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UNIDADE DIDÁCTICA 3

EXAMES LABORATORIAIS
PARA AVALIAÇÃO DA
ERITROPOESE
Objectivos da UD.
OBJECTIVO GERAL

Fazer exames hematológicos de avaliação da


eritropoiese segundo as normas estabelecidas
e/ou POPs para fins de diagnóstico e
seguimento do tratamento.
No fim desta Unidade o estudante
deve ser capaz de
- Manusear a câmara de contagem manual das
células sanguíneas segundo as normas
estabelecidas.
- Realizar a contagem de glóbulos vermelhos de
acordo com o POPs.
- Determinar o hematócritos segundo os POPs.
- Dosear a hemoglobina segundo as normas
estabelecidas.
- Calcular os índices hematimétricos segundo as
normas estabelecidas.
Cont.
- Determinar a velocidade de sedimentação
eritrocitária segundo as normas estabelecidas.
- Realizar a contagem de reticulócitos e sua
interpretação segundo as normas estabelecidas.
- Realizar os testes hematológicos de avaliação da
eritropoiese aplicando, se possível, métodos
manuais e automatizados.
- Diferenciar um eritrócito normal do anormal
quanto a cor, tamanho, presenças de inclusões.
- Interpretar os resultados de eritrograma de
acordo com os valores de referência
A presente unidade apresenta está
composta por quatro grandes
capítulos a mencionar:
1º capítulo denominado testes hematológicos para
avaliação da eritropoiese, aborda a eritropoiese,
evolução celular, a morfologia do eritrócito, a
função dos eritrócitos, as principais distúrbios
eritrocitários e as anemias e sua classificação.
2º capítulo aborda a temática sobre as técnicas
laboratoriais para avaliação da eritropoiese, com
destaque para a contagem manual de eritrócitos, a
determinação de hematócrito, de hemoglobina
pelo método de lovibond e de hemoglobina pelo
método de cianometahemoglobina
Cont.
3º Faremos menção para o método de
electroforético alcalino.
4º capítulo abordaremos a temática sobre a
velocidade de sedimentação, especificamente os
factores que influenciam a VSE, os factores
intrínsecos e os factores extrínsecos.
5º capítulo descrever o processo de coloração e
contagem de reticulócitos, especificamnte as
características microscópicas dos reticulócitos e a
leitura e investigação de alterações morfológica dos
eritrócitos no esfregaço sanguíneo.
Cap.1

TESTES HEMATOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DA


ERITROPOIESE
Eritropoiese
Eritropoiese:
É um processo que corresponde a geração dos
eritrócitos.
Nos seres humanos este processo ocorre em
diferentes lugares dependendo da idade da
pessoa.
Cont.
Os testes Hematologicos que, entre outros,
incluem hemograma, velocidade de
sedimentacao (VS), ajudam a dar importante
informação.

Estes são exames usados ao se tomar decisões


em muitas especialidades médicas.
Cont.

Alterações dos glóbulos brancos (leucograma),


plaquetas, e de hemoglobina podem ser útil em
muitas situações clínicas, por exemplo, no
diagnóstico e tratamento das seguintes
situações clínicas:
Cont.
No diagnóstico da anemia.
- Na investigação de infecções e febre de origem
desconhecida.
- No diagnóstico de doenças malignas do
sangue.
- No tratamento dos pacientes que estão em
tratamento anti-retroviral.
Cont.
Atraves do Hemograma, podemos obter a seguinte
informação:
- Contagem de eritrócitos/glóbulos vermelhos.
- Valor da hemoglobina.
- Valor de hematócrito.
- Valor do índice das células vermelhas, que
compreende:
- MCHC (concetracão de hemoglobina corpuscular
média);
- MCV (volume corpuscular médio);
- MCH (hemoglobina corpuscular média);
- Contagem das plaquetas;
- Contagem e tipo de celulas dos globulos brancos
(leucograma).
Cont.

