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Tópicos De Exame De Análise Clinicas

ERITOGRAMA

O eritrograma é a parte do hemograma que serve para contar e avaliar os eritrócitos, também conhecidos
hemácias ou glóbulos vermelhos. Além de fazer a contagem dessas células, o eritrograma também permite verificar a
forma e o tamanho das mesmas, sendo por isso utilizado para detectar várias formas de anemia.

Os eritrócitos são responsáveis pelo transporte de oxigénio. Dentro dessas células existe uma proteína chamada
hemoglobina, que se liga ao oxigénio, permitindo às hemácias transportar o gás dos pulmões para as células do corpo.
Também é a hemoglobina que dá a cor vermelha ao sangue.

Para homens, os valores de referência dos eritrócitos variam entre 4.500.000 a 6.000.000 mm3, enquanto
para mulheres os valores devem ficar entre 4.000.000 a 5.500.000 mm3. Já para recém-nascidos, o número de hemácias
esperado vai de 5.500.000 a 7.000.000 mm3.

O aumento do número de eritrócitos, chamado poliglobulia, normalmente não é clinicamente relevante. Já a


redução do nível de hemácias, conhecida como hipoglobulia, é sinal de anemia.

Contagem de eritrócitos (CE): é realizada por contadores automáticos. Feitas com um microscópio, são
bastante cansativas de realizar. Esse valor varia com a idade e com o sexo do paciente.

Dosagem de hemoglobina (Hb): a hemoglobina é responsável pelo transporte de oxigênio dos pulmões até os
tecidos. Quantidades baixas de hemoglobina indicam anemia. É feita em espectrofotômetro e contadores.

Hematócrito (Ht): è o volume pelos eritrócitos em uma coluna de sangue centrifugado.

Volume corpuscular médio (VCM): mede o tamanho das hemácias e ajuda no diagnóstico da anemia. Se o
paciente está com as hemácias pequenas, elas são chamadas de microcíticas. Se estão maiores do que o normal, são
chamadas de macrocíticas. Em um adulto, o tamanho normal varia de 80 a 96 fl. Quando há variação, ou seja, são
observadas hemácias macrocíticas e microcíticas, o quadro é chamado de anisocitose. A unidade utilizada é femtolitro
(fl).

Hemoglobina corpuscular média (HCM): é o peso da hemoglobina na hemácia. O valor normal é de 26-34
picogramas.

Concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM): é a concentração de hemoglobina contida na


hemácia. Esse valor confere com a coloração das hemácias, pois a coloração depende da concentração de hemoglobina
na hemácia, logo, com pouca hemoglobina a célula se colore pouco, ficando com o centro esbranquiçado. Quando há
muita hemoglobina a célula se cora mais do que o normal. No caso de esferocitose, onde não há concavidade no centro
da hemácia, há aumento do CHCM. Hemácias que se coram normalmente são chamadas de normocrômicas, que se
coram pouco são chamadas de hipocrômicas e as que se coram além do normal são hipercrômicas.

RDW: Indica a variação de tamanho das hemácias. Quando elevada, indica anisocitose. Seu valor normal é de
11 a 14%.

Reticulócitos: São células precursoras de hemácias, recém saídas da medula óssea, que ainda contêm RNA
ribossômico. O número normal não varia com a idade e é de 0,5 a 2%. O aumento de reticulócitos no sangue circulante
indica eritropoiese aumentada, o que indica anemia. Pode ser uma anemia ou o tratamento de uma. Baixa quantidade
indica anemia hipoproliferativa como a anemia ferropriva. Quando o paciente já está com anemia ou em processo
terapêutico, deve ser feito a correção da contagem de reticulócitos e avaliar o índice de produção de reticulócitos, cada
um com sua fórmula específica.

Análise ao microscópio: é importante confirmar os dados das contagens eletrônicas e verificar a presença de
hemácias anormais como esferócitos, ovalócitos, estomatócitos, drepanócitos, células falsiformes, equinócitos,
acantócitos, leptócitos, dacriócitos, eritrócitos mordidos ou fragmentados, esquisócitos e queratócitos.

Hemácias (Eritrócitos)

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Corresponde à contagem do número de glóbulos vermelhos no sangue por mililitro cúbico. O aumento do
número de eritrócitos é denominado de eritrocitose, enquanto a diminuição do número de eritrócitos é denominada de
eritropenia, sendo que a primeira relaciona-se à policitemia (aumento da espessura do sangue, reduzindo a velocidade
de circulação), enquanto a segunda relaciona-se à anemia propriamente dita. Valores de Referência para pacientes
adultos: 4,5 a 6,10 (milhões/mm³).

Hematócrito (HCT)

Em uma amostra de sangue, expressa a porcentagem da massa dos eritrócitos, ou seja, o volume da massa das
hemácias. Segundo Failace (2003), com o avanço tecnológico dos contadores atuais, a centrifugação do Hct tornou-se
um método não mais utilizado, pois a contagem e a medida do volume dos eritrócitos agora são exatas. Porém, na
Hemoterapia (emprego terapêutico do sangue) o Hct ainda resiste devido à avaliação das alterações volêmicas.

Valores baixos de Hematócrito podem indicar uma provável anemia e um valor alto pode estar relacionado à
policitemia (aumenta a espessura do sangue, reduzindo a sua velocidade de circulação). Valores de Referência:
Hematócrito (%): Homens: 47,0 Mulheres: 42,0.

Hemoglobina (HGB)

A hemoglobina é o dado básico do eritrograma, pois além de ser o principal componente dos eritrócitos com
a função de transportar o oxigênio do sangue para os tecidos, seus níveis abaixo da referência para os adultos sugerem
anemia.

Os valores de referência da Hemoglobina (g/dl) para o homem são de 15,5 e na mulher 13,6.

Volume Corpuscular Médio (VCM)

VCM é a relação entre o volume do hematócrito e o número de eritrócitos, ou seja, avalia a média do volume
das hemácias, sendo que o resultado pode trazer tamanho normal (chamadas normocíticas), diminuídas (microcíticas)
ou aumentadas (macrocíticas), sendo que a anisocitose refere-se ao achado de presença de hemácias com volumes
diferentes. Segundo Grotto (2009), o VCM ainda é o mais utilizado para avaliação das anemias associado a alterações
morfológicas das hemácias. Valores de Referência na Normocitose: Adultos: 81 u³ (80 a 98,0 fl); Crianças até 3 anos:
73 u³; Crianças de 04 a 14 anos: 73 u³.

Hemoglobina Corpuscular Média (HCM)

HCM é dada a partir da relação entre o valor da hemoglobina obtida em gramas e a contagem dos eritrócitos,
pode estar elevada na presença da macrocitose ou diminuída na presença de hemácias microcíticas.

Valores de Referência para paciente Adulto: 27,0 a 34,0 pg.

Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM)

A CHCM é calculada por meio da relação entre a hemoglobina obtida em gramas e o volume globular. Refere-
se à avaliação da hemoglobina encontrada em 100 ml de hemácias; indica o grau de saturação de hemoglobina
encontrada nos eritrócitos. Quando esta saturação é normal o resultado são hemácias normocrômicas, quando está
diminuída, hemácias hipocrômicas, e quando está elevada, hemácias hipercrômicas. Valores de Referência para
paciente Adulto: 31,0 a 35,0 g/dl

Rdw (Red Cell Distribuition Width)

Medida quantitativa da anisocitose, realizado por meio do histograma de distribuição das hemácias de acordo
com o volume das células. Seus valores são obtidos em percentagem, sendo que os índices de normalidade encontram-
se entre 11% e 16%; uma das principais utilidades é a diferenciação entre a anemia ferropriva e a betatalassemia
heterozigótica; o índice de anisocitose se altera rapidamente na deficiência do ferro, mais rápido do que nos parâmetros
de VCM e diminuição de albumina.

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LEUCOGRAMA

A análise da série branca no hemograma tem como principal objetivo fornecer os valores globais e diferenciais
de leucócitos, bem como suas alterações qualitativas e quantitativas. Vale lembrar que os leucócitos (glóbulos brancos)
são os responsáveis pelo sistema de defesa do organismo e se encontram aumentados principalmente em processos
infecciosos bacterianos e parasitários, em algumas doenças autoimunes, destruição tecidual por doenças degenerativas
e diminuídas em casos de infecção viral (NETO, 2004).

Os principais tipos de leucócitos são: os neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Quando é
solicitado um hemograma completo a diferenciação dos leucócitos é feita além do valor global. Estes valores em
separado servem de base para o clínico identificar processos patológicos mais específicos diante do aumento ou
diminuição de cada leucócito.

Leucócitos

Refere-se à contagem global dos glóbulos brancos, na maioria das vezes encontra-se aumentado (leucocitose)
em processos infecciosos agudos ou crônicos, reações alérgicas, leucemias, etc. Valores de Referência em Adulto:
3.100 a 11.000 mm³. A diferenciação do tipo de leucócito é feita por meio dos itens abaixo apresentados.

Monócitos

São células que se caracterizam por se movimentarem durante alguns dias na circulação sanguínea e depois a
deixam, fixando-se nos tecidos, adquirindo aspecto de macrófagos. Tem como principal função a fagocitose e defesa
do organismo. Apresentam-se em grande número nos processos infecciosos crônicos ou em fase final das infecções.
Valores de Referência em Adulto: 2 a 10 % e 72 a 1.100/mm³.

Linfócitos

Os linfócitos estão presentes de 20 a 30% na circulação, a maioria apresenta morfologia típica, por isso a
denominação de linfócitos típicos. Quando apresentam tamanho maior, com núcleo pouco menos maduro e
granulações citoplasmáticas, recebem o nome de linfócitos atípicos ou linfócitos leucocitoides. Denomina-se de
linfocitose quando existe o aumento do número de linfócitos e linfopenia quando há carência do número de linfócitos,
sendo que nesta última situação o indivíduo está com sua imunidade prejudicada. Valores de Referência em Adulto:
20 a 50% e 720 a 5.500 mm³. Não é considerado um hemograma normal a indicação de existência de Linfócitos
Atípicos.

Eosinófilos

Os eosinófilos correspondem a cerca de 2 a 4% dos leucócitos dos esfregaços. Apresentam-se aumentados


(eosinofilia) em processos infecciosos (parasitas), doenças imunológica s e reações alérgicas ou de hipersensibilidade.
Valores de Referência em Adulto: 1 a 7% e 36 a 770/mm³.

Basófilos

Os basófilos são células raras, correspondem a cerca de 0 a 1%. O aumento dos basófilos (basofilia) ocorre
principalmente em processos infecciosos e imunológicos. Valores de Referência em Adulto: 0 a 3 % e 0 a 330/mm³.

Neutrófilos Segmentados

São os leucócitos mais numerosos, cerca de 60 a 65%, se apresentam como células diferenciadas, com seus
núcleos em forma segmentada, por isso a denominação de neutrófilos segmentados. Cerca de 2 a 5% das células têm
núcleo não segmentado, como bastão, por este motivo são denominados bastonetes. Têm a função de realizar a
fagocitose e encontram-se aumentados (neutrofilia) nos processos infecciosos e inflamatórios e valores diminuídos
indicam a neutropenia. Valores de Referência em Adulto (Segmentados): 40 a 65% e 1.440 a 7.150/mm³. Valores de
Referência em Adulto (Bastões): 1 a 5% e 36 a 550/mm³.
É normal na corrente circulatória encontrar células maduras, entretanto, quando há presença de células jovens,
sejam de eritrócitos ou leucócitos, significa que existe juntamente um processo agudo acontecendo. Na presença de
leucócitos jovens circulantes (mielócitos, pró-mielócitos, metamielócitos) há uma infecção aguda ou enfermidades que

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acometem a medula óssea. Desta forma, quando temos células jovens circulantes em número acima da referência
denomina-se desvio à esquerda e na presença de células maduras, desvio à direita (NETO, 2004).

Os valores aumentados de leucócitos, conhecido como leucocitose, pode acontecer devido a infecções ou na
presença de leucemia, por exemplo. O contrário, conhecido como leucopenia, pode ser causado por medicamentos ou
por quimioterapia. Tanto a leucopenia quando a leucocitose devem ser investigadas pelo médico para que seja
estabelecido o melhor tratamento de acordo com a causa. Saiba mais sobre os Leucócitos.

