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SEBENTA DE INTREVENÇÕES RESULTANTES DE PRESCRIÇÕES

COHEITA DE SANGUE PARA ANÁLISE- Venopunção


ÓRGÃOS HEMATOPOIÉTICOS

Hematopoiese → processo de formação das diversas células sanguíneas.

Órgãos primários:

• Medula óssea
• Timo

Órgãos secundários:

• Baço
• Gânglios linfáticos
• Amígdalas
• Placas de Peyer (nódulos linfáticos localizados principalmente na
mucosa do intestino)

COMPOSIÇÃO DO SANGUE
o sangue corresponde a 1/13 do peso corporal; o plasma tem fatores coagulantes e o Soro Fisiológico não

PLASMA: 55 % Volume Total de Sangue VTS

• 91% Água

• 7% Proteínas (albumina, globulinas, fibrinogénio)

• 2% Nutrientes (aminoácidos, glicose, lípidos), Hormonas, Eletrólitos

COMPONENTES CELULARES: 45 % VTS

• Camada leuco-plaquetária: Buffy Coat

• Eritrócitos

Colheita de sangue
▪Três fases associadas à análise laboratorial:

• Pré-analítica (Prescrição, preparação do utente, colheita de dados, transporte e armazenamento da


amostra).
• Analítica (Execução do teste) – acontece no laboratório
• Pós-analítica (Resultados, interpretação e caracterização do diagnóstico)

▪ Fase pré-analítica concentra a maior frequência de erros(70% dos erros)

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▪ Causas dos erros mais comuns na fase pré-analítica:

• Falta de informação do utente; - o doente não sabe o porquê de ter ido colher sangue, comete erros na
alimentação etc…
• Identificação incorreta do utente e da amostra;
• Volume de amostra insuficiente ou inadequado;
• Coagulação indevida;
• Proporção sangue/anticoagulante errada;
• Tubos inadequados;
• Tempo de garotagem;
• Armazenamento;
• Amostras contaminadas...

TIPO DE ESTUDOS
• Citológico
• Bioquímico
• Coagulação
• Serológico
• Imunológico
• Endócrino
• Microbiológico

Estudos Citológicos
Permitem: O estudo das diferentes células sanguíneas relativamente ao seu número e morfologia (hemograma e
velocidade de sedimentação).

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Hemograma
Hemograma - estuda as diferentes células sanguíneas, determinando o número, variedade, percentagem,
concentrações e qualidade das células sanguíneas eritrócitos contagem diferencial de leucócitos (granulócitos
neutrófilos, eosinófilos e basófilos linfócitos monócitos) plaquetas e reticulócitos.

• Contagem de Eritrócitos
o N º total de eritrócitos (3,8-5,8 × 1012 / L)
o ↑ do nº de eritrócitos Eritrocitose (presente por ex policitemia vera)
o ↓ do nº de eritrócitos Eritropenia (presente por ex em doenças respiratórias e cardíacas)

• Morfologia
o ↑ do tamanho dos eritrócitos Macrocitose (presente nomeadamente na deficiência de vitamina B12
doenças hepáticas, anemias aplásticas, mieloma, hipotiroidismo, quimioterapia)
o ↓ do tamanho dos eritrócitos Microcitose (presente nas anemias por deficiência de ferro …)

• Hematócrito (Htc): 36-47%


o Percentagem de eritrócitos por volume de sangue total

• Concentração de Hemoglobina → HG: 11-16 g/dl


o A contagem de eritrócitos em associação com o hematócrito e a concentração da hemoglobina
permitem a avaliar a produção de eritrócitos → eritropoiese.
o É mais elevado em fumadores e em pessoas que vivam em locais com o ar rarefeito

Índices eritrocitários:

• Hemoglobina Globular Média (HGM) → valor médio do conteúdo de hemoglobina das hemácias
o Concentração de hemoglobina ( Hb ) nº de GR x10
▪ Picogramas (pg)/Glóbulo Rubro (GR) 1 pg = 10-12g
▪ ≤27pg hipocromía
▪ ≥31pg hipercromía relativa

• Volume Globular Médio (VGM) → valor médio do volume dos GR


o Hematócrito
▪ (HCT)/nº GRX10 80-100 fentolitros (ft) → 1 fentolitro = 10-15L
▪ ≤ 80 ft microcitose (ex: ferropenia e talassémia)
▪ ≥ 100 ft macrocitose (ex: carência de vit B12, ácido fólico, hepatopatias crónicas)
▪ Importante no estudo da anemia: Macrocítica (VGM↑); Microcítica (VGM ↓)

• Concentração Hemoglobina Globular Média CHGM → valor da quantidade de hemoglobina (em g) contida
em 1 dl de GR
o Concentração de hemoglobina (Hb )/hematocrito (HCT) x100 32-36 g/dl
▪ Importante no estudo da anemia: Hipercrómica (CHGM ↑); Hipocrómica CHGM (CHGM ↓)

• Contagem de Leucócitos
o N º total de leucócitos (4.0-11.0 × 109 / L)
Fórmula leucocitária ou leucograma
(Neutrófilos, Linfócitos, Monócitos, Eosinófilos, Basófilos)

o Alteração dos valores é indicativo de processos patológicos:


▪ Diminuição do nº de leucócitos Leucopenia (< 4.0 × 109 /L)
• Infeções víricas algumas infeções bacterianas, hiperesplenismo, depressão da
medula óssea, …

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▪ Aumento do nº de Leucocitose (>11.0 × 109 /L)
• Infeções agudas, leucemia, traumatismo/lesão tecidular (ex
cirurgia, carcinomas, …)
• A leucocitose raramente corresponde ao aumento proporcional de todos os tipos de
leucócitos
• (Leucocitose neutrofílica L linfocítica L monocítica L eosinofílica e basofílica)

• Contagem de plaquetas ou trombócitos


o Nº total de plaquetas (150-400 × 109 /L)
▪ ↑ nº de plaquetas trombocitose (ex. doenças mieloproliferativas)
▪ ↓ nº de plaquetas trombocitopenia (ex doenças autoimunes)

• Contagem de reticulócitos
o Nº total de reticulócitos (20 000 e 80 000 mm3)
▪ Permite o estudo da eritropoiese
• ↑ nº de reticulócitos - reticulose permite o diagnóstico diferencial entre anemia
por hemorragia/anemia hemolítica/anemias hiperproliferativas.

Velocidade de sedimentação( VS) / hemossedimentação(VHS)


• Análise solicitada com frequência, como complemento do hemograma. A VS não é indicativa de diagnóstico
específico apenas alerta da existência de processos inflamatórios, infeciosos, neoplásicos ou necróticos, que
causam alterações das proteínas plasmáticas (globulinas e fibrinogénio)→ agregação mais rápida dos
eritrócitos ↑ VS
• Velocidade da queda dos eritrócitos, num tubo estreito e graduado:
o Método de Wintrobe Landsberg
▪ Utiliza o tubo de Wintrobe graduado de 0-100 mm.
▪ É preenchido com sangue até a marca zero (escala descendente) e deixado em posição
vertical durante 1 hora. No final é lido o valor, diretamente na escala do mesmo (distância
percorrida pelos eritrócitos).

Valores normais:

Homens: 1ªhora .......................................... 0 a 9 mm

Mulheres: 1ªhora. .......................................0 a 20 mm

Crianças: 1ªhora. ......................................... 0 a 13 mm

o Método de Westergren
▪ Utiliza a pipeta de Westergren, graduada de 0 a 200 mm.
▪ É preenchida com sangue até à marca zero. A pipeta é fixada na posição vertical num suporte
próprio e a leitura é feita no final da 1ª e da 2ª hora.

Valores normais:

Homens: 1ªhora ...........................................3 a 5 mm

Mulheres: 1ªhora........................................... 4 a 7 mm

Crianças: 1ªhora ..........................................12 a 17 mm

Requisitos/ condições a atender para a colheita de sangue


• Hora do dia.

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• Relacionadas com a pessoa.
o Ingestão de alimentos (não é necessário jejum, no entanto, refeições ricas em gorduras
podem alterar os resultados)
o Stress esforço físico, permanência em pé, desidratação (podem alterar resultados)
o Ingestão de álcool, ↑ ingestão de água, toma de medicamentos
o …
• Tubo de colheita → contém EDTA (ácido etileno diamino tetracético). Impede a coagulação comefeito
mínimo sobre as células.
• Amostra ausência de coágulos e de hemólise.

➔ Hemólise: do grego hemo (sangue) e lyse (rutura)


➔ Destruição dos eritrócitos por rompimento da membrana plasmática, que resulta na libertação de hemoglobina
no sangue
➔ Causas hemólise:
• in vivo
o Reações transfusionais;
o Deficiências enzimáticas;
o Infeções;
o Anemia hemolítica autoimune;
o Hemoglobinúria paroxística noturna;
o Defeitos da membrana eritrocitária
• in vitro
o Veias frágeis, de calibre reduzido;
o Calibre inadequado da agulha;
o Contaminação da agulha com álcool/antissético;
o Alta pressão e velocidade de aspiração;
o Enchimento incompleto dos tubos;
o Colheita em cateter periférico;
o Agitação vigorosa dos tubos;
o Transporte inadequado;
o Temperaturas fora dos padrões;
o Velocidade excessiva de centrifugação

ESTUDOS BIOQUIMICOS
Permitem:

• Identificação de constituintes químicos no plasma


• Estudo de enzimas
• Doseamento medicamentos/drogas

Indicação:

• Estudo nomeadamente de:


o Alterações do equilíbrio hidro electrolítico
o Doença renal
o Doença hepática
o Doença cardíaca
o Estudos pré-operatórios

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• Controlo terapêutico

Identificação de constituintes do plasma :


• Glicose (70-110 mg/ dL)
• Proteínas
o Albumina (3.5-5.0%)
o Globulinas
▪ - Alfa 1 (0.1-0.3%); Alfa 2 (0.6-0.1%); βeta Globulina (0.7-1.1%); Gama Globulina (0.8- 1.6%)
• Lípidos
o Triglicerídeos (35-140 mg/ dL)
o Colesterol total (<200mg/ dL)
o Lipoproteínas
▪ LDL (Lipoproteínas de baixa densidade) < 115 mg/ dL
▪ HDL (Lipoproteínas de alta densidade) > 35mg/ dL
• Vitaminas: B1 (Tiamina); A (Retinol); B12; C; D … entre outras
• Minerais: zinco, cobre, magnésio … entre outros
• Produtos finais metabolismo: bilirrubina; creatinina; amónia; ureia; acido úrico … entre outros
• Eletrólitos: sódio; potássio e cloretos → Ionograma

Estudo de enzimas

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Atender ao protocolo
• Exemplo:
• Jejum (pode incluir toma de medicamentos …);
• Evitar esforço físico nas 3 horas anteriores;
• Pessoa deitada 15 a 30’ antes da colheita;
• Efetuar a colheita de manhã 7h, 9h, …)

Estudo de coagulação
Indicações:

• Estudo pré-operatório.
• Controlo de hipocoagulação (em pessoas sob terapêutica anticoagulante) e para estudo protrombótico (ex
AVC trombótico).
• Estudo a presença de distúrbios hemorrágicos, lesão ou traumatismo vascular e coagulopatia.

Tipo de testes

• Testes de triagem primários/estudo sumário


• Testes específicos (fator VIII alterações do sistema fibrinolítico entre outros)

Testes de triagem primária/estudo


sumário

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Requisitos/condições a atender para a colheita de sangue

• Jejum não é imperativo


• Colher o sangue antes de uma refeição principal
• Excesso de vegetais verdes, folhosos (espinafre, brócolos …) ricos em vitamina k, promovem a
• coagulação sanguínea
• Álcool - ingestão excessiva aumenta o tempo de protrombina (tp)
• Diarreia e vómitos - diminui o tempo de protrombina (tp) devido a desidratação
• Medicamentos - alguns medicamentos podem alterar o tempo de protrombina nomeadamente
fenotiazidas fenilbutazona fenitoína hipoglicemiantes orais, laxantes e salicilados
• Punção venosa - a punção traumática, pode alterar os valores nomeadamente, nomeadamentea
diminuição do tempo de protrombina
• Tubo de colheita contém citrato de sódio (anticoagulante mais utilizado para
estudos decoagulação e plaquetas)
• Se perfusão contínua de Heparina não colher amostra de sangue através do cateter nem no
membro em que perfunde a solução
• Se administração intermitente de Heparina (exemplo 5 000 UI EV de 4/ 4 h)colher amostrade
sangue imediatamente antes da próxima administração
• Não colher amostra(s) de sangue para estudo de coagulação através de cateter heparinizado

Estudos Serológicos e Imunológicos


Serológicos → permitem identificação de antigénios e anticorpos no soro

• VDRL → Venereal Disease Research Laboratory


• Widal → Salmonella typhi
• Wright → Brucella melitensis, Brucella abortus, Brucella suis Brucella canis
• Outros …

Imunológicos → importante para o diagnóstico de doenças autoimunes

• Marcadores de alergias IgG; IgM; IgA; IgD; IgE


• PCR (Proteína C Reativa) se ≥ 1 mg/L → infeção/inflamação, tumores malignos, EAM, doenças reumáticas
• Marcadores tumorais (substâncias presentes no sangue em resposta à presença de um tumor. É feita colheita
de sangue no início e após 3 a 4 semanas de evolução /tratamento, ou conforme indicação)

Estudos Endócrinos
Estudos Hormonais → permitem o estudo de disfunções glandulares.

