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Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 1

Hemograma

• Avalia os elementos celulares do sangue


o Quantitativamente
o Qualitativamente

• É dividido em
o Eritrograma
o Leucograma
o Plaquetograma

• Eritrograma
o É a parte do hemograma que avalia a massa de eritrócitos circulantes (também chamados de hemácias,
glóbulos vermelhos)
o Avaliação quantitativa:
▪ Contagem dos eritrócitos
▪ Dosagem da hemoglobina
▪ Hematócrito
▪ Índices hematimétricos:
• VCM (volume Corpuscular médio),
• HCM (Hemoglobina corpuscular média)
• CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média)
▪ RDW (amplitude da dispersão – anisocitose, ou seja, quão diferente as células são em tamanho)
o Avaliação qualitativa
▪ Tamanho
▪ Distribuição
▪ Coloração
▪ Forma
▪ Inclusões
▪ Maturidade

o Contagem dos eritrócitos


▪ Antigamente eram usadas as câmaras de Neubauer (pouco acurada)
▪ Atualmente são utilizados contadores eletrônicos
• Princípio de Coulter (contagem de pulsos de impedância) mais exata e confiável.
• Coeficiente de variação <2%
• Causas de erro: crioaglutinação, rouleaux

▪ Valores normais:
• Mulheres: 4,2 – 5,2 (4,7 +- 0,5)
• Homens: 4,7 – 5,9 (5,3 +- 0,6)
• >70anos: 3,9 – 5,3 (4,6 +- 0,7)
▪ Valores anormais:
• Diminuição: eritrocitopenia
o Quando acompanhado de diminuição da Hb: anemia
• Aumento: eritrocitose
o Quando acompanhado do aumento do Ht e Hb-: poliglobulia
o No caso de Microcitose pode haver eritrocitose sem poliglobulia, e até com anemia
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o Dosagem da Hemoglobina
▪ Hemoglobina é a proteína existente no interior dos eritrócitos, cuja função é o transporte de oxigenio
▪ Feita por espectofotometria após conversão da hemoglobina em cianometemoglobina
▪ Exatidão com coeficiente de variação de aproximadamente 2%
▪ Causas de erro: lipemia, alta contagem de leucócitos, sujeita na
parede de leitura

▪ Valores normais:
• Mulheres: 11,6 – 15,6 (13,6 +- 2,0)
• Homens: 12,8 – 17,8 (15,3 +- 2,5)

o Hematócrito
▪ É o volume de massa eritróide de uma amostra de sangue, expressa em porcentagem
do volume desta
▪ Contadores eletrônicos – cálculo derivado através da multiplicação do VCM x E
expresso em %
▪ Correlaciona-se melhor com a viscosidade sanguínea que os eritrócitos

▪ Valores normais:
• Mulheres: 36 – 48 (42 +- 6) %
• Homens: 40 – 54 (47 +- 7) %

o Relação entre E (eritrócitos), Hb (hemoglobina), Ht(hematócrito) e Volemia

▪ Aumento da volemia:
• hemodiluição → falsa anemia → gestantes, ICC, IRC, infusão excessiva de líquidos

▪ Diminuição da volemia:
• Hemoconcentração → falsa poliglobulia → uso de diuréticos, queimaduras, sudorese excessiva,
diarreia

▪ Diminuição harmônica de plasma e componente eritróide:


• Inalteração → hemorragias recentes
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o Índices Hematimétricos:
▪ VCM – volume corpuscular médio
• Determina o volume médio de cada eritrócito, calculado pela soma dos volumes das hemácias
dividido pelo número de eritrócitos
• Valores normais: 80 – 98 (89 +- 9)

• É através do VCM que se classifica as anemias como:


o Macrocítica
o Normocítica
o Microcítica

▪ HCM – hemoglobina corpuscular média


• Determina o conteúdo médio de hemoglobina por cada eritrócito
• HCM= Hbx10 / E (pg/dl)
• Valores normais: 24 -33

▪ CHCM – concentração de hemoglobina corpuscular média


• Determina a porcentagem de hemoglobina em 100ml de hamáceas
• Muito parecido com o HCM
• CHCM= Hb/Ht x 100
• Valores normais: 31 -36%

