mais comum das micoses que acometem a cavidade
o fixa no palato duro. oral, tanto em indivíduos imunocompetentes como
Em sua porção posteroinferior possui uma margem livre naqueles imunossuprimidos;
curva da qual pende um processo cônico, a úvula. Normalmente, a doença atinge os extremos de idade;
Durante a deglutição, é tensionado, o que leva o bolo
alimentar para a parte posterior da boca. Em seguida, o ETIOLOGIA:
palato mole se eleva posterior e superiormente contra a
Considerar que o fungo Candida sp. faz parte da flora
parede da faringe, impedindo assim a entrada de
normal e de haver multiplicidade de fatores
alimentos na cavidade nasal.
predisponentes tornam a doença extremamente comum.
Fatores predisponentes locais (higiene oral precária e
prótese dentária) e sistêmicos (DM, gravidez, neoplasia
disseminada, corticoterapia, radioterapia, quimioterapia,
xerostomia, imunodepressão e antibioticoterapia
prolongada) podem levar a quebra da barreira epitelial,
facilitando a colonização da mucosa pelo fungo.

Em relação à infecção pelo HIV, a infecção pela Candida


albicans não só é um marcador da doença, mas também
um preditor do estado imune do paciente e da eficácia
da TARV;

OUTRAS ESTRUTURAS: Baixo fluxo salivar ou alterações em sua composição


 LINGUA = órgão muscular móvel recoberto por túnica aumentam a incidência de candidíase oral;
mucosa; é dividida em raiz, corpo e ápice. Possui duas
faces: o dorso da língua e a face inferior da língua. Com
FISIOPATOLOGIA:
relação à musculatura da língua, ela pode se dividir Possuem a capacidades de adesão e de formação de tubos
em: Músculos extrínsecos e Músculos intrínsecos; germinativos e a produção de proteases extracelulares.
 Tonsilas palatinas = São massas de tecido linfoide, Assim, as Candida spp podem causar doença no homem
localizadas uma de cada lado na parte oral da faringe, mais por invasão tecidular, por indução de estados de
precisamente nas fossas tonsilares. Tem papel hipersensibilidade ou por produção de toxinas;
importante como primeira linha de defesa do sistema
imune no trato gastrointestinal. QUADRO CLÍNICO:
A infecção por Candida sp. pode se apresentar nas formas:

CONCEITOS GERAIS SOBRE AS LESÕES DA CAVIDADE  Pseudomembranosa (mais comum)


 Atrófica aguda e crônica
ORAL:
 Crônica hiperplásica
As lesões que acometem a cavidade oral podem ser  Queilite angular
classificadas como de ordem inflamatória ou neoplásica.  Glossite romboide mediana
As inflamatórias podem ser divididas de forma
arbitrária, de acordo com seu aspecto macroscópico e sua PSEUDOMEMBRANOSA:
etiologia, em: lesões brancas, vesicobolhosas, aftoides e Também conhecida como “sapinho”, essa forma se
aquelas consequentes a processos infecciosos. caracteriza por placas cremosas brancas semelhantes a
As Neoplásicas, por sua vez, podem ser divididas coalho que revelam uma superfície hemorrágica frágil
em benignas e malignas. quando removidas;
As lesões consistem em placas moles, multifocais ou
difusas, elevadas (leve), na mucosa jugal, língua, palato e
SEGUNDO OBJETIVO região retromolar. Essas placas, ou pseudomembranas, são
formadas por uma mistura de hifas do fungo, fibrina,
SOBRE AS LESÕES BRANCAS leucócitos, bactérias, epitélio descamado e queratina.
Quando removidas com uma gaze, é possível observar uma
mucosa normal, ligeiramente eritematosa ou ulcerada;