• Suprarrenal: Aldosterona, ADH (hormona antidiurética), Cortisol, entre outros


• Tiróide:
o Triiodotironina (T3): 0.82—1.79 ng /dl
o Tiroxina (T4): 5.2-12.5 μcg/dl
o Hormona estimulante da tiroide/ Thyroid stimulating hormone (TSH): 0.40 mcU /ml
• Mama: Prolactina 1.4-24.2 mg/ml
• Ovário: FSH (folículo estimulante): 30-160 mcg /dl
• Etc

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Requisitos/ condições a atender para a colheita de sangue

• Hora do dia
o Manhã: ↗ adrenalina, noradrenalina, dopamina
o Noite: ↗ aldosterona, renina e hormona de crescimento
• Permanência em pé (ex: ↗ aldosterona, renina, …)
• Tubos refrigerados (noradrenalina, dopamina paratormona /hormona paratiroideia (PTH)

Estudos Microbiológicos
Hemocultura → amostra de sangue obtida por venopunção que é inoculada em frascos de hemocultura

Permitem: a identificação de agentes patogénicos no sangue (bactérias e fungos)

Indicações:

• Síndrome febril/febre inexplicável com vários dias de evolução


• Suspeita de infeções (pulmonar, do trato urinário, de ferida operatória, de queimaduras … sepsis)
• Suspeita de infeção na presença de cateter venoso central ou arterial
• Suspeita de infeção em pessoas debilitadas ou em tratamento com corticosteróides imunossupressores,
• antibióticos … entre outros

Frascos para hemoculturas

Os frascos contêm um meio de cultura ou caldo de cultura, adequado ao crescimento dos agentes patogénicos:

• Bactérias (aeróbias e anaeróbias)


• Micobactéria (M.tuberculosis)
• Fungos

Considerações Gerais

• Sistemas de colheita
o Seringa e agulha ou Butterfly e porta tubos
• Volume de sangue (ver instruções do frasco)
o Adultos - 8 a 10 ml por frasco
o Crianças e lactentes 1 a 3 ml por frasco
• Nº de amostras
o Adulto - 1 a 3 amostras em veias periféricas, em locais diferentes (de acordo com protocolo do
serviço/instituição)
o Crianças e lactentes - 1 a 2 amostras (de acordo com protocolo do serviço/instituição)
• Momento de colheita
o Antes de iniciar antibioterapia
o Em locais diferentes (se indicado)
o Antes da elevação térmica (frequentemente precedida de arrepios, mal-estar e taquicardia) ou
conforme indicação
• Local de colheita → Preferencialmente na fossa antecubital
• Se suspeita de infeção por aeróbios
o Efetuar uma a duas colheitas de sangue (uma em cada membro no mesmo momento) e uma 3ª
colheita passados 15 a 30 minutos
• Se suspeita de infeção por anaeróbios
o Efetuar uma a duas colheitas de sangue para aeróbios (uma em cada membro no mesmo momento)
e uma 3ª colheita para aeróbios e para anaeróbios, passados 15 a 30 minutos
• Na presença de CVC e se suspeita de infeção aeróbica
o Colher sangue em cada uma das vias do CVC para aeróbios

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o Colher sangue colheita numa veia periférica para aeróbios
• Na presença de CVC e se suspeita de infeção anaeróbica
o Colher sangue em cada uma das vias do CVC para aeróbios
o Colher sangue numa veia periférica para aeróbios e outra para anaeróbios

NOTA: mencionar na requisição e rótulo dos frascos de hemoculturas os locais e hora de colheita.

COLHEITA DE SANGUE PARA ANÁLISE

Colheita de sangue pode ser efetuada através de:

• Venopunção (agulha e seringa, sistema de vácuo)


• Punção capilar → em lactente, pesquisa de glicemia e outros e outras provas
• Cateter venoso periférico (CVP) - apenas no momento de inserção
• Cateter venoso central (CVC) – apenas na impossibilidade de colheita em veia periférica

AULA TP DE COLHEITA DE SANGUE POR VENOPUNÇÃO


CONSIDERAÇÕES GERAIS

Responsabilidade do enfermeiro/a:

• Verificar requisição interpretar a prescrição (diagnóstico médico para perceber o porquê das análises,
contraindicações por causa de patologias/ acontecimentos passados, medicação prescrita ao doente)
• Preparar pessoa (condições específicas para a colheita)
• Preparar material (ver procedimento)
• Executar procedimento
• Cumprir normas de conservação/transporte do sangue colhido

O risco de infeção em todo e qualquer procedimento invasivo está relacionado com a experiência, habilidade,
utilização correta da técnica, não contaminação do material/equipamento e a eficácia dos antisséticos.

TIPOS DE ESTUDO

• Citológico/ Hemograma
• Bioquímico (doseamento de enzimas, eletrólitos, doseamento de drogas, …)
• Endócrino (doseamento de hormonas)
• Coagulação/ Hemostase (cascata da coagulação)
• Serológico (infeções específicas)
• Imunológico (imunoglobulinas)
• Microbiológico (microrganismos)

Mais usados:

• Azul - Hemostase/ Coagulação – tem um anticoagulante (citrato de sódio)Amarelo – Bioquímico – aditivo gel

separador ativador do coagulo

• Rosa – Citológico – anticoagulante EDTA, que contém potássio

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A colheita de sangue poderá ser realizada através de:

• Venopunção
o Agulha e Seringa
o Agulha e porta-tubos
o Butterfly e porta tubos
• Punção capilar
o RN e lactentes: estudo citológico, bioquímico, genético, …
o Adulto: pesquisa de glicemia, colesterol, HIV, …
• Cateter venoso periférico (CVP) apenas no momento de inserção
• Cateter venoso central (CVC) apenas quando não é possível colher em veia periférica

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Sistema fechado → existe uma borracha que permite que não aconteçam picadas acidentais.

Monovette (sistema misto), porque tem vácuo (partir antes de picar) e parte aspirável(partir depois de picar)

Proteção ativa → clica-se, aciona-se um mecanismo (butterfly com proteção ativa) e a agulha retrai.

Proteção passiva → a seringa tem uma proteção contra picadas acidentais.

SISTEMAS DE COLHEITA POR VÁCUO/MISTO:

Vantagens

Profissional de Saúde e Utente:

• Segurança na Recolha:
o a manipulação
o o contacto com o sangue
• tempo de colheita
• volume de sangue a colher

Laboratório:

• Melhor qualidade da amostra - volume exato


• Maior fidelidade no resultado

ANTICOAGULANTES vs TUBOS DE COLHEITA DE SANGUE


Anticoagulantes → Interrompem a ativação da cascata de coagulação, inibindo a formação da protrombina,
impossibilitando a formação do coágulo. Utilizam-se quando o estudo analítico é realizado em sangue total ou
plasma

A análise poderá ser realizada em:

• Sangue total (ex.: hemograma) - tubo com EDTA (ácido etilenodiaminotetracético)


• Plasma (ex.: provas de coagulação) - tubo com anticoagulante específico (citrato de sódio)
• Soro (ex.: bioquímica e serologia) - tubo com gel ativador de coágulo, para que ocorra o processo de
coagulação.

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Não Puncionar

• Membro com paresia/plegia→ existe pouca/ quase nula contração muscular, o que leva à alteração do
retorno venoso → estase → aumento da probabilidade de trombos.
• Membro homolateral a esvaziamento ganglionar axilar os gânglios funcionam como um “filtro” de
microrganismos, ao puncionar há uma maior suscetibilidade de infeção e pode, também, levar a linfedemas.
• Membro onde vai ser efetuada ou que apresenta Fístula arteriovenosa (FAV) o garrote vai dificultar a
circulação e promover a estase aumento da probabilidade de trombos inviabiliza a fístola. (também não
se pode medir a TA neste membro)
• Membro com perfusão de solução endovenosa/ transfusão sanguínea
• Áreas com edema, hematoma, cicatriz, feridas

Preferencialmente puncionar membro superior não dominante

Após enchimento de cada tubo, homogeneizar suavemente por inversão (4/5 vezes) ou colocar, em agitador
mecânico, os tubos com anticoagulante e com gel separador e ativador de coágulo

NOTAS:

• Após a colheita, providenciar condições necessárias à conservação do produto e transporte para o respetivo
laboratório
• Nunca agitar vigorosamente provoca espuma e hemólise
• Homogeneização inadequada de tubos com anticoagulante provoca agregação plaquetária e/ou formação
de microcoágulos

ESTUDOS MICROBIOLÓGICOS - HEMOCULTURAS


Hemocultura → Amostra de sangue obtida por venopunção que é inoculada em frascos de hemocultura. Permite a
identificação de agentes patogénicos no sangue (bactérias e fungos).

Indicações:

• Síndrome febril/febre inexplicável, com vários dias de evolução


• Suspeita de infeções (pulmonar, do trato urinário, de ferida operatória, de queimaduras … sepsis)
• Suspeita de infeção na presença de cateter venoso central ou arterial
• Suspeita de infeção em pessoasdebilitadas ou em tratamento
com corticosteróides, imunossupressores, antibióticos… entre outros

Os frascos contêm um meio de cultura ou caldo de cultura, adequado ao crescimento dos agentes
patogénicos

• Bactérias (aeróbias anaeróbias)


• Micobactéria (M.tuberculosis)
• Fungos

Colher volume de sangue indicado no frasco

Norma de colheita: Seguir protocolo da instituição→ Enviar de imediato ao laboratório – não refrigerar.

Sistemas de colheita: Seringa e agulha ou Butterfly e porta-tubos

Volume de sangue (ver instruções do frasco)

• Adultos – 8 a 10 ml por frasco


• Crianças e lactentes - 1 a 3 ml por frasco

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Nº de amostras:

• Adulto - 1 a 3 amostras em veias periféricas, em locais diferentes (de acordo com protocolo do
serviço/instituição)
• Crianças e lactentes – 1 a 2 amostras (de acordo com protocolo do serviço/instituição)

Momento de colheita:

• antes de iniciar antibioterapia


• em locais diferentes (se indicado)
• antes da elevação térmica (frequentemente precedida de arrepios, mal-estar e taquicardia) ou conforme
indicação

Local de colheita → Preferencialmente na fossa antecubital

Se suspeita de infeção por aeróbios→ Efetuar uma a duas colheitas de sangue (uma em cada membro no mesmo
momento) e uma 3ª colheita passados 15 a 30 minutos.

Se suspeita de infeção por anaeróbios→ Efetuar uma a duas colheitas de sangue para aeróbios (uma em cada
membro no mesmo momento) e uma 3ª colheita para aeróbios e para anaeróbios, passados 15 a 30 minutos

Na presença de CVC e se suspeita de infeção aeróbica:

• Colher sangue em cada uma das vias do CVC para aeróbios


• Colher sangue numa veia periférica para aeróbios

Na presença de CVC e se suspeita de infeção anaeróbica:

• Colher sangue em cada uma das vias do CVC para aeróbios


• Colher sangue numa veia periférica para aeróbios e outra para anaeróbios

Nota: mencionar na requisição e rótulo dos

frascos de hemoculturas os locais e hora de


colheita

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PROBLEMAS DECORRENTES DA VENOPUNÇÃO
Hemorragia no local de punção

Hematoma - concentração e acumulação de sangue nos tecidos ou órgãos por rotura


de vasos, associado a traumatismo e hemostase incompleta

Equimose - mancha escura ou azulada, devida a infiltração difusa de sangue no tecido SC


(evolução: cor violácea →acastanhada →esverdeada → amarelada)

Alteração no estado do utente - desconforto, tonturas, astenia, dor, lipotímia

PREVENÇÃO DE ACIDENTES
• Exposição acidental ao sangue uso de luvas
• Ferimentos acidentais/picadas
o com agulhas → não recapsular ou desadaptar manualmente da seringa
o com materiais cortantes e perfurantes
▪ utilizar contentor de cortoperfurantes, localizado o mais perto possível da área de utilização
▪ material no contentor deve ser  ¾ da sua capacidade

Os acidentes não se lamentam… previnem-se…

Sistemas de segurança
• Retração da agulha, ainda na veia, pressionando botão
• Travão de segurança acionado manualmente
• Contentores de corto-perfurantes

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COLHEITA DE SANGUE POR VENOPUNÇÃO
Aceder/Verificar a Requisição (informático ou em suporte de papel) identificação da pessoa, tipo de estudo(s)
solicitado(s)

Avaliação inicial

• Consultar processo clínico (diagnóstico médico, antecedentes clínicos, terapêutica prescrita…)


• Verificar requisitos/condições a atender para a colheita de sangue, para preservação e transporte da(s)
amostras, atendendo ao protocolo e orientação dos laboratórios
• Verificar junto da pessoa se esta está informada da necessidade da colheita de sangue e se reúne as
condições necessárias de acordo com o tipo de estudo (ex. jejum, hora de colheita, medicação a suspender
ou a administrar, repouso, entre outros)
• Identificar experiência prévia
• Explicar procedimento (diminuiu a ansiedade e promove a colaboração da pessoa e permite o consentimento
informado)
• Selecionar membro e área de punção (estado das veias e pele)
o Preferencialmente membro superior não dominante
o Está contraindicada a punção em membro homolateral a esvaziamento ganglionar axilar, em
preparação/presença de fístula arteriovenosa (fav) e com paresia/plegia
o A área de eleição é a fossa antecubital (veias cefálica, basílica e cubital superficial)
o A área deve estar integra e com ausência de infeção, de edema, de equimose, de hematoma e
cicatrizes
o A veia a puncionar não deve apresentar sinais e sintomas de flebite

Reunir/Preparar material

• Preencher rótulo/reunir vinhetas da pessoa utente para identificação dos tubos


• Reunir os tubo(s) adequados
• Outro material…

Colher sangue com técnica correta – Procedimento

• Verificar identificação da pessoa e confirmar requisição(ões) rótulos/vinhetas


• Efetuar a colheita no momento adequado: hora, preparação específica, condição exigida,…
• Colher a quantidade necessária para o tubo adequado ao tipo de estudo
• Assegurar que o sangue está isento de corpos estranhos, preservado do ar e de substâncias externas
• Rotular o(s) tubo(s) imediatamente após a colheita

Depois da colheita

• Assegurar o envio da amostra ao laboratório, em condições adequadas e no horário estabelecido na


instituição
• Efetuar registo (conforme protocolo do serviço)

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Administração de sangue e de Hemocomponentes
TRANSFUSÃO SANGUINEA→ Administração de sangue total ou de componentes sanguíneos por via EV

Finalidades:

• Restabelecer volume de sangue circulante


• Repor componentes sanguíneos e/ou fatores de coagulação em défice
• Melhorar a capacidade de transporte de O2 Fe2+ entre outros através do sangue

Evolução HISTÓRICA

Durante toda a história humana, o sangue tem sido relacionado à vida e à vitalidade. Já na Bíblia é dito que “o sangue
é a vida” (Deuteronômios 12: 23). Só há menos de 100 anos, os três maiores riscos associados a transfusões foram
efetivamente controlados a coagulação sanguínea a infeção e a incompatibilidade dos grupos sanguíneos o que
permitiu o uso terapêutico do sangue.

Fase empírica/ heroica → Fase cientifica

Fase empírica/ heroica

• 1492 - Papa Inocêncio VIII recebe a 1 ª transfusão através de dádiva direta


• 1569 - Descoberta da circulação sanguínea por Andréa Cisalpino e descrita em 1627 William Harvey
• 1664/67 - Anticoagulação no sangue colhido Meyer
• 1665/67 - Transfusão de sangue animal-homem (heteróloga) Lower /Denis
• 1818 - 1as transfusões sangue humano (homóloga) James Blundel

Fase científica

• 1900 - Grupos sanguíneos (sistema ABO) → Landsteiner


• 1907 - 1ª transfusão com provas compatibilidade por Reuben Ottender → passando a ser realizada em
grande escala na 1 ª guerra mundial (1914-1918)
• 1914 - Citrato Na2+ e glicose como anti coagulante → Agote, Hustin e Lewisohn
• 1916 - Preservação do sangue in vitro → Rous e Turner
• 1936 - 1 º banco de sangue em Barcelona
• 1940 - Sistema Rhesus Rh → Landsteiner e Wiener

Regulação da Transfusão sanguínea


❖ DIRETIVA 2002/98/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 27 de Janeiro de 2003. Jornal Oficial da
União Europeia, L 33/30.