• HCM e CHCM classificam as anemias quanto a concentração de hemoglobina (que


corresponde a coloração da célula)
o Hipercrômicas
o Normocrômicas
o Hipocrômicas

o RDW (red blood cell distribuition width)


▪ É a expressão numérica da anisocitose (presença de diferentes tamanhos de hemácias)
▪ Inversamente proporcional a homogeneidade da população eritróide
▪ Valores normais: 11 – 14,5

o Reticulócitos
▪ É a hemácia jovem após a perda do núcleo
▪ Em uma anemia, o indivíduo saudável terá os reticulócitos aumentados, pois estará fabricando mais
eritrócitos
▪ Estarão baixos quando não se tem medula para “fabricar” sangue novo ou hipovitaminose
▪ Célula rica em RNA ribossômico
▪ RNA atribui aos eritrócitos coloração acinzentada ou arroxeada configurando policromatocitose
▪ Coloração com novo azul de metileno ou azul brilhante de cresil – precipitação do RNA que se
encadeiam em forma de retículo: reticulócitos
▪ Valores normais: 0,5 – 1,0%
25000 – 50000/ul
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o Histograma
▪ É um gráfico com uma curva demonstrando aonde se situam a média da maior parte das cél.
▪ Normal:

▪ Anemia Microcítica: a curva se descola para esquerda

▪ Anemia Macrocítica: a curva se desloca para direita

▪ Dupla população hemática:


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o Tamanho eritrocitário
▪ Avaliar:
• Macrocitose
• Normocitose
• Microcitose
▪ Avaliar também a homogeneidade do tamanho: anisocitose (quando não há homogeneidade no
tamanho eritrocitário) expressa pelo RDW

▪ Causas de Macrocitose:
• Alcoolismo (retarda a divisão celular)
• Uso de fármacos como: AZT, anticonvulsivantes (carbamazepina, ác. Valpróico, Fenitoína),
quimioterápicos (fludarabina, cladribina, ciclofosfamida, melfalam, clorambucil, Azatioprina,
hidroxiuréia, metotraxate)
• Hepatopatias
• Espenectomia
• Hiper regeneração eritróide
• Anemias megaloblásticas (def. vit B12 e/ou B9 (ác. Fólico))
• Anemia aplástica
• SMD (síndrome mielodisplásica)

▪ Causas de Microcitose
• Deficiência de síntese de Hb como:
o Anemia ferropênica (principal)
o Talassemia
o Policitemia vera (tumor produtor de cél. vermelhas, consequentemente menor absorção de Fe
pelo organismo pelo número elevado de hemácias. É antagônico, mas neste caso é dado
sulfato ferroso para o paciente)
o Hemoglobinopatias (hemólise excessiva e perda de ferro)

▪ Anemias associadas a Normocitose


• Anemia de doença crônica
• Deficiência combinada de Vit. B12 e/ou ac. Fólico + Ferro (acontece normalmente em pacientes que
fizeram gastrectomia)
• IRC
• SMD

o Distribuição eritrocitária
▪ Avaliar se há distribuição eritrocitária homogênea ou se já aglutinações como crioaglutinação e rouleaux.
Podem significar distúrbios de coagulação

Normal Rouleaux Aglutinação


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o Coloração dos eritrócitos


▪ Inferir o conteúdo hemoglobínico através da coloração eritróide
• Hipocromia
• Normocromia
• Hipercromia

o Forma eritrocitária
▪ Hemácia normal: célula anucleada, rosada, com palidez central ocupando cerca de 1/3 da célula com
dimensões de 7 -7,5u

▪ Formas anormais de hemácias: chamados pecilócitos/poiquilócitos


• Poiquilocitose ou Pecilocitose: presença de formas anormais de hemácias, comum em anemias
ferropênicas severas, anemia megalobástica, mielofibrose