Infecção oportunista superficial, essencialmente ATRÓFICA AGUDA/ ERITEMATOSA:


facilitada por fatores predisponentes locais e sistêmicos Áreas planas e vermelhas, algumas vezes doloridas, nos
mesmos grupos de pacientes. A mucosa apresenta-se seca
e brilhante, com intenso eritema difuso, podendo ser
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observadas, no dorso da língua, pequenas placas e úlceras GLOSSITE ROMBOIDE MEDIANA:


superficiais muito dolorosas que resultam da perda de
Também conhecida como atrofia papilar central da língua
papilas filiformes.
Área de despapilação e hiperemia no dorso da língua, por
vezes assumindo a figura geométrica de um losango Por
Áreas de despapilação e desqueratinização em dorso
vezes, é sintomática, causando dor local;
de língua, deixando‐a dolorosa, edemaciada e
Frequentemente assintomática, aparece clinicamente
eritematosa
como uma zona eritematosa bem demarcada (em parte
por perda das papilas filiformes), que afeta a linha média,
A forma aguda é o único tipo de Candidose dolorosa,
posterior e dorsal da língua. A lesão é normalmente
podendo ocorrer em qualquer localização da cavidade oral
simétrica, e a sua superfície pode variar entre lisa e
e particularmente em pacientes mais idoso;
lobulada;
ATRÓFICA CRÔNICA/ ERITEMATOSA: DIAGNÓSTICO:
A forma crônica, normalmente assintomática, era
associada à má higiene oral e ao uso crônico de prótese, Apresentação clínica da doença, (destaque para a
sendo, também, conhecida no passado como forma de pseudomembranosa), costuma ser suficiente para o
Candida associada à prótese; diagnóstico.
Eritema difuso com superfície aveludada, associada à Pode realizar exame micológico direto do raspado da lesão
forma pseudomembranosa, ou como queilite angular Em preparado com solução de KOH a 20%, que mostra a
geral, localiza‐se no palato. presença de hifas.
Se dúvida persistir, pode-se ainda realizar cultura do fungo.
CRÔNICA HIPERPLÁSICA: O exame histológico pode ser necessário, mas resulta
Infecção crônica com lesões de aspecto leucoplásico, muitas vezes em quadros falso-negativos, mormente na
espessado, não destacável em mucosa oral, palato e forma crônica atrófica, na qual muitas vezes o fungo se
língua; aloja no entalhe promovido pela prótese dentária, e não na
Lembrar que não são removíveis por raspagem. Esses são profundidade do tecido;
firmes devido a uma infiltração profunda das hifas nos
tecidos, e persistentes, podendo durar vários anos, TRATAMENTO:
lembrando as placas leucoplásicas, e, por isso, se admite a Afastar e tratar fatores locais e sistêmicos
possibilidade de possuírem potencial maligno; predisponentes.
A higiene oral adequada é mandatória.
Após o tratamento, muitos desses casos regridem, SE paciente usar próteses dentárias, elas devem pernoitar
deixando lesões residuais sob a forma de placas em solução com hipoclorito, clorexidina a 5% ou água
esbranquiçadas, que são irreversíveis, o que dificulta bicarbonatada.
o diagnóstico diferencial com as leucoplasias;
Nos , podem ser utilizados bochechos e
É uma das formas menos comuns de apresentação da gargarejos de NISTATINA TÓPICA a 100.000/mL (5 mL),
candidíase oral; 5X/dia, por 2 semanas. Após o desaparecimento das
lesões, continuar usando por mais 1 semana.
As , como glossite romboide mediana,
QUEILITE ANGULAR: requerem o uso de MICONAZOL gel oral duas vezes ao dia,
Marcada por áreas de fissuras e hiperemia, localizadas em por 14 a 21 dias.
uma ou ambas as comissuras labiais, podendo haver
transudato local Geralmente assintomática, mas pode incluem o uso de
causar prurido, dor e sangramento local. FLUCONAZOL na dose de 200 mg, por via oral, seguido por
Trata-se de uma designação não específica, usada quando uma dose diária de 100 mg até 10 a 14 dias após a
nos referimos a todas as inflamações, erosões, ulcerações regressão da doença, sendo a dose dobrada para as formas
e incrustações localizadas nas comissuras labiais. sistêmicas de candidíase.
A maioria dessas lesões é de natureza inflamatória CETOCONAZOL também pode ser empregado, nas doses
(intensamente eritematosas, fissuradas, erosivas e
de 200 ou 400 mg/dia, para as ,
ulceradas).
mantendo-se também por cerca de 10 dias após a
A etiologia da QA tem sido muito discutida. Fatores, como
regressão da doença.
deficiências em ferro, em riboflavina e em tiamina,
Em , deve ser usado
diminuição da dimensão vertical, infecção por bactérias e
