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Informações Importantes:

Aula 03: Exames complementares em odontologia.


Data: 25/08/2023.
Profa: Lorem Morais.
Referências: Tomassi – Cap 04.

Os exames complementares são recursos auxiliares ao diagnóstico, prognóstico, plano terapêutico e


proservação. Os dados que são obtidos no exame clínico irão direcionar a necessidade de solicitação do
exame complementar.
Além disso, precisamos saber exatamente o que pretendemos obter com o resultado do exame, bem como as
limitações e os valores de referência para indicar a presença ou não de alterações.

Os exames complementares podem ser divididos em inespecíficos, semi específicos e específicos.


1. Inespecíficos: Indícios diagnósticos, ou seja, eles poderão representar indícios diagnósticos que somados
ao que foi observado no exame clínico irão compor um quadro representativo da doença presente. Ex:
dosagem cálcio no sangue ou urina.
2.Semi específico: Indicam a presença de um processo patológico, mas não sua natureza e localização. Ex:
hemograma para doenças infecciosas.
3.Específicos: São exames que pelo menos na teoria devem ser 100% positivos para doença. Ex: Biópsia,
sorológicos.

1. Biópsia: Representa a remoção de um fragmento de tecido vivo para estudo histológico com o objetivo de
diagnosticar alterações teciduais.
 Excional: Lesão completamente retirada para estudo
 Incisional: Apenas parte da lesão é removida para estudo.
 Aspirativa: Amostra de tecido ou líquido.
Cabe ao profissional escolher a melhor técnica, todavia vale ressaltar que, por exemplo, lesão suspeita de líquen plano,
jamais deverá ser feito biópsia excional já que o tratamento da doença não é cirúrgico.

2. Citologia esfoliativa:
Consiste em um exame das células superficiais do epitélio. O exame ganhou destaque em função da sua
rapidez, simplicidade e economia.
a) Como ocorre:
Por meio de uma raspagem da lesão iremos colher tecido ou mucosa, e essas amostras colhidas serão analisadas em
microscópios.
3. Exame de congelamento. Tempo de sangramento (TS) – Avalia a disponibilidade
de plaquetas e sua função, ou seja, sua capacidade de
4. Exames de imagem: conter sangramentos.
a) Radiografia: O uso de raio x para produzir
imagens dos dentes e do complexo ósseo contribui Tempo de tromboplastina parcial (TTP) – Avalia a via
para o diagnóstico de lesões cariosas, periodontais, intrínseca da cascata de coagulação, quando
periapicais e outras lesões odontogênicas e não aumentada indica defeitos genéticos como hemofilia
odontogênicas. clássica, doença de Christmas, alterações dos fatores IX
e XI, deve monitorar o uso da terapia com heparina.
b) Sialografia:
Estudo radiológico por meio do contraste iodado das Tempo de protrombina (PT) -Avalia via extrínseca,
glândulas salivares, parótidas e submandibulares. função hepática e resposta a terapia anticoagulante.
Indicada para o diagnóstico de inflamações,
estenoses, obstrução dos ductos, tumores e etc. INR:
Normal: 0,9 – 1.
Procedimento: Realizamos uma punção com um Baixo risco de hemorragia < 2.
cateter no ducto da glândula que já foi previamente Risco médio: 2 a 3.
dilatado com suco de limão ou éter. Inicialmente Alto risco: > 3.
devemos realizar uma radiografia para descartar
calcificações e em seguida é administrado 1 a 2 ml de
contraste. Atenção – Existem algumas doenças como hemofilia A
que a contagem de plaquetas vai estar normal, porém
c) Ultrassonografia: Exame de ultrassom que utiliza o TTPA vai estar alterado, por isso devemos solicitar
ondas sonoras para gerar imagens. todos os testes acima.

d) Tomografia computadorizada.

5. Exames laboratoriais:
Os exames laboratoriais podem ser classificados
do seguinte modo: Exames hematológicos,
relacionados à hemostasia e hemograma.