▪ Principais pecilócitos:
• Esferócitos:
o são eritrócitos de biconcavidade e diâmetro reduzidos, geralmente apresentam-se
hipercorados, forma esferocítica devido a diminuição da superfície de membrana
o Podem ser encontradas na esferocitose hereditária, anemias hemolíticas
• Ovalócitos ou eliptócitos:
o São eritrócitos com forma oval ou elíptica decorrente de defeitos genéticos que afetam as
membranas do citoesqueleto.
o Visto aneliptocitose hereditária e pequeno número de Ovalócitos (<10%) também pode ser
visto nas anemias microcíticas e megaloblásticas e nas síndromes mieloproliferativas.
• Estomatócitos:
o Eritrócitos com a membrana retraída em cúpula. Na lamina é visto a área pálida central em
forma de fenda.
o Pode ocorrer no RN, estomatositose hereditária, doenças hepáticas, uso de asparaginase
• Drepanócitos
o Caracteriza-se pela presença de hemácias em foice ou forma de banana .
o Decorrente da presença da hemoglobina S, presente em indivíduos portadores do gene da
anemia falciforme
• Equinócitos
o São eritrócitos que apresentam espículas regularmente distribuídas em sua superfície, também
conhecidos por hemáceas crenadas.
o Podem ser considerados artefatos quando aparecem após conservação do sangue in vitro,
aquecimento da lâmina.
o Também podem surgir em patologias como uremia, no hipotireoidismo e no uso de heparina
intravenosa
• Acantócitos
o são eritrócitos com menor número de espículas e dimensões irregulares. São comuns em
hepatopatias, pós esplenectomia
• Leptócitos ou Target cells
o são eritrócitos delgados com excesso de membrana. Ao distender-se na lâmina coram-se mais
no centro e na periferia, por este motivo são chamadas target cells (hemáceas em alvo).
o O excesso de membrana pode ocorrer nas hemoglobinopatias C e S , na ß-talassemia , asplenia
e alterações da composição lipídica do plasma que estão em contínua troca com as moléculas
de colesterol e lecitina da membrana, como nas icterícias obstrutivas e no tratamento com L-
asparaginase
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• Dacriócitos:
o são eritrócitos em forma de gota, hemáceas em gota, ou tear drop cells . Quando numerosos
são bem característicos de mielofibrose, quando vistos em pequeno número podem estar
presentes em diversas anemias.
• Hemácias fragmentadas (helmet cells, bite cells)
o as hemácias fragmentadas se originam por vários mecanismos : trauma por colisão em zonas
de fluxo turbulento, trauma ao passar por depósitos intravasculares de fibrina ou agregados
plaquetários , trauma mecânico ( próteses valvares) , agressão térmica (queimaduras) ,
agressão química por fármacos oxidativos
o O trauma gera invaginação na membrana e após vacúolo cujo rompimento deixa o eritrócito
com duas projeções simétricas queratiformes que lhe dão aspecto de capacete (helmet cells ou
queratócitos)
o Quando a fragmentação é mais intensa como em microangipatias hemolíticas , geram pedaços
de eritrócitos em meia-lua, triângulo , ou outras formas denominados esquizócitos
o Na agressão por fármacos oxidativos ou remoção de corpos de Heinz deixa os eritrócitos
mordidos (degmócitos ou bite cells)

o Inclusões eritrocitária
▪ Algumas são vistas com a coloração de rotina , outras somente com colorações especiais.
▪ Corpos de Howell-Jolly
• São restos nucleares remanescentes, vistos quando há hipofunção esplênica, pela falta de função
filtrante do baço.
• Vistos também em doenças com deseritropoiese (anemias megaloblásticas, mielodisplasias ...)
▪ Pontilhado basófilo
• É um artefato de coloração pela precipitação dos ribossomos, quando muito ricos em RNA.
• Pode ser visto em grandes policromatocitoses, nos micrócitos da ß-talassemia, deficiência genética
de pirimidina 5-nucleotidase, e um pontilhado grosseiro é visto na intoxicação pro chumbo
(saturnismo).
▪ Corpos de Heinz
• São corpúsculos maiores de hemoglobina desnaturada, precipitados por corantes como verde de
metila, azul brilhante de cresil e novo azul de metileno.
• Pode ocorrer nas variantes instáveis da hemoglobina, crises hemolíticas da deficiência de G 6PD.
São removidos pelo baço, de modo que são numerosos em pacientes esplenectomizadas
▪ Siderócitos
• São grânulos de ferro dispersos de modo irregular na periferia do eritrócito , vistos nas síndromes
mielodisplásicas. São vistos na coloração de Perls ( para ferro- com azul da Prússia)
▪ Inclusões parasitárias
• Os eritrócitos podem conter hematozoários da malária ou da babesiose.
▪ Anéis de Cabot
• São restos de membrana nuclear em forma de filamento que permanece na hemácia.
• Apresenta-se corado de vermelho-violeta e em diferentes formas : nó, oito, anel... Seu
aparecimento constitui sinal de regeneração, ocorrendo em algumas anemias graves e pós
intoxicação por chumbo