CETOCONAZOL na dose de 400 mg/dia, durante um
por fungos (particularmente a associação entre C. albicans
mínimo de 20 dias.
e Staphylococcus aureus).
SOBRE AS OUTRAS LESÕES BRANCAS E O DDX
DIFERENCIAL:
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DIAGNÓSTICO:
Lesão queratótica da mucosa, de coloração branca ou Exame histológico, que normalmente, revela apenas
branco-acinzentada, em forma de mancha ou placa, que hiperqueratose, hiperortoqueratose e acantose.
não pode ser removida e não possui diagnóstico definitivo,
ou seja, não pode ser caracterizada clínica ou LEMBRAR: É um DDX de EXCLUSÃO!
histopatologicamente;
Diagnóstico de exclusão.
TRATAMENTO:
EPIDEMIOLOGIA: Diante de todas as lesões leucoplásicas, deve-se assumir
A prevalência de leucoplasia oral na população, desde que que possuam potencial de transformação carcinomatosa.
haja um diagnóstico definitivo firmado acerca da doença, é Assim, o tratamento se baseia no fato de que a detecção e
por volta de 0,2%; a remoção precoces podem prevenir o aparecimento de
A doença é mais frequente no sexo masculino, na quinta e câncer oral.
na sexta décadas de vida. = cessar tabagismo; (em um
período de 2-4 semanas);
ETIOLOGIA: Nos casos de ,
Tabagismo (80% dos pacientes) e o etilismo, além de realizar exérese cirúrgica ou a laser quando a lesão estiver
trauma continuado e exposição à radiação solar – localizada na superfície ventral da língua ou assoalho bucal;
principalmente naquelas lesões localizadas em lábios. , realizar exérese cirúrgica ou
a laser;
QUADRO CLÍNICO: Quando houver , realizar exérese
Clinicamente, a leucoplasia é caracterizada por uma cirúrgica;
mancha branca na mucosa oral que não pode ser removida Em , pode-se optar pelo tratamento
por raspagem. Sua localização mais comum é no lábio. clínico inicial com vitamina A (um comprimido antes das
Existem três variantes clínicas: refeições por 30 dias) e retinoides sintéticos e
betacaroteno, que se mostraram eficazes em estudos;
 LEUCOPLASIA HOMOGÊNEA: lesão predominantemente
branca, de aspecto uniforme, de superfície plana.
 LEUCOPLASIA NÃO HOMOGÊNEA: lesões
predominantemente brancas ou brancas e vermelhas
(leucoeritroplasia), de superfície irregular, que podem EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA:
apresentar áreas nodulares ou exofíticas. Essas lesões É uma doença inflamatória crônica que afeta o epitélio
estão sujeitas a um maior risco de apresentar displasia e, estratificado escamoso de pele e mucosas;
também, de transformação maligna Etiologia não é bem conhecida, mas sabe-se que as células
da membrana basal de pele e mucosas são destruídas por
 ERITROPLASIA: semelhante à leucoplasia, exceto pela
linfócitos citotóxico; Tem ampla associação com
coloração avermelhada da lesão. Quase todas essas
hepatopatia.
lesões apresentam displasia, carcinoma in situ ou
Afeta 1 a 2% da população. É considerada uma entidade
carcinoma invasivo ao exame histopatológico.
nosológica típica da meia-idade e acomete com maior
frequência os pacientes do sexo feminino;
ATENÇÃO:
Em geral, ocorre em uma lesão considerada pré-maligna,
FISIOPATOLOGIA
que sofre malignização em 1 a 15% dos casos, dependendo Doença autoimune mediada por células T, nas quais
do grau de displasia que apresente. linfócitos T CD8+ autocitotóxicos desencadeiam apoptose
Quanto maior o grau de displasia na lesão, maior a das células epiteliais da mucosa oral provocando as lesões
probabilidade de transformação em carcinoma oral. As características da doença;
características associadas a maior risco de transformação
maligna de uma leucoplasia são: QUADRO CLÍNICO:
 Forma não homogênea, de aspecto verrucoso, As lesões orais podem ser do tipo reticular, com estrias
vegetante ou com pontilhado hemorrágico. finas entrelaçadas, estrias de Wickham, sendo esta a
 Presença de displasia epitelial moderada ou grave à forma mais frequente.
histopatologia Em geral, são assintomáticas.
 Localização em assoalho bucal ou ventre de língua ou Também podem aparecer em forma de placas e de lesões
lesões dissociadas; atróficas, eritematosas e bolhosas-ulceradas, que causam
 Paciente não fumante; graus variáveis de desconforto ao paciente. Sua localização
mais frequente é a mucosa jugal, seguida pela gengiva e
pela língua.
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A forma primária da doença é a chamada


gengivoestomatite herpética, que afeta crianças na faixa
etária entre 1 e 3 anos;

ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA:
As principais lesões vesicobolhosas são aquelas causadas
pela infecção por vírus, principalmente os da família
Herpes viridae, os pênfigos e penfigoides, bem como o
eritema multiforme.
O herpes simples vírus (HSV) é um DNA vírus classificado
em tipos I e II. O tipo I está mais frequentemente associado
às lesões orofaciais, e o tipo II, às lesões genitais, porém
também pode ocorrer o contrário.
O período de incubação é de geralmente 2 a 12 dias (em
média, 4 dias.
Após a infecção primária, o vírus atravessa a barreira
DIAGNÓSTICO: mucosa, migra através da bainha periaxonal,
A imunofluorescência direta detecta fibrinogênio na retrogradamente, até atingir o gânglio trigeminal, onde
membrana basal em 90 a 100% dos casos. permanece latente até a reativação.
O estudo anatomopatológico mostra hiperqueratose e
liquefação do leito das células basais e infiltrado linfocitário  Indivíduos predispostos podem desenvolver quadro de
na lâmina própria. herpes simples recorrente, sobretudo na região dos
No leito das células basais, são observadas células ovoides lábios – herpes labial recorrente.
eosinofílicas (corpos de Civatte), sugestivas de líquen  A recorrência com reativação do vírus pode
plano; ocorrer em resposta a uma variedade de
As formas em placa ou reticular devem ser diferenciadas estímulos fisiológicos, infecciosos, psíquicos ou
de lesões brancas como candidíase atrófica, lúpus discoide ambientais (exposição à radiação ultravioleta
e displasia liquenoide. solar, estados gripais, estresse emocional e
resposta ao trauma);
TRATAMENTO:
É principalmente sintomático. Nos casos assintomáticos, a QUADRO CLÍNICO:
conduta é expectante, com higiene oral e As duas principais manifestações clínicas são a
acompanhamento semestral pelo risco de malignização; gengivoestomatite herpética primária e as infecções
LESÕES EROSIVAS E DOLOROSAS em geral são controladas recorrentes;
tanto por corticosteroides tópicos quanto sistêmicos.
GENGIVOESTOMATITE:
em orabase nos casos leves (2- Gengivoestomatite herpética primária, na maioria dos
3x/dia), e sistêmicos, nas FORMAS EROSIVAS E casos, é uma infecção subclínica ou com pequenas
DOLOROSAS (prednisona, 20 a 30 mg/dia). manifestações, usualmente atribuídas à erupção de
dentes.
Pacientes que NÃO RESPONDE BEM À CORTICOTERAPIA = Em seu período de estado, a criança apresenta vesículas
em doses progressivas até 1 a 3 mg/kg/dia orais pequenas e dolorosas, localizadas na mucosa bucal,
por 4 a 8 semanas, (reservada para os CASOS MAIS gengival e da língua. As vesículas rapidamente se rompem,
GRAVES); tornando-se úlceras que podem coalescer, formando
lesões maiores.
SOBRE AS LESÕES VESICOBOLHOSAS: Em geral, o quadro perdura por 12 dias, causando
dificuldades para a alimentação e a ingestão de líquidos e
provocando hipersialorreia.
A maioria delas apresenta febre (> 38°C) e enfartamento
O herpes simples vírus (HSV) é um DNA vírus ganglionar cervical;
classificado em tipos I e II. O tipo I está mais
frequentemente associado às lesões orofaciais; A DIAGNÓSTICO:
lesão fundamental uma bolha ou vesícula na O quadro clínico costuma ser suficiente para
mucosa. O diagnóstico em cerca de 80% das crianças com
gengivoestomatite herpética primária. O exame citológico
EPIDEMIOLOGIA: de esfregaço ainda é uma técnica confiável para o
diagnóstico do herpes simples ativo.
Estima-se que 500 mil pessoas sejam afetadas anualmente
Imunofluorescência, em que se nota a presença de IgG nos
por surtos de infecção orofacial;
espaços intraepiteliais em 100% dos pacientes, C3 (50%) e
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IgA (30%), ou a pesquisa de anticorpos circulantes IgM em necrose tumoral alfa (TNF-alfa) por macrófagos e
níveis correlacionados ao grau de atividade da doença, mastócitos.
positiva em 80 a 90% dos pacientes, a cultura para A citocina do TNF-alfa, um importante mediador
isolamento do vírus continua sendo o método de inflamatório, desencadeia o processo inflamatório por seu
diagnóstico definitivo para a doença. efeito sobre a adesão das células endoteliais e a
quimiotaxia de neutrófilos.
Histopatologia: Bolha intraepitelial. As células mostram TNF-alfa também tem um importante papel em atividades
degeneração “em balão”, enquanto outras contêm de regulação imune, incluindo a expressão de antígenos de
inclusões intranucleares conhecidas como corpos de histocompatibilidade classes I e II.
Lipschutz. Aumento na expressão desses antígenos foi detectado nas
O tecido conjuntivo subjacente usualmente está células epiteliais basais nos estágios pré-ulcerativos e
infiltrado por células inflamatórias ulcerativos das lesões de EAR.