❖ DECRETO-LEI Nº267/2007, de 24 de Julho. DR. I Série Nº 141. Portugal – regula a utilização do sangue como
terapêutica de substituição (alterado pelo decreto-lei Nº185/2015, de 02 de Setembro. DR. I Série Nº 171. Portugal) e
decreto-lei Nº86/2017, 27 de julho. DR I Série n.º 144. Portugal)

❖ INSTITUTO PORTUGUÊS DO SANGUE E DA TRANSPLANTAÇÃO (IPST) → Organismo que tem por missão regular a
nível nacional a atividade da medicina transfusional e da transplantação e garantir a dádiva, colheita, análise,
processamento, preservação, armazenamento e distribuição de sangue humano, de componentes sanguíneos, de
órgãos, tecidos e células de origem humana

19
❖ AUTORIDADE PARA OS SERVIÇOS DE SANGUE E TRANSPLANTAÇÃO (ASST)→ Autoridade competente para os
serviços de sangue, por missão garantir a qualidade e segurança em relação à dádiva, colheita, análise,
processamento, armazenamento e distribuição de sangue humano e de componentes sanguíneos, bem como à
dádiva, colheita, análise, processamento, preservação, armazenamento e distribuição de órgãos, tecidos e células de
origem humana

❖ A HEMOVIGILÂNCIA – o conjunto de processos organizados de vigilância devidos a graves incidentes ou reações


registadas em dadores ou recetores, bem como o acompanhamento epidemiológico de dadores

CONCEITOS
Sangue → sangue total colhido de um dador e processado quer para transfusão quer para transformação
subsequente.

Componente sanguíneo (hemocomponentes) → constituinte terapêutico do sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos


brancos, plaquetas, plasma) que pode ser obtido por vários métodos.

Produto sanguíneo (hemoderivados) → qualquer produto terapêutico derivado do sangue ou do plasma humano.

Dádiva autóloga → o sangue e os componentes sanguíneos colhidos de um indivíduo destinados exclusivamente a


uma transfusão autóloga ulterior ou a outra aplicação humana administrada a esse indivíduo. [Dádiva autóloga →
transfusão autóloga]

Dádiva homóloga → o sangue e os componentes sanguíneos colhidos a um indivíduo e destinados a serem


transfundidos a outro indivíduo, a serem utilizados em dispositivos médicos ou a servirem de matéria prima para o
fabrico de medicamentos. [Dádiva homóloga →
transfusão homóloga]

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA

A separação de uma unidade de sangue total, nos


seus diferentes componentes, é conseguida com
recurso a centrifugação a uma velocidade de 3020
rpm, durante 12 minutos, após o que se observa
uma separação de acordo com a densidade dos
diferentes componentes.

As diferentes fases são separadas e


distribuídas pelos respetivos sacos

20
Aférese → recolha seletiva de componentes sanguíneos.

Método para obtenção de um ou mais componentes sanguíneos através do processamento do sangue total numa
máquina, na qual os componentes residuais do sangue são devolvidos ao dador durante o processo ou após a sua
conclusão.

• Plasmaférese →doação mensal


• Plaquetaférese → doação mensal
• Eritraférese → 4/4 meses
o Dádiva multicomponentes →
r/c volemia do dador e
necessidades

Conservação e validade------→

Dados/ Critérios
Idade

• 18 a 65 anos
• 17 a 18 anos (exceto se considerado juridicamente como menor, ou mediante consentimento dos pais ou do
tutor legal, de acordo com o estabelecido na lei)
• Dadores pela primeira vez com mais de 60 anos (ao critério do médico do serviço de sangue)
• Mais de 65 anos (com autorização do médico do serviço de sangue, concedida anualmente)

Peso

• ≥ 50 kg para dadores de sangue total ou de componentes sanguíneos por aférese

Valor de hemoglobina no sangue do dador

• Mulher ≥125 g/l


• Homem ≥135 g/l (aplicáveis a dadores homólogos de sangue total e de componentes celulares)

21
Valor de proteínas no sangue do dador

• ≥ 60 g/l (a análise às proteínas em dádivas de plasma por aférese deve ser realizada anualmente)

Valor de plaquetas no sangue do dador

Número de plaquetas igual ou superior a 150 /l (Nível exigido aos dadores de plaquetas por aférese); 109 /l

Estudo imuno-hematológico

• Grupo sanguíneo - sistemas ABO e Rh


• Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) com objetivo de deteção de anticorpos anti- eritrocitários
clinicamente significativos no soro/plasma, potencialmente causadores de reações transfusionais
hemolíticas.

Estudo de doenças transmissíveis pelo sangue

• Hepatite B
o AgHBs - Antigénio de superfície do vírus da Hepatite B
o AcHBc - Anticorpo do “core” do vírus da Hepatite B
• Hepatite C → AcVHC
• HIV → Ac VIH1 e Ac VIH2 … outros

Estudo de doenças não transmissíveis (cardíacas, SNC, diabetes, malignas … outras)

Critérios de exclusão de dadores e critérios de suspensão temporária ou definitiva de dadores de dádivas homólogas.

• Transfusão de sangue e de componentes sanguíneos deve ser preferencialmente isogrupal o tipo de


sangue do dador deve ser o mesmo do recetor
• Quando não for possível a transfusão de CE idênticos ao receptor no sistema ABO, podem ser
transfundidos CE compatíveis no sistema ABO
• Sempre que possível, os componentes a transfundir deverão pertencer ao mesmo grupo ABO/ Rh D do
doente
• Deve evitar se a transfusão de CE Rh D positivo a doentes com Rh D negativo (especialmente em crianças
do sexo feminino e mulheres em idade fértil)
• Em pediatria, aplicam se os princípios da transfusão em adultos, considerando o balanço entre
riscos/benefícios

O rótulo de cada um dos componentes deve conter as seguintes informações:

• Designação oficial do componente


• Volume, peso ou número de células do componente (consoante o caso)
• Identificação única, numérica ou alfanumérica, da dádiva

22
• Nome do serviço de sangue de produção
• Grupo ABO (não necessária para o plasma destinado exclusivamente a fracionamento)
• Grupo Rh D, especificando “Rh D positivo” ou “Rh D negativo” não necessária para o plasma destinado
exclusivamente a fracionamento)
• Data ou prazo de validade (consoante o caso)
• Temperatura de armazenamento
• Nome, composição e volume do anticoagulante e ou solução aditiva (caso exista)

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM Ocorrem nos diferentes momentos:

1. Pedido De Transfusão
• Aceder à requisição/pedido de transfusão
• Verificar conhecimento da pessoa necessidade de transfusão e colheita de sangue prévia
• Verificar consentimento informado e escrito da pessoa
• Colocar pulseira identificativa do processo de transfusão na pessoa (se existente)
• Verificar identificação da pessoa e requisição/pedido de transfusão certa(s): nome completo da pessoa, nº
processo clínico e etiqueta da pulseira identificativa do processo de transfusão (se existente)
• Colher sangue para determinação de grupo sanguíneo, provas de compatibilidade e hemograma
• Rotular os frascos das amostras de sangue efetuadas junto da pessoa, confirmando; nome completo da
pessoa, nº processo clínico e etiqueta da pulseira identificativa do processo de transfusão (se existente) e
requisição/pedido de transfusão certa(s)

2. Receção Do Componente A Transfundir


• Verificar com rigor, por dois profissionais:
• Identificação do recetor (nome completo, por extenso e legível e elementos de identificação iguais ao
peido/ requisição)
• Tipo e quantidade do hemocomponente/requisição
• Etiqueta do “saco” do hemocomponente/etiqueta da requisição médica
• Prazo de validade
• Estabilidade do hemocomponente
• Nunca iniciar o procedimento se dúvidas e/ou discrepância de informação ou dados!

3. Início Da Transfusão
• Iniciar perfusão após receção do sangue ou hemocomponente, até ao máximo de 30 min → risco de
contaminação
• Preparar material:
o Sistemas para transfusão de sangue e hemocomponentes (sistema de perfusão apropriado,
previamente preenchido com sangue ou hemocomponentes);
o CVP 18-20G (adultos) e 22-23G (crianças e RN)
• Verificar identificação da pessoa: Nome completo da pessoa, nº processo clínico e etiqueta da pulseira
identificativa do processo de transfusão (se existente) e requisição/pedido de transfusão
• Avaliar sinais vitais e registar (TA, P, R, T) → (valores de referência)
Identificar a presença de sinais e sintomas como: dispneia; tosse; cefaleias; náuseas; vómitos; diarreia;
urticária; rubor; prurido … outros

23
Inserir CVP, mantendo a via de acesso venoso exclusiva para a transfusão
Adaptar sistema de perfusão com filtro apropriado, previamente preenchido com sangue ou
hemocomponente (não usar torneira, válvula de acesso)
• Iniciar lentamente a perfusão → 20 - 40gts/min, nos primeiros 15 min. O débito de perfusão deverá ser
aumentado, gradualmente, de acordo com a condição clínica do doente e o tipo de hemocomponente:
o Concentrado de eritrócitos → 1 a 2 h
o Plasma fresco congelado 30 min a 1h
o Concentrado de plaquetas 30 min a1h
• Vigiar resposta da pessoa (junto desta) à administração de sangue/componente sanguíneo:
o Monitorizar T, P, R, TA nos primeiros 15 min
o Vigiar estado de consciência
o Devemos nos manter junto da pessoa
• A perfusão de uma unidade de sangue, não deve ultrapassar as 4 h
• Nunca aquecer frasco de albumina ou saco de sangue/hemocomponente

4. Durante A Transfusão
• Vigiar resposta da pessoa à administração de sangue/componente sanguíneo:
o Monitorizar e registar T, P, R, TA (1/1h)
o Vigiar estado de consciência (1/1h)
o Vigiar presença de sinais e sintomas de reação transfusional precoce (ex: calafrios, dispneia, tosse,
cefaleias, náuseas, vómitos, diarreia, urticária, rubor, prurido, alterações de consciência, dor
precordial, hipotensão … outros)
• Vigiar/controlar ritmo de perfusão (atendendo à condição clínica do doente, tipo de hemocomponente e
prescrição médica)
• Se intercorrência → interrupção imediata da transfusão, comunicação imediata ao médico e ao Serviço de
Imuno-Hemoterapia
• Manter rótulos de identificação no saco de sangue/hemocomponente até ao final da perfusão
o DEVE-SE substituir o sistema de perfusão no final de cada unidade
o NÃO AVALIAR TA no membro em que perfunde a transfusão
o NÃO DILUIR O SANGUE/HEMOCOMPONENTE, injetando solução no saco de transfusão
o NÃO ADICIONAR MEDICAMENTOS no saco de sangue/hemocomponente
o NÃO ADMINISTRAR NEM PERFUNDIR na mesma via medicamento(s), soro glicosado, alimentação
parentérica. Só pode perfundir soro fisiológico, em simultâneo e excecionalmente

5. Após A Transfusão
• Executar flush com soro fisiológico ou remover CVP
• Monitorizar e registar (no final e 1h após):
o T, P, R, TA
o Estado de consciência
• Registar procedimento:
o Inicio e fim
o Sangue/hemocomponente perfundido
o Número de unidades
o Lote
o Reação da pessoa
• Manter vigilância da pessoa até 2 horas após transfusão

REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
Reação adversa grave →“…resposta inesperada do DADOR ou do DOENTE associada à colheita ou à transfusão de
sangue ou de componentes sanguíneos, que causa a morte ou põe a vida em perigo, conduz a uma deficiência ou
incapacidade, ou que provoca, ou prolonga, a hospitalização ou a morbilidade”

24
Reação transfusional/reação adversa grave do doente → Erro humano→Troca e/ou identificação incorreta:

• Da pessoa
• Da amostra de sangue
• Do saco de sangue/hemocomponente

Qualquer erro ou falha no processo de transfusão não pode ser omitido ou desvalorizado → os sintomas podem ter
início com um ligeiro mal-estar e evoluir
para uma hemólise grave por
incompatibilidade

Imediata- ocorre nas


primeiras 24h ou
durante a transfusão

25
Reações Transfusionais Tardias
Imunologica:
Hemolítica tardia ou extracelular:

• É causada por resposta imunológica do recetor aos antigénios do dador, por incompatibilidade de antigénios
das hemácias além do sistema ABO
• Pode ocorrer em dias ou semanas após a transfusão, quando o sistema imunológico do recetor foi
sensibilizado por transfusões anteriores
• Caracteriza-se pela presença de febre baixa e persistente, podendo ocorrer icterícia e insuficiência renal
aguda

Não imunológica

• Sobrecarga de ferro (Hemossiderose)


• Doenças infeciosas (Hepatite B e C; HIV, Citomegalovirus, Sífilis)
• Doenças parasitárias (malária, toxoplasmose)
• Infeções bacterianas

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM – Reações Transfusionais Imediata


• Interromper de imediato a transfusão
• Comunicar de imediato ao médico a intercorrência
• Manter acesso venoso periférico funcionante iniciando perfusão soro fisiológico
• Monitorizar e registar sinais vitais (T, P, R, TA)
• Vigiar estado de consciência
• Verificar dados nome completo da pessoa, nº processo clínico e etiqueta da pulseira identificativa do
processo de transfusão (se existente) e rótulos do(s) saco(s) de transfusão de sangue/hemocomponente
• Colher sangue (1 tubo para tipagem e 1 tubo com EDTA) no membro oposto ao da perfusão da transfusão
• Colher de urina (se suspeita de reação hemolítica)
• Administrar de oxigénio (se necessário)
• Enviar unidade de sangue/hemocomponente e amostras de sangue para o serviço de Imuno- Hemoterapia

26
SUPORTES DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS
Acesso:

Suporte de papel

• Índice Nacional Terapêutico


• Simposium Terapêutico
• Prontuário Terapêutico
• Mapa Terapêutico
• Guia Farmacológico para Enfermeiros
• Formulário Hospitalar de Medicamentos

Online

• Índice Nacional Terapêutico


• Simposium Terapêutico
• Prontuário Terapêutico
• Mapa Terapêutico
• Infarmed

ÍNDICE NACIONAL TERAPÊUTICO

• VIA A- Classificação Fármaco terapêutica Permite selecionar um fármaco que atua num determinado órgão,
aparelho ou sistema com determinada finalidade ou ação terapêutica.
• VIA B- Índice Alfabético / Índice Geral Remissivo (IGR)

SIMPOSIUM TERAPÊUTICO: Classificação Fármaco terapêutica; Classificação por princípios ativos

PRONTUÁRIO TERAPÊUTICO: Classificação por grupos terapêuticos

MAPA TERAPÊUTICO: Classificação fármaco terapêutica; Relação alfabética de produtos

GUIA FARMACOLÓGICO PARA ENFERMEIROS: Pesquisa por ordem alfabética/ Grupos terapêuticos

PREPARAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS- Princípios Gerais


Pharmakon/ Fármaco → Substância química capaz de modificar as funções dos seres vivos →ação farmacológica. (1
substância ativa)

Medicamento → Toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades


curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou
administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica,
imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” (1 ou mais substâncias ativas)

Substância ativa → Qualquer substância, ou mistura de substâncias, destinada a ser utilizada no fabrico de um
medicamento e que, quando utilizada no seu fabrico, se torna um princípio ativo desse medicamento, destinado a
exercer uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica com vista a restaurar, corrigir ou modificar funções
fisiológicas ou a estabelecer um diagnóstico médico.