Exames hematológicas: Alterações hematológicas


podem apresentar sua primeira manifestação
clínica na mucosa oral, por isso cabe ao cirurgião
dentista saber identifica-las corretamente.

a) Relacionados a hemostasia – Coagulograma


completo:

Contagem de plaquetas – Lembrando as plaquetas são


responsáveis pela formação inicial do coágulo. Pode
ocorrer alterações como:
Algumas drogas podem interferir na hemostasia:
Trombocitose (anemias ferroprivas, doenças
inflamatórias crônicas, pós-hemorrágico, Ácido acetil-salicílico (AAS) – Impede a formação de
esplenectomias, síndromes mieloproliferativas, perda rolhas hemostáticas.
de baço). Trauma, perda do baço ou doença imune.
Anti-inflamatórios não hormonais/esteroidais–
Prejudica a síntese prostaglandinas, seu uso deve ser
Trombocitopenia (púrpuras, pós transfusão interrompido 24h antes do procedimento cirúrgico.
sanguínea, uso de alguns medicamentos, viroses
febris, neoplasias medulares, síndrome urêmico- Heparina e anticoagulantes orais interferem de forma
hemolíticas, leucemia, anemia aplástica). significativa na coagulação sanguínea.
Em casos de pacientes que usam anticoagulante jamais
Tempo de coagulação (TC) – Mensura a capacidade da devemos aconselhar a pausa no uso, devemos pedir o
fibrina formar o coágulo. INR.
Além disso, em caso de pacientes renais em hemodiálise jamais deve ser feito qualquer procedimento cirúrgico um
dia antes ou depois da hemodiálise, em alguns casos é necessário conversar com o médico.

Exame laboratorial de rotina que se destina à avaliação quantitativa e qualitativa dos elementos celulares do
sangue. Dentro da odontologia a função desse exame é o diagnóstico de patologias hematológicas ou não,
e a avaliação pré cirúrgica.
O hemograma pode ser dividido em três partes: Eritrograma, leucograma e contagem de plaquetas.

1. Eritrograma: Contemplas células vermelhas  Hemoglobina corpuscular média: Mede o peso da


(Eritrócitos e hemácias). Serve para o diagnóstico, hemoglobina dentro da hemácia, ou seja,
quantificação, classificação das anemias e quantidade média presente dentro de cada
eritrocitose. hemácia.
 Concentração de hemoglobina corpuscular
O eritrócito possui tempo de vida equivalente a
média: Concentração média de hemoglobina em
120 dias, sua função é transporte de gases, ou seja,
100mL de eritrócitos.
ele reflete a capacidade do sangue de transporte
de oxigênio e gás carbônico.
Anormalidades: Podem surgir em função da alta
No eritrograma temos: ou baixa desses valores:
a) Parâmetros quantitativos:
 Hemácias hipocrômica – Volume corpuscular
 Contagem de eritrócitos: Quantificação dos médio baixo.
eritrócitos em um volume conhecido de sangue.  Hemácias hipercrômica - Volume corpuscular
 Dosagem de hemoglobina: Mensurar a médio alto.
quantidade de hemoglobina em um decilitro de  Anemia → Contagem de eritrócitos + dosagem de
sangue total. hemoglobina + hematócrito ( ).
 Hematócrito: % por volume de hemácias contidas  Anemia microcítica ou hipocrômica → Volume
em uma amostra de sangue. corpuscular médio + Hemoglobina corpuscular
Anormalidades: Podem surgir em função da médio ( ).
baixa ou alta contagem dessas células:  Anemia macrocítica → Volume corpuscular
médio ( ).
 Anemia ou eritrocitopenia-Baixa quantidade de
hemoglobina.
 Policitemia primária ou hiperviscosidade:
Aumento da quantidade de hemoglobina. *RDW – Indica variações de tamanho entre as
 Policitemia secundária: Diminuição do volume
hemácias.
líquido do sangue. Alto → Anisocitose, pode ocorrer em função de
deficiência de ferro e vitamina B12.
Policromasia → Coloração azul.
b) Parâmetros qualitativos:
Pecilocitose → Alteração de forma.
 Volume corpuscular médio: Mede o volume ou
tamanho da célula. Normal: Talassemia menor, anemias e doenças
crônicas.
Dosagem de Volume corpuscular
RDW
hemoglobina (Hb) médio (VCM)
Paciente normal Normal Normal Normal
Anemia ferropriva Normal Baixo Alterado
Início do quadro
Normal Normal Alterado
anêmico
Tabagismo – obesidade
Normal Elevado Alterado
– hipotireoidismo.
Anemia megaloblástica Baixo Elevado Normal ou alterado