DDX diferencial pode incluir o pênfigo! QUADRO CLÍNICO:


Apresenta-se de três maneiras: como aftas menores,
TRATAMENTO: maiores e herpetiformes;
Na criança = sintomático;
Em caso de infecção bacteriana secundária, utiliza--se
antibiótico. AFTAS MENORES:
O uso de , nos casos de HERPES Úlceras aftoides menores (doença de Mikulicz). As lesões
RECORRENTE LABIAL, pode ser útil no início do quadro, na são múltiplas (normalmente duas ou três lesões),
fase de hiperestesia. dolorosas, ovais e arredondadas, com 2 a 4 mm de
diâmetro, estão localizadas em áreas não queratinizadas
deve ser usado em casos graves, para
do epitélio e regridem após 7 a 10 dias. A recorrência é
crianças, na dose de 15 mg/kg, e cinco vezes ao dia, até um
variável.
máximo de 200 mg; em adultos, na dose de 200 mg, cinco
vezes ao dia, e 400 mg, cinco vezes ao dia para
imunossuprimidos; AFTAS MAIORES:
As úlceras aftoides maiores são menos frequentes, porém
mais graves, múltiplas (normalmente uma a seis lesões),
SOBRE AS LESÕES AFTOIDES
durando de 6 semanas até alguns meses. Também é
conhecida como doença de Sutton. As úlceras são
usualmente maiores que 1 cm, podendo acometer
qualquer área da mucosa oral, língua e palato.

Doença comum caracterizada por úlceras AFTAS HERPTIFORMES:


pequenas, circulares ou ovaladas, de margens As úlceras herpetiformes são pequenas, dolorosas e
circunscritas, halo eritematoso, fundo amarelado múltiplas (duas a 200), diferentes das lesões por HSV por
ou acinzentado e recorrentes, de aparecimento não ter o vírus e pela ausência do estágio vesicular, duram
inicial na infância ou na adolescência; de 1 a 2 semanas, e são as mais raras;

ETIOLOGIA DIAGNÓSTICO:
Há predisposição genética da doença, como mostram a Clínico, baseado na história e nos achados de exame físico.
frequência aumentada de certos tipos de antígenos de
histocompatibilidade (HLA) e uma história familiar positiva
TRATAMENTO:
em alguns pacientes de EAR. Deficiência de ferro sérico é Se baseia no uso de anti-inflamatórios, imunossupressores,
encontrada em 20% dos pacientes e o estresse emocional antibióticos se necessário, ingestão de iogurte e
é característica de alguns pacientes. Entre os fatores lactobacilos, e controle emocional com psicoterapia ou
predisponentes à EAR também estão o trauma local em medicação caso o componente psicogênico desempenhe
indivíduos suscetíveis. um papel importante.
Outras causas prováveis incluem as infecções virais (HSV,
Entre as , o corticosteroide com
Epstein-Barr – EBV), bacterianas (Streptococcus sanguis ou
orabase (BETAMETASONA E TRIANCINOLONA) pode
mitis), déficits nutricionais (vitamina B12, ácido fólico),
diminuir a duração da crise, minorar o processo
alterações hormonais e alergia a alimentos (chocolate,
inflamatório local e facilitar a cicatrização.
glúten).
O uso sistêmico de corticosteroides, em
FISIOPATOLOGIA: (PREDNISONA, 20 a 40 mg/dia, por 7 a 10 dias), deve ser
Imunopatogênese envolve mecanismo de resposta imune controlado, (efeitos colaterais quando de uso prolongado);
mediada por células, com, geração de células T e fator de
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Para , a melhor droga é a Paciente precisa apresentar: necrose interproximal,