A eritropoiese na vida fetal, acontece


principalmente no fígado e no baço.
Na vida extrauterina, este processo ocorre na
medula óssea e também no interior do músculo
serrátil anterior. A vida média do eritrócito é de
120 dias.
Cont.
Evolução celular
- Proeritroblasto - Eritroblasto basofílico -
Eritroblasto policromático - Eritroblasto
ortocromático - Reticulócito - Hemácea ou
eritrócito
Morfologia do eritrócito
Um eritrócito normal apresenta as seguintes
características:
- Forma de disco bicôncavo que permite a sua
deformação para passar por estreitos capilares
sanguíneos.
- Ao microscópio aparece como célula rosada
com uma zona central mais pálida por causa da
menor espessura na sua parte central.
Cont.
-São células que não têm núcleo, estão cheias
de hemoglobina que dá a sua cor característica.
- Apresenta um diâmetro de 7 – 8 micras

Função dos eritrócitos


Através da molécula de Hemoglobina, os
eritrócitos têm a função principal de transporte
de oxigénio (O2) e dióxido de carbono (CO2)
Principais distúrbios eritrocitários
A principal desordem da série eritróide é a
anemia.

A anemia é definida como sendo uma


deficiência de oxigenação dos tecidos do
organismo, por diminuição da capacidade de
transporte de oxigénio pelo sangue.
HEMOGRAMA
Objectivos e Indicações Clínicas

Muitas doenças prevalentes produzem


alterações nas células sanguíneas que podem
ser detectadas no hemograma. Este exame pode
ser usado na tomada de decisão numa
variedade de situações clínicas.
Anemia
Os glóbulos vermelhos (eritrócitos) têm uma
função muito importante no transporte e a
distribuição de oxigénio para os tecidos através
da hemoglobina.

O oxigénio transportado pelos eritrócitos é


importante para as funções de todas as células
do corpo.
Cont.

A diminuição de eritrócitos e da hemoglobina


(proteína que se encontra dentro dos
eritrócitos) leva a consequências graves e mau
funcionamento dos órgãos do corpo.
Cont.

A anemia é definida como uma deficiência de


hemoglobina ou de eritrócitos do sangue de
acordo com diferentes valores normais, com
base na idade e sexo do paciente.
Resumindo
A anemia pode ocorrer:
 Após perdas de sangue (hemorragias de
várias causas, como acidentes, ferimentos,
entre outras);
 Quando a produção normal dos eritrócitos é
reduzida (mal nutrição, deficiente actividade
do local de produção dos eritrócitos, e em
certas doenças);
Cont.
 Quando os eritrócitos são destruídos antes do
seu tempo normal médio de vida (por
doenças como a malária, entre outras)

A medição da presença de anemia é


frequentemente e melhor medida através da
hemoglobina.
Cont.
Além da hemoglobina, é importante analisar os
outros componentes para melhor caracterizar
esta anemia.
Em relação ao tamanho dos eritrócitos, teremos
o parâmetro MCV (Volume corpuscular médio):
 Normocítica refere-se ao tamanho normal
dos eritrócitos (aproximadamente 8 µm em
diâmetro) – valor normal do MCV;
Cont.
 Microcítica refere-se ao tamanho menor dos
eritrócitos em relação ao tamanho normal –
valor diminuído do MCV;

Macrocítica refere-se ao tamanho maior dos


eritrócitos em relação ao tamanho normal –
valor aumentado do MCV.
Cont.
Em relação à coloração das células vermelhas,
teremos o parâmetro MCHC (Concentração de
hemoglobina corpuscular média):
Normocrómica refere-se à coloração normal
dos eritrócitos – MCHC normal.

 Hipocrómica refere-se à palidez das células


por diminuição da hemoglobina
Cont.
MCHC diminuído Combinando os três
parâmetros (hemoglobina, MCV e MCHC),
teremos:
 Anemia hipocrómica microcítica – diminuição
da hemoglobina com células pouco coradas e
de pequeno tamanho, cuja causa mais comum
é a deficiência de ferro;
Cont.
Anemia macrocítica – diminuição da
hemoglobina com células de maior tamanho,
que pode ter como causa a deficiência de
folato ou vitamina B12,
Anemia normocítica normocrómica –
diminuição da hemoglobina mas com células
de tamanho normal e coradas normalmente,
que pode ser causada por um sangramento
abundante agudo e por doenças crónicas.
Resultados do Hemograma

No resultado do hemograma, consideram-se


valores normais, valores (números) que já foram
padronizados internacionalmente e são
recomendados pela Organização Mundial de
Saúde (OMS).
Cont.
Deve-se dedicar atenção especial à
interpretação dos resultados, pois pode ser que
eles estejam inesperadamente alterados, isto é,
não existe correspondência entre os resultados
obtidos com os sinais e os sintomas e o exame
físico o que se obtiveram previamente na
história clínica
Cont.
É importante recordar que se trata de um meio
auxiliar de diagnóstico, e não um meio de
diagnóstico.
Cont.