Valores de referência do leucograma

Os valores de referência do leucograma dependem da faixa etária da pessoa:

Valores normais no 1º dia de vida:

• Leucócitos totais: 9.000 a 30.000/mm³


• Neutrófilos: 6.000 a 26.000/mm³ Linfócitos: 2.000 a 11.000/mm³

Valores normais dos 6 meses a 2 anos de idade:

• Leucócitos totais: 6.000 a 17. 500/mm³


• Neutrófilos: 1.500 a 8.500/mm³ Linfócitos: 3.000 a 9.500/mm³

Valores normais dos 2 a 3 anos de idade:

• Leucócitos totais: 5.500 a 15.500/mm³


• Neutrófilos: 1.500 a 8.500/mm³ Linfócitos: 2.000 a 8.000/mm³

Valores normais dos 3 a 6 anos de idade:

• Leucócitos totais: 5.000 a 14.500/mm³


• Neutrófilos: 1.500 a 8.000/mm³ Linfócitos: 1.500 a 7.000/mm³

Valores normais dos 6 a 13 anos de idade:

• Leucócitos totais: 5.000 a 13.000mm³


• Neutrófilos: 1.800 a 8000/mm³
• Linfócitos: 1.200 a 6.000/mm³ Valores normais para adultos:

• Leucócitos totais: 4.500 a 11.000/mm³


• Neutrófilos: 1.800 a 7.700/mm³ Linfócitos: 1.000 a 4.800/mm³

A leucopenia ocorre quando os leucócitos são inferiores a 4.500/mm³ nos adultos e a leucocitose, ocorre quando
leucócitos são superiores a 11.000/mm³, estando o seu valor mais alto do que o valor de referência.

Para que serve o leucograma

O leucograma é solicitado para avaliar o sistema de defesa do organismo e, assim, verificar se há alguma
inflamação ou infecção acontecendo.

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Esse exame faz parte do hemograma e é feito a partir da coleta de sangue em laboratório. Não é necessário jejum
para realizar o exame, somente quando solicitado juntamente com outros exames, como a dosagem de glicose e
colesterol, por exemplo.

As células de defesa do organismo são os neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos, sendo
responsáveis por funções diferentes no organismo, como:

A partir do resultado do leucograma e de outros exames laboratoriais, o médico pode correlacionar com a história
clínica da pessoa e estabelecer o diagnóstico e tratamento, caso seja necessário.

Leucócitos totais Valor absoluto Valor


relativo
Basófilos Raros Raros
Eosinófilos 0 - 1.000/mm³ 1 - 6%
Neutrófilos Raros Raros
jovens
Bastonetes 0 - 300/mm³ 1 - 2%
Segmentados 3.000 - 36 - 53%
8.000/mm³
Linfócitos 1.500 - 42 - 53%
6.000/mm³
Monócitos 0 - 1.000/mm³ 1-7%
Lembrando que o leucograma deve ser analisado pelo médico que solicitou o exame, que levará em
consideração a história do paciente, o exame clínico, o resultado de outros exames, bem como outros
fatores que devem ser considerados para interpretar o exame.

PLAQUETOGRAMA

Plaquetograma, ou Trombograma, é o exame de contagem de plaquetas/trombócitos no sangue. As


plaquetas, ou trombócitos, são um dos elementos que fazem parte do sangue e têm um papel muito importante no
processo de coagulação. Assim, a alteração dos níveis pode ter consequências graves na nossa saúde.

A principal função da plaqueta é manter a integridade vascular, prevenir e agir no processo da hemorragia.

Peça ao seu médico para fazer um exame de sangue e que nele contenha os níveis de plaqueta, isso incluirá
o Plaquetócrito (PCT), Amplitude de Distribuição de Plaquetas (PDW) e o Volume Plaquetário Médio (VPM). Estes
parâmetros são importantes e úteis no diagnóstico e tratamento de doençashematológicas e outros quadros clínicos
usuais na prática médica. E o VPM é que tem recebido maior atenção. Este representa a média dos volumes de todas
as plaquetas contadas e avaliadas volumetricamente em um número de 10.000 células. Em uma pessoa adulta normal,
o nível em cada gota de sangue deve ser entre 15.000 e 450.000 plaquetas.

As consequências de um nível alterado de plaquetas podem ser:

– Quando o nível de plaquetas está reduzido, isso pode levar a uma hemorragia interna, pois o
processo de coagulação é afetado. Doenças como: dengue, anemia aplásica ou trombocitopenia, entre outras, e
tratamentos como a quimioterapia, afetam a contagem de plaquetas, diminuindo a sua presença.

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– Quando está mais elevado, pode acontecer o contrário: formação de coágulos, que podem desencadear
uma trombose, um enfarte ou um AVC. Doenças como a trombocitose ou a síndrome da plaqueta cinzenta afetam
a contagem de plaquetas, aumentando a sua presença.
Existem duas metodologias para fazer a contagem das plaquetas, a direta e indireta. No modo direto a
amostra a ser examinada é diluída apropriadamente e a contagem é realizada em câmara conta-glóbulosou em
aparelho eletrônico. No modo indireto as plaquetas são contadas em uma extensão sanguínea e posteriormente
relacionadas com o número de eritrócitos por mm³ de sangue.

EXAME DE PLAQUETOGRAMA EM CURITIBA

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Determinação dos valores de referência dos índices plaquetários


A fim de se determinarem os valores de referência do plaquetograma, foram calculadas as médias e os desvios
padrões (DP) para cada um dos parâmetros estudados, considerando apenas os pacientes que apresentaram valores de
contagem de plaquetas compreendidas entre 150 a 450 mil/mm3. Os valores de referência foram considerados como
média + 2 DP, considerando modelo utilizado em Salto (2012). Para estes cálculos foi utilizado o programa Excel –
Microsoft.
Algoritmo para revisão de lâmina
No presente estudo, tendo como base os valores de referência encontrados para os índices plaquetários, foi
proposto um algoritmo para revisão de lâminas nos casos de trombopenias e trombocitoses, em avaliação conjunta
com o histograma, os alarmes e mensagens liberados pelo equipamento.
Ética
O projeto de pesquisa deste estudo foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUOC –
Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco.
No que se refere à contagem de plaquetas, foi observado que o limite inferior na população estudada é menor
que o encontrado na literatura, que é de 140 (mil/mm3), enquanto que o limite superior (412 mil/mm3) se mostrou
bem próximo ao limite conhecido como normal – 400 mil/mm3).
Botma et al., em estudo realizado com 60 indivíduos, encontraram valores de referência para a contagem de
plaquetas de 178 a 429 (mil/mm3). Em outro estudo, o grupo que apresentou contagem de plaquetas normal apresentou
média de 269 (mil/mm3), com variação entre 150 a 445 (mil/mm3).(10) Estes valores também são citados em outras
publicações: 140 a 400 ou 140 a 450(mil/mm3), dependendo do método utilizado, por Oliveira(9) e ainda, de 140 a
360 (mil/mm3) citado por Failace.(11)
Algumas variáveis pré-analíticas podem interferir na contagem de plaquetas, tais como, dificuldades na coleta,
garroteamento prolongado, falta de homogeinização adequada e a proporção de anticoagulante/sangue. Além da
possibilidade de pseudotrombopenia por agregação plaquetária em EDTA e satelitismo plaquetário, condições de causa
idiopática, que podem ocorrer em alguns pacientes.(11) Essas variáveis não foram controladas no presente estudo
devido o mesmo ter sido feito com base na consulta do banco de dados. Sendo necessário, portanto, estudos posteriores
para se confirmar a hipótese da existência desses interferentes no valor de referência para contagem de plaquetas.
Tanto o MPV quanto o PDW estão relacionados com o tamanho das plaquetas, sendo o primeiro inversamente
proporcional à contagem de plaquetas. O tamanho das plaquetas sofre interferência de vários fatores, em especial do
anticoagulante utilizado na coleta. O EDTA, anticoagulante de escolha para análises hematológicas, pode induzir
alterações na forma e na ultraestrutura das plaquetas, que variam com o tempo e temperatura. Estudos já apontaram

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que MPV aumenta em decorrência do inchaço plaquetário provocado pelo EDTA, no entanto também foi observado
em outros estudos que este inchaço diminui quando a análise é realizada em até duas horas após a coleta.(11)
Esses parâmetros de volume plaquetário sofrem ainda interferências relacionadas às demais séries sanguíneas,
tais como presença de fragmentos eritrocitários ou leucocitários, crioaglutininas, micrócitos, bem como qualquer outra
causa que gere debris.(11)
No presente estudo foram encontrados valores de referência semelhantes aos observados na literatura,
indicando que na amostra populacional analisada os possíveis interferentes não foram suficientes para gerar erros
significativos na determinação desses índices pelo contador hematológico, estando os mesmos de acordo com o
esperado. Comar et al.(7) relataram que os limites de referência encontrados em estudos publicados foram de 8 fL a
13 fL e 9 fL a 14 fL, respectivamente, para MPV e PDW em contadores Sysmex – Roche Diagnóstica. Da mesma
forma, Botma et al.(10) encontraram média do MPV 10,34 fL, com valores de referência entre 8,8 fL a 12,5 fL,
enquanto que a média do PDW foi 12,19 fL com variação entre 9,3 fL a 16,0 fL.
O PCT representa a massa plaquetária e não sofre grandes variações com a variação da contagem de plaquetas,
diminuindo apenas quando há trombopenias bastante acentuadas, situações em que o organismo não consegue
compensar a massa plaquetária.(6) Esta observação está de acordo com o verificado no nosso estudo, o qual apresentou
baixo desvio padrão para este índice (0,07) e valores de referência semelhantes aos encontrados na literatura
consultada, que apresentaram valores de 0,22 a 0,40,(9) 0,13 a 0,43%,(10) enquanto que Giovanetti, Nascimento e
Paula (8) encontraram médias 0,24 (DP=0,07), para mulheres e 0,28 (DP = 0,06) para homens.
O último índice, P-LCR, representa o percentual de plaquetas grandes e apresentou, em nosso estudo, uma
variabilidade muito alta, com desvio padrão de 7,32, numa população com contagem de plaquetas normal. Estes
valores, tanto da média (26,37), quanto do desvio padrão (7,32) são próximos aos observados por Maluf,(3) que
observou média 26,99 e desvio padrão de 6,61, com intervalos de referência de 15,8 a 41,6, semelhantes ao encontrado
no presente trabalho.
Construção do algoritmo para liberação do plaquetograma
O algoritmo para liberação do plaquetograma foi desenvolvido com o intuito de valorizar a análise do plaquetograma
como critério para revisão de lâminas nos casos de trombopenias e trombocitoses, juntamente com a interpretação do
histograma e das mensagens emitidas pelo equipamento. Além disso, com o objetivo de ser implantado na rotina do
nosso serviço, utilizamos como referência os alarmes emitidos pelos dois equipamentos utilizados em nosso
laboratório, XT 1800 e XE 2100, ambos da Sysmex – Roche Diagnóstica® (Tabela 2).
POIQUILOCITOSE ERITROCITÁRIAS

Poiquilocitose ou pecilocitose refere-se à presença de poiquilócitos no sangue.[1]


Os glóbulos vermelhos normais são discos arredondados e achatados, mais finos no meio do que nas bordas.
Um "poiquilócito" é uma célula de formato anormal.[2]Poiquilócitos são eritrócitos de formas anormais. Os eritrócitos
normais são discos ovais e achatados, mais finos no centro. Os poiquilócitos podem ser uma distorção dessa forma ou
antes uma outra totalmente diferente. Geralmente, pode-se referir como poiquilocitose quando há aumento dos
eritrócitos anormais, de qualquer das formas possíveis, que perfaçam 10% ou mais da população total.
O reconhecimento de várias formas ou poiquilócitos no esfregaço é útil na diferenciação das anemias. Os
principais exemplos de poiquilócitos que caracterizam certas anemias são os seguintes: eliptócitos, esferócitos,
dacriócitos e codócitos.
Os poiquilócitos podem originar-se por alterações bioquímicas nas membranas dos eritrócitos, alterações
metabólicas das enzimas, anormalidades da molécula de hemoglobina, envelhecimento do eritrócito, anormalidades
no micro-ambiente das células, etc.
Por exemplo: na anemia ferropriva, uma das mais frequentes na clínica médica. A deficiência de ferro é
acompanhada por diminuição da hemoglobina, o que leva à sintomatologia anêmica devido à falta de oxigenação nos
tecidos. O hemograma mostra quase sempre uma morfologia dos eritrócitos com microcitose e hipocromia, bem como
a presença de formas variadas de eritrócitos (poiquilocitose).