Excipiente → qualquer componente de um medicamento, que não a substância ativa e o material da embalagem.

Dosagem → teor de substância ativa, expresso em quantidade por unidade de administração ou por unidade de
volume ou de peso, segundo a sua apresentação. Quantidade de princípio ativo de um medicamento por unidade de
administração, de volume ou de peso. (o que está prescrito)

Dose → quantidade de medicamento por toma/administração, calculada em função de determinados fatores idade,
peso, sexo, via de administração, estado geral da pessoa. (quantidade de princípio ativo no medicamento)

27
EFEITO TERAPÊUTICO
Dose Terapêutica → dose necessária para obter efeito terapêutico.

Dose Tóxica → dose que provoca manifestações tóxicas na pessoa.

Janela terapêutica → intervalo entre a concentração mínima eficaz da substância ativa e a concentração máxima
corresponde a alto grau de eficácia e a baixo risco de toxidade.

ESTABILIDADE DO MEDICAMENTO

Estabilidade do medicamento → Período de tempo em que o medicamento mantém as suas propriedades e pode ser
utilizado, de modo a assegurar as características do princípio ativo (identidade molecular, potência, qualidade e
pureza) → 2 a 5 anos.

•Potencialmente todos os medicamentos se alteram. --> validade do medicamento ≠ estabilidade do medicamento

•É importante o cumprimento do prazo validade e condições acondicionamento, , de preparação e de administração.

Fatores Condicionantes Da Estabilidade

• Fatores intrínsecos
o Processo de fabrico
o Natureza da substância ativa
o Forma farmacêutica
o Interação entre fármacos e solventes (aceleradas pelo pH do meio, por pequenas quantidade de
impurezas, entre outros)
• Fatores extrínsecos (ambientais e acondicionamento)
o Temperatura
o Luz
o Humidade
o Radiações
o Ar, Gases
o Qualidade do recipiente

Tipos De Estabilidades
Química → manutenção da integridade química da substância ativa num determinado período de tempo e em
condições adequadas.

Física e físico química → manutenção das propriedades originais: aspeto, cor, odor, sabor, uniformidade nas soluções,
dissolução e suspensibilidade.

Microbiológica → manutenção da esterilidade e da resistência ao crescimento microbiano.

Terapêutica → manutenção das propriedades terapêuticas.

Toxicológica → manutenção do efeito terapêutico, evitando decomposição/ou formação de produtos tóxicos


derivados da substância ativa ou dos excipientes.

Biofarmacêutica → manutenção do processo que impede alterações da substância ativa (ação farmacológica, sua
duração e intensidade).

28
Sinais De Alteração Da Estabilidade Em Preparados Farmacológicos
Sólidos (ex. comprimidos, cápsulas, drageias)→ Cor, sabor, dureza, cheiro

Semi sólidos /pastosos (ex. pastas, creme, gel)→ Agregação, sedimentação, endurecimento, floculação

Líquidos (ex. solução, suspensão)→ Alteração do aspeto inicial; Precipitação, insolubilidade, formação de espuma,
libertação de gás, alteração da cor, turvação (após reconstituição/diluição)

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA
Ação de um medicamento (terapêutica ou diagnóstica) é suscetível de alteração no organismo por outra substância
ativa. Pode interferir a nível da:

• Absorção do(s) medicamento(s)→ R/c a função do trato gastrointestinal motilidade, alteração das mucosas
ou do pH gástrico, alteração de mecanismos de transporte/absorção.
• Distribuição do(s) medicamento(s) → R/c os mecanismos de ligação às proteínas plasmáticas e de transporte
através das membranas nomeadamente por alteração da sensibilidade” dos recetores químicos da
membrana citoplasmática.
• Metabolismo do(s) medicamento(s) → R/c os fenómenos que perturbam a atividade enzimática (indução ou
inibição enzimática).

PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

Elementos Essenciais:

• Nome completo da pessoa/doente (ou outros dados complementares)


• Data e hora da prescrição
• Nome do medicamento/princípio ativo (dosagem)
• Dose
• Forma farmacêutica ou medicamentosa
• Via de administração
• Frequência de ou hora de administração
• Identificação do médico prescritor

Ex: Paracetamol 1000 mg, 1 comprimido ,VO, 6/6h

PRESCRIÇÃO TERAPÊUTICA

TIPOS DE PRESCRIÇÃO/ SUPORTE

• Escrita - em folha própria no processo clínico do utente


• Informatizada
• Verbal/telefone - (situação de exceção /urgente), o enfermeiro deve:
o Transmitir ao médico todas as informações relativas à situação do utente
o Ouvir atentamente a prescrição
o Repetir a prescrição que recebeu
o Clarificar dúvidas ou elementos imprecisos da prescrição
o Registar a prescrição (providenciar para que seja efetuada logo que possível pelo médico)

29
TIPOS DE PRESCRIÇÃO/DURAÇÃO

• Padronizada ou Fixa
o Permanece até que o médico a suspenda (ex. 4/4h, 6/6h)
o Até atingir o número de dias de prescrição (ex. 3 x dia durante 7 dias)
• S.O.S- “Si Opus Sit”→ “se for necessário”
o O médico estabelece o intervalo mínimo entre administrações (ex. Paracetamol 1000 mg, IV de 6/6h
se temperatura ≥ 38 °C)
o Implica avaliação pormenorizada e prudência na determinação da necessidade de medicamento
o Implica registo do enfermeiro elementos da prescrição, avaliação do utente, hora de administração
e da avaliação da eficácia terapêutica
• Única (ex.: Diazepan 10 mg, VO, 1 h antes da cirurgia)
o Medicamento a administrar uma única vez, hora e momento específico
o Utilizada nomeadamente antes de exames auxiliares de diagnóstico, intervenções cirúrgicas entre
outras
• Urgente / Imediata (ex.: Petidine 25 mg, IV, já)
o Preparação/administração de medicamentos sob prescrição urgente → prioridade sobre outras
intervenções de enfermagem
o O enfermeiro deve efetuar registo pormenorizado do episódio
• Protocolada
o Indicações especificas e seguidas por rotina até suspensão
o Implica avaliação de condições da pessoa e existência de protocolo
o Utilizada em unidades de cuidados especiais prestação de cuidados semelhantes a pessoas
internadas nessa unidade
Ex.: Insulina de Ação Rápida segundo esquema

≤180 mg/dl ------------------- UI

>180≤240 mg/dl ------------ UI

>240≤300 mg/dl ------------ UI

>300≤400 mg/dl ------------ UI

>400 mg/dl --------------------- UI

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Via de administração → modo pelo qual o medicamento é administrado no organismo para exercer o seu efeito

Via parentérica: Intradérmica; subcutânea; intramuscular; intravenosa ou endovenosa ; outras

Via não parentérica: oral e tópica (sublingual, oftálmica/ocular, otológica/auricular, retal, vaginal, nasal, inalatória e
por nebulização (medicamentos absorvidos pelo epitélio respiratório), cutânea e transdérmica

A via de administração prescrita depende das propriedades e dos efeitos terapêuticos dos medicamentos assim
como das condições da pessoa!

Abreviaturas

• Via Oral (VO) ou Per’os (PO) → Utiliza o tubo digestivo. Administração de medicamento através da cavidade
oral seguido de deglutição, através de SNG e através de PEG.
• Sublingual (SL) → Administração de medicamento na bolsa sublingual.
• Intradérmica (ID) → Administração de medicamento por injeção na derme.
• Subcutânea (SC) → Administração de medicamento por injeção, no tecido celular subcutâneo.
• Intramuscular (IM) → Administração de medicamento por injeção, no tecido muscular.
• Intravenosa ou Endovenosa (IV/EV) → Administração de medicamento na corrente sanguínea veia por
injeção ou através de CVP

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Quantidades a administrar/Equivalências

• C/Café 3 ml
• C/Chá 5 ml
• C/Sobremesa 10 ml
• C/Sopa 15 ml
• Colher medida

Formas medicamentosas → (o estado final que os medicamentos apresentam com o objetivo de facilitar a sua
administração e obter o maior efeito terapêutico na pessoa)

Sol. Oral. / Cáps. / Comp. / Comp. eferv. / Comp. mast. /Cart. pó/ Drag. ou Grag. / Xarop Susp. Oral /Sol. Resp. Pom.
/Cr. / Sup. /Amp. beb. /Apósito / Spray /D. Transd. /Amp. / Fr. Amp. /Sol. Inj

HORÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS


Horário devem atender às características do medicamento (farmacodinâmica/ farmacocinética)

• Administração diária - habitualmente de manhã


• Situações Específicas:
o Diurético - 7h; se 2 x/dia: 7 h e 17 h
o Digitálico - Manhã
o Anticoagulantes – Tarde: 19 h ou 22 h
o Hipnótico/sedativo - Antes dormir (21 h ou
22 h ou 23 h)
o Tuberculostático - Em jejum: 7 h
o Antiagregante plaquetário - Após refeições

LIVRO DE TERAPÊUTICA OU KARDEX


Livro de Terapêutica ou Kardex : Conjunto de folhas individuais (por utente) onde se transcreve os medicamentos e as
atitudes terapêuticas prescritas pelo médico (todos os elementos da prescrição …) Se prescrição em suporte papel.

• Atualização sistemática(Ex: 1x turno, no fim do turno da manhã, …)


• Horário de administração → escrito a vermelho
• Data de suspensão da medicação →escrita a vermelho

Atitudes terapêuticas - transcrição em local específico→ Avaliação de sinais vitais; vigilância do débito urinário;
pesquisa de glicemia; repouso absoluto no leito; …

AVALIAÇÃO INICIAL

Relacionada com o medicamento, pessoa e via de administração. Devemos considerar:

• Aspetos específicos relacionados com o medicamento a administrar


• Idade da pessoa, peso e estatura (ex. criança e prescrição protocolada)
• Diagnóstico clínico da pessoa
• Condição clínica da pessoa (sinais e sintomas, sinais vitais, estado de consciência, …)
• Grau de conhecimento da pessoa relativamente ao regime medicamentoso
• Conhecer os medicamentos que a pessoa toma diariamente

31
• Experiências anteriores da pessoa relacionadas com medicamento (s): antecedentes alérgicos e tipo de
reação alérgica; intolerância medicamentosa e efeitos secundários

Registar, de forma bem visível, no espaço próprio, o(s) medicamento(s) a que a pessoa é alérgica.

REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTOS (RAM)

Reação adversa → uma reação nociva e não intencional a um medicamento.

Reação adversa inesperada → qualquer reação adversa cuja natureza, gravidade, intensidade ou consequências,
sejam incompatíveis com os dados constantes do resumo das características do medicamento.

Reação adversa grave → qualquer reação adversa que conduza à morte, ponha a vida em perigo requeira a
hospitalização ou o prolongamento da hospitalização, conduza a incapacidade persistente ou significativa ou envolva
uma anomalia congénita.

PREPARAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS - PRINCÍPIOS GERAIS

Confirmar sempre:

• Prescrição informatizada
• Prescrição em Suporte papel: Folha de prescrição médica; Livro de terapêutica; Cartão do
medicamento/rótulo

Verificar os seis certos(antes de prepara, antes de administrar e depois de administrar)

• Pessoa certa:
o Pedir à pessoa para dizer o seu nome completo (verificação verbal)
o Verificar identificação na pulseira (nome, nº processo clínico…)
• Medicamento certo
o Não tentar decifrar letras ilegíveis (se prescrição manual)
o Se medicamento novo ou não familiar, consultar suportes de informação
o Não administrar medicamentos prescritos com abreviaturas não oficiais
o Comparar o rótulo do medicamento (na caixa, na embalagem, no frasco ou na ampola) e com a
prescrição médica → atenção aos medicamentos com nomes similares
o Quando a pessoa questiona os medicamento, verificar novamente
o Medicamentos LASA: “Look Alike, Sound Alike”

32
• Dose certa
o realizar cálculos se dosagem ≠ dose ou conversões (se necessário)
o Verificar casa decimal
o Não confundir equivalentes: mEq (nº de cargas iónicas) ≠ peso molecular em gr
o Questionar a administração de vários comprimidos para uma dose única
o Questionar aumento abrupto e excessivo na dose
o Confirmar com outro profissional, se necessário, as doses de alguns medicamentos (insulina;
anticoagulantes... )
• Via de administração certa
o Confirmar a via de administração prescrita
o Se a prescrição não indicar a via ou indicar a via não recomendada deve-se consultar o médico
• Horário certo/hora certa
o Respeitar criteriosamente o horário de administração do medicamento de acordo com a frequência
prescrita
o Administrar o medicamento antes da hora prevista, pode levar a efeito cumulativo
• Registo certo
o Pessoa; medicamento; dose; via e hora certas

Antes Da Preparação
• Verificar os 5 certos (pessoa, medicamento, dose, via e hora certos)
• Colocar um certo no local correspondente ao dia e hora da administração significa que tomou
conhecimento e que iniciou a preparação do medicamento ou proceder de igual forma se sistema
informático (clicar)
• Escrever o rótulo para identificar copo ou seringa … (confirmar os cinco certos)
• Preparar o medicamento
• Colocar rótulo no medicamento preparado (copo, seringa, …)
• Verificando-se diferenças entre os dados do cartão ou rótulo/folha terapêutica/medicamento, DEVE SE
consultar novamente o processo clínico.

Antes Da Administração
• Confirmar novamente os 5 certos → Administrar o medicamento

Após A Administração

• Confirmar novamente os 5 certos (invólucro medicamento, rótulo, folha de terapêutica/cartão)


• Rubricar em cima do ✓ ou validar a administração no sistema informático clicando, (indica que o
medicamento foi administrado com a confirmação das cinco certezas) ou efetuar o registo, conforme
protocolo do serviço, configura a 6ª certeza
• Avaliar eficácia terapêutica do medicamento, r/c efeito terapêutico pretendido e via de administração
• Identificar efeitos secundários

Se o utente recusar medicamento; ausente do serviço em jejum; … → círculo a vermelho a envolver o certo e registar
o motivo da não administração. Se sistema eletrónico, proceder da mesma forma, em campo próprio.