Sempre é Possível que um valor ou um resultado


seja falso ou inválido.

Deve-se ter em mente que alguns destes casos


podem ocorrer quando existe deficiência de
procedimento do teste.
Quando a hemoglobina está abaixo do
valor normal?

Quando existe hemólise (ruptura dos


eritrócitos) do sangue, que pode ser devido à
utilização de seringa e agulha que não estejam
secas na altura da colheita do sangue ou pela
não remoção da agulha da seringa na altura
em que o sangue estava a ser canalizado para
o tubo
Cont.
 Quando existe diluição do sangue: Acontece
quando colhemos o sangue no mesmo sítio
onde o paciente está a receber fluidos
intravenosos.
 Também podemos obter um resultado
incorrecto de hemoglobina se antes do
processamento da amostra não agitarmos
bem o tubo.
Quando existe um valor da
hemoglobina acima do valor normal?

 Geralmente um valor alto da hemoglobina


não é uma situação perigosa e pode ser
normal (fisiológica), mas algumas doenças
podem causar esta situação
Cont.

É mais comum ter um valor acima do normal


causado por um erro do laboratório ou se o
equipamento para a leitura da amostra não
esteja calibrado (neste caso, o valor pode ser
tanto baixo como alto).
Cont.
Esta diminuição de transporte ocorre devido a
diminuição da hemoglobina sanguínea, esta
costuma acompanhar-se, mas não
necessariamente quando há redução do número
de glóbulos vermelhos e consequentemente, da
quantidade de hemoglobina, quando há
somente redução total da hemoglobina com
número normal de glóbulos vermelhos
contendo uma concentração menor de
hemoglobina.
Continuacao

Aspectos gerais das anemias


.

ANEMIA:
DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA,
FISIOPATOLOGIA, CLASSIFICAÇÃO E
ETIOLOGIA
Definição

Define-se anemia como a redução da


concentração de hemoglobina no sangue, com
valores de Hgb abaixo do valor normal por sexo
e idade.
Em adultos considera-se anemia uma Hgb
inferior a 13 g/dl em homens e inferior a 12 g/dl
em mulheres.
Cont.
Outro indicador usado para definir a anemia é o
hematócrito. Assim, considera-se anemia
quando este indicador está abaixo de 42% e de
37%, no homem e na mulher, respectivamente.

• É importante lembrar que os intervalos de


normalidade da hemoglobina e do
hematócrito, podem variar ligeiramente de
um laboratório para outro.
Epidemiologia

• A anemia, é uma das condições clínicas mais


comuns no nosso contexto, pode ser devida à
uma diversidade de causas.
• De todas as causas, a anemia ferropénica (por
deficiência de ferro) é a mais comum,
sobretudo nos países em desenvolvimento
onde chega a atingir uma prevalência de 70%
em crianças, adolescentes e em mulheres
grávidas.
É menos comum nos homens na fase adulta.
Fisiopatologia

Pode ser chamada de síndrome anémico, a


anemia caracteriza-se por diminuição da
quantidade ou da qualidade da massa
eritrocitária, e consequentemente por redução
da capacidade de transporte de oxigénio aos
tecidos pelo sangue.
Cont.
As condições da causa da anemia são várias, e
agrupam-se em dois grandes grupos, de acordo
com o mecanismo fisiopatológico, a saber:
Anemia por deficiência de produção de
eritrócitos e
 Anemia por aumento das perdas de
eritrócitos (por perdas sanguíneas ou por
hemólise aumentada).
cont,.

• A hipóxia tecidual resultante da anemia,


• Os sintomas específicos de cada tipo de
anemia e
• Os mecanismos compensatórios do
organismo,
São os factores determinantes das
manifestações da síndrome anémica.
Mecanismos compensadores da
anemia
Os mecanismos compensadores da anemia,
consistem nas reacções do organismo ao baixo
suprimento de oxigénio aos tecidos.
São os seguintes:
• Maior liberação de oxigénio aos tecidos pela
hemoglobina;
• Redistribuição do fluxo sanguíneo de forma a
suprir os órgãos que necessitam de mais
suprimento de oxigénio (ex: miocárdio, cérebro),
limitando o suprimento dos órgãos que toleram
melhor baixos níveis de oxigénio (ex: pele, rins);
Cont.