Tipos
Perturbações da membrana

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• Acantócitos
• Células alvo
• Equinócito
• Eliptócitos
• Esferócitos
• Estomatócitos
• Drepanócito Trauma

• Dacriócitos ou Células em lágrima


• Queratócitos
• Microesferócitos
• Esquizócitos
• Corpos Semilunares

Poiquilocitose é um adjetivo para definir uma doença dos eritrócitos sendo assim é muito utilizada na medicina
e pode ser muito utilizada em diversas áreas da saúde para dar nome técnico de uma irregularidade sanguínea. Na
classe gramatical podemos citar que é um adjetivo de dois gêneros e substantivo de dois gêneros. Podemos observar
que fica da seguinte forma na separação das sílabas: Po-i-qui-lo-ci-to-se. Contém um total de quatorze letras sendo que
é oito vogais e seis consoantes. No plural fica da seguinte forma: Poiquilocitoses.

Significado de Poiquilocitose

A palavra Poiquilocitose vem de algo que denota aumento ou diminuição de eritrócitos. Pode se dizer à
Poiquilocitose ou pecilocitose refere-se à presença de poiquilócitos no sangue levando o individuo a desenvolver uma
anemia.

Os Poiquilócitos nos laboratórios são conhecidos como eritrócitos de formas anormais, sendo assim uma
pessoa com poiquilocitose deve ser avaliada e tratada por um hematologista. Na fisiologia, podemos dizer que a
anormalidade cosanguinea è algo grave, sendo assim, um indivíduo com poiquilocitose poderá sofrer uma anemia e
ter um deficiência de glóbulos vermelhos.

Os poiquilócitos na maioria das vezes faz com que o paciente sinta fraqueza, insônia e lipotimia, ademais é
uma patologia de difícil diagnóstico sem exames clínicos. Em um jogador podemos dizer que devido sua poiquilocitose
o mesmo apresenta um grande déficit no seu rendimento fazendo com que sua equipe e seu corpo sejam prejudicados.
Geralmente na hematologia, pode-se referir como poiquilocitose quando se tem o aumento dos eritrócitos anormais
que de qualquer forma perfaça dez por cento ou mais da população total.

Sendo uma grande forma de análise laboratória, podemos falar do reconhecimento de várias formas ou
poiquilócitos no esfregaço que é útil na diferenciação das anemias.

Para cientistas são vários os tipos de poiquilócitos que caracterizam certas anemias. São os seguintes: eliptócitos,
esferócitos, dacriócitos e codócitos.

Para biomédicos a poiquilocitose pode ser relacionada com a falta de ferro, levando assim o individuo a ter
graves anemias e sintomas características. Podemos relacionar a poiquilocitose como uma deficiência causada por
ferro que pode levar o individuo a uma anemia ferropriva. A principal anormalidade causada por pessoas que não se
alimentam bem é a anemia, sendo assim, devemos sempre ter o hábito de se alimentar bem e procurar um nutricionista
para esclarecer quais os melhores alimentos para se ingerir.
Para os nutricionistas à maioria das deficiências de hipovitaminose é a mal ingestão de alimentos, sendo assim
podemos relacionar a poiquilocitose que é uma doença grave que afeta os eritrócitos. Antes de reconhecer as

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alterações morfológicas dos eritrócitos é necessário saber como são estas células quando estão normais. Elas
se apresentam como discos bicôncavos com uma área de palidez central e quando não há alterações de
morfologia ou contagem são todas iguais, inclusive com o mesmo tamanho. O tamanho normal dos eritrócitos
varia de espécie para espécie e deve ser conhecido para que não seja tomado como uma alteração.

As alterações de forma dos eritrócitos são bastante comuns, são visíveis nos esfregaços sanguíneos e
estão frequentemente presentes nas anemias, auxiliando inclusive na classificação destas. Algumas destas
alterações são consideradas normais para certas espécies enquanto outras indicam o que está acontecendo
com o animal.

Policromatofilia ou Policromasia

Células com esta característica apresentam-se levemente azuladas ou acinzentadas nas colorações de
Wright ou Giemsa e são chamadas de policromatófilos. Os policromatófilos são eritrócitos jovens, maiores
do que os maduros, que já eliminaram o núcleo, mas ainda apresentam basofilia pela presença de RNA, por
isso esta alteração indica resposta ativa da medula óssea, ou seja, ocorre nas anemias regenerativas.

Estas células também são chamadas de reticulócitos, quando se utiliza corantes supravitais (azul de
cresil brilhante ou novo azul de metileno). Algumas espécies apresentam a policromatofilia como alteração
normal e frequente, principalmente cães e gatos, sendo necessária a contagem destas células para caracterizar
ou não uma anemia como regenerativa; enquanto no caso de equinos, a observação desta alteração é ausente
e em bovinos só ocorre em situações críticas como uma hemorragia grave.

Nas anemias regenerativas, além da observação de policromatofilia também ocorre a observação de


eritrócito jovens, nucleados, que devem ser citados no eritrograma entre as alterações notáveis. Atualmente,
os autores têm preferido o termo eritroblastose para a presença destes precursores eritróides ao invés de citá-
los um a um.

Hipocromia e Microcitose

Quando os eritrócitos possuem menos hemoglobina do que o esperado, eles se apresentam mais
pálidos nos esfregaços sanguíneos, assim são chamados de hipocrômicos e a alteração, hipocromia. Em
consequência à falta de hemoglobina, o eritrócito fica menor do que o normal da espécie, sendo chamado de
micrócito e a alteração de microcitose. As anemias de características microcíticas hipocrômicas quase sempre
são do tipo ferropriva.

Anisocitose

Este termo se refere à presença de eritrócitos de tamanhos diferentes, o que acontece nas anemias
regenerativas quando há células de tamanho normal, policromatófilos, e também micrócitos nas anemias
ferroprivas.

Rouleaux e Hemoaglutinação
O rouleaux e a hemoaglutinação não são alterações individuais e sim de grupos de eritrócitos, pois se
referem à disposição destes nos esfregaço sanguíneo quando aparecem formando cadeias ou pilhas de células
no rouleaux ou agrupamentos desorganizados na hemoaglutinação. Eles ocorrem quando a proteína
plasmática total (PPT) está aumentada, tanto em processos inflamatórios, neoplásicos, infecções e até na
gestação.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
O rouleaux acelera a velocidade de hemossedimentação, que mede a capacidade dos eritrócitos se
sedimentarem em um tubo de vidro durante determinado tempo; em humanos este parâmetro é bastante
utilizado como indicador inespecífico de doenças, porém em animais sua utilização ainda é limitada. Em
equinos, o rouleaux não é uma alteração e sim um achado normal, já a hemoaglutinação não é normal em
nenhuma espécie; nos outros animais além de serem apontadas como alterações também podem ser
classificadas de acordo com sua intensidade, em discreta, moderada e intensa, porém alguns autores
consideram esta classificação um tanto subjetiva.

Poiquilocitose

Quando no esfregaco sanguíneo estão presentes hemácias de formatos diferentes ou irregulares


chamamos de poiquilocitose ou pecilocitose. Na verdade, o termo poiquilocitose é abrangente para diversas
alterações de forma dos eritrócitos, como será visto a seguir.

Hemácias em Alvo

Estes são eritrócitos nos quais houve concentração da hemoglobina na região central da célula,
fazendo com que esta reproduza a forma de um alvo. Estas células são também chamadas de leptócitos,
codócitos ou target cells, do termo target que quer dizer alvo em inglês. As hemácias em alvo são associadas
à talassemia, estados homozigotos de disfunção da hemoglobina, situação não hemolíticas como icterícia
obstrutiva, após esplenectomia, e em doenças hepáticas ou esplênicas crônicas. Alguns autores acreditam que
estas células possuem excesso de membrana celular em relação à quantidade de hemoglobina em seu interior.

Excentrócitos

Excentrócitos são eritrócitos que apresentam a hemoglobina concentrada em um de seus polos,


apresentando o outro polo pálido após a coloração. Esta alteração de deve a oxidação da membrana celular
do eritrócito.

Esferócitos

Esferócitos são eritrócitos de forma esférica, que tem essa forma porque sofreram uma deformação
de sua membrana citoplasmática devido a ação de anticorpos anti-eritrócitos. Os anticorpos anti-eritrócitos
são produzidos na anemia hemolítica autoimune (AHAI) em seres humanos e cães, anemias hemolíticas
causadas por drogas, anemia hemolítica do neonato e nos seres humanos, há também a esferocitose
hereditária. No esfregaço além da forma esférica, os esferócitos são menores do que as células normais,
coram-se intensamente e não apresentam a área de palidez central.

Hemácias-Fantasma
As hemácias-fantasma ocorrem por processos de hemólise intravascular e também estão presentes
nas anemias imunomediadas, como a AHAI, processos de intoxicação ou injúria aos eritrócitos. Nas lâminas
aparecem como eritrócitos muito pálidos, como se fosse apenas uma sombra da célula.

Acantócitos ou Burr Cells

Os acantócitos são eritrócitos de forma irregular, que podem ser vistos na forma de estrela. O termo
burr vem do inglês que quer dizer serra circular e também denota a forma da membrana citoplasmática destas
hemácias, que não deve ser confundida com artefatos de técnica. Os acantócitos estão presentes em doenças
renais e esplênicas, hemangiossarcomas e, às vezes, na cirrose.

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Crenação

A crenação é considerada a alteração morfológica mais comum dos eritrócitos, no entanto, na maioria
das vezes não se trata de uma alteração patológica e sim um artefato de técnica, geralmente causado pelo
anticoagulante, o EDTA. A crenação artificial não deve ser confundida com poiquilocitose, e uma das formas
de diferenciá-la da crenação real é sua presença maciça nos eritrócitos, enquanto a crenação real ou qualquer
outra manifestação de poiquilocitose atinge parcialmente as hemácias. Eritrócitos realmente crenados
também são chamados de equinócitos e devem-se a distúrbios metabólicos.

Eliptócitos

Eliptócitos ou ovalócitos são eritrócitos de formato oval com ou sem área central de palidez, que
quando está presente também é oval. Seu significado parece estar relacionado a herança genética que
compromete o citoesqueleto das hemácias.

Estomatócitos

Estomatócitos são eritrócitos que apresentam a área central de palidez com o formato de fenda e não
arredondada, algumas vezes comparados ao formato de uma boca humana. Estas células ocorrem por defeito
na membrana e geralmente estão presentes nas anemias hemolíticas.

Esquistócitos

Os esquistócitos são hemácias deformadas ou apenas fragmentos destas, que aparecem sob formas
diversas. Os esquistócitos são resultado de defeito na produção das hemácias ou destruição acelerada destas,
podendo estar presente em processos de vasculite, CID, doenças renais ou esplênicas crônicas e também nas
anemias ferroprivas.

Queratócitos

Os queratócitos são hemácias que apresentam duas protrusões citoplasmáticas que se assemelham a
cornos. Em alguns casos, além das projeções, o citoplasma forma uma espécie de arco entre elas; nestes
casos, as hemácias são chamadas de vesiculadas

Dacriócitos

Dacriócitos são eritrócitos em forma de lágrima ou pera e estão geralmente ligados a problemas na
medula óssea ou talassemia.

Inclusões Intra-Eritrocitárias

Os eritrócitos podem apresentar inclusões ou corpúsculos em seu citoplasma que apresentam


diferentes formas e significados. As principais inclusões intracitoplasmáticas em eritrócitos são:

- Corpúsculos de Howell-Jolly: são pontos que se coram fortemente, apresentando a cor roxa
ou quase preta e geralmente estão na periferia das células. Esses corpúsculos são formados por resquícios de

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núcleo no citoplasma, por isso denotam a liberação de células jovens na circulação e estão presentes nas
anemias regenerativas. Geralmente o baço acaba recolhendo estas células da corrente sanguínea.

- Corpúsculos de Heinz: estes corpúsculos são formados a partir da oxidação da hemoglobina


que é vista na forma de projeções pálidas ou refratárias à coloração na periferia dos eritrócitos. Eles surgem
após o animal ter recebido algum tipo de sustância oxidante (anemias hemolíticas tóxicas); também podem
aparecer em gatos com enteropatias graves causadas por agentes tóxicos e na hemoglobinúria pós-parto das
vacas.

- Ponteado basófilo: trata-se da precipitação do RNA citoplasmático formando pontos azuis ao


longo da hemácia. Seu significado é o mesmo da policromatofilia, pois indica a presença de um eritrócito
jovem. No entanto, um ponteado grosseiro, sem que o animal apresente anemia ou esta seja muito discreta,
indica intoxicação por chumbo, chamada saturnismo, mais frequente em cães e seres humanos.