o Maturidade
▪ Eritroblastos são eritrócitos imaturos, ainda células nucleadas, não existem normalmente no sangue
periférico. Aparecem em hiper-regenerações eritróides extremas, metaplasia mielóide em baço e fígado,
quando a medula está ocupada por fibrose, disseminação tumoral ou necrose.
▪ Policromatocitose é o eritrócito jovem, intensa policromatocitose pode ser encontrada em anemias
hemolíticas, aumento da eritropoies
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• Leucograma
o É a parte do hemograma que avalia os leucócitos circulantes

o Avaliação quantitativa:
▪ Feita em contadores eletrônicos, com coeficiente de variação de:
• 5% para contagens entre: 2000-80000
• >10% para contagens < 2000
▪ Valores normais: 3600 – 11000/ul
▪ Neutropenia racial: 10-20% dos valores dos neutrófilos são
menores na raça negra

o Horário para coleta:


▪ Coleta matinal é a menos indicada, geralmente é de 5-10% inferior a contagem vespertina
▪ Após refeições copiosas também causa diminuição na contagem de leucócitos
▪ Contagem feita ao final da manhã ou entre as 15 e 18hs é a preferida, sem exercício físico prévio ou
trabalho braçal
o Ao contrário da contagem de leucócitos, que é muito variável na população, a proporção entre os tipos de
leucócitos varia pouco de pessoa para pessoa
o Cada pessoa tem uma contagem própria de leucócitos, mas todas tem mais ou menos a mesma fórmula
leucocitária, com amplo predomínio de neutrófilos (1/2 - 2/3), alguns eosinófilos e monócitos, e a terça
parte restante de linfócitos. Basófilos são raros, plasmócitos só ocasionalmente vistos.

o Na infância há um predomínio de linfócitos sobre neutrófilos (7:3) até os 6-7 anos


o Na puberdade há uma equivalência e a partir daí o hemograma do adulto como visto previamente
o Valores de referência:

o Observação: os neutrófilos totais são a soma de:


▪ Bastonetes (0-5%)
▪ Segmentados
▪ Mielócitos e metamielócitos (formas mais jovens mieloides)

o Citopenias e citoses relativas nada significam se não acompanhadas de citopenias ou citoses absolutas
o A única exceção em que o valor percentual tem significado interpretativo é no número de neutrófilos
bastonetes
o Erro ao interpretar a fórmula relativa:
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o Neutrófilos
▪ Precursores de neutrófilos:
• pool mitótico – blastos a mielócitos pré mitóticos- evolução em torno de 8 dias
• pool pós-mitótico (maturativo)- mielócitos pós mitóticos e metamielócitos
• neutrófilos de reserva- bastonados e segmentados – com vida intra-medular de 3-7 dias
• Esta reserva granulocítica medular contém aproximadamente 14 vezes o número de neutrófilos
circulantes. Nela predominam os neutrófilos bastonados sobre os segmentados, na proporção de
3/2.

▪ A distribuição dos neutrófilos na circulação é disposta na corrente circulatória, pool circulante,


▪ outra parte adere ao endotélio dos vasos, pool marginal, sendo que esta última não é contada na
avaliação quantitativa leucocitária

▪ Neutrofilia:
• É o aumento do número absoluto de neutrófilos no sangue (acima de 7000 e 10-20% menos nas
populações negras)
• Descargas adrenérgicas podem causar neutrofilia rápida e fugaz pela mobilização do pool marginal
(não significam patologia)
• A neutrofilia é a expressão hematológica da resposta defensiva do organismo
• Geralmente se mostram como bastonetes e segmentados
• Causas:
o doenças infecciosas
o doenças inflamatórias agudas e crônicas
o IAM – neutrofilia com eosinopenia
o fármacos- lítio, corticóide
o após trauma severo
o pós operatório
o neoplasias