ERROS DE MEDICAÇÃO
• ERRO pode ocorrer ao nível da : Prescrição - Transcrição - Distribuição – Preparação - Administração
• Muitos erros surgem quando o enfermeiro não respeita os procedimentos descritos
• Erro humano e/ou falha em qualquer etapa do processo
• Formação/informação deficiente, pressão de tempo, má perceção do risco

33
• Muitos dos erros não são identificados
• Análise de erros de medicação → ajuda a identificar os erros mais comuns e introduzir modificações para os
prevenir ou reduzir
• A prevenção de erros de medicação implica numerosas intervenções e estreita colaboração entre a equipa de
saúde e a gestão.

Tipos De Erro De Medicação

• Não administração do medicamento prescrito → Erro de omissão


• Administração de medicamento não prescrito → medicamento não autorizado
• Não administração de medicamento na dose prescrita
• Administração de medicamento à pessoa errada
• Técnica incorreta na administração de medicamentos → velocidade de administração; técnica correta mas
em local errado…
• Registo errado → omissão, registo incompleto

Prevenção - Princípios
• Quem prepara, administra o medicamento
• Não administrar medicamentos preparados por outros enfermeiros
• Não permitir que um utente ou outros, administrem medicamentos ao doente
• Nunca deixar o medicamento junto da pessoa, para que depois o autoadministre
• Não administrar medicamentos com sinais de alteração da sua estabilidade: alteração na cor, cheiro,
consistência, … e prazo validade expirado
• Verificar necessidade de cuidado específico antes da administração
• Vigiar reação do utente durante e após administração
• Cumprimento do procedimento da preparação do medicamento (manipulação,
diluição, reconstituição, incompatibilidade físico-química)

ADESÃO REGIME MEDICAMENTOSO→ Na administração de medicamentos devem ser considerados os fatores que
poderão influenciar a adesão do cliente ao regime medicamentoso.

Avaliar:

• Nível de conhecimento e de compreensão relativamente ao regime medicamentoso


• Consciencialização da sua necessidade (objetivos)
• Motivação
• Atitude relativamente ao regime medicamentoso
• Dependência ou abuso de medicamentos
• Apoio de pessoas significativas/cuidador

GESTÃO DO REGIME MEDICAMENTOSO/PESSOA IDOSA

Poli medicação→ Prescrição de vários medicamentos, o que aumenta o risco de interações com outros ou alimentos.

Automedicação→ Recurso frequente a medicamentos sem receita médica, remédios populares e chás

Dificuldade na gestão do regime medicamentoso→ Toma errada dos medicamentos, alteração deliberada da dose
por ineficácia ou por efeitos secundários do medicamento, toma insuficiente ou irregular de medicamentos

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ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS VIA ORAL NA CRIANÇA

• Administrar formas líquidas. São mais seguras para deglutir e evitam a aspiração/asfixia.
• Utilizar pequena quantidade de líquido, preferencialmente água, para diluir o medicamento (se necessário).
• Não misturar o medicamento com alimentos ou líquidos que a criança goste → pode passar a recusá- los.
• Dar os alimentos após o medicamento.
• Utilizar seringa, para preparar dose de medicamentos líquidos.
• Administrar medicamentos líquidos com colher, copo de plástico ou seringa (sem agulha), …

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VIA ORAL – AVALIAÇÃO INICIAL
Avaliar:

• Estado de consciência
• Capacidade de deglutição
• Presença de náuseas e vómitos
• Estado da cavidade bucal
• Presença de sonda naso-gástrica com drenagem continua
• Prescrição de jejum/NPO
• Colaboração da pessoa

VIA TÓPICA- Administração De Medicamentos


Definição: Aplicação na pele e nas mucosas de substâncias/medicamento para absorção e tratamento local ou
sistémico.

Inclui as vias: intrabucal, sublingual, oftálmica/ocular, otológica/auricular, retal, vaginal, nasal, inalatória (por
nebulização e por inaladores doseados pressurizados), cutânea e transdérmica.

Via tópica – Via cutânea/pele


Principais formas medicamentosas de aplicação na pele (semi-sólidas/pastosas)

• Loção e creme (emulsões estáveis com uma fase aquosa e fase oleosa). É o veículo mais eficaz para proteger
e lubrificar a pele. Evaporam-se quando aplicados, deixando uma pequena camada de medicamento na pele
• Pomadas e pastas (geralmente compostas por materiais mais gordurosos /lipofílicos). É o veículo mais eficaz
para absorção de agentes terapêuticos na pele. Quando aplicadas, conservam a humidade o que aumenta a
absorção do medicamento
• Os géis (constituídos por substâncias gelificantes que evaporam formando uma fina película adesiva)
• Avaliar: estado da pele da área a tratar

Aplicação do medicamento na pele → executar movimentos suaves no sentido do crescimento dos pelos (previne
irritação dos folículos pilosos), favorecendo a sua absorção

Avaliação Inicial
Sublingual

Avaliar

• Estado de consciência
• Estado da cavidade bucal
• Capacidade para manter o medicamento na(s) bolsa(s) sublingual
• Capacidade de deglutição

Bucal/ intrabucal

Avaliar

• Estado de consciência
• Condições da cavidade bucal
• Capacidade para manter medicamento na cavidade bucal
• Capacidade de deglutição

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Oftálmica/ocular

Avaliar

• Presença de lesão, congestão ou secreção nas estruturas do olho


• Estado da visão
• Dor ou outros desconfortos

Nasal

Avaliar

• Estado da mucosa nasal


• Perda sanguínea ou secreção nasal
• Respiração: frequência e características

Otológica/auricular

Avaliar

• Estado do canal auditivo externo


• Capacidade auditiva
• Equilíbrio corporal

Retal

Avaliar

• Estado da mucosa anal (ulceração, fissura, hemorroidas, …)


• Presença de diarreia/obstipação

Vaginal

Avaliar→ Estado da região vulvovaginal (lesão, perda sanguínea, corrimento, …)

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA TÓPICA – VIA CUTÂNEA/ Transdermica

Aplicação de disco transdérmico (Ex. Nitradisc 10 mg):

• Pele integra
• Pele limpa e seca
• Ausência de pregas cutâneas
• Evitar áreas pilosas

Aplicações subsequentes→efetuadas em locais diferentes. Atender a particularidades na aplicação/remoção do disco


NOTAS DA TP

Nem todos os medicamentos podem ser:

• Cortados→só os que têm sulcos.


• Triturados → se tiver sonda nasogástrica, o medicamento tem de ser obrigatoriamente triturado.
• Cápsulas →o revestimento é gastrorresistente/ entérico que permite que a absorção seja só no intestino.ex: Drageias; Medicamentos
de libertação prolongada.

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MÉTODO UNIDOSE E SISTEMAS DE DISPENSAÇÃO AUTOMÁTICA
MÉTODO TRADICIONAL DISTRIBUIÇÃO MEDICAMENTO
Características:

• Método de distribuição coletivo


• Distribuição por serviço a partir da solicitação dos enfermeiros
• Stock de medicamentos nos serviços Rotina operacional:

Rotina operacional:

• Médico prescreve
• Enfermeiro requisita à farmácia medicamentos prescritos
• Farmácia procede à distribuição dos medicamentos solicitados por serviço
• Enfermeiro recebe e gere o stock de medicamentos Desvantagens:

Desvantagens:

• Perdas e desvios
• Ausência de faturação de custos por doente
• Risco de expirar prazo validade
• Custos elevados

CARTÃO DO MEDICAMENTO
• Processo clínico (folha prescrição)
o folha terapêutica
▪ transcrição cartão

Via de administração – identificada por cor do cartão

No cartão devem constar os seguintes dados:

• Nº da cama do utente (centrado) e com círculo a vermelho


• Nome do utente
• Nome do medicamento
• Forma medicamentosa
• Dose
• Horário(s) de administração: cor vermelha

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR


DOSE UNITÁRIA (SDMDU)
Método Unidose → Sistema organizacional de distribuição
individual de medicamentos por

• utente
• dose unitária de medicamento
• 24 horas

Permite: Medicação certa →Doente certo → Dose exata

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SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSE UNITÁRIA: PROCESSO SEQUENCIAL
Processo sequencial

A. Prescrição manual de medicamentos e em duplicado ou em suporte informático


• Nome do utente, nº do processo e nº da cama
• Data e hora de prescrição
• Medicamento por princípio ativo; forma de apresentação, dose, frequência e via de administração

B. Serviço de Farmácia

• Prepara os medicamentos por utente e serviço


• Coloca os medicamentos na gaveta individual do utente
o Prescrição SOS → geralmente em quantidade equivalente a três administrações ou conforme
prescrição
o Extra mala: estupefacientes, soros, medicamentos de grande volume, medicamentos para frigorífico

C. O farmacêutico confirma cada gaveta

D.O funcionário da farmácia entrega, no serviço, a mala previamente preparada substitui pela vazia

E.O enfermeiro confirma a medicação de cada utente, na respetiva gaveta, através da folha de prescrição terapêutica

• Verifica dados de identificação do medicamento: nome farmacológico/nome comercial; dosagem/dose; data


de fabrico; nº de lote; prazo de validade

Medicamento não administrado

• Manter na gaveta correspondente →devolução à farmácia


• Preenchimento de folha identifica o(s) medicamento(s) e motivo da não administração

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Vantagens:

• Racionaliza a distribuição dos medicamentos


o Diminui consumo e desperdício
o Reduz custos e número de medicamentos no serviço
• Assegura administração de dose exata de medicamento
• Garante estabilidade, conservação de medicamentos e controlo da data de validade
• Facilita a identificação e minimiza o erro de medicação
• Diminui o tempo gasto, pelos enfermeiros, na preparação de medicamentos e na reposição de stocks

Desvantagens

• Rigidez no fluxo: alterações terapêuticas, mudança de cama, alta/transferência do utente, … → notificação


imediata aos Serviços Farmacêuticos
• Elevado índice de revertência: média >25%)
• Investimento para adaptação da estrutura física
o Existência de módulos/armários/carros
o Área de acondicionamento do equipamento

SISTEMA ELETRÓNICO DE PRESCRIÇÃO TERAPÊUTICA


Programa informático para prescrição de medicamentos

• Evita erros de medicação r/c ilegibilidade da prescrição


o Ausência de transcrição
o Reduz possibilidade de erro na seleção do medicamento

Interliga três áreas

• Prescrição informatizada diretamente no sistema


• Conhecimento imediato da prescrição pelo farmacêutico
• Registo da medicação administrada pelo enfermeiro
o A não administração impõe justificação

Enfermeiro

• Visualiza online a prescrição: programa SClínico


• Imprime a folha de prescrição: por utente e turno/dia; por vários utentes/turno
• Prepara o medicamento
o Verifica as 5 certezas
o Pode colocar certo na folha de prescrição, associado à hora de administração do medicamento

• Após administração da medicação → registo codificado em suporte informático

No sistema PYXIS MED STATION

• Prescrição online
• Acesso por leitor biométrico→ Segurança na administração: acesso direto ao
medicamento → Medicação exata: 5 Certos
• Controlo consumo→ Controlo desperdícios
• Permite devolução de medicamentos
• Incorpora frigorífico e Gavetas com sensores: Tampas de plástico transparente, Luz
guia, Aviso de erro de acesso, visualização para validar
• O acesso fica registado

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Preparação e administração de medicamentos- via parentérica
Via parentérica → Via de administração de medicamentos com efeito sistémico, em tecidos orgânicos ou corrente
sanguínea, através de injeção.

Opta-se pela via parentérica quando:

• Não se pode usar a via oral;


• Se pretende um efeito mais rápido;
• O medicamento não pode ser absorvido no tubo digestivo;
• O princípio ativo só pode existir naquela fórmula.

Principais riscos: hemorragia; reação local; lesão de tecidos e infeção

Principais vias de administração:

• ID - Intradérmica
• SC - Subcutânea
• IM - Intramuscular
• IV/EV - Intravenosa/endovenosa efeito terapêutico rápido
• Outras vias: extradural ou via epidural; intratecal ou via
subaracnóidea; intra-articular; intracardíaca (em desuso) e
intraóssea

VIA INTRAÓSSEA
Via de acesso em situações de emergência, na presença de dificuldade
de aceso venoso principalmente em crianças.

Usada em casos de : paragem cardiorrespiratória, nos choques


hipovolémico e séptico, queimaduras graves, estados epiléticos
prolongados e desidratação intensa.

Velocidade de absorção/distribuição do medicamento depende:

• Via de administração (ID→ SC→IM→ IV)


• Fluxo sanguíneo no local de administração
• Solubilidade do medicamento

Forma de apresentação do medicamento:

• Ampola (1)
• Frasco hermético/frasco ampola (2)
• Recarga (3)
• Seringa pré-preparada (4)
• Bolsa/saco para perfusão (5)

Forma de administração de medicamentos através de seringa e agulha; cateter (CVP OU CVC); seringa infusora;
sistema de perfusão …

RECONSTITUIÇÃO
Adição de solvente, a pó ou a liofilizado, de modo a obter medicamento injetável de preparação extemporânea →
solução injetável

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Solventes mais utilizados:

• Água própria para injetáveis (ex: água bidestilada)


• Cloreto de sódio a 0,9% (SF)
• Outros, de acordo com indicação do fabricante
• Atender à estabilidade e condições de conservação após reconstituição do medicamento!!

DILUIÇÃO
Adição de solução injetável pronta ou previamente reconstituída numa solução de grande volume compatível, com o
objetivo de diminuir a concentração do princípio ativo a administrar.

Soluções mais utilizadas:

• Glicose isotónica (5%)


• Glicose 5% em SF
• Cloreto de sódio isotónico (0,9%)
• Solução polieletrolítica ou outras compatíveis, de acordo com instrução do fabricante
• Atender à estabilidade e condições de conservação após diluição do medicamento

INCOMPATIBILIDADE FÍSICO-QUÍMICA
Reação que ocorre, aquando da mistura de dois ou mais medicamentos, ou de um medicamento com um veículo
aquoso, durante o período de conservação/preparação e/ou administração.

LEVA A: Alteração de cor, turvação, precipitação, libertação de gás, formação de espuma, entre outros.

Não se deve misturar dois ou mais medicamentos diferentes em seringa ou em soluções para perfusão, cujas
incompatibilidades são desconhecidas!!