- Inclusões virais: as inclusões virais geralmente aparecem róseas ou azuladas e são de tamanho
variável. Além dos eritrócitos, os leucócitos também podem apresentar estas inclusões.

No caso da cinomose, as inclusões são chamadas corpúsculos de Sinegaglia-Lentz. Artefatos Além


da crenação produzida por artefatos conforme citado anteriormente, outras alterações podem ser vistas nos
eritrócitos e confundidas com alterações morfológicas verdadeiras. Entre estas alterações ocorrem pontos
refratários na superfície das hemácias, provavelmente devido à presença de ar saindo das células ou por
colorações fixadas enquanto o esfregaço sanguíneo ainda está úmido (resíduos de água).

Hemoglobina

A hemoglobina (Hb) é uma proteína encontrada no interior dos eritrócitos ou hemácias do sangue.

Sua função principal é transportar o oxigênio dos pulmões para todos os tecidos do corpo. Ao mesmo tempo,
também transporta parte do dióxido de carbono dos tecidos para os pulmões.

É a hemoglobina que dá a cor vermelha às hemácias.

As hemácias são as células vermelhas do sangue, formadas pelas hemoglobinas e globulinas.

Estrutura e Composição

A hemoglobina é uma proteína de estrutura quaternária.

Ela é composta por quatro cadeias de globina (parte proteica) e um grupo heme (grupo prostético) ligado a
cada uma delas.

Em adultos, as cadeias de globina são de dois tipos: duas do tipo α (alfa) e duas do tipo β (beta).

O grupo heme contém um átomo de ferro central em seu interior, mantido no estado ferroso. O ferro é o
responsável pela captação do oxigênio, uma vez que o mineral se liga ao oxigênio com facilidade.

Estrutura da hemoglobina

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A globina não serve apenas para a função estrutural, mas também torna possível a reversibilidade da ligação
entre o ferro e o oxigênio.

Tipos de Hemoglobina

As cadeias de globina podem ser dos tipos: alfa, beta, gama, delta, épsilon e zeta. Elas são produzidas nas
diferentes fases do desenvolvimento.

Assim temos diferentes diferentes de hemoglobina ao longo da vida:

• Hemoglobina embrionária
• Hemoglobina fetal
• Hemoglobina em adultos
As combinações entre os diversos tipos de cadeias resultam em moléculas de hemoglobinas diferentes.

A hemoglobina anormal mais conhecida é a HbS – sickle (foice, em português, devido ao seu formato), responsável
pela anemia falciforme.

Existe ainda a hemoglobina glicosada ou glicada. Ela corresponde a união da hemoglobina com a glicose presente
no sangue. Uma vez ligadas, a glicose permanece na hemoglobina durante todo o seu tempo de vida, entre dois a três
meses.

A hemoglobina glicosada é utilizada para o diagnóstico e monitoramento da diabetes.

Quanto mais açúcar no sangue, maiores são as chances da hemoglobina ser glicosada.

Hemoglobina

A hemoglobina (frequentemente abreviada como Hb) é uma metaloproteína que contém ferro presente nos
glóbulos vermelhos (eritrócitos) e que permite o transporte de oxigénio pelo sistema circulatório.

Composta de 4 moléculas proteicas de estrutura terciária e 4 grupamentos heme que contém o ferro, cada íon ferro
é capaz de se ligar frouxamente a quatro átomos de oxigênio, um para cada molécula de hemoglobina. Fórmula
química

C2952H4664O832S8Fe4 (pH 7)

Estrutura

A hemoglobina é um tetrâmero composto de dois tipos de cadeias de globina. Existem duas cadeias de cada tipo,
sendo que um deles contém 141 aminoácidos e o outro contém 146 aminoácidos. Cada cadeia proteica está ligada a
um grupo heme; estes possuem um íon de ferro no seu centro, que forma seis ligações coordenadas: quatro com átomos
de azoto do grupo planar de porfirina, uma a um átomo de azoto da proteína e outras a uma molécula de oxigênio. É
uma proteína alostérica, pois a ligação e a libertação do oxigénio é regulada por mudanças na estrutura provocadas
pela própria ligação do oxigénio ao grupo heme.

Esta proteína é quase esférica, tendo aproximadamente 55 Å de diâmetro e massa molecular de aproximadamente
64 000 Da, sendo que nos invertebrados pode variar de 23 600 Da em
alguns equinodermes (Thyone sp) a 3 000 000 Da em alguns poliquetas (Arenicola sp e Serpula sp) (SchmidtNielsen,
1993).

As cadeias alfa contêm sete alfa-hélices sendo que as cadeias beta possuem oito. Estas hélices são designadas por
letras do alfabeto (A a H), sendo interrompidas por segmentos não helicoidais denominados AB, BC e assim por diante.
Um pequeno segmento não helicoidal precede a primeira alfa-hélice (N- terminal) e é denominado NA, o segmento
após a última alfa hélice (C-terminal) é denominado HC (Perutz, 1984).

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Nos vertebrados inferiores (lampreia e peixe-bruxa) a hemoglobina é monomérica quando oxigenada e oligomérica
quando desoxigenada (Perutz, 1984). Em vertebrados superiores a Hb é simétrica, isto é, constituída por quatro cadeias
iguais duas a duas, codificadas pelos genes alfa e beta mas algumas espécies de peixes podem apresentar hemoglobinas
assimétricas e várias iso-Hbs (Dafré et al., 1997; Ohkubo et al., 1993; Masala et al., 1992, Smarra, 1997).

Tipos de hemoglobina

Embrionária:
o Gower 1 (ξ2ε2) o Gower 2 (α2ε2)
o Hemoglobina de Portland (δ2γ2) Fetal: o Hemoglobina F (α2γ2) Adultos: o Hemoglobina
A (α2β2) - O tipo mais comum, correspondendo a 95 % da hemoglobina total.
o Hemoglobina A2 (α2δ2) - cadeias δ são sintetizadas no último trimestre após o parto, seu nível
normal é de aproximadamente 2,5 %.
o Hemoglobina F (α2γ2) - Nos adultos, a hemoglobina F é restrita a uma população de células
vermelhas (hemácias), chamadas células F. Este tipo de hemoglobina corresponde a cerca de
2,5 % da hemoglobina total.

Distribuição do oxigénio

A distribuição é feita através da interação da hemoglobina com o oxigênio do ar (que pode ser inspirado ou
absorvido, como na respiração cutânea). Devido a isto, forma-se o complexo oxi-hemoglobina, representado pela
notação HbO2. Chegando às células do organismo, o oxigênio é libertado e o sangue arterial (vermelho) transformase
em venoso (vermelho arroxeado). A hemoglobina livre pode ser reutilizada no transporte do dióxido de carbono, apesar
de apenas 11% deste gás ser transportado por essa via[1]. A hemoglobina distribui o oxigênio para todas as partes do
corpo irrigadas por vasos sanguíneos.

A hemoglobina pode ser encontrada dispersa no sangue (em grupos animais simples) ou em várias células
especializadas (as hemácias de animais mais complexos).

O aumento de glóbulos vermelhos no sangue (eritrocitose) resulta de uma adaptação fisiológica do organismo a locais
de altitude elevada, como resposta à menor pressão atmosférica e disponibilidade de oxigénio. Uma vez que o aumento
de glóbulos vermelhos favorece o transporte de oxigénio pelo sangue, o seu uso melhora a performance de atletas,
principalmente nas modalidades de resistência. Quando os atletas realizam treino em locais de alta altitude, a pequena
concentração de oxigénio estimula a produção natural de EPO, que aumenta o número de eritrócitos e a capacidade
muscular; ao regressar a altitudes menores, o seu corpo está mais preparado e sua resistência é maior.

Hemoglobinopatias

O termo hemoglobinopatia refere-se à uma gama de doenças ocasionadas por defeitos numa proteína
denominada hemoglobina, presente nas hemácias. A principal função da hemoglobina é o transporte de oxigênio dos
pulmões para os tecidos, e de gás carbônico dos tecidos aos pulmões para assim ser liberado

Hemoglobinopatias estão classificadas entre as alterações genéticas mais freqüentes nas populações humanas,
afetando cerca de 270 milhões de pessoas em todo o mundo. Cerca de 4,5% da população mundial manifesta, portanto,
uma hemoglobinopatia. Em decorrência da composição étnica das populações brasileiras, as hemoglobinopatias
também são muito freqüentes em nosso país, atingindo algumas delas, como a hemoglobina S, a hemoglobina C e a
talassemia beta importância em nível de saúde pública.

Dessa forma é preciso que se conheça o perfil das doenças relacionadas à hemoglobina no nosso país para que
se possam instituir programas de prevenção e diagnóstico precoce, diminuindo despesas e reduzindo complicações de
ordem clínica. Com esse objetivo foi criado esse post para possibilitar aos laboratórios de rotina a realização de exames
para o diagnóstico de hemoglobinopatias com mais segurança através informações técnicas sobre como realizar o
diagnóstico.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
A investigação na suspeita de hemoglobinopatia deve seguir um protocolo definido para adequar-se às
necessidades e possibilidades do laboratório. Os dados obtidos da clínica, do hemograma, do HPLC ou da eletroforese
serão conclusivos ou indicarão em que direção prosseguir.

Protocolo Sugerido:

Em primeiro lugar é importante observar as análises laboratoriais que permitem identificar os principais
genótipos de hemoglobinas variantes e de talassemias. Essas análises podem ser definidas como:

. Eritrograma;
. Morfologia eritrocitária;
. Eletroforese de hemoglobina em pH alcalino; .
Teste de resistência osmótica em NaCl 0,36%.

– Eritrograma: O eritograma é o primeiro passo para identificação das hemoglobinopatias, sendo assim
importante observar os índices hematimétricos e a morfologia eritrocitária.

- Morfologia eritrocitária: O exame microscópico de uma distensão corada em geral fornece rápida pista para o
diagnóstico, mas a confirmação pode requerer exames mais específicos, citados a seguir. O esfregaço deve ser corado,
pois mostra intensidade de hipocromia, de policromasia, de inclusões eritrocitárias, presença de eritroblastos, etc.

– Eletroforese de hemoglobina em pH alcalino: A eletroforese permite a separação dos principais genótipos


de hemoglobinas variantes e talassemias. A sua avaliação é qualitativa, podendo em algumas situações supor que
determinada fração de hemoglobina esteja elevada.

A eletroforese de hemoglobina em pH alcalino quando realizado em acetato de celulose permite a visualização da


Hb H que está presente e pessoas portadoras de talassemia alfa. Para identificar a Hb H são necessários alguns
procedimentos:

• usar amostra de sangue hemolisada com saponina a 1%.


• aplicar excessiva quantidade de hemolisado.
• avaliar visualmente a presença da fração de Hb H entre 5 a 10 minutos do início da corrida eletroforética.
• ao comprovar a presença de Hb H, anote a ficha do paciente, pois com o passar do tempo o processo
termodinâmico da eletroforese desnatura a Hb H.
Teste de resistência osmótica em NaCl 0,36%: Teste seletivo para identificar possíveis portadores de talassemia
beta menor. Os eritrócitos esquisócitos desses pacientes não hemolisam nessa solução, tornando-a turva, conforme
mostra a figura abaixo. É importante destacar que esse teste não tem valor como diagnóstico laboratorial e sua função
é apenas auxiliar. A positividade também ocorre nos genótipos AC, SS, SC e SF, além de casos com anemia ferropriva
intensa.

Testes

Os testes dessa fase complementam os resultados das análises obtidos na primeira fase. Por exemplo, quando se
identifica a presença de Hb S em diferentes genótipos (AS, SS, SC, etc.) por eletroforese de hemoglobina em pH
alcalino, não há certeza de que essa variante seja realmente a Hb S, uma vez que diversas outras variantes também
migram nessa posição. O teste de falcização pode resolver os genótipos de Hb AS e Hb SC, mas não resolve o da Hb
SS, pois seria positivo em caso de Hb SD – A Hb D é a variante mais comum que migra na mesma posição da Hb S.
Objetivamente a técnica que resolve essa questão é a eletroforese em agarose ácida. Outras análises complementares
são fundamentais para quantificar hemoglobinas, especialmente as hemoglobinas A2 e Fetal, a comprovação da
presença de Hb H e, finalmente, a contagem de reticulócitos. Dessa forma, os testes complemetares são as seguintes
análises laboratoriais:

• Eletroforese em agarose ácida;

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• Eletroforese alcalina quantitativa; Pesquisa intraeritrocitária de Hb H; Contagem de reticulócitos.