▪ Desvio À esquerda:
• É a quebra da hierarquia na liberação dos neutrófilos da reserva granulocítica medular para o
sangue
• Na prática, o mais visto é o aumento do número de bastões
• É a única eventualidade em que o valor percentual é o parâmetro a ser julgado na interpretação
• Sempre que houver um hemograma com esta alteração, significa uma infecção acontecendo, com
exceção de casos de leucemia

▪ Neutropenia
• É a diminuição do número absoluto de neutrófilos
• Valores inferiores a 1500 são anormais em pacientes brancos , mas em pacientes negros apenas
inferiores a 1200/µl
• Neutropenias entre 500-1000 são ditas moderadas, < 500 são ditas severas
• Causas:
o Uso de fármacos: fenotiazinas, antitireoideos, clozapina, quimioterápicos
o Neoplasias (invasão de M.O.)
o Doenças infecciosas
o Neutropenias crônicas: neutropenia cíclica, neutropenia crônica benigna, sínd. Genéticas (
ChediaK-Higashi..
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▪ Características:
• Mieloblasto → promielócito → mielócito → metabielócito → bastões segmentados

• Mielócito neutrófilos:
o 12-18µ
o Núcleo arredondado ou oval, relação N/C 3:1, 3:2
o Podem apresentar nucléolos visíveis
o Citoplasma rosa-azulado, pequenas granulações cor rosa-avermelhada, aparecem primeiro
junto ao núcleo, espalhando-se depois pelo citoplasma

• Metamielócito neutrófilo
o 10-15µ
o Núcleo tipicamente reniforme
o Relação N/C 2:1 a 1:1
o Nucléolos inexistentes
o Citoplasma rosa-azulado com granulações rosadas e vermelho-azuladas

• Bastonete
o 10-16µ
o Núcleo em forma de bastão ou com chanfradura acentuada
o Relação N/C 1:1 a 1:2
o Citoplasma cor rosa-azulada com numerosos granulos finos de cor vermelho-laranja

• Segmentados
o 10-16µ
o Núcleo com 2-5 lobos unidos entre si por filamentos estreitos
o Relação N/C 1:3 a 1:5
o Citoplasma cor rosa-clara a azulada, numerosos granulos pequenos de distribuição uniforme
de cor-de –rosa a rosa-violeta

• Granulócitos: também conhecidos como Bastonetes e Segmentados devidos aos seus grânulos
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▪ Alterações Qualitativas dos neutrófilos


• A microscopia é indispensável para notar as alterações citoplasmáticas, nucleares e identificação de
células imaturas da linhagem mielóide
• As alterações podem ser, principalmente:
o Reacionais
o Defeitos genéticos notados à microscopia

• Alterações Reacionais:

o Granulações Tóxicas
▪ Quando a granulopoiese é continuadamente exigida, pela extensão e duração de um foco
inflamatório, há encurtamento do estágio intermitótico e diminuição dos prazos de
maturação das células precursoras; sendo assim, os neutrófilos chegam ao sangue
periférico com granulações primárias, própria dos pró-mielócitos. São grânulos grandes,
ricos em enzimas e coram-se em roxo-escuro. Quando tais granulações estão presentes
em neutrófilos são ditas granulações tóxicas.
▪ O tratamento com filgrastima também pode causar o aparecimento de granulações
tóxicas.

o Vacuolização Citoplasmática
▪ Vacúolos citoplasmáticos ocorrem pela exocitose de material fagocitado e do conteúdo de
conglomerados de lisossomos.
▪ São frequentes em infecções. A conservação in vitro com EDTA causa vacuolização

o Hipersegmentação Nuclear
▪ Presença de neutrófilos com 5 ou mais lóbulos são ditos neutrófilos hipersegmentados
▪ É notada em:
• Defeito genético
• IRC
• Neutrofilias de longa duração
• Hematopoese megaloblástica
• SMD e SMP
• Tratamento com HU
• Queimaduras extensas- neutrófilos botrióides (neutrófilos com hipersegmentação
nuclear bizarra, com aspecto em cacho de uva)

o Presença reacional de células mielóides imaturas (reação leucemóide)