• Aumento do esforço cardíaco (taquicardia,


redução da pós-carga) para que mais oxigénio
chegue aos tecidos.
• Aumento da produção de eritrócitos pela
medula (estimulada pela hormona
eritropoétina secretada pelos rins na presença
de hipóxia)
Cont.
A gravidade do quadro clínico muitas vezes
depende da velocidade de instalação dos
mecanismos compensatórios.
Ex: em casos de anemia por hemorragia aguda (por
exemplo num aborto ou por um sangramento
gástrico abundante), devido a velocidade de
instalação dos mecanismos compensadores, os
pacientes podem apresentar um quadro clínico mais
grave, mesmo com níveis de hemoglobina
relativamente elevados.
Cont.
Por outro lado, um paciente com anemia crónica
de qualquer causa, e com valores mais baixos de
Hg pode apresentar um quadro clínico leve ou
ser assintomático, pelo facto de se instalarem
mecanismos compensadores de forma mais
gradual e não brusca.
Classificação das Anemias

As principais formas de classificação da anemia


são: classificação fisiopatológica ou
etiopatogénica , e classificação morfológica.
Cont.
Homens Mulheres
Hemoglobina (g/dL) 13,5-17,5 11,5-15,5
Hematócrito (Htc) (%) 40-52 36-48
Cntg de eritróts (x10¹²/L) 4,5-6,5 3,9-5,6
(HCM) (pg) 27-34
(VCM)(fL) 80-95
(CHCM) g/dL ou %) 30-35
C. Reticulócitos (x10⁹ /L) 50-150
Cont.
Os recém-nascidos têm níveis mais elevados de
hemoglobina; ao nascimento, o limite de
referência inferior é de 14 g/dL, diminuindo até
11 g/dL por volta de 1 ano de idade. Essa
redução de hemoglobina é conhecida como
anemia fisiológica da infância e ocorre como
parte normal da adaptação de uma existência
intrauterina em relativa hipóxia para um
ambiente extrauterino bem oxigenado
Cont.
Para uma determinação mais assertiva da
anemia, é necessário considerar:
1. o número de volume total de hemácias e
circulação (“a massa das hemácias);
2. A Quantidade total de sangue, isto é,
hemácias e plasma, na circulação (“o volume
sanguíneo);
3. A relação das duas determinações
(hematócrito corporal).
Classificacao morfologica .

A classificação mais útil de anemias baseia-se


nos índices hematimétricos, dividindo-se as
anemias em Microcíticas, Normocíticas e
Macrocíticas. Além de sugerir a natureza do
distúrbio inicial, essa abordagem também pode
indicar uma anomalia subjacente antes que se
desenvolva a anemia.
Anemia Microcitica, Hipocromica
VCM <80fl e HCM<27pg
1- Anemia por deficiencia de Ferro(Anemia
ferropênica)
2-Talassemias,
3-Anemia de doenca cronica ( alguns casos),
4-Anemia Sideroblastica
Normocítica, normocrômica
VCM = 80-95 fL, HCM ≥ 27 pg
1. Muitas anemias hemolíticas
2. Anemia de doença crônica (alguns casos)
3. Anemia pós-hemorrágica aguda
4. Nefropatias
5. Deficiências mistas,
6. Insuficiência da medula óssea (ex.
pósquimioterapia, infiltração por carcinoma
etc.)
Macrocítica
VCM >95 fL
1. Megaloblástica: deficiências de vitamina B12
e folato,
2. Não megaloblástica: abuso de álcool,
hepatopatias, mielodisplasias, anemia
aplástica etc
Etiologia

• Para fins didácticos, será apresentada abaixo a


etiologia da anemia de acordo com a sua
classificação patológica (aumento da perda de
eritrócitos ou redução da produção de
eritrócitos)
Anemias por Redução da Produção
de Eritrócitos
Estes tipos de anemias são causados por:
• Défice de um ou mais elementos necessários
para a formação de GV maduros (ex: ferro,
vitamina B12, ácido fólico);
• Mau funcionamento da medula óssea: que
pode ser por insuficiência medular (alteração
das células precursoras ou do microambiente
na medula óssea) ou por invasão medular
(infecções, neoplasias).
Cont.
As formas mais frequentes são:
Deficiência de elementos essenciais:
• Ferro - anemia ferropénica: o défice de ferro
pode ser causado por uma alimentação
deficiente em ferro, má-absorção (ex: doenças
gastrointestinais inflamatórias crónicas), por
excesso de perda por hemorragias (perdas
menstruais excessivas, hemorragias intestinais
ocultas, hematúria microscópica).
Cont.