PRINCÍPIOS GERAIS: SEGURANÇA E ASSEPSIA


Segurança
Confirmar:

• 6 certezas (rapidez de distribuição do medicamento erros difíceis de corrigir)


• Princípio ativo, dosagem/concentração, via de administração, prazo de validade e estabilidade
• Dose prescrita, volume a administrar
• Compatibilidades/incompatibilidades físico-químicas

Cumprir

• Orientações específicas nomeadamente o tipo de solvente e volume, tempo administração entre outros
• Requisitos de estabilidade após reconstituição e/ou diluição

➔ Preferencialmente, administrar os medicamentos imediatamente após a sua preparação


➔ Medicamentos conservados no frigorífico devem atingir a temperatura ambiente antes da sua administração
➔ Não administrar medicamentos na presença de alteração da estabilidade: precipitação, insolubilidade, formação
de espuma, libertação de gás, alteração da cor, turvação

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Assepsia
• Lavar as mãos/fricção antissética das mãos
• Uso de técnica asséptica na preparação e na administração de medicamentos
• Manipulação adequada de medicamentos e materiais
• Não tocar no êmbolo e no bico da seringa, corpo e bisel da agulha
• Manter seringa com agulha capsulada no tabuleiro previamente desinfetado
• Antissepsia do local de administração → respeitando o tempo de ação do antissético

Critérios de seleção da seringa e da agulha


• Via de administração
• Local de administração: Massa muscular, Gordura subcutânea
• Características do medicamento: Viscosidade, Quantidade a administrar, Tempo de administração

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Fatores a considerar na escolha da agulha
• Estéril, isenta de PVC e látex (preferencialmente de polipropileno)
• Paredes ultra finas→ Menos dolorosa e permite bons débitos
• Canhão Translúcido - Facilita visualização do sangue aspirado
• Isento de PVC e látex
• Codificação ISO (International Standards Organization) por cor do canhão
facilita identificação do calibre da agulha
• Bisel Lancet Point trifacetado e cânula siliconizada - inserção atraumática com lesão mínima dos tecidos
• Escala rigorosa e nítida
• Pistão de borracha com linha fina  permite mais facilmente a dose correta
• Anilha de segurança reforçada  evita deslize acidental do êmbolo
• Siliconização interna  suavidade no deslize e maior precisão na aspiração e na
administração de medicamento
• Conexão Luer Lock→ Diminui risco de desconexão acidental e contaminação do bico da
seringa; Adaptação estanque da seringa/agulha
• Conexão Luer Slip

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Após administração de medicamento não recapsular agulha  risco de picada
acidental→ excecionalmente e na ausência de contentor para corto perfurantes
proteger a agulha conforme imagem

VIA INTRADERMICA
Via intradérmica → Injeção de medicamentos na derme (administração de vacinas ex. BCG e testes de sensibilidade e
prova de Mantoux) que tem como finalidade diagnóstica:

• Exposição da pessoa a pequena quantidade de alergénio, toxina, medicamento ou outro produto (ex.:
Tuberculina)
• Suprimento sanguíneo reduzido → absorção lenta do produto

Local de administração

Preferencialmente membro superior não dominante

• [A] ⅓ médio da face anterior do antebraço


• [B] Face lateral externa do braço (excecional)

Avaliar estado da pele→ Evitar área irritada, descorada, com


edema, hiperpigmentada e com pelos

Administração

• Tração da pele
• Inserção da agulha/seringa com ângulo de 5 a 15° com bisel voltado para
cima
• Não aspirar
• Injetar lentamente
• Não massajar
• Formação de vesícula (6-10 mm de diâmetro)

Teste Tuberculínico ou Teste de Mantoux


Injeção de Derivado Proteico Purificado de Tuberculina (PPD)→ Precipitado obtido de culturas filtradas e esterilizadas
de Mycobacterium tuberculosis, injetado por via ID. Necessita de leitura após 48 - 72 horas.

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A pessoa exposta ao bacilo apresenta resposta imunológica na pele – enduração (reação de Pirquet). Teste positivo
não indica doença ativa mas que a pessoa teve contato com BK (Bacilo de Koch ou Mycobaterium Tuberculosis)

VIA Subcutânea(SC)
Via subcutânea → Injeção de medicamento (≤1ml) no tecido celular subcutâneo ; soluções aquosas, hidrossolúveis,
não irritantes para o tecido adiposo

• Insulina
• Anticoagulantes → Heparina de Baixo Peso Molecular (ex. Fraxiparina®)
• Medicamentos e perfusões em Cuidados Paliativos (>1ml ≤ 1500ml)

Avaliar estado da pele

• Pele íntegra: ausência de infeção, lesões, cicatrizes, proeminências ósseas, grandes massas musculares ou
nervos
• Afastar ± 5 cm de locais com alterações da pele, umbigo, injeção anterior aumenta dificuldade de absorção
medicamento
• Fazer rotação/alternância do local de injeção

Insulina - Insulinoterapia
CONSIDERAÇÕES GERAIS:

• Identificada em 1921 por Frederick Barting e Charles Best extração → a


insulina pancreática
• Hormona pancreática mais importante na regulação do metabolismo
energético, de natureza proteica, constituída por duas cadeias de
aminoácidos (cadeia A com 21aa e cadeia B com 30 aa)
• Produzida nas células  dos ilhéus de Langerhans – pâncreas endócrino
• Principal função - regular o metabolismo da glicose e controlar a entrada
glicose nas células
• ↑ velocidade de transporte da glicose para interior das células
musculares e hepáticas, por ligação ao recetores específicos da
membrana plasmática →permeabilidade da membrana celular à glicose

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• Promove formação de glicogénio nas fibras musculares e fígado
• ↓ concentração de glicose no sangue
• Se glicogénio em excesso→ deposição no tecido adiposo e transforma glicose em gordura

FORMAS DE INSULINA:

• Insulina humana - produzida por engenharia genética


• Análogos de Insulina (insulina moderna)/vantagens:
o Diminuem o risco de hiperglicemia precoce
o Diminuem o risco hipoglicemia tardia
o Atenuam o aumento de peso

Apresentação:

• Frasco ampola: 5ml ou 10ml


• Recarga para caneta: 1,5ml ou 3ml

Dosagem: 100 UI/ml

TIPOS DE INSULINA
Insulina basal (ex: INSULATARD® Novo Nordisk®; INSUMAN Basal Sanofi Avensis®)

• Cobre as necessidades do organismo nos intervalos das refeições e durante a noite, ou seja, ao longo do
dia → é uma insulina de ação lenta ou intermédia
• NPH (Neutral Protamine Hagedorn) é uma suspensão aquosa, de cor branca e opalescente/turva pela
presença de proteína (protamina) para retardar o seu tempo de ação
• Início de ação 90 minutos; ação máxima 4h; duração da ação 24 h
• Via de administração: SC → deve ser administrada 45 a 60 min antes de uma refeição

Insulina rápida (ex: ACTRAPID® Novo Nordisk®, INSUMAN Rapid Sanofi Avensis®)

• Tem uma ação rápida, por isso destina-se a evitar hiperglicemia pós-
prandial, relacionada com a refeição. Solução transparente/cristalina
• Regular, curta duração - início de ação 30 minutos; ação máxima 1h e
30m; duração de ação 8 h
• Via de administração: SC; IM; IV (perfusão) → administrada 30 min
antes das refeições
• Administração de acordo com resultados de glicemia capilar e
segundo esquema prescrito ou protocolado

GLUCAGON OU GLUCAGINA

• Hormona produzida e segregada pelas células α pâncreas →ação hiperglicemiante


• Transforma o glicogénio armazenado em glicose
• Provoca elevação da glicemia
• Atua ainda sobre a medula supra-renal, provocando libertação de adrenalina que inibe a libertação da
insulina.

Promove:

• Degradação glicogénio
• Transforma glicogénio em glicose
• Libertação de glicose do fígado para a corrente sanguínea

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GlucaGen® - Tratamento da hipoglicemia grave que pode ocorrer em diabéticos sob:

→ Insulinoterapia

→ Antidiabéticos orais

Via de administração: SC ou IM

• Caneta Insulina → 90°


• Seringa e agulha 25G:
o → 25 mm →45°
o → 16 mm → > 45° a 90°

Regra:

• se prega cutânea 50 mm → ângulo de 90°


• se prega cutânea 25 mm → ângulo de 45°

A prega cutânea serve para se dissociar o tecido celular subcutâneo do tecido intramuscular.

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5 cm afastado do umbigo ou na região superior dos glúteos, porque são zonas muito vascularizadase a insulina é
facilmente absorvida.

Pesquisa de Glicemia capilar


Sinais de hipoglicemia: Fraqueza; Palidez; Sudorese; Tremor; Taquicardia; Tonturas; Confusão; Alteração do estado da
consciência; Hálito cetónico, fome, dificuldade de concentração, coma

Sinais de hiperglicemia: Náuseas; Vómitos; Poliúria; Fome difícil de saciar; Pele roborizada/ seca; Irritabilidade,
polidipsia(sede constante e intensa), Xerostomia(sensação de boca seca, cansaço, comição no corpo, visão turva.

EQUIPAMENTOS

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Pesquisa de glicose no líquido intersticial

Freestyle Libre → é um medidor que evita as picadas nos dedos porque avalia a glicose no líquido
intersticial e dá um valor correspondente à glicemia capilar.

O FreeStyle Libre é composto por:

• pequeno sensor que mede automaticamente e guarda de forma contínua as leituras de


glicose ao longo do dia e da noite
• leitor que recolhe a informação.

Para efetuar a leitura deve-se aproximar o leitor do sensor. Obtém-se leituras de glicose em apenas
1 segundo, mesmo através da roupa. No ecrã aparecem as últimas 8 horas de dados de glicose e uma seta que indica
a tendência da glicose

Vantagens:

• Evita as picadas nos dedos


• Sensor resistente à água, com a duração de 14 dias
• Possibilidade de fazer as leituras a conduzir, a correr, a trabalhar…
• Discreto, colocado na parte posterior do braço

NOTAS

• Não puncionar sempre no mesmo local, porque altera a sensibilidade.


• Não optar pelo polegar, porque pode afetar o movimento de oponência, nem pelo indicador, porque pode afetar o
movimento de pinça.
• O corte não deve ser no sentido das linhas digitais, porque o sangue fica atoalhado e não em gota.
• Lavar as mãos em água quente, para provocar a vasodilatação e obter-se mais facilmente a gota.
• A antissepsia deve-se fazer num único movimento da raiz dos dedos para a extremidade.
• Fita na perpendicular com a gota de sangue.
• Se na máquina aparecer HI = high, insulina MUITO elevada.

Preparação e Administração de insulina


Considerações gerais:

• Ao abrir um frasco de insulina, rotular com a data de abertura


• Manter o frasco de insulina em uso:
o À temperatura ambiente → abaixo de 25oc, até 4 semanas
o Na embalagem exterior → proteção da luz
• Manter frascos novos no frigorífico → 2 a 8ºC afastado do congelador

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Na mistura de insulinas:

• Ao misturar insulina de ação rápida com insulina basal, a rápida deve ser aspirada para a seringa em primeiro
lugar → Prevenir a introdução de insulina basal no frasco de insulina de ação rápida
• A mistura de insulinas deve ser administrada dentro de 5 minutos após a preparação → O tempo prolongado
da mistura reduz o efeito da Insulina de ação rápida; a protamina espalha-se e faz com que haja um retardo
na absorção.
• Frasco de Insulina Basal → rolar o frasco entre as mãos até que o líquido fique uniformemente branco e
opalescente

INSULINA DE AÇÃO RÁPIDA→ Esquema insulínico – exemplo:

Em caso de erro…rejeite tudo e recomece de novo a preparação de insulinas

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NOTAS

• Se misturássemos a insulina de ação lenta primeiro, sabendo que a protamina não é solúvel no sangue, iriamos
provocar uma embolia.
• Nas misturas, nunca trocar a agulha, porque parte da insulina fica no espaço morto da agulha (só se aspirar tudo antes!)
• Insulina de ação rápida = solução cristalina
• Insulina de ação lenta = suspensão

Hipodermoclise
Hipodermoclise ou terapia subcutânea → administração de medicamentos e soros por via SC

Indicações: Pessoas idosas ou em cuidados paliativos, sem possibilidade do uso da via oral e com dificuldade de
inserção de CVP, com o objetivo de hidratação, controlo da dor e outros sintomas

Contraindicações:

• Presença de trombocitopenia ou problemas de coagulação


• Infusão rápida de grande volume
• Desidratação severa
• Distúrbio eletrolítico
severo

Modo de administração:

• Bólus
• Perfusão intermitente ou contínua (lenta ao débito de 1ml/min)

Complicações:

• Reações locais: eritema, endurecimento da pele, dor e edema


• Infeção (febre, calafrios, edema, eritema persistente e dor no local da infusão) → interromper infusão

PROCEDIMENTO

1.Executar antissepsia da pele

Deve ser efetuada com compressa alcoolizada, com movimento centrífugo, até 5
cm de diâmetro e atender ao tempo de atuação do antissético

2.Executar prega cutânea

Comprimir e elevar aproximadamente 2,5 cm de pele e tecido adiposo, entre o


polegar e o indicador, formando a prega com a mão não dominante → facilita a
dissociação do tecido celular subcutâneo do tecido muscular, evitando a
administração do medicamento no músculo e o risco de atingir vasos

3.Inserir cateter ou butterfly

• Cateter (24 ou 22G) e butterfly (21-23G), préviamente preenchido com SF


• Inserção num ângulo de 45°- 60° e com bisel voltado para cima
• Fazer uma rotação de 180° com o bisel da agulha para baixo (facilita a

52
difusão, evita a obstrução da agulha causada pela gordura do tecido subcutâneo)
• Remover mandril (se cateter)
• Desfazer a prega

4.Fixar o cateter ou o butterfly com penso transparente estéril

5.Administrar medicamento/perfusão

• Se medicamento em bólus:
o Adaptar seringa e injetar lentamente o medicamento
o Adaptar seringa com 2ml de SF e injetar lentamente (permite
administrar o medicamento que fica na tubuladura do butterfly)
• Se perfusão: Adaptar o sistema e colocar a perfusão (1ml/min, ou de
acordo com o volume e tempo de perfusão prescritos)

VIA INTRAMUSCULAR
Via intramuscular → injeção de medicamento no tecido muscular

• Absorção e distribuição mais rápida que a via SC (> vascularização…)


• Músculo →menos sensível a medicamentos irritantes e viscosos
• Agulha → inserir em ângulo de 90° e aspirar de imediato (se presença de sangue → mudar plano da
agulha ou remover)
• Volumes de administração recomendados:
o Região dorsoglútea (adulto) – 0,1 a 5 ml
o Ventroglútea (adulto) – 0,1 a 5 ml
o Vasto lateral (adulto) – 0,1 a 5 ml
o Deltoide (adulto) – 0,1 a 2 ml
o Vasto lateral (crianças) – 0,1 a 1ml