– Eletroforese em agarose ácida: Teste específico para diferenciar alguns tipos de hemoglobinas variantes
mais lentas que a Hb A, quais sejam: diferencia a Hb S da Hb D, e a Hb C da Hb E, pois Hb S e Hb D migram na
mesma posição em eletroforese alcalina e o mesmo ocorre em relação às Hb C e Hb E. Por meio do uso da eletroforese
em agarose ácida as Hb S e Hb C são mais lentas que a Hb A, enquanto que as Hb D e Hb E migram na mesma posição
da Hb A. Esse sistema eletroforético permite também, com excelente qualidade de resolução, a quantificação da Hb
Fetal por meio de densitometria.

– Eletroforese alcalina quantitativa: Usada especialmente para dosar a Hb A2, notadamente quando a suspeita
é de talassemia beta menor. 95% dos casos de talassemia beta menor a Hb A2 está elevada com concentrações variáveis
entre 4,1 a 7,5% (Hb A2 normal: 2 a 4%). A eletroforese alcalina quantitativa também pode ser empregada na dosagem
de frações variantes em diversos genótipos (AS, AI, SC, SF, etc.). As quantificações podem ser realizadas por meio de
avaliações densitométricas ou eluitivas.

– Pesquisa intraeritrocitária de Hb H: Teste citológico feito para comprovar a presença de Hb H identificada


inicialmente por eletroforese alcalina. Os corpúsculos precipitados de Hb H no interior dos eritrócitos se devem às
globinas beta ―livres‖ que ficaram despareadas das globinas alfa devido à talassemia alfa. Os precipitados de Hb H
somente são visíveis com coloração vital por meio do uso de azul de crezil brilhante a 1% ou o novo azul de metileno.

– Contagem de reticulócitos: A contagem é um teste fundamental de grande utilidade para compor o


diagnóstico de anemias hemolíticas, entre as quais se destacam a doença falciforme, talassemias maior e intermédia, e
Hb Instáveis. Fisiologicamente a contagem dessas células avalia indiretamente o grau de eritropoiese em pacientes
anêmicos, mas também pode ser usada como referência à resposta terapêutica da anemia e, inclusive, avaliar o grau de
destruição eritrocitária que ocorre no processo hemolítico, como por exemplo na malária, anemia hemolítica autoimune
e nas Hb Instáveis.

Factor de virulência
Factores de virulência são moléculas expressadas e segregadas por agentes patogénicos como bactérias, vírus,
fungos e protozoários, que lhes permitem:

• a colonização de um nicho no hospedeiro, incluindo a adesão às células;


• a evasão ao sistema imunitário do hospedeiro;
• a liberação de fatores tóxicos, que podem ser prejudiciais ao hospedeiro;
• a imunossupressão, a inibição da resposta imunitária do hospedeiro; a entrada e saída nas células, se o
agente for intracelular; a obtenção de nutrientes a partir do hospedeiro.
Os agentes patogénicos possuem uma grande variedade de factores de virulência. Alguns são intrínsecos às
bactérias (cápsulas e endotoxinas) enquanto outros são obtidos através de plasmídeos. (algumas toxinas).
Estratégias de escape aos Mecanismos de defesa do hospedeiro Defesas
do hospedeiro que protegem contra infecções incluem

• Barreiras naturais (p. ex., pele, membranas mucosas)


• Respostas imunitárias inespecíficas (p. ex., células fagocíticas [neutrófilos, macrófagos] e seus produtos)
• Respostas imunes específicas (p. ex., anticorpos, linfócitos)

Barreiras naturais

Pele
A pele geralmente impede a entrada de microrganismos invasores, exceto se estiver fisicamente rompida (p. ex.,
por lesão, cateter intravenoso [IV], ou incisão cirúrgica). Exceções incluem:

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Papilomavírus humano, que pode invadir a pele normal causando verrugas
Alguns parasitas (p. ex., Schistosoma mansoni, Strongyloides stercoralis).

Membranas mucosas
Muitas membranas mucosas são banhadas em secreções que possuem propriedades antimicrobianas (p. ex., muco
cervical, fluido prostático e lágrimas contendo lisozimas, que rompem a ligação do ácido murâmico nas paredes
bacterianas, especialmente em microrganismos Gram-positivos). Secreções locais contêm também imunoglobulinas
(Ig), em especial IgG e IgA secretora, que previnem a adesão de microrganismos às células hospedeiras.

Trato respiratório
O trato respiratório possui filtros nas vias respiratórias superiores. Se microrganismos invasores alcançam a
árvore traqueobrônquica, o epitélio mucociliar os transporta para fora dos pulmões. A tosse também auxilia nas
remoções dos organismos. Se os microrganismos alcançam os alvéolos, macrófagos alveolares e histiócitos teciduais
os fagocitam. Entretanto, essas defesas podem ser derrubadas por um grande número de microrganismos ou ter sua
eficácia comprometida por poluentes do ar (p. ex., fumaça de cigarro) ou pela interferência nos mecanismos protetores
(p. ex., intubação endotraqueal ou traqueostomia).

Trato gastrintestinal (GI)


Barreiras do trato GI incluem o pH ácido do estômago e a atividade antibacteriana das enzimas pancreáticas, bile e
secreções intestinais.

O peristaltismo e a perda normal de células epiteliais removem os microrganismos. Se o peristaltismo é lento, p. ex.,
em razão de drogas, como beladona ou alcaloides opiáceos, essa remoção é alentecida e prolonga algumas infecções,
como a shigelose sintomática.

Mecanismos de defesa do trato GI, quando comprometidos, podem predispor os pacientes a infecções
específicas (p. ex., acloridria predispõe à salmonelose).

A flora intestinal normal pode inibir patógenos; a alteração desta flora com o uso de antibióticos pode permitir
o excesso de crescimento de microrganismos patogênicos inerentes (p. ex., Salmonella Typhinurum) ou superinfecção
por microrganismos habitualmente comensais (p. ex., Candida albicans).
Trato geniturinário (GU)
As barreiras do trato GU incluem o comprimento da uretra (20 cm) nos homens, o pH ácido da vagina nas
mulheres e o estado hipertônico da medula renal.

Os rins também produzem e excretam grandes quantidades da mucoproteína de Tamm-Horsfall, que se liga a
certas bactérias, facilitando sua remoção inofensiva.

Respostas imunes inespecíficas


Citocinas (incluindo interleucina 1 [IL-1], IL-6, fator alfa de necrose tumoral, interferona-gama) são
produzidos principalmente por macrófagos e linfócitos ativados e são mediadores de resposta na fase aguda que se
desenvolve independentemente do microrganismo envolvido. A resposta envolve febre e aumento da produção de
neutrófilos pela medula óssea. Células endoteliais também produzem grande quantidade de IL-8, que atrai neutrófilos.

A resposta inflamatória orienta os componentes do sistema imune para os locais de lesão ou de infecção e
manifesta-se por aumento de suprimento sanguíneo e permeabilidade vascular, que permite que peptídios
quimiotáticos, neutrófilos e células mononucleares deixem o compartimento intravascular.

A disseminação microbiana é limitada pela fagocitose de microrganismos por fagócitos (p. ex., neutrófilos e
macrófagos). Os fagócitos são atraídos para os micróbios via quimiotaxia e os fagocitam, liberando o conteúdo
lisossomal dos fagócitos que auxilia na destruição de micróbios. Produtos oxidativos, como peróxido de hidrogênio,
são gerados pelos fagócitos e destroem os micróbios ingeridos. Quando defeitos quantitativos ou qualitativos dos

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neutrófilos resultam em infecção, esta em geral é prolongada e recorrente e responde lentamente aos agentes
antimicrobianos. Estafilococos, microrganismos Gram-negativos e fungos são, habitualmente, os patógenos
responsáveis.

Respostas imunes específicas


Após a infecção, o hospedeiro pode produzir vários anticorpos (glicoproteínas complexas conhecidas como
imunoglobulinas) que se ligam a alvos antigênicos microbianos específicos. Os anticorpos podem auxiliar a erradicar
o microrganismo infectante atraindo os leucócitos do hospedeiro e ativando o sistema complemento.

O sistema complemento destrói as paredes celulares dos microrganismos infectantes, em geral pela via
clássica. O complemento também pode ser ativado na superfície de alguns microrganismos pela via alternativa.

Anticorpos também podem promover a deposição de substâncias conhecidas como opsoninas (p. ex., a fração
de complemento C3b) na superfície dos microrganismos, o que ajuda a promover fagocitose. A opsonização é
importante para a erradicação de microrganismos encapsulados, como pneumococos e meningococos.

Factores genéticos do hospedeiro


Para muitos patógenos, a composição genética do hospedeiro influencia a susceptibilidade do hospedeiro e a
morbidade e mortalidade resultantes. Por exemplo, pacientes com deficiência de componentes da via terminal do
complemento (C5 a C8, talvez C9) têm maior susceptibilidade a infecções causadas por espécies de Neisseria.

Fungo
O reino Fungo é um grupo de organismos eucariotas, que inclui micro-organismos tais como as leveduras, os
bolores, bem como os mais familiares cogumelos.
Os fungos são classificados num reino separado das plantas, animais e bactérias. Uma grande diferença é o
facto de as células dos fungos terem paredes celulares que contêm quitina e glucanos, ao contrário das células vegetais,
que contêm celulose. Estas e outras diferenças mostram que os fungos formam um só grupo de organismos
relacionados entre si, denominado Eumycota (fungos verdadeiros ou Eumycetes), e que partilham um ancestral comum
(um grupo monofilético). Este grupo de fungos é distinto dos estruturalmente similares Myxomycetes (agora
classificados em Myxogastria) e Oomycetes. A disciplina da biologia dedicada ao estudo dos fungos é a micologia,
muitas vezes vista como um ramo da botânica, mesmo apesar de os estudos genéticos terem mostrado que os fungos
estão mais próximos dos animais do que das plantas.
Abundantes em todo mundo, a maioria dos fungos é inconspícua devido ao pequeno tamanho das sua
estruturas, e pelos seus modos de vida crípticos no solo, na matéria morta, e como simbiontes ou parasitas de plantas,
animais, e outros fungos. Podem tornar-se notados quando frutificam, seja como cogumelos ou como bolores. Os
fungos desempenham um papel essencial na decomposição da matéria orgânica e têm papéis fundamentais nas trocas
e ciclos de nutrientes. São desde há muito tempo utilizados como uma fonte direta de alimentação, como no caso dos
cogumelos e trufas, como agentes levedantes no pão, e na fermentação de vários produtos alimentares, como o vinho,
a cerveja, e o molho de soja. Desde a década de 1940, os fungos são usados na produção de antibióticos, e, mais
recentemente, várias enzimasproduzidas por fungos são usadas industrialmente e em detergentes. São também usados
como agentes biológicos no controlo de ervas daninhas e pragas agrícolas. Muitas espécies produzem compostos
bioativos chamados micotoxinas, como alcaloides e policetídeos, que são tóxicos para animais e humanos. As
estruturas frutíferas de algumas espécies contêm compostos psicotrópicos, que são consumidos recreativamente ou em
cerimónias espirituais tradicionais. Os fungos podem decompor materiais artificiais e construções, e tornar-se
patogénicos para animais e humanos. As perdas nas colheitas devidas a doenças causadas por fungos ou à deterioração
de alimentos podem ter um impacto significativo no fornecimento de alimentos e nas economias locais.
O reino dos fungos abrange uma enorme diversidade e táxons, com ecologias, estratégias de ciclos de vida e
morfologiasvariadas, que vão desde os quitrídios aquáticos unicelulares aos grandes cogumelos. Contudo, pouco se
sabe da verdadeira biodiversidade do reino Fungi, que se estima incluir 1,5 milhões de espécies, com apenas cerca de
5% destas formalmente classificadas. Desde os trabalhos taxonómicos pioneiros dos séculos XVII e XVIII efetuados
por Lineu, Christiaan Hendrik Persoon, e Elias Magnus Fries, os fungos são classificados segundo a sua morfologia
(i.e. caraterísticas como a cor do esporo ou caraterísticas microscópicas) ou segundo a sua fisiologia. Os avanços na

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genética molecular abriram o caminho à inclusão da análise de ADN na taxonomia, o que desafiou por vezes os antigos
agrupamentos baseados na morfologia e outros traços. Estudos filogenéticos publicados no último decénio têm ajudado
a modificar a classificação do reino Fungi, o qual está dividido em um sub-reino, sete filos e dez subfilos.