2. Leucograma: Avalia a série leucocitária, assim evidenciando alterações quantitativas ou morfológicas. Em


outras palavras, essas células correspondem ao sistema imune, assim irão sinalizar uma possível infecção.

Existem vários tipos de leucócitos que se c) Neutrófilos: Combatem as bactérias, então


subdividem em: indicam infecção bacteriana.
Célula mais abundante no sistema de defesa,
podem ser:
Segmentados: Núcleo em dois lóbulos, são neutrófilos
maduros.
Bastonetes: Neutrófilos imaturos, quando seu número
está alto é um sinal de infecção severa e por isso
falamos que o valor estar aumentado com desvio a
a) Linfócitos: Combatem vírus, tumores e esquerda.
produzem anticorpos.
 Linfocitose – Aumento do número de linfócitos:
Possíveis alterações:
Ocorre em função de uma infecção viral ou rejeição
do transplante. Neutropenia cíclica – Alteração hematológica
idiopática rara no qual ocorre redução cíclica
 Linfocitopenia: Doença de Hodkin, lúpus do número de neutrófilos. Nesses casos o
eritematoso sistêmico, AIDS e após radioterapia paciente tem mais risco de desenvolver
intensa. gengivite e úlceras devido à infecção
bacteriana.

b) Monócitos: Atuam contra vírus e bactérias, Agranulocitose: Diminuição da produção ou


fagocitam os microrganismos invasores. aumento da destruição de células da série
granulocítica (neutrófilos). Pode ocorrer em
 No local recebem o nome de macrófago, e seu função de agentes quimioterápicos,
aumento nunca ocorre sozinho, sempre em antitireoidianos, fenotiazinas e dipirona.
conjunto com neutrocitose e linfocitose.
 Monocitose – Aumento do número dessas células.
d) Eosinófilos: Células de defesa ativadas em casos
 Monocitopenia – Sinaliza anemia aplástica ou de alergia ou parasitose intestinal.
agranulocitose.
 Eosinopenia: Fase aguda de infecção bacteriana,
após cirurgia e uso de corticoides.
Granulócitos: Se subdividem em eosinófilos, Quadro característico de infecção: Neutrófilos +
neutrófilos e basófilos. monócitos ( ) e eosinófilos ( ).
Por que corticóides causam eosinopenia: e) Basófilos: Células de defesa ativadas em caso de
infamação crônica ou alergia prolongada,
Os corticoides irão atuar combatendo os sintomas normalmente está associada a eosinofilia.
da alergia. Porém, esses sintomas são causados
pelo aumento do número de eosinófilos, assim o
corticoide irá combater essas células e
consequentemente os sintomas irão diminuir.

Os exames sorológicos avaliam no plasma a presença de determinadas proteínas séricas com atividade
imunológica (imunoglobinas e anticorpo).
Bioquímicos: Avaliam componentes químicos do sangue.

1. Principais exames solicitados em odontologia:


 Não reativo ou não reagente: Paciente não teve
Sorológicos Bioquímicos
contato ou o contato foi insuficiente.
Glicose (Glicemia em
Sífilis jejum ou hemoglobina Podemos nos deparar com a seguinte situação:
glicada)
Depuração da  IgG e IgM negativo - Ausência de infecção tanto
Mononucleose.
creatinina em fase aguda como em tardia.
Hepatites Fosfatase alcalina  IgG e IgM positivo - Infeção recente já com a
AIDS TGO e TGP presença de anticorpos tardios, pelo menos duas
COVID semanas após o contágio.