COMPLICAÇÕES

• Dor → ↓ destreza, técnica errada, líquido viscoso, administração em plano superficial…


• Hemorragia→ Vaso atingido
• Pessoa em tratamento hipocoagulante e com trombocitopenia não deve ser administrado medicamentos
por via IM
• Embolia → introdução inadvertida de substância oleosa ou ar num vaso
• Choque anafilático → Alergia ao medicamento
• Nódulo → Deficiente absorção do medicamento
• Abcesso → Erro de assepsia

Regiões/Locais de administração

Região ventroglútea e dorsoglútea → Inserir agulha num ângulo de 90º , adaptar a seringa e aspirar

➔ Na presença de sangue mudar plano da agulha direcionando-a para o quadrante superior externo ou removê-la
➔ Administração de dois medicamentos por via IM com incompatibilidade físicoquímica administrar o 1º
medicamento e seguidamente exteriorizar ligeiramente a agulha e mudar de plano, direcionando-a para o
quadrante superior externo, adaptando a segunda seringa e administrar o 2º medicamento

Músculo vasto lateral e deltóide → realizar prega muscular e inserir agulha + seringa num ângulo de 90º e aspirar

Técnica do fecho de ar (ou de bolha de ar)→ Após aspirar o medicamento, aspirar para a seringa 0,2 a 0,3ml de
ar que é injetado no final evita o extravasamento do medicamento no tecido SC ao retirar a agulha, prevenindo a
irritação dos tecidos e dor

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Musculo Vasto Lateral

• Músculo espesso e bem desenvolvido


• Não apresenta grandes terminações nervosas, nem vasos sanguíneos de grande calibre
• Área preferencial para autoadministração em adultos
• Indicada para crianças até à idade da marcha

Posicionar pessoa  Decúbito dorsal com flexão membro inferior OU Sentada com joelho fletido

Realizar prega muscular  na área compreendida entre um palmo acima do joelho e um palmo abaixo do grande
trocânter (terço médio)

Volume a administrar  0,1-5ml (adulto) e 0,1-1ml (criança)

REFERÊNCIAS ANATOMICAS

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Região Ventroglútea
• Área profunda, distante de grandes nervos e de vasos sanguíneos de elevado calibre
• Menor possibilidade de contaminação em utentes incontinentes
• Mais segura, usada em crianças depois da idade da marcha
• Volume a administrar 0,1-5ml (adulto)
• Posicionar pessoa em decúbito lateral
• Colocar a palma da mão sobre o grande trocânter, o polegar na direção da virilha, o indicador sobre a
espinha ilíaca ântero-superior, o dedo médio para trás ao longo da crista ilíaca na direção da nádega
• O dedo indicador, o dedo médio e a crista ilíaca, formam um triângulo em forma de V e o local de
administração é o centro do triângulo.

Região Dorsoglútea
• Só deve ser usada em crianças após a idade da marcha
• Maior risco de atingir estruturas subjacentes: nervo ciático; grande trocânter e grandes vasos sanguíneos.
• Volume a administrar→0.1-5ml(adulto)
• Posicionar pessoa em decúbito ventral
• A área situa-se dois dedos transversos abaixo da crista ilíaca e acima de uma linha diagonal imaginária, desde
a espinha ilíaca póstero-superior e o grande trocânter
• O local de administração é o canto superior externo desta área

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MUSCULO DELTOIDE
• Acesso fácil  mas músculo pouco desenvolvido
• Volume a administrar  0,1-2ml (adulto)
• Nunca utilizar em lactentes  Risco de lesão dos nervos radial e cubital e da artéria braquial
• Posicionar pessoa em decúbito lateral ou sentada com membro em ângulo de cerca de 90°
• Realizar prega muscular no sentido ascendente, de modo a localizar e fixar o músculo
• O local da administração é um pequeno triângulo virado para baixo, que se estende 2,5 a 5cm abaixo do
acrómio e da porção inferior da clavícula

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Via Intravenosa /Endovenosa (IV/EV)
Via intravenosa → Administração de soluções, medicamentos, sangue e/ou componentes sanguíneos diretamente na
corrente sanguínea (volumes 20ml), numa veia periférica ou numa veia central, através de seringa e agulha, através
de cateter (CVP OU CVC) ou através de sistema de perfusão. Tem:

• Efeito imediato, biodisponibilidade máxima do medicamento


• Medicamentos e soluções devem ser:
o Isotónicos (250-375 mOsm/L)
o Apirogénicos
o pH neutro (6,0 a 7,5)
• Em situações clínicas específicas → Solução hipotónica e hipertónica

OBJETIVOS DA TERAPIA IV:

• Restabelecer o equilíbrio hidro-eletrolítico e/ou ácido-base → água, eletrólitos, bicarbonato entre outros
• Administrar nutrição parentérica total (NPT) e suplementos nutricionais (vitaminas, proteínas, lípidos…)
• Transfundir sangue e hemocomponentes
• Administrar soluções que possibilitem a realização de exames de diagnóstico
• Via de acesso para administrar medicamentos por via IV:
o Situação urgente → resposta rápida ao medicamento, que depois poderá ser mantido através de
perfusão
o Procedimentos de reanimação cardiopulmonar rápida concentração do medicamento na corrente
sanguínea
o Impossibilidade/contraindicação de outras vias de administração

Via de administração de ↑ risco → pouco tempo para corrigir erros de medicação (biodisponibilidade muito rápida),
irritação direta da parede dos vasos …

RISCOS

• Instalação rápida de efeitos indesejáveis →reação anafilática, alteração cardiovascular grave …


• Sobrecarga de líquidos
• Embolia gasosa
• Lesão de vasos, nervos, tecidos moles…
• Infeção local e sistémica

MODOS DE ADMINISTRAÇÃO
1- INJEÇÃO IV: administração de medicamento diretamente na corrente sanguínea, em pequena
quantidade e/ou pouco diluído ( 20ml)

Indicações

• Situações de risco vital para o doente


• Administração de fármacos que requerem pouca diluição
• Necessidade de efeito terapêutico rápido
• Situações de restrição hídrica

2- PERFUSÃO IV (Fleboclise, Venoclise): administração intravenosa de soluções através de cateter


e sistema de perfusão (com/sem medicamentos adicionados ou diluídos)

Débito de perfusão → ml/h, gts/min, gts/min)

A prescrição de solução IV, deve conter:

• Designação específica da solução

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• Volume → ml/dia ou por administração
• Medicamento(s) adicionado(s) ou diluído(s)
• Frequência de administração → nº de horas; ml/h; gts/min
• Tempo de administração

EX: Soro fisiológico 1000 ml com 20mEq KCL, de 12/12 horas, durante 3 dias

Segurança → monitorização do debito de perfusão → a rapidez de perfusão pode desencadear nomeadamente


sobrecarga circulatória e edema agudo do pulmão.

CATETER VENOSO PERIFÉRICO(CVP)- Administração de medicamento por via IV


Cateter Venoso Periférico (CVP) → Dispositivo que permite acesso venoso periférico para administrar medicamentos,
soluções, sangue e componentes sanguíneos

Indicações:

• Medicamentos por via IV várias vezes/dia


• Jejum > 6 horas
• Jejum em pessoa com Diabetes Mellitus
• Vómitos incoercíveis
• Diarreia persistente
• Colheita de sangue  apenas no momento de inserção do cateter; NÃO COLHER SANGUE DE CATETER
ONDE : se administrou medicamentos ou ocorreu perfusão de uma solução, por que altera os resultados;
implica a interrupção prévia da perfusão, o que pode provocar alteração hemodinâmica.

Seleção Membro

• Membros superiores (preferencialmente)


• Membro superior não dominante (preferencialmente)→ maior autonomia para o auto cuidado e maior
durabilidade  se contraindicação inserir CVP mão/antebraço oposto.
• Excluir membro homolateral a esvaziamento ganglionar axilar, possibilidade/presença de FAV, presença
de paralisia ou parésia, edema…

Seleção veia/local de inserção:

• Deve iniciar-se pelas veias mais distais progredindo, se necessário, para as proximais do MS (dorso da
mão, antebraço, braço)
• Evitar fossa antecubital → só puncionar em situação de emergência e inserir CVP noutro local logo que
possível
• Selecionar veia de melhor acesso, máxima estabilidade, menor risco (de infeção, trombose…), menor
interferência nas AVD, menor desconforto para a pessoa
• Local com pele integra, sem sinais de infeção, inflamação, flebite , equimose/hematoma…

Principais complicações

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decorrentes da inserção/administração de medicamentos através de CVP:

• Hematoma
• Infiltração/extravasamento
• Flebite
• Obstrução do cateter
• Infeção
• Embolia gasosa
• Migração do cateter

FLEBITE: processo inflamatório da parede endotelial da veia. É a complicação mais frequente r/c presença de CVP
(10-30%). Pode ser acompanhada de formação de trombos → Tromboflebite

Tríade Virchow  Estase venosa, hipercoagulabilidade, lesão da parede da veia (a presença de 2 ou 3 destes
fatores predispõe ao aparecimento do trombo)

Classificação:

• Química → R/C características do medicamento; osmolaridade da solução; velocidade da administração;


duração do tratamento IV... → lesão indireta
• Mecânica/traumática →R/C material do cateter (silicone e poliuretano < risco); comprimento e calibre;
local e técnica de inserção; tempo de permanência… → lesão direta
• Infeciosa/sética → R/C técnica de punção; tempo de permanência cateter; tipo de penso; manipulação
do material de perfusão e conexões; …

Flebite /Intervenções de Enfermagem

• Remover cateter
• Monitorizar/vigiar flebite através de escala (conforme escala em uso na instituição)
• Repouso do membro/segmento
• Elevar membro → ↓ a congestão venosa e edema
• Medidas para alívio da dor → frio, …
• Administração de anti-inflamatórios e antibióticos se prescritos
• Aplicação de medicamento venotrópico e outros conforme prescrição

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Seleção do CVP (comprimento e nº de calibre) → estado e calibre das veias, tipo de solução e débito de perfusão

Inserção e manutenção

• Antissepsia
o da pele com álcool a 70% ou conforme orientação da CCI
o não voltar a palpar a veia após antissepsia
• Manter sistema fechado com válvula de acesso
o para administração de fluidoterapia ou medicamentos em bólus
o desinfeção da válvula, com álcool a 70% (outro desinfetante de acordo com orientação do fabricante
ou da CCI) antes e depois da sua utilização
• Fixação/proteção do CVP
o Utilizar penso estéril transparente Substituir em SOS
▪ previne acumulação de humidade
▪ permite a observação do local
▪ fácil aplicação e remoção
• Utilizar compressa estéril → substituir diariamente ou SOS

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• “Lavar” CVP/ realizar flush 2-3ml de SF
o Se perfusão lenta
o Após cada administração de medicamentos em bólus
o Final de um período de fluidoterapia
o Diariamente, se o cateter não for utilizado
• O sistema fechado com válvula de acesso e realização de flush → mantém a permeabilidade do CVP

Flush” →Aspirar 2-3 ml de soro (velocidade constante até 0.4-0.2 ml), retirar e desadaptar Perfusão com débito
pequeno 1ml/ hora →> probabilidade de obstruir. 2 medicamentos IV à mesma hora → desinfetar + medicação +
soro + medicação + desinfetar

No penso devemos de colocar a data da inserção e rubrica

• Tempo de permanência do CVP → variável


o Fatores intrínsecos (acessos venosos do doente)
o Fatores extrínsecos (fim da terapia IV, técnica de inserção do cateter (flebite mecânica), fixação do
cateter, osmolaridade da solução (solução isotónica (250-375) → solução hipertónica→flebite
quimica)
• Substituir a cada 72 a 96 h ou quando clinicamente indicado* o risco de infeção é grande, vigiar 3-4 vezes
por dia/ 1-2h por turno.
• Avaliação sistemática do local de inserção
o Edema, calor, rubor e dor (no local de inserção do cateter ou no trajeto venoso)
o Obstrução do cateter
o Deslocamento do cateter
o Extravasamento/infiltração da
solução

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Causas da flebite infeciosa: mão do profissional de saúde, colonização da válvula e do CVP, Soluções contaminadas,
forla da pele do doente, contaminação no local de inserção do CVP e Disseminação hematógénica

Complicações relacionadas á administração de medicamentos através do CVP:

• Infiltração→ infiltra o fluido ao tecido subcutâneo


• Extravasamento → infiltra o fluido vesicante, causando lesão
• Flebite química e infeciosa→ inflamação por irritação química ou mecânica

PREPARAÇÃO E ADMINISTRAÇÂO DE MEDICAMENTOS POR PERFUSÃO-tp

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Prolongador → prolonga a tubuladura (sempre adaptado ao cateter para evitar a manipulação do cateter e prevenir
a flebite mecânica). Sistema luer lock (macho-fêmea)

Máquina perfusora → ritmo controlado. É usada, por exemplo, na perfusão da heparina sódica, visto que há maior
risco de hemorragia.

Torneira → rodá-la mediante a intenção.

Regulador de débito → não é 100% fiável, porque, normalmente, debita menos do que o “programado”. Deste
modo, usa-se simultaneamente um relógio e conta-se as gotas.

A ordem correta de adaptação é: sistema de perfusão → regulador → torneira → prolongador (se fosse toneira →
regulador iriamos estar a regular a perfusão e o soro. Assim, regulamos apenas a perfusão.

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65
Cálculo do débito de perfusão:

FATORES DE ALTERAÇÃO NO RITMO DE ADMINISTRAÇÃO/PERFUSÃO:

Pessoa:

• Mudança de posição do membro


• Flexão do membro
• Flebite
• Espasmo venoso
• Manipulação pela pessoa ou visitas

Outros:

• Altura ideal do frasco da solução → 90cm do nível do coração


• Viscosidade da solução IV
• Posicionamento do sistema de perfusão → oclusão parcial ou total→ Dobrado
• Oclusão do arejador/filtro do sistema
• Ausência de bateria da máquina perfusora
• Imobilizador incorretamente colocado

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SOROS
Soro Fisiológico: Água preparação para injetáveis + Cloreto de sódio 0,9% (0,9gr/100ml)

Soro Glicosado 5%: Água preparação para injetáveis + Glicose 5% (5gr/100ml)

Soro glicosado 5% em SF: Água preparação para injetáveis + Cloreto de sódio 0,9% + Glicose 5%

Soro Polielectrolítico: Água preparação para injetáveis + Cloreto de sódio + Cloreto de potássio + Cloreto de
magnésio hexa-hidratado; + Cloreto de cálcio di-hidratado; + Acetato de sódio tri-hidratado;

Soro polieletrolitico G: Água preparação para injetáveis + Cloreto de sódio + Cloreto de potássio + Cloreto de
magnésio hexa-hidratado; + Cloreto de cálcio di-hidratado; + Acetato de sódio tri-hidratado;+ Glicose

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CATETER VENOSO CENTRAR(CVC)- TP
É inserido preferencialmente no lado direito da pessoa.