Antes da introdução dos métodos moleculares de análise filogenética, os taxonomistas consideravam que os
fungos eram membros do reino Plantae devido a semelhanças nos seus modos de vida: tanto os fungos como as plantas
são na sua maioria imóveis, e apresentam semelhanças na morfologia geral e no habitat em que se desenvolvem. Tal
como as plantas, muitas vezes os fungos crescem no solo, e no caso dos cogumelos formam corpos frutíferos
conspícuos, que por vezes se assemelham a plantas como os musgos. Os fungos são agora considerados um reino
separado, distintos das plantas e animais, dos quais parecem ter divergido há cerca de mil milhões de anos.[6][7] Algumas
caraterísticas morfológicas, bioquímicas, e genéticas são partilhadas com outros organismos, enquanto outras são
exclusivas dos fungos, separando-os claramente dos outros reinos:

Caraterísticas partilhadas:

• Com os demais eucariotas: como nos restantes eucariotas, os núcleos das células dos fungos estão limitados por
uma membrana e contêm cromossomas que contêm ADN com regiões não-codificantes chamadas intrões e regiões
codificantes chamadas exões. Além disso, os fungos possuem organelos citoplasmáticos delimitados por
membrana tais como mitocôndrias, membranas que contêm esterois, e ribossomas do tipo 80S.[8] Têm um conjunto
caraterístico de carboidratos e compostos armazenados solúveis, incluindo polióis (como manitol), dissacarídeos
(como a trealose) e polissacarídeos (como o glicogénio, que também é encontrado em animais[9]).
• Com os animais: os fungos carecem de cloroplastos e são organismos heterotróficos, requerendo compostos
orgânicos preformados como fontes de energia.[10]
• Com as plantas: os fungos possuem uma parede celular [11] e vacúolos.[12] Reproduzem-se por meios sexuados e
assexuados, e tal como os grupos basais de plantas (como os fetos e musgos) produzem esporos. Tal como os
musgos e algas, os fungos têm núcleos tipicamente haploides.[13]
• Com os euglenoides e bactérias: os fungos mais desenvolvidos, os euglenoides e algumas bactérias, produzem o
aminoácido L-lisina em passos específicos de biossíntese, a via do alfa-aminoadipato.[14][15]
• As células da maioria dos fungos crescem como estruturas tubulares, alongadas e filamentosas designadas hifas.
Estas podem conter múltiplos núcleos e crescer a partir das suas extremidades. Cada extremidade contém um
conjunto de vesículas - estruturas celulares compostas por proteínas, lípidos e outras moléculas orgânicas - chamado
Spitzenkörper.[16] Tanto fungos como Oomycetes crescem como células hifais filamentosas.[17] Em contraste,
organismos de aspecto semelhante, como as algas verdes filamentosas, crescem por divisão celular repetida ao longo
de uma cadeia de células.[9]
• Em comum com algumas espécies de plantas e animais, mais de 60 espécies de fungos apresentam
bioluminescência.[18]
• Alguns chegam a possuir uma cor esverdeada, outros esbranquiçada.
Características únicas:

• Algumas espécies crescem como leveduras unicelulares que se reproduzem por gemulação ou por fissão binária.
Os fungos dimórficos podem alternar entre uma fase de levedura e uma fase com hifas, em função das condições
ambientais.[19]
• A parede celular dos fungos é composta por glicanos e quitina; enquanto os primeiros são também encontrados
em plantas e a última no exosqueleto dos artrópodes,[20][21] os fungos são os únicos organismos que combinam
estas duas moléculas estruturais na sua parede celular. Ao contrário das plantas e dos Oomycetes, as paredes
celulares dos fungos não contêm celulose.[22]

A maioria dos fungos carece de um sistema eficiente para o transporte de água e nutrientes a longa distância, como
o xilemae o floema de muitas plantas. Para ultrapassar estas limitações, alguns fungos, como os do género Armillaria,
formam rizomorfos[23] que são morfológica e funcionalmente semelhantes às raízes das plantas. Outra característica
partilhada com as plantas consiste numa via bioquímica para a produção de terpenos que usa ácido mevalónico e
pirofosfato como precursores.[24] Porém, as plantas têm uma via bioquímica para a produção de terpenos nos seus
cloroplastos, uma estrutura que os fungos não possuem.[25] Os fungos produzem vários metabolitos secundários que

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são estruturalmente semelhantes ou idênticos aos produzidos pelas plantas. Muitas das enzimas de plantas e fungos
que produzem estes compostos diferem entre si na sequência de aminoácidos e outras características, o que indica
origens e evolução separadas destas enzimas nos fungos e plantas.
Vírus
Vírus (do latim virus, "veneno" ou "toxina") são pequenos agentes infecciosos (20-300 εm de diâmetro) que
apresentam genoma constituído de uma ou várias moléculas de ácido nucleico (DNA ou RNA), as quais possuem a
forma de fita simples ou dupla. Os ácidos nucleicos dos vírus geralmente apresentam-se revestidos por um envoltório
proteico formado por uma ou várias proteínas, o qual pode ainda ser revestido por um complexo envelope formado por
uma bicamada lipídica.
As partículas virais são estruturas extremamente pequenas, submicroscópicas. A maioria dos vírus apresentam
tamanhos diminutos, que estão além dos limites de resolução dos microscópios ópticos, sendo comum para a sua
visualização o uso de microscópios eletrônicos. Vírus são estruturas simples, se comparados a células, e não são
considerados organismos, pois não possuem organelas ou ribossomos, e não apresentam todo o potencial bioquímico
(enzimas) necessário à produção de sua própria energia metabólica. Eles são considerados parasitas intracelulares
obrigatórios (característica que os impede de ser considerado seres vivos), pois dependem de células para se
multiplicarem. Além disso, diferentemente dos organismos vivos, os vírus são incapazes de crescer em tamanho e de
se dividir. A partir das células hospedeiras, os vírus obtêm: aminoácidos e nucleotídeos; maquinaria de síntese de
proteínas (ribossomos) e energia metabólica (ATP).
Fora do ambiente intracelular, os vírus são inertes. Porém, uma vez dentro da célula, a capacidade de replicação
dos vírus é surpreendente: um único vírus é capaz de multiplicar, em poucas horas, milhares de novos vírus. Os vírus
são capazes de infectar seres vivos de todos os domínios (Eukarya, Archaea e Bactéria). Desta maneira, os vírus
representam a maior diversidade biológica do planeta, sendo mais diversos que bactérias, plantas, fungos e animais
juntos.
Classificação taxonômica
Os vírus também são classificados dentro de grupos taxonômicos, assim como os seres vivos, porém, seguindo uma regra
particular de classificação. Vírus não são agrupados em domínio, reino, filos ou classes. Desta maneira, a estrutura geral da
taxonomia dos vírus é a seguinte:
Ordem (-virales)

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Família (-viridae)
Subfamília (-virinae)
Gênero (-virus)
Espécie
A nomenclatura para ordens, famílias, subfamílias e gêneros é sempre precedida pelos sufixos apresentados acima.
Já a nomenclatura de espécies não possui um padrão universal. Cada ramo da virologia (vegetal, animal, bacteriana,
humana) adota um padrão de nomenclatura específico. Espécies de vírus de plantas normalmente apresentam nomes
que fazem referência a planta hospedeira e a característica do sintoma causado pela infecção (e.g. Vírus do mosaico
do tabaco). Espécies de vírus de bactérias (bacteriófagos) podem ser denominados como "fago" seguido de uma letra
grega (e.g. Fago λ) ou código alfanumérico (e.g. Fago T7). Vírus que infectam vertebrados podem receber nomes em
alusão à espécie hospedeira de origem (e.g. Papillomavírus Bovino), ao local de origem do vírus (e.g. Vírus Ebola, do
rio Ébola, no Congo), à doença causada pelo vírus (e.g. Vírus da imunodeficiência humana - HIV).[40]
O Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, do inglês "International Committee on Taxonomy of
Virus") estabelece regras de classificação e nomenclatura de vírus. O ICTV é uma entidade composta por grupos
especializados de virologistas de todas as partes do mundo.[5]
Esquema da transcrição do genoma viral dos sete grupos segundo a classificação de Baltimore
Classificação de Baltimore
Ver artigo principal: Classificação de Baltimore
O Sistema de Classificação de Baltimore, criado por David Baltimore, é um modo de classificação que ordena os
vírus em sete grupos, com base na característica do genoma viral e na forma como este é transcrito a mRNA. Neste
sistema, os vírus são agrupados como apresentado a seguir:[5]

• Grupo I: Vírus DNA dupla fita (dsDNA)


• Grupo II: Vírus DNA fita simples (ssDNA)
• Grupo III: Vírus RNA dupla fita (dsRNA)
• Grupo IV: Vírus RNA fita simples senso positivo ((+)ssRNA)
• Grupo V: Vírus RNA fita simples senso negativo ((-)ssRNA)
• Grupo VI: Vírus RNA com transcrição reversa (ssRNA-RT)
• Grupo VII: Vírus DNA com transcrição reversa (dsDNA-RT)

Genoma
Diversidade dos genomas virais

Propriedade Parâmetros

• DNA
Ácido nucleico • RNA
• DNA/RNA (ambos)

• Linear
Forma • Circular
• Segmentada

• Fita simples
Estrutura • Fita dupla
• Fita dupla com regiões fita simples

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• Senso positivo (+)


Sentido • Senso negativo (−)
• Ambisenso (+/−)
Ao contrário das células, que apresentam genoma constituído por DNA e RNA, os vírus possuem DNA ou RNA
como material genético, e todos os vírus possuem apenas um ou outro no vírion. No entanto, existem vírus que possuem
ambos, porém, em estágio diferentes do ciclo reprodutivo.[41] As moléculas de ácido nucleico dos vírus podem ser fita
simples ou dupla, linear ou circular, e segmentada ou não. O genoma dos vírus de RNA tem ainda a característica de
possuir senso positivo (atua como mRNA funcional no interior das células infectadas) ou senso negativo (serve de
molde para uma RNA-polimerase transcrevê-lo dando origem a um mRNA funcional).[2] A quantidade de material
genético viral é menor que a da maioria das células.[41] O peso molecular do genoma dos vírus de DNA varia de 1,5 ×
106 a 200 × 106 Da. Já o dos de RNA varia de 2 × 106 a 15 × 106 Da. No genoma dos vírus estão contidas todas as
informações genéticas necessárias para programar as células hospedeiras, induzindo-as a sintetizar todas as
macromoléculas essenciais à replicação do vírus.[2]

Estrutura
Dentre os vários grupos de vírus existentes, não existe um padrão único de estrutura viral. A estrutura mais simples
apresentada por um vírus consiste de uma molécula de ácido nucleico coberta por muitas moléculas de proteínas
idênticas. Os vírus mais complexos podem conter várias moléculas de ácido nucleico assim como diversas proteínas
associadas, envoltório proteico com formato definido, além de complexo envelope externo com espículas. A maioria
dos vírus apresentam conformação helicoidal ou isométrica. Dentre os vírus isométricos, o formato mais comum é o
de simetria icosaédrica.[1]
Partícula
Os vírus são formados por um agregado de moléculas mantidas unidas por forças secundárias, formando uma
estrutura denominada partícula viral. Uma partícula viral completa é denominada vírion. Este é constituído por diversos
componentes estruturais (ver tabela abaixo para mais detalhes):[1][2]

1. Ácido nucleico: molécula de DNA ou RNA que constitui o genoma viral.


2. Capsídeo: envoltório proteico que envolve o material genético dos vírus.
3. Nucleocapsídeo: estrutura formada pelo capsídeo associado ao ácido nucleico que ele engloba (Os
capsídeos formados pelos ácidos nucleicos são englobados a partir de enzimas) .
4. Capsômeros: subunidades proteicas (monômeros) que agregadas constituem o capsídeo.
5. Envelope: membrana rica em lipídios que envolve a partícula viral externamente. Deriva de estruturas
celulares, como membrana plasmática e organelas.
6. Peplômeros (espículas): estruturas proeminentes, geralmente constituídas de glicoproteínas e lipídios,
que são encontradas ancoradas ao envelope, expostas na superfície.