• Ácido Fólico e Vitamina B12 - anemia


megaloblástica: por carência na dieta, defeitos na
absorção (principalmente B12) ou por consumo
excessivo em algumas fases como gravidez e
lactação.
• Outros elementos: dentre os quais a principal
é a anemia das doenças crónicas (ou anemia
associada à infamação).
Cont.
Mau funcionamento da medula óssea:
pode ter várias causas.
As principais são as seguintes:
– Toxicidade por fármacos ou produtos químicos:
cloranfenicol, anticonvulsivantes, quimioterapia, ARVs
(zidovudina).
– Infecções bacterianas ou virais (ex:HIV)
– Neoplasias que podem infiltrar a medula óssea como
leucemias agudas ou crónicas, linfomas ou carcinomas
– Outras: causas genéticas, endócrinas (ex:
hipotiroidismo) ou metabólicas (ex: insuficiência renal
e hepática) que interferem com o processo de síntese
e de maturação dos GV
Anemia por Aumento das perdas de
eritrócito
Pode ser por excesso de destruição ou por
perdas de sangue:
Excesso de Destruição de Eritrócitos
• Estes tipos de anemias são causados por uma
destruição prematura ou excessiva dos
glóbulos vermelhos e determinam as
chamadas anemias hemolíticas.
Cont.
As causas incluem:
• Causas corpusculares (defeitos da estrutura dos
próprios glóbulos vermelhos que predispõem à
destruição dos GV)
– Defeitos de membrana dos GV: exemplo na
esferocitose
– Defeitos de enzimas dos GV: exemplo déficit de
G6PDH (glucose-6fosfato-dehidrogenase)
– Hemoglobinopatias ou defeitos da estrutura da Hgb:
por exemplo a drepanocitose ou anemia falciforme
devido a presença de uma forma anormal da
Hemoglobina chamada HgbS.
Cont.
• Causas extra-corpusculares: (factores externos
aos GVs que predispõem à sua destruição)
– Hiperesplenismo (há aumento da destruição dos GV
pelo baço)
– Infecções: virais (ex: Citomegalovírus), protozoários
(Plasmodium, Toxoplasma), bacterianas (sépsis por
Gram Negativos)
– Distúrbios imunológicos: anticorpos anti GV
– Agentes tóxicos (venenos)
– Traumas mecânicos (ex: destruição dos GV por
próteses valvulares cardíacas)
Cont.
Anemia por perda de sangue, cujas causas incluem:
• Hemorragias agudas: traumas, hemorragia digestiva,
hemorragia pós-parto.
• Hemorragias crónicas: perdas insensíveis nas fezes (ex:
tumores intestinais, parasitose intestinal), na urina (ex:
schistossomíase), perdas menstruais.
• Existe uma relação entre a etiologia da anemia e a
morfologia dos GV. Apesar de não ser um método
exacto, o conhecimento desta relação pode ser usado
como elemento de diagnóstico diferencial e para
ajudar a excluir algumas causas ou para
aprofundar/estudar outras
Cont.
Morfologia dos GV Etiologias mais comuns