▪ Na leucemia há o predomínio dos blastos, que não é o caso aqui
▪ É a presença de células mielóides imaturas com predomínio de mielócitos reacional a
determinadas patologias:
• Neutrofilia da gravidez
• Uso de fármacos: corticoide, filgrastima
• Neoplasias
• Infecções graves
• Obs : a coloração da fosfatase alcalina dos leucócitos é útil no diagnóstico
diferencial
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• Defeitos Genéticos Notados à Microscopia


o Anomalia de Pelger-Huët
▪ É um defeito genético autossômico dominante, sem significado patológico, da
segmentação de neutrófilos, com presença apenas de bastonados e bissegmentados.
▪ Desvio à E constante, que é normal no caso do portador da anomalia. Poderá ser
considerado pelo médico, se não for informado a característica da anomalia
▪ Nas SMD (frequentemente) e SMP (raramente), pode haver um defeito de segmentação
dos neutrófilos que lembra a anomalia genética, os neutrófilos são ditos pelgeróides

o Anomalia de Alder-Reilly
▪ Defeito recessivo raro da granulação de neutrófilos, sem significância patológica. Há uma
granulação roxo-escura nos neutrófilos, semelhante as granulações tóxicas, mas mais
abundante

o Síndrome de Chediak-Higashi
▪ É um grave defeito genético recessivo. Há neutropenia e defeito funcional dos neutrófilos,
pancitopenia progressiva, deficiência imunológica, albinismo óculo-cutâneo, alterações
neurológicas e morte prematura. O hemograma mostra leucócitos com granulações
gigantes, decorrentes da coalescência de lisossomos, coradas em vermelho ou pardo-
escuro
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o Linfócitos
▪ Os linfócitos pequenos, que predominam no sangue, são células de 7-15µ cromatina densa que oculta
os nucléolos, e escasso citoplasma hialino de cor azul-celeste a azul-escuro, geralmente sem grânulos
relação N/C3:1.
▪ Os linfócitos grandes tem mais citoplasma, e o núcleo pode ter pequena chanfradura, que podem
confundir-se com monócitos
▪ Normalmente 70-90% dos linfócitos sanguíneos são T e 5-20% são B
▪ Os linfócitos vivem longamente, circulam no sangue e na linfa e localizam-se por prazo variável nos
órgãos linfóides, onde podem ativar-se e proliferar em resposta a estímulos imunológicos
▪ Os linfócitos ativados têm cromatina frouxa, nucléolos perceptíveis e citoplasma amplo, quando vistos
no sangue periférico são ditos linfócitos atípicos
▪ Da proliferação terminal de linf. B originam-se os plasmócitos, células de núcleo denso e excêntrico e
citoplasma muito basófilo, especializadas na síntese de imunoglobulinas (anti-corpos)
▪ Linfócitos ativados e plasmócitos surgem no sangue em respostas imunológicas, principalmente à viroses

▪ Linfopenia:
• É a diminuição do número de linfócitos abaixo de 1000/µl
• Causas:
o Linfopenia passageira- estresse agudo (uma das causas mais comuns)
o Após radioterapia
o Drogas imunossupressoras(globulina anti-linfocítica, corticóides em alta dose)
o Linfoma de Hodgkin
o LES
o AIDS

▪ Linfocitose:
• É o aumento no número absoluto de linfócitos no sangue
• Causas:
o Esplenectomia
o Hemopatias malignas
o Sífilis
o Mononucleose infecciosa EBV,geralmente acompanhado de monocitose
o CMV
o HIV após incubação , com linfócitos atípicos

▪ Plasmocitose
• É medular, pois os plasmócitos não são circulantes
• Plasmócitos tem cerca de 9-20µ, núcleo roxo-escuro, sem nucléolos, excêntrico, citoplasma azul-
escuro e abundante, apresentando uma área clara junto ao núcleo
• Em pequeno número, são vistos no sangue na maioria das viroses e nas reações imunológicas
• Hepatite A – palsmocitose geralmente 2-6%, não há linfocitose
• Rubéola –plasmocitose de 3-30% + neutropenia e desvio à E
• Mieloma múltiplo-alguns plasmócitos podem ser notados no sangue
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o Eosinófilos
▪ São células da linhagem mielóide podendo ser metamielócitos, bastonetes, segmentados que
apresentam granulação grosseira em núcleo de cor negro-azulada e em citoplasma de cor vermelho-
laranja