Parasita
Parasitas ou parasitos são organismos que vivem em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua
sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido por parasitismo.
Todas as doenças infecciosas e as infestações dos animais e das plantas são causadas por seres considerados parasitas.
O efeito de um parasita no hospedeiro pode ser mínimo, sem lhe afectar as funções vitais, como é o caso dos piolhos,
até poder causar a sua morte ou uma grave doença, como é o caso de muitos vírus e bactérias patogénicas. Neste caso
extremo, o parasita normalmente morre com o seu hospedeiro, mas em muitos casos, o parasita pode terse reproduzido
e disseminado os seus descendentes, que podem ter infestado outros hospedeiros, perpetuando assim a espécie, como
no caso do Plasmodium.
Algumas espécies são parasitas apenas durante uma fase do seu ciclo de vida: o cuco, por exemplo, é parasita de outra
ave apenas na fase de ovo e juvenil, enquanto que os adultos têm vida independente.

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Etimologia
O termo parasita descende do latim parasitus que, por sua vez, deriva do grego παπάζιηορ (parásitos), ou seja, "aquele
que come na mesa de outrem"[1]. O termo grego é composto de παπά (para), "junto a, ao lado"[2] e ζῖηορ (sitos),
"alimento".[3]. O termo acabou por significar o comensal que adulava alguém de alta posição social para que pudesse
comer gratuitamente em sua casa[4].

Classificação
Os parasitas podem classificar-se segundo a parte do corpo do hospedeiro que atacam:

• Ectoparasitas atacam a parte exterior do corpo do hospedeiro; Endoparasitas vivem no interior do


corpo do hospedeiro; Hemoparasita parasita que vive na corrente sanguínea.
Outra forma de classificar os parasitas depende dos hospedeiros e da relação entre parasita e hospedeiro:

• Parasitas obrigatórios, só vivem se tiverem hospedeiro, como os vírus;


• Parasitas facultativos, não dependem do hospedeiro para sobreviver, e sim optam por parasitá-lo;
• Parasitas protelianos, forma de parasitismo exclusiva de estágios larvares, sendo o estágio adulto de vida livre.
Os parasitas obrigatórios são considerados mais adaptados para o parasitismo que os facultativos, uma vez que
possuem adaptações para isso. Muitas vezes, um hospedeiro obrigatório desenvolve defesas contra um parasita e, se o
parasita consegue desenvolver um mecanismo para ultrapassar essas defesas, pode levar a um processo chamado co-
evolução.
Os parasitas mais comuns são: os vírus, as bactérias, os vermes, os artrópodes e os protozoários

Adaptações do parasita
As adaptações ao parasitismo podem chegar à redução ou mesmo desaparecimento de praticamente todos os
órgãos, com excepção dos órgãos da alimentação e os reprodutores, como acontece com as ténias e lombrigas.
Alguns parasitas são de tal forma modificados que se torna difícil associá-los a espécies afins que têm vida
livre, como acontece com muitos crustáceos como, por exemplo, o rizocéfalo).
Um outro caso de adaptação relaciona-se com a sua forma de disseminação: nos casos do plasmódio da malária
ou da bilhárzia, a reprodução sexuada não se dá dentro do hospedeiro, mas sim dentro doutra espécie, que pode servir
apenas de vector para a infecção de outro hospedeiro.

Helmintos
Os primeiros registros de doenças causadas por vermes parasitários, ou helmintos, se encontram no papiro de
Ebers, de 1500 a.C., em que se reconhecem descrições de tênias e lombrigas, estas últimas de incidência ainda bastante
comum no Brasil e outros países do terceiro mundo no final do século XX.
Helmintos ou vermes são animais metazoários muitos dos quais parasitos que vivem em várias partes do corpo humano.
Do ponto de vista taxionômico, pertencem a diversos filos e se caracterizam pela ausência de segmentação e um
verdadeiro celoma, e a presença de protonefrídios, isto é, canais excretores ramificados com órgãos terminais
unicelulares providos de cílios longos. Os helmintos podem-se classificar em três grandes grupos: nematódios, ou
vermes cilíndricos; cestóides, ou vermes chatos; e trematódeos, providos de ventosas. Os helmintos podem multiplicar-
se dentro ou fora do corpo do hospedeiro. Isso depende do ciclo vital específico de cada parasito. Os que parasitam o
intestino do homem quase nunca produzem por si sós a morte do hospedeiro. Trazem, no entanto, malefícios ao
organismo parasitado, muitas vezes debilitando-o perigosamente. Entre os helmintos intestinais mais comuns estão os
oxiúros, os ascarídeos, os ancilóstomos e as tênias.

Os oxiúros (Enterobius vermicularis), parasitos que afetam o homem com muita freqüência, são vermes
pequenos (até dois centímetros) e brancos. Habitam a região do ceco-apêndice humano, de onde a fêmea fecundada
emigra para depositar ovos embrionados às margens do ânus e nas pregas perianais. Por isso, os sintomas principais
da oxiurose são o prurido anal e a tensão nervosa.

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Os ascarídeos, conhecidos vulgarmente como lombrigas, são, depois dos oxiúros, os vermes que mais
freqüentemente parasitam o intestino humano. A fêmea pode chegar aos trinta centímetros, enquanto o macho só atinge
metade desse tamanho. Os ovos fertilizados desenvolvem-se facilmente e são encontrados na poeira doméstica, terra
dos jardins etc. A infecção se processa pelas mãos sujas ou por intermédio da água, frutas, legumes. Normalmente os
vermes habitam o intestino delgado. Em caso de infecção grave podem invadir vários pontos do organismo,
ocasionando problemas de maior ou menor gravidade.

O ancilóstomo e o necátor (Ancylostoma duodenale e Necator americanus) causam uma doença conhecida
como ancilostomíase ou necatoríase, anemia tropical, uncinariose, amarelão ou opilação, sério problema de saúde
pública, especialmente no interior brasileiro. Os ancilóstomos são parasitos chupadores de sangue, característica que
produz graves sintomas, como anemia hipocrômica e microcítica.

O tricocéfalo (Trichuris trichiura) é um verme de incidência comum em crianças. Permanece fixado pela
extremidade anterior na mucosa do ceco-apêndice e pode invadir o intestino grosso. Cada fêmea adulta do tricocéfalo
põe cerca de quatro mil ovos por dia, que são eliminados nas fezes. Ingeridos com a água e os alimentos, ou levados à
boca em pedaços de terra (geofagia), ou pelos dedos, os ovos chegam ao duodeno, donde as larvas migram para o
habitat definitivo e atingem a maturidade em cerca de três meses. A sintomatologia é bastante vaga: nos casos mais
graves, observam-se palidez, perda de peso, anemia, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia mucossanguinolenta, dores
abdominais, tenesmo (dificuldade de defecar ou urinar, com sensação dolorosa no reto ou na bexiga).

O estrongilóide (Strongyloides stercoralis) é um helminto de ciclo evolutivo bastante complexo, com dupla
modalidade biológica: uma forma parasitária e outra de vida livre. A fêmea parasita mede pouco mais de dois
milímetros de comprimento e vive na mucosa do duodeno ou do jejuno. Aí deposita os ovos embrionados, que dão
saída às larvas, posteriormente eliminadas com as fezes. A ação patogênica desse verme manifesta-se em alterações
de natureza mecânica, traumática, irritativa e, às vezes, de ordem tóxica ou alérgica.

As tênias são vermes de corpo chato e largo, que vivem principalmente no intestino humano. Existem cerca
de quarenta espécies, das quais as mais comuns no Brasil são a Taenia solium e a Taenia saginata. Em geral, o contágio
se dá por ingestão de alimentos, que veiculam os ovos ou as larvas. Os vermes adultos vivem fixados pela extremidade
cefálica à parede do intestino humano. Em geral só existe um exemplar infectante no intestino, razão por que esse
verme é conhecido como "solitária". Sua vida, contudo, pode ser muito prolongada, às vezes até vinte anos, e pode
produzir dez ou mais segmentos todos os dias, pelo que vez por outra alcança comprimento de até dez metros.

As filárias são helmintos parasitos obrigatórios durante toda a vida e necessitam de dois hospedeiros, um
obrigatório ou definitivo, onde vivem e se reproduzem, e outro intermediário, em que evoluem as formas imaturas. Os
vermes adultos ou "macrofilárias" vivem no sistema linfático, cavidades serosas ou tecido conjuntivo do homem. Os
embriões ou "microfilárias", segundo a espécie, fazem apenas curta migração pela pele ou tecido celular subcutâneo
do hospedeiro vertebrado, ou chegam à circulação periférica. Sempre, porém, estão ao alcance do hospedeiro
intermediário, de que necessitam para completar seu ciclo evolutivo.

O Schistosoma mansoni é o agente causal da esquistossomose, ou doença de Manson-Pirajá da Silva, um dos


mais graves problemas de saúde pública no Brasil. Essa helmintose está condicionada à eliminação dos ovos do
parasito com as fezes de pacientes infectados e à presença do hospedeiro intermediário, um caramujo do gênero
Biomphalaria comumente encontrados em lagoas, represas, canais de irrigação, córregos etc.

Trematoda
Trematoda do filo Platyhelminthes composta por cerca de 18 mil a 24 mil espécies de endo-
e ectoparasitas. Os tremátodes podem infestar moluscos e vertebrados, sendo a escolha do hospedeiro dependente da
espécie. Normalmente eles parasitam dois hospedeiros, um intermediário (normalmente moluscos) e outro permanente.
Alguns destes organismos causam doenças graves no hospedeiro. Dividido em duas subclasses: Digenea e
Aspidogastrea.

Anatomia

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A estrutura e fisiologia dos tremátodes é bastante semelhante à dos organismos da classe Tuberllaria. Os
tremátodes têm órgãos adesivos orais e ventrais que os fixam ao hospedeiro, do qual sugam tecidos, muco, fluidos e/ou
sangue.
São animais de corpo simples, geralmente achatados e sem divisões, com simetria bilateral. Seus corpos
são revestidos por uma cutícula de quitina que protege das enzimas liberadas pelos hospedeiros. Esse fica sob o epitélio,
que está repousado sobre uma membrana basal.
A epiderme do tremátode é não ciliada e permite as trocas gasosas da respiração e a eliminação de
compostos nitrogenados, ao mesmo tempo que protege das enzimas segregadas pelo hospedeiro.
A superfície corporal dos trematóides compreende um tegumento sincicial duro, que ajuda a proteger
contra enzimas digestivas nas espécies que habitam o intestino de animais maiores e também a superfície de troca de
gás. Revestido por fibras musculares e possuem poucos espinhos com formato de escamas na extremidade anterior.
Não há órgãos respiratórios.
A boca está localizada na extremidade dianteira do animal e se abre para uma faringe muscular,
bombeando. A faringe liga-se, através de um esôfago curto, a um ou dois cecos que ocupam a maior parte do
comprimento do corpo. Em algumas espécies,os cecos são ramificados. Como em outros vermes, não há nenhum ânus,
e o material de desperdício é excretado através da boca.
Embora a excreção de resíduos nitrogenados ocorre principalmente através do tegumento, trematóides
possuem um sistema excretor, que primariamente é responsável pela osmoregulação. Esta consiste em duas ou mais
protonefridias, com as de cada lado da abertura do corpo em um duto coletor. As duas condutas coletoras encontramse
tipicamente numa única bexiga, abrindo para o exterior através de um ou dois poros perto da extremidade posterior do
animal. O cérebro consiste de um par de gânglios na região da cabeça, dos quais dois ou três pares de cordas nervosas
percorrem o comprimento do corpo. As cordas nervosas que correm ao longo da superfície ventral são sempre as
maiores, enquanto as cordas dorsais estão presentes apenas no Aspidogastrea. Os trematodes geralmente não possuem
nenhum órgão sensorial especializado, embora algumas espécies ectoparasitas possuam um ou dois pares de ocelos
simples. Os tremátodes que integram o ser humano no seu ciclo de vida - e que por isso provocam a doenças infecciosas
tais como a trematodose - pertencem todos à sub-classe Digenea. Esta é, por sua vez, dividida de acordo com o alvo
afectado pelo parasita, que pode ser tecidos, em particular do fígado, ou sangue.

Reprodução
Em alguns trematodas não há diferenciação do aparelho copulador, enquanto em outros existe um órgão
bastante complexo que pode ser quitinoso, uma ventosa genital ou muscular. São todos hermafroditas simultâneos,
com exceção do Schistosoma, que são dióicos.
Os hermafroditas realizam fecundação cruzada facilitada pelo amadurecimento precoce do aparelho genital
masculino com relação ao feminino. Na reprodução sexuada o macho libera o esperma no cretal, orifício onde se
localiza o órgão genital feminino, ocorrendo a fecundação. Os ovos são depositados nos capilares do intestino do
hospedeiro, os quais, por possuírem espinhos, rasgam as paredes dos vasos do intestino, caindo na cavidade intestinal.
Assim ele é disperçado através das fezes. Quase todos os trematodos infectam moluscos como o primeiro hospedeiro
no ciclo de vida, e a maioria tem um ciclo de vida complexo envolvendo outros hospedeiros. A maioria deles são
monóicos e alternadamente se reproduzem sexualmente e assexuadamente. As duas principais exceções a este são os
Aspidogastrea, que não têm reprodução assexuada, e os esquistossomos, que são dióicos.