Um cateter central de inserção periférica (à esquerda) é inserido na veia basílica direita, através das veias axilar e
subclávia e na veia cava superior. O cateter de linha média (à direita) também é inserido na veia basílica direita.

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INDICAÇÕES

• Acesso venoso periférico difícil (trombose periférica, obesidade…) ou colapso venoso periférico (choque)
• Acesso venoso de longa duração para:
o Administração de grande volume de soros, hemoderivados e/ou medicamentos que requerem um
acesso venoso duradouro
o Administração de soluções de alta osmolaridade (> 800 mOsm/l)
o Administração de medicamentos tóxicos ou irritante para sistema venoso periférico (ex:
Cardiotónicos, Catecolaminas, Quimioterapia…)
• Monitorização Pressão Venosa Central (PVC)
• Nutrição/alimentação parentérica total (NPT/APT)
• Hemodiálise

CONTRA INDICAÇÕES:

• Alteração da integridade cutânea  Solução de continuidade da pele entre outras


• Alteração da coagulação
• Obstrução ao retorno venoso

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70
COMPLICAÇÕES
• Imediatas:

Mecânicas (perfuração de artéria, hematoma, hemorragia, hemotórax, pneumotórax, tamponamento


cardíaco, perfuração do ducto torácico): Dispneia, dor torácica, taquipneia,  PVC, coma, paragem cardíaca, …

Devemos vigiar a pessoa nas 1as 24h e verificar o posicionamento do cateter, através de RX tórax→ antes de
iniciar a administração de medicamentos através de CVC.

• TARDIAS
o Infeciosas
▪ No local de inserção do CVC→ Relacionada com: técnica de introdução e assepsia no ato
cirúrgico, existência ou não de tunelização subcutânea, penso no local de inserção/execução de
tratamento local
▪ Intraluminal→ Relacionada com: substâncias administradas óptimos meios de cultura
(ex.derivados de sangue), tipo de material do CVC (teflon, polietileno, silicone e poliuretano)
▪ Septicemia→Relacionada com erros de assepsia
o Tromboembólicas
▪ Trombose/tromboflebite  febre, dor, edema e tumefação. Relacionada nomeadamente com:
deposição de fibrina periluminal; erosão da parede vascular por contacto com o cateter; tipo de
cateter; irregularidade no débito de perfusão; estase venosa.
▪ Embolia gasosa  dispneia súbita, coma, morte. É a complicação que mais frequentemente e
que provoca a morte da pessoa. Pode ocorrer durante a colocação do CVC, a sua utilização e/ou
remoção do mesmo. Para evitar devemos:
o Fechar clampe antes de desadaptação
o Manter cateter fechado com dispositivos de segurança
o Ausência de ar na seringa e sistema(s) de perfusão
o Na inserção e exteriorização do CVC → posicionar em trendelenburg e incentivar
manobra de Valsalva

Remoção do CVC PI→ final do tratamento e presença de complicações

O procedimento deve ser realizado com técnica assética:

▪ Posicionar a pessoa → trendelenburg, com a face virada para o lado oposto porque aumenta a pressão
venosa central prevenindo a embolia gasosa
▪ Remover penso da zona de inserção do cateter (se exsudado colher para estudo microbiológico)
▪ Remover pontos de fixação do cateter
▪ Solicitar à pessoa para inspirar profundamente e reter o ar durante alguns segundos→ aumenta a pressão
intratorácica evitando a embolia gasosa
▪ Exteriorizar o cateter com cuidado: ritmo constante, puxando lenta e firmemente → evita fratura do cateter
▪ Verificar se o cateter está integro (se presença de febre cortar 4 a 5 cm da extremidade distal do cateter e
enviar para estudo microbiológico)
▪ Executar antissepsia do local
▪ Colocar penso esterilizado

PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES r/c presença de CVC

▪ Obstrução do CVC
▪ Exteriorização (parcial/total)
▪ Infeção (local de inserção/intraluminal/septicemia)

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Obstrução do CVC R/C

➔ Deposição de cristais, coágulo, perfusão com débito irregular, refluxo de sangue após terminar perfusão,
desequilíbrio de pressões (tosse, mudança posição da pessoa,…)

Na presença de obstrução confirmada pela não aspiração do conteúdo da(s) via(s) do cateter

▪ Nunca injetar

▪ Desobstruir aspirar coágulo, administrar substância trombolítica conforme protocolo…

Prevenir obstrução de CVC

• Manter perfusão com débito constante - máquina perfusora


• Substituir de imediato frasco ao terminar a perfusão
• Evitar desequilíbrios de pressão
• Utilizar sistema fechado com válvula de acesso
• Lavar cateter com soro fisiológico (SF):
o Após administração de medicamento, perfusão ou colheita de sangue; de 8-8h ou 12-12h, se
perfusão contínua de NPT/solução lipídica
• Se via do CVC não está a ser utilizada injetar
o Soro fisiológico ou heparina (SF+heparina ou Fibrilin ) de acordo com protocolo da instituição

Exteriorização parcial do CPI r/c deficiente fixação do cateter ou outros

• confirmar posicionamento do CVC → aspirar com seringa→ Na ausência de refluxo de sangue →


interromper perfusão e alertar médico
• fixar o cateter com segurança
• vigiar pessoa

Exteriorização total do CPI

• de imediato, fazer compressão local previne embolia gasosa, hematoma, hemorragia


• colocar penso compressivo
• monitorizar respiração, TA e FC

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Infeção

• Febre de causa inexplicável com vários dias de evolução;


• Presença do mesmo tipo de microrganismo no local de inserção do cateter e em hemocultura(s), associada a
reação inflamatória dos tecidos envolventes;
• Hemocultura por veia periférica e por CVC → positivas sem outro foco de bacteriemia.

CATETER EPIDURAL- Intervenções de Enfermagem- TP


• Dispositivo introduzido no espaço epidural e que permite a administração de fármacos anestésicos locais (ex
bupivacaína ropivacaína) ou analgésicos opioides (ex morfina, fentanil) através de injeção, de infusão
intermitente, infusão contínua ou de infusão contínua controlada pelo doente
• Dispositivo de material biocompatível, radiopaco, resistente, flexível ajustando se às particularidades
anatômicas da coluna vertebral
• Possuiu uma ponta romba e fundo cego, para prevenir a perfuração da dura máter ou de vasos sanguíneos,
mas m ultiorificial o que facilita a dispersão dos medicamentos
• O seu comprimento varia entre 90-100 cm e com um volume interno de 0,4 ml
• Transparente, permitindo a visualização de refluxo de sangue ou líquor
• Possui várias marcas centimétricas que delimitam cada 5 cm de comprimento I (5 cm), II (10 cm), III (15 cm),
IIII (20 cm). Estas marcas facilitam a definição da profundidade de inserção do cateter dentro do espaço
epidural
• Introduzido através de punção com agulha de Tuohy
• Na extremidade distal do cateter é colocado um filtro antibacteriano

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CONSIDERAÇÕES ANATÓMICAS
A coluna é formada pelo conjunto
das diferentes vertebras, formando
um canal, que protegem a medula
espinhal e as suas membranas
(dura máter, aracnoide e pia máter)
as raízes nervosas e vasos
sanguíneos

A medula espinhal é uma estrutura


continua que se estende do forame
magno até aproximadamente ao 1
º e 2 º espaço vertebral lombar (L1-
L2) acima deste nível existe o
risco de lesão da medula.

O espaço epidural (extradural ou peridural) está localizado entre o ligamento


amarelo e a dura máter. É um espaço virtual formado por tecido adiposo e veias
epidurais. Estende se desde a base do crânio até à membrana sacrococcígea,
posteriormente limitado pelo ligamento amarelo, pelas superfícies anteriores das
lâminas e pelos processos articulares.

O espaço subaracnoídeo (raquidiano ou intratecal) delimita se externamente pela


dura máter e aracnoide e internamente pela pia-máter. Contém a medula banhada
pelo LCR.

As estruturas anatómicas puncionadas aquando da inserção


da agulha são:

o 1. pele
o 2. tecido subcutâneo
o 3. ligamento supra espinhoso
o 4. ligamento interespinhoso
o 5. ligamento amarelo

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A inserção de cateter epidural pode ser realizada em qualquer ponto da coluna . O local preferencialmente escolhido
é o espaço intervertebral, L2-L3 ou L3-L4. Acima de L1 existe a possibilidade de lesar a medula.

A - Punção cervical e torácica alta → processo espinhoso da sétima vértebra cervical (C7)

B - Punção médio-torácica → linha que une os ângulos inferiores da escápula (T7)

C - Punção lombar → cristas ilíacas (L4)

O cateter epidural permite a administração de medicamentos, nomeadamente:

• Anestésicos Locais (ex. bupivacaína, ropivacaína)


o Inibem a geração e a condução de potenciais de ação nociceptivos (perceção da dor), bloqueando os
canais de sódio, resultando em bloqueios sensoriais e motores reversíveis.
o No espaço epidural poderão provocar anestesia ou analgesia em função da sua concentração e
volume.
o A sua administração acidental nos vasos sanguíneos provoca fotofobia, tonturas, zumbidos,
tremores, convulsões, depressão SNC depressão respiratória e hipotensão grave.
o Em baixas concentrações promovem analgesia sensitiva com o mínimo bloqueio motor.
o Em doses elevadas produzem bloqueio motor e ou simpático das vias sensoriais provocando
hipotensão e retenção urinária. A pessoa refere parestesias ou diminuição da força muscular em um
ou ambos os membros inferiores.

É necessário:

• Monitorizar TA
• Vigiar retenção urinária
• Vigiar sensibilidade dos MMII
• Vigiar motricidade dos MMII (ex. através da escala modificada de Bromage
o 0 - Sem bloqueio motor
o 1 - Pode flexionar o joelho e mover o pé, mas não levanta a perna
o 2 - Pode mover apenas o pé
o 3 - Não pode mover o pé ou o joelho

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• Analgésicos Opioides (ex. morfina, fentanil)
o Ligam se aos recetores opioides presentes nos cornos posteriores da medula, inibindo a libertação
de neurotransmissores

Reações adversas:

• Prurido principalmente no rosto, tórax e abdómen


• Sedação
• Depressão respiratória, precedida de sedação
• Náuseas e vômitos (estimulação dos quimiorrecetores da zona de gatilho do vômito)
• Retenção urinária
• Íleo paralítico

→ Morfina: Hidrossolúvel, penetra com dificuldade nas membranas e nos tecidos espinhais, difunde se muito
lentamente, com um início de ação retardada, mas com ação analgésica prolongada.

→ Fentanil: Lipossolúvel, penetra facilmente nas membranas e nos tecidos espinhais, início de ação rápido, mas
com curta ação analgésica.

Administração de medicamentos por via epidural:

• Injeção (bólus)
• Infusão → através de DIB (Drug Infusion Ballon)
o Bomba de infusão portátil, de uso único
o Proporciona um débito estável pela pressão elastomérica constante
o A confirmação da infusão é possível pela visualização da escala

• Infusão → através de bomba de infusão para PCEA (Patient Controlled Epidural


Analgesia) ≠ PCA (Patient Controlled Analgesia)
o Utilizada frequentemente para alívio da dor no pós-operatório
o A programação é realizada pelo médico
o A bomba/máquina é programada para permitir um determinado débito
(ml/h) Sistema que permite ao doente auto administrar analgésicos
segundo o seu nível de dor
o Na presença de dor o doente comprime um botão para permitir um bólus
de analgésico que só é possível dentro intervalo de segurança

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CONTRAINDICAÇÕES PARA INSERÇÃO DE CATETER EPIDURAL

• Alergia aos anestésicos locais


• Recusa do doente (o doente tem que dar consentimento informado escrito)
• Doente não colaborante
• Alteração da integridade cutânea solução de continuidade da pele, infeção no local da zona de inserção)
• Infeção sistémica
• Alteração da coagulação/medicação anticoagulante
• Hipovolémia severa
• Hipertensão intracraniana
• Deformações da coluna vertebral e antecedentes de patologia medular ou neuropatia
• Bloqueios auriculoventriculares

COMPLICAÇÕES RESULTANTES DA INTRODUÇÃO DO CATETER

• Perfuração inadvertida da dura máter (perda de LCR, cefaleias intensas com início ao 2 º dia e prolongando
se até ao 7 º dia)
• Lesão direta da medula espinal (quando a inserção é acima de L1 com:
• Parésia dos MI → Tipo de paralisia total ou parcial. Perda completa ou incompleta de mover partes do corpo.
• Paralisia ou plegia → Perda da função muscular ou perda da sensação ou por ambas, perda da capacidade de
mover partes do corpo, acompanhada de perda de controlo intestinal, vesical ou dificuldade respiratória.
• Abcesso epidural (febre, dores dorso lombares, acompanhada de parésia e seguida de paralisia dos MI e
alteração do controlo dos esfíncteres)
• Hematoma epidural (dores dorso lombares, acompanhada de parésia e seguida de paralisia dos MI e
alteração do controlo dos esfíncteres)
• Meningite (rigidez da nuca, fotofobia e vómitos)

COMPLICAÇÕES RELACIONADAS COM A PRESENÇA DO CATETER

• O cateter pode se fragmentar ou dar um nó


• Migração do cateter para espaço subaracnoide (causando aumento/sobredose dos AL e AO sedação,
diminuição/perda da sensibilidade ou motricidade, hipotensão, depressão respiratória e midríase)
• Migração do cateter para vaso sanguíneo (presença de toxicidade ao AL, dor por analgesia inadequada,
refluxo de sangue no lúmen do cateter durante aspiração com seringa)
• Infeção no local da punção (normalmente provocada pelo estafilococcus epidermitis)

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INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

• Vigiar local de inserção do cateter epidural (sinais inflamatórios, sangue, LCR)


• Manter penso transparente no local de inserção
• Vigiar motricidade dos membros inferiores
• Vigiar sensibilidade dos membros inferiores
• Monitorizar de sinais vitais (TA, R e Sat O2)
• Monitorizar consciência/ Monitorizar nível de sedação
• Escala de sedação de Ramsey modificada
o 0 - Acordado
o 1 - Sonolência intermitente
o 2 - Sonolento, facilmente despertável
o 3 - Sonolento e muito dificilmente despertável
• Vigiar/monitorizar dor no local de inserção do cateter epidural
• Trocar filtro antibacteriano de 48/48h (técnica assética) ou semanalmente de acordo com indicação da CCI
ou do fabricante

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