▪ Eosinofilia:
• é o aumento do número absoluto de eosinófilos, >500/µl
• Causas:
o Parasitoses
o Doenças alérgicas e da pele
o Radioterapia
o Síndrome hipereosinofílica
o Leucemias
o Eosinofilia discreta pode ocorrer em: colagenoses, serosites, TBC…

▪ Eosinopenia:
• É a diminuição do número de eosinófilos para <50/µl
• Causas:
o todos os casos de estímulo do eixo hipófise/supra-renal ( estresse, doenças infecciosas)
o uso de corticóide

o Basófilos
▪ São células da linhagem mielóide podendo ser metamielócitos, bastonetes, segmentados que
apresentam granulação grosseira de cor negro-azulada em núcleo e granulações violeta-escuro em
citoplasma

▪ Basofilia:
• É constante na LMC, nas etapas tardias pode chegar a >4000
• Nas demais SMP uma percentagem de 2-4% é usual
▪ Basopenia:
• é impossível de interpretar, pois o limite de referência inferior é zero

o Monócitos
▪ Os monócitos circulam brevemente no sangue e exercem suas funções nos tecidos, onde se localizam
como macrófagos fixos
▪ É uma célula com cerca de 14-21µ com núcleo em forma de ferradura ou chanfrado, as vezes com
imagens semelhantes a circunvoluções, relação N/C 1:1, sem nucléolos.
▪ Citoplasma azul-acinzentado, com numerosas granulações azuladas finas lembrando

▪ Monocitose:
• É o aumento dos monócitos acima de 1000/µl
• Monocitoses reacionais entre 1000-2000/ µl, são comuns, a monocitose acompanha a neutrofilia
nos processos inflamatórios
• Dças infecciosas que se acompanham de monocitose: endocardite, TBC, brucelose
• Monocitose vicariante na neutropenia crônica benigna, agranulocitose por fármacos, neutropenia
cíclica
• Regeneração pós aplasia por QT, há monocitose antes da neutrofilia
• LMMC
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o Leucograma das doenças infecciosas


▪ Varia com:
• A localização e a extensão do processo
• A magnitude das manifestações sistêmicas
• O agente etiológico
• O grupo etário
• As condições imunológicas do paciente

▪ Há neutrofilia nas pneumonias, meningites, peritonites, artrites infecciosas, osteomielite, septicemia e


quando há coleções purulentas teciduais, intra-cavitárias ou serosas
▪ Os cocos G+ causam neutrofilia com maior constância, mas processos similares por G- também
costumam fazê-lo

▪ Pode não ocorrer neutrofilia quando as doenças infecciosas acometem recém-nascidos, lactentes
desnutridos, pacientes muito idosos, debilitados, alcoolistas, pacientes sem reserva granulocítica (por
rádio ou quimioterapias prévias) e pacientes imunossuprimidos

▪ Abdome agudo cirúrgico: a neutrofilia e o desvio à esquerda são tão precoces que podem anteceder os
sinais clínicos. Contagens entre 12.000 e 18.000/µl, com 70-90 % de neutrófilos. Geralmente
acompanhado de eosinopenia

▪ Linfocitopenia inicialmente apenas relativa, torna-se real nas horas subseqüentes


▪ Persistindo o processo infeccioso sem resolução, pode haver esgotamento da reserva granulocítica, com
queda súbita da neutrofilia, piora clínica, choque séptico e óbito
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 16

▪ Pneumonias:
• O hemograma varia com a s condições do paciente e com o agente etiológico:
o Pneumococo:
▪ neutrofilia e desvio à esquerda são acentuados e precoces;
▪ leucocitos eacima de 20.000/µ é comum,
▪ eosinopenia não é constante.
▪ Granulações tóxicas são comuns.
▪ A eritrossedimentação acelera-se precocemente
o Estafilococo :
▪ neutrofilia considerável com grande desvio à esquerda e granulações tóxicas
o Haemophilus influenzae :
▪ geralmente neutrofilia e desvio à esquerda , iguais a pneumocócica
o Legionella : desvio à esquerda desproporcional à leucocitose
o Mycoplasma:
▪ neutrofilia moderada, não há linfocitose,
▪ podem ser vistos alguns linfócitos atípicos. A crioagluinação é característica
o Pneumocystis carinii : típica de imunossuprimidos , causa neutrfilia superior a 15.000
leucócitos
▪ Meningites
• Causadas por meningococo, pneumococo, estafilococo, estreptococo e H. influenzae têm
hemogramas semelhantes, com grande neutrofilia desvio à esquerda e eosinopenia
• Nas meningites virais, a neutrofilia é proporcional a gravidade dos sinais clínicos, nos casos de
rápida evolução o hemograma pode ser normal, o que nunca acontece nas meningites bacterianas