Anemia Microcítica Deficiência de Ferro


Anemia associada à doenças
hipocrómica crónicas (por vezes)
Anemia Macrocítica Anemia Megaloblástica por
deficiência de Vitamina B12 e de
ácido fólico
Anemia Normocítica Doenças crónicas (a maior parte)
Anemias hemolíticas
normocrómica Anemias por invasão ou
insuficiência medular
Anemia por hemorragia aguda
Diagnóstico Diferencial Laboratorial
de Anemia
Tipo de Anemia Hemograma Bioquímica Exame de Urina Exame de Fezes
Ferropénica ↓Hgb, ↓VCM, Normal/com Normal se
↓CHCM, ↓HCM hematúria carência
microscópica alimentar de
ferro; com
sangue se a
carência é
causada por
perda de sangue
gastrointestinal
Megaloblástica ↓Hgb, PLQ e bil Normal Normal
(carência vit B12 GB↓/normais, indirecta↑/norm
A.fólico) ↑VCM al
Aplásica ↓Hgb, ↓GB, ----- Normal Normal
↓GV, ↓PLQ
Cont.
Anemia das ↓Hgb, VCM ---------- Normal/alterada Normal/
doenças normal/↓, se houver alterada se
crónicas CHCM e HCM patologia houver patologia
normais/↓ urológica gastrointestinal
associada associada
Anemia ↓Hgb , ↓Htc , ↑bil indirecta Hematúria visível Normal
Falciforme(ane VCM normal,
mia ↑PLQ
hemolítica)
Perda de ↓Hgb, ↓GV, --------- Hematúria se Presença de
sangue VCM, CHCM, perdas urinárias sangue se perdas
HCM normais digestivas
nas perdas
agudas e
reduzidos nas
perdas crónicas
TÉCNICAS LABORATORIAIS PARA
AVALIAÇÃO DA ERITROPOIESE

Contagem manual de eritrócitos


Na contagem manual de eritrócitos, o sangue é
diluído com um líquido especial isotónico para
não lisar os eritrócitos, permitindo assim a
visualidade durante a contagem.
Cont.

Vários tipos de câmaras são empregues


nomeadamente de Neubauer, de Thoma, de
Buker, mas no nosso país a câmara de Neubauer
é a mais frequentemente utilizada, portanto,
todas considerações serão referentes a mesma.
Determinação de índices globulares ou
corpuscular ou hematiméticos
A partir dos valores de hematócrito, da
hemoglobina e do número de eritrócitos por mm3
determina-se os chamados índices hematimétricos
ou índices globulares ou corpusculares que são:
a) Volume Corpuscular ou globular Médio (VCM)
b) Hemoglobina Globular ou Corpuscular Média
(HCM)
c) Concentração da Hemoglobina Globular ou
Corpuscular Média (CHCM)
Cont.
Esses parâmetros são extremamente
importantes e úteis na classificação e
diagnóstico das anemias.
Assim, os índices hematimétricos são
determinados através de cálculos podendo ser
manual ou automático, conhecendo os
parâmetros acima apresentados.
Volume Globular ou Corpuscular
Médio (VCM):
Trata-se da expressão do volume médio dos
eritrócitos.
Cálculo:
VCM = Hct x 10/numero total de eritrocitos
contados (em milhões)

- Valores normais: 80 – 96 fl- Normocitose -


Valores elevados: VCM > 96 fl- Macrocitose
exemplos

Calcule o valor da MCV de uma amostra


doceada com o valor de Hematocrito 44% e RBC
4,64 milhoes de Eritrocitos.

Sabendo que:
Valores normais: 80 – 96 fl- Normocitose -
Valores elevados: VCM > 96 fl- Macrocitose.
Valores baixos: VCM < 80 fl- Microcitose
Interprete.
Hemoglobina Globular ou Corpuscular
Média (HCM):

É uma expressão da quantidade média da


hemoglobina contida em cada eritrócito que é
medida em picogramas (pg).
ou seja representa o peco da hemoglobina na
hemacia. Pode estar elevado na presenca de
macrocitose e diminuido na presenca de
hemacias microciticas.
Cont.
Cálculo:
HCM = Hgb x 10/ numero total de eritrócitos
contados (em milhões)
Valores normais: 27 – 34pg
Exemplo
Calcule o valor da HCM de uma amostra
doceada com o valor de HGB 15.4 e RBC 4,64
milhoes de Eritrocitos.