TALIDOMIDA (50 a 100 mg/dia), por sua ação anti-TNF- hemorragia, e dor;
alfa, mas seus efeitos colaterais e teratogênicos limitam
seu uso. Outra opção é a DAPSONA (100 a 200 mg/dia); TRATAMENTO:
Orienta-se realizar o desbridamento e lavagem com
peróxido diluído (1:3) fornecem alívio em um período de
24 h;
Uso de antisséptico: Colutório à base de
clorexidina 0,12%-0,2% duas vezes ao dia
(aconselhe os pacientes que o uso prolongado de
clorexidina pode resultar em descoloração da
Infecção caracterizada por necrose e ulceração das língua e das superfícies dos dentes)
papilas interdentárias, hemorragia gengival e dor. OU 3% de peróxido de hidrogênio diluído em
partes iguais de água morna a cada 2-3 horas

ETIOLOGIA E FATORES PREDISPONENTES: Antibióticos em pacientes agudamente doentes;


A etiologia não é completamente conhecida, mas bactérias O uso de metronidazol, em doses de 250 mg, a
fusiformes e espiroquetas têm sido associadas às lesões cada 8h, por via oral, por 3-7 dias;
gengivais.
Entre os fatores predisponentes mais relevantes
destacam-se: o stress, a imunossupressão, o tabaco,
desnutrição, e a pré-existência de gengivite.

QUADRO CLÍNICO:
Se apresenta clinicamente por necrose gengival
interdentária, hemorragia gengival e dor. Além disso, os
pacientes podem apresentar linfadenopatia e odor fétido;
Invariavelmente, há ulceração das papilas interdentárias.
As ulcerações, que podem estender-se à gengiva marginal,
podem resultar na redução da faixa de gengiva aderida,
devido à necrose marginal.
Caracteristicamente, as úlceras são crateriformes e o
termo “invertidas” tem sido usado para descrever as
papilas interdentárias. Se intacta, a superfície ulcerada é
normalmente coberta por uma camada de restos
necróticos, também designada por “pseudomembrana”.
Esta é composta por fibrina, tecido necrótico, células
inflamatórias e massas de bactérias mortas ou ainda
viáveis, e é rapidamente destacada, expondo uma
ulceração hemorrágica nos tecidos subjacentes.
A área localizada entre a margem da necrose e o tecido
gengival não afetado geralmente apresenta uma faixa
eritematosa estreita, também classificada como eritema
linear.
Nas fases iniciais da doença, as lesões estão limitadas às
pontas de poucas papilas. As primeiras lesões surgem
frequentemente na área interproximal da região anterior
da mandíbula, mas podem ocorrer em qualquer espaço
interproximal. Em alguns casos a gengiva de dentes
seminclusos e da região posterior da maxila é também
afetada. A hemorragia gengival ocorre com pouca ou Fontes:
nenhuma provocação e é, provavelmente, o sinal clínico Medicina Interna de Harrison 20ª edição – 2 volumes;
Martins, Mílton de, A. et al. Clínica Médica, Volume 6: Doenças dos Olhos, Doenças dos Ouvidos,
menos distintivo da doença. Nariz e Garganta, Neurologia, Transtornos Mentais. USP
Lalwani, Anil K. CURRENT: Otorrinolaringologia - Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
https://www.sanarmed.com/resumo-de-cavidade-oral-labios-gengivas-lingua-palato-e-mais
http://revodonto.bvsalud.org/pdf/occ/v12n1/a04v12n1.pdf
DIAGNÓSTICO: https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/protocolos_resumos/candidiase_bucal.pdf
https://www.odonto.ufmg.br/cpc/wp-content/uploads/sites/19/2018/03/doen%C3%A7as-
periodontais-necrosantes.pdf
É clínico, mas precisa de pelo menos 3 critérios clínicos DynaMed. Gengivite Ulcerativa Necrosante Aguda. Serviços de Informação EBSCO. Acessado em
26 de agosto de 2022. https://www.dynamed.com/condition/acute-necrotizing-ulcerative-
para ser validado. gingivitis

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