 IgG (+) e IgM (-) – Infecção tardia, cerca de três


O resultado do exame pode vir da seguinte forma: semanas ou mais.
 Reativo ou reagente: Paciente teve ou tem  IgG (-) e IgM (+) – Infecção aguda em fase
contato com o agente causador (antígeno). inicial sete a quatorze dias.

a) Sífilis: Doença infecciosa causada pelo treponema pallidum, quando infectado o organismo forma
múltiplos anticorpos. Para fins diagnósticos esses anticorpos podem ser considerados de dois tipos:
 Resultante da interação com os tecidos do hospedeiro: Ação inespecífica.
Os anticorpos não-treponêmicos - Pesquisam a reagina no soro do paciente que aparece 10 dias após o
surgimento do cancro. Podemos utilizar VDRL e RPR.
∙ VDRL – Avalia se possuo ou não anticorpos. Caso (+) - Doença está ocorrendo naquele momento.
Normalmente é feito entre 1-4 semanas.

 Resultante da ação contra o próprio treponema: Ação específica.


Pesquisam o anticorpo específico do treponema por meio da fluorescência.
FTA-ABS – Isola a bactéria e confirma a doença.

b) Mononucleose: Causada pelo vírus Epstein-Barr (Herpesvírus humano tipo IV).


 Teste de IgM EBV:
IgG (pregressa) – Anticorpos do passado.
IgM (Ativa) – Se possuo a doença no momento.
 Citomegalovirus – Vírus da família da herpes.
IgM (Ativa).

c) AIDS: Infecção causada pelo vírus da imunodeficiência humana, temos os seguintes exames:
∙ Teste rápido – ELISA e western-Blot.
∙ Teste da imunofluorescência indireta – Isola o material genético do vírus.

d) Hepatite: Inflamação no fígado que pode ser causada por fatores distintos, em função disso a hepatite
recebe três classificações: A, B e C.

 Hepatite A – Vírus A (HAV):


Anti-HAV IgM: O IgM é o fator que irá combater contra o vírus. Trocando em miúdos, ele irá me
a doença, então esse exame detecta anticorpos dizer o estágio da doença.
IgM contra o vírus, ou seja, se a doença está
ocorrendo. Quando o IgG está aumentando e o IgM está
diminuindo, a doença está amenizando.
Anti-HAV – Detecta anticorpo total (IgG e IgM)

 Hepatite B – Causada pelo HBv:


HBsAg – Detecta antígenos da superfície do vírus Anti-HBc – Detecta o anticorpo total IgG + IgM
da hepatite B. contra o antígeno CORE do vírus da Hepatite B.
Anti-HBs – Detecta anticorpos contra o antígeno HBe Ag – Detecta antígeno ``E´´ (Proteína E só tem
de superfície do vírus da Hepatite B. quando o virus está se replicando).
Anti-HBc IgM – Detecta anticorpo IgM contra o Anti-HBe – Detecta anticorpo contra o antígeno E
antígenos CORE do virus da Hepatite B. do vírus.

 Hepatite C:

Anti-HCV – Se possui antígenos.


PCR para hepatite C – Irá isolar o material genético do vírus.

Lembrando que os exames bioquímicos avaliam os componentes químicos presentes no sangue. Dentre os
exames bioquímicos podemos citar:

1. Fosfatase alcalina: Enzima presente em vários tecidos, mas principalmente no fígado e ossos. Quando
elevada pode sinalizar osteopatias ou hiperparatireoidismo.

2. Glicemia: Mede a quantidade de glicose acumulada no sangue.


 Hemoglobina glicada – Reflete os últimos três meses.

3. Depuração de creatinina – Avalia condição renal.


4. TGO e TGO – Condição hepática.
5. Proteína C reativa – Produzida no fígado, geralmente aumenta quando há algum sinal de infecção ou
inflamação no organismo.
5. Reação Machado Guerreiro – Doença de Chagas.
6. Reação de Montenegro – Prova intradérmica para diagnóstico de Leishmaniose.
7. Reação Sabin e Feldman – Toxoplasmose.
8. Reação de Mitsuda – Hanseníase.

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