Interprete o resultado
Concentração da Hemoglobina Globular
ou Corpuscular Média (CHCM):
Expressa-se como sendo a concentração média
de hemoglobina no eritrócito em peso por
volume.
Ou seja avalia a concentracao da hemoglobina
encontrada em 100 ml de hemacias.
Cont.
Cálculo:
CHCM = Hgb/Hct x 100 Onde:
Hct – Hematócrito

- Valores normais: 31 – 36%- Normocromia -


Valores elevados: CHCM > 36%- Hipercromia -
Valores baixos: CHCM < 31%- Hipocromia
Cont.
Calcule o valor da CHCM de uma amostra
doceada com o valor de HGB 15.4g/dl e Htc 44
%.
Sabendo que
Valores normais: 31 – 36%- Normocromia -
Valores elevados: CHCM > 36%- Hipercromia -
Valores baixos: CHCM < 31%- Hipocromia
Interprete
HEMATÓCRITO
O hematócrito manual é um método que avalia
o status eritroide; porém, em pacientes
acompanhados de condições de
hemoconcentração, o hematócrito pode estar
normal ou mesmo elevado, embora a massa
eritroide esteja diminuída, o que reduz sua
confiabilidade como uma medida da anemia
após perdas sanguíneas agudas ou transfusões
sanguíneas.
Cont.
Nos analisadores automatizados, o hematócrito
é determinado de maneira indireta, ou seja, é
calculado pela inversão da fórmula do VCM
manual.
Dessa maneira, a fórmula para a obtenção do
valor do hematócrito na automação é:
HTC= VCM x RBC/10
VELOCIDADE DE SEDIMENTAÇÃO
(VS) Velocidade de sedimentação dos glóbulos
vermelhos é a velocidade com que sedimentam
os eritrócitos num sangue não coagulável num
determinado espaço de tempo, quando
introduzida em pipetas ou tubos com
características especiais.
Cont.
Princípio: Consiste na determinação de
velocidade com que sedimentam os eritrócitos
de uma amostra de sangue colhido com citrato
de sódio como anticoagulante.
Método: Existem vários métodos e técnias para
determinação de VS a saber:
Cont.
Técnica de Westergren
- Técnica de Wintrobe
- - Métodos de microsedimentação
- - Velocidade de uso único
- - Automatização de VSE
Cont.
Amostra: Sangue venoso colhido com EDTA, ou
directamente com citrato de sódio nas
proporções adequadas.
Cont.
Material: Em relação aos materiais são necessários
Pipetas de Westergren, de 30cm de comprimento e
2.5 mm de diâmetro no interior, calibradas de 0 a
200mm.
- Suportes de Westergreen
- - Pipeta de 2ml
- - Pipeta automática
- - Tubos de ensaio
- - Cronómetro
- - Citrato de sódio 3.8% (P/V) usado na contagem
de eritrócitos.
Cont.
Técnica:
1. Pipetar num tubo de ensaio 0.4 ml de citrato
de sódio 3.8% (P/V)
2. Acrescentar 1.6 ml de sangue.
3. Aspirar a mistura com a pipeta de
Westergren, melhor com a pêra de borracha até
marca zero, confirmar que não há bolhas de ar
no seu interior
Cont.
4. Colocar a pipeta no suporte de Westergreen
numa posição rigorosamente vertical. O suporte
deve estar sobre uma superfície totalmente
plana, pôr a funcionar o cronómetro (uma hora)
5. Quando passar uma hora, ler a altura do
plasma, essa será a VS.
Cont.

Resultados: Os resultados são expressos como a


altura da coluna de plasma na pipeta de
Westergren por hora.
Valores Normais: Homens: 1 – 10 mm/h
Mulheres: 3 – 15 mm/h
Cont.
Factores que influenciam a VSE A velocidade de
sedimentação
(vs) é influenciada por factores: intrínsecos e extrínsecos.
Factores intrínsecos Os factores intrínsecos incluem:
- Concentração de fibrinogénio
- Viscosidade do sangue
- - Teor de colesterol
- - pH do sangue –
- Nº de Eritrócitos
- - Conteúdo de Hg
- - Forma dos Eritrócitos
Cont.
Factores Extrínsecos
Por sua vez, os factores extrínsecos incluem:
Pequenos coágulos
- Sangue mal homogeneizado
- - Tempo
- - Temperatura
- - Vibração
- - Pipetas
- - Comprimento da pipeta
- - Calibre da pipeta
- - Inclinação da pipeta
Lembre se.
A sedimentação das hemáceas depende de
vários factores sendo os principais, as proteínas
plasmáticas, o fibrinogénio e noutros casos da
forma dos eritrócitos, o seu número, e tamanho.
Nestes casos o VS aumenta como consequência
do aumento das proteínas e casos de anemias e
macrocitose.

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