▪ Outras infecções
• Endocardites: na subaguda- neutrofilia moderada, com ou sem desvio à esquerda, monocitose
• Artrites sépticas: neutrofilia com desvio à esquerda
• Infecções faríngeas e amigdalianas: linfocitose com linfócitos atípicos na mononucleose e nas
infecções estreptocócicas neutrofilia discreta

▪ Toxiinfecções alimentares
• Diarreias sem leucócitos fecais: coli-enterotóxicos, rotavirus, algumas cepas de yersinia, o
hemograma é inexpressivo
• Diarréia com leucócitos fecais com ou sem sangue: colite por germes invasivos caracteriza-se por
enorme desvio á esquerda, explicado pela considerável perda de neutrófilos. Nas shigueloses, há
neutrofilia, nas infecções por coli-invasivos, Campilobacter, Yersinias- invasivas e Salmonella há
neutropenia ou contagem normal com grande desvio á esquerda que normaliza rapidamente
• Podem ocorrer outras alterações infecciosas já descritas previamente
• Leucograma no 2º dia de disenteria e repetição 48hs após
Kéven Wrague e Laura Almeida, ATM23 17

• Plaquetograma
o É a avaliação qualitativa e quantitativa das plaquetas
o Os contadores contam e medem as plaquetas pelo princípio de Coulter no mesmo canal de eritrócitos,
através do limiar de volume, plaquetas <20 fl e eritrócitos>30 fl
o Satisfatória com coeficiente de variação <10% em contagens entre 40.000 - 500.000
o Insatisfatória nas baixas contagens, coeficiente de variação em torno de 50% entre 10.000 - 20.000 e em
torno de 100% quando abaixo de 10.000
o Causas de erro:
▪ Agregação plaquetária – EDTA, atraso na coleta, conservação in vitro
▪ Satelitismo plaquetário- é mediado por um fator plasmático (IgG ou IgM), as plaquetas aderem in vitro
aos neutrófilos, envolvendo-os como uma coroa
o Os contadores medem as plaquetas e fornecem um resultado médio do volume plaquetário (VPM) valores
em torno de 7-10 fl
o Valores de referência da contagem plaquetária: 130.000- 400.000/µl

o Avaliação qualitativa
▪ As plaquetas são vistas no sangue periférico como pequenos discos ou estruturas ovóides de 1-4µ
▪ Pode haver presença de macroplaquetas >4 µ notadas a microscopia sem alterar o VPM se em pequena
quantidade
▪ Nas SMD e SMP é usual a presença de plaquetas gigantes e dismórficas
▪ Algumas síndromes genéticas são acompanhadas de plaquetas anormalmente pequenas como na
S.Wiscott-Aldrich

o Avaliação quantitativa
▪ TROMBOCITOSE – é o aumento na contagem de plaquetas
▪ TROMBOCITOPENIA- é a diminuição na contagem de plaquetas

o Trombocitose
▪ Reacional:
• Dças inflamatórias, infecciosas ou reumatológicas
• Anemia ferropênica
• Pós operatório
• Pós esplenectomia
▪ Doenças primárias da M.O.:
• SMP- trombocitemia essencial, principalmente

o Trombocitopenia
▪ Causas:
• Infecções virais
• Esplenomegalia
• Anemias hemolíticas microangiopáticas
• Heparina
• PTI aguda/crônica (idiopática ou não)
• Na gestação- pré eclampsia , HELLP, trombocitopenia gestacional

▪ Associadas à síndromes genéticas:


• S.Bernard Soulier- trombocitopenia com plaquetas gigantes (VPM >15)e agregação plaquetária
defeituosa
• S. Wiscott-Aldrich- insufiência imunológica, trombocitopenia com microplaquetas
• TAR- trombocitopenia com ausência de rádio

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