Evolução
Os trematodas são parasitas obrigatório de moluscos, com isso sua evolução é correlacionada aos mesmos.
Desse modo, os eles desenvolveram variadas adaptações morfológicas e funcionais, que variam de acordo com os
diferentes grupos existentes em trematoda.De modo geral, a evolução dos trematodes se processa do seguinte modo:
O esporocisto materno que surge a partir da partenogênese e dá origem a larva de vida livre que é chamada de
miracidium. A larva, então, penetra o hospedeiro intermediário e se reproduz, o que a torna apta para parasitar o
hospedeiro definitivo. Durante esse processo, os trematodas apresentam três fases principais, o esporocisto, a de rédia
e de cercária. A larva de vida livre ao parasitar o hospedeiro intermediário que é sempre um molusco se enquista e dá
origem ao esporocisto. Com a ruptura do esporocisto dentro do organismo do molusco, as células germinativas

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presentes no esporocisto se espalham pelo corpo do hospedeiro construindo uma nova fase larval, que é chamada de
rédia.

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A rédia é semelhante ao esporocisto, possuindo também as células germinativas, que dão origem à novas
iguais a elas e à cercárias. Porém diferenciam-se, pois possuem um aparelho digestivo rudimentar. Nesse ciclo
evolutivo, as cercárias saem do corpo do hospedeiro por um orifício especial em busca do hospedeiro definitivo,
enquanto as rédias filhas continuam no corpo do molusco para geração de novas cercárias.
Um exemplo de ciclo de trematoda é o do Schistossoma mansoni, que tem início nos caramujos, no qual se
multiplicam os esporocistos que dão origem as cercárias que em seguida abandonam o caramujo, ficando livres em
meio aquático. Assim que entram em contato com o ser humano as cercárias penetram a pele até conseguirem entrar
na corrente sanguínea e se alojam nos pulmões até atingirem sua forma jovem. Logo que a forma jovem é atingida
voltam para a corrente sanguínea até atingirem o fígado, onde as larvas se diferenciam sexualmente entre machos e
fêmeas. A diferenciação sexual permite o acasalamento que acarreta na liberação de 300 ovos/dia, esses ovos ao
atingirem o intestino são expelidos do corpo junto com as fezes, infectando áreas sem tratamento adequado de esgoto
e reiniciando todo o ciclo.

Cestoda
Cestoda é uma classe do filo Platyhelminthes que se caracterizam pela ausência do sistema digestório. Os
alimentos são absorvidos pela pele que têm revestimento semelhante aos dos trematódeos. Todos os representantes
desta classe são parasitas internos.
Os adultos habitam o intestino de vertebrados, enquanto as larvas instalam-se em outros hospedeiros. Possuem
o corpo dividido em três regiões: escólex, colo e proglotes.

Taenia solium
A teníase é uma parasitose intestinal, decorrente da ingestão de cisticercos; o verme adulto, no intestino humano,
provoca aumento da motilidade intestinal e inflamação crônica eosinofílica. Os sintomas são: dor abdominal, sensação
de fome, astenia, náuseas, diarreia e perda de peso mesmo na vigência de bom apetite. O diagnóstico é feito pela
visualização de ovos ou proglotes nas fezes. [1]
O indivíduo adulto possui ventosas e ganchos no escólex, onde há a eliminação de proglotes.
Esses proglotes vindos de um homem contaminado, possui milhares de ovos. O hospedeiro intermediário (porco
ou homem) ingere os ovos e desenvolve o cisticerco nos seus tecidos, principalmente no tecido muscular. Depois, o
homem pode ingerir carne contaminada e mal cozida, levando ao desenvolvimento da tênia adulta no intestino. O
período pré-patente é de sessenta a setenta dias. .
A cisticercose se constitui no desenvolvimento de cisticercos no tecido humano, decorrentes da ingestão
acidental de ovos da Taenia. Ocorre em locais diversos do organismo, principalmente no cérebro (neurocisticercose),
olhos, músculos e fígado. Manifesta-se por convulsões, perda da acuidade visual, psicoses, fadiga, cãibras. O
diagnóstico é feito por métodos de imagem e sorologia.
A prevenção inclui saneamento básico e cozimento adequado da carne. O congelamento e o resfriamento da
carne reduzem a viabilidade dos cisticercos para alguns dias.

Taenia saginata
A teníase é uma infecção intestinal que leva à inflamação crônica eosinofílica da mucosa intestinal; manifestase
por dor abdominal, sensação de fome, astenia, perda de peso mesmo na vigência de bom apetite, náuseas, diarreia.
O adulto não possui ganchos no escólex, apenas ventosas.
Seu ciclo constitui-se:
Na eliminação de proglotes nas fezes da pessoa contaminada, cada uma possuindo vinte a setenta mil ovos. O
hospedeiro intermediário (boi) ingere os ovos e desenvolve o cisticerco nos músculos. Depois, o homem pode ingerir
carne contaminada e mal cozida, levando ao desenvolvimento da tênia adulta no intestino. O período pré-patente é de
sessenta a setenta dias.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
A prevenção inclui saneamento básico e cozimento adequado da carne. O congelamento e o resfriamento da
carne permitem a viabilidade dos cisticercos por alguns dias. O homem é o grande agente de contaminação do ambiente
e por isso deve ser tratado adequadamente com medicação tenicida.
O ciclo de vida de Taenia saginata começa, quando os ovos são passados nas fezes de um ser humano infectado
em uma proglotide ou um segmento de tênia. Eles podem sobreviver alguns meses fora no ambiente. Se uma vaca (o
hospedeiro intermediário) se alimenta de vegetação contaminada, ingere ovos maduros ou proglótides gravidas.
No intestino delgado larvas chamadas oncosferas eclodem, penetram na parede intestinal, entram na corrente
sanguínea e migram para o tecido muscular, onde se diferenciam em cisticercos.
Os cisticercos minúsculos podem sobreviver por anos e ainda infectar os seres humanos quando comem a carne.
Se a carne não é cozida corretamente, os cisticercos não morrem e assim se alojam no intestino delgado e se
desenvolvem em adultos dentro de dois meses. Os adultos se anexam à parede intestinal com seu usando seus ganchos,
localizados na cabeça da escólex. Os proglótides amadurecem e crescem à medida que se afastam do pescoço. São
cerca de 16-20 mm de comprimento e 5-7 mm de largura e tem seus próprios órgãos reprodutivos. Eles absorvem
nutrientes através de suas membranas e produzem até 100 000 ovos por dia. Eles se movem com a cauda e podem se
movem nas fezes para fora do corpo humano.
Uma Taenia saginata completa é de cor esbranquiçada e tem cerca de 1000-2000 proglótides e cerca de seis
deles destacam todos os dias. Os ovos geralmente permanecem dentro dos proglótides até que eles estão fora no
ambiente. Quando a proglótide se rompe, libera os ovos. Se as fezes caem em pastagem para gado, uma vaca pode
ingerir acidentalmente proglótides ou ovos e recomeçar seu ciclo. A Taenia saginata pode viver até 25 anos e crescer
até 5 metros, mas em alguns casos pode atingir comprimentos de mais de 10 metros.

Ciclo
A figura abaixo representa ciclo da teníase e da cisticercose:
Sintomas
O principal indicativo da doença é a perda de peso, uma vez que esses parasitas não possuem sistema digestivo
e então competem com o hospedeiro pelos nutrientes. Outros sintomas característicos incluem:[2]Teníase (T.saginata e
T.solium)

•Prurido anal;
•Dor abdominal;
•Náuseas;
•Constipação;
•Vômitos;
•Sonolência
•Mal estar generalizado;
•Falta de apetite;
•Inquietação;
•Diarreia;
•Irritabilidade generalizada
DiagnósticoDetecção de ovos ou proglotes nas fezes;

• Detecção através do exame ELISA e


• Multiplex PCR detecta espécie o platelminto mesmo antes do aparecimento de proglotes com ovos nas fezes.
Tratamento
O tratamento é feito com os fármacos: Praziquantel, Niclosamida e Mebendazol. Prevenção

• Saneamento básico;
• Higiene pessoal;
• Não ingerir carnes cruas/mal passadas;

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas

Nematoda
Nematoda (nematódeos) são um filo de animais cilíndricos e alongados.
São animais triblásticos, protostômios, pseudocelomados. Seu corpo cilíndrico, alongado e não segmentado
exibe simetria bilateral.
Possuem sistema digestivocompleto, sistemas circulatório e respiratório ausentes; sistema excretor composto
por dois canais longitudinais (renetes-formato de H); sistema nervoso parcialmente centralizado, com anel nervoso ao
redor da faringe.
Possuem corpo não segmentado e revestido de cutícula resistente e colagenosa. Possuem sistema digestivo
completo, possuindo boca e ânus. O sistema nervoso é formado de um anel anterior, que circunda a faringe, e cordões
nervosos longitudinais relacionados com aquele anel. O sistema locomotor é estruturado em camadas musculares
longitudinais situadas logo abaixo da epiderme. As contrações desses músculos só permitem movimentos de flexão
dorsoventral.
\Há movimentos laterais. Todos os nematódeos são unissexuados (animais dioico), ou seja, têm sexos separados
— machos e fêmeas distintos. Em alguns, há até nítido dimorfismo sexual (o macho é bem diferente da fêmea). Não
há estruturas flageladas nem ciliadas nesses animais. Nem mesmo os espermatozóides possuem flagelos. Eles se
locomovem por meio de pseudópodos, com movimentos ameboides.
Os nematódeos não possuem sangue, sistema circulatório nem sistema respiratório. Podem tanto serem
aeróbicos quanto anaeróbicos. Ecologicamente são muito bem-sucedidos, sendo tal fato demonstrado pela alta
diversidade de espécies. Encontram-se em todos os habitats, terrestres, marinhos e de água doce e chegam a ser mais
numerosos que os outros animais, tanto em número de espécies, como de indivíduos. Algumas espécies são
microscópicas, enquanto a fêmea de uma espécie, parasita do cachalote chamada "Placentonema gigantissima" pode
atingir 13 metros de comprimento.
Eram classificados, juntamente com outros grupos, no filo nemathelminthes (nematelmintos), hoje obsoleto.
Recentemente, aclamou-se que os nematódeos são uma das três principais radiações de
organismos multicelulares que têm produzido a maioria das espécies do mundo, sendo as outras radiações os insetos
e os fungos (Gaston, 1991

Anatomia dos nematódeos


Os nematódeos de vida livre são pequenos, geralmente menores do que 2,5 mm de comprimento e têm o
corpoconstruído no mesmo plano fundamental, um cilindro quase perfeito, nu, delgado e alongado, com aspecto
filiforme, em sua maioria, ou fusiforme. O animal é essencialmente um tubo dentro de outro tubo: o tubo externo é a
parede corpórea, constituída, externamente, por uma cutícula complexa e, internamente, por uma camada de músculos
longitudinais. O tubo interno é o trato digestivo, que é terminal na extremidade anterior mas subterminal
posteriormente. Entre a parede e o tubo digestivo há a cavidade corpórea ou pseudoceloma, preenchida por líquido,
que funciona como um "esqueleto hidrostático", além de favorecer a distribuição de nutrientes e recolher excretas, e
na qual se encontram os órgãos reprodutores.
A epiderme é sincicial, ou seja, formada por uma massa celular multinucleada, ou celular, dependendo da
espécie, e produz uma cutícula depositada externamente a ela. A cutícula é acelular, lisa, resistente e oferece proteção
para o animal; em algumas formas, ela apresenta projeções que ajudam na locomoção. A cutícula tem de ser mudada
para o animal crescer, um processo denominado ecdise - que coloca este filo no grupo dos Ecdysozoa, juntamente com
os artrópodes e outros filos.
Seus músculos são exclusivamente longitudinais, dispostos no sentido do comprimento do corpo. Isso faz com
que a sua capacidade de locomoção seja mais limitada que a dos platelmintos. Os músculos são ativados pelas cadeias
nervosas, que se encontram ao longo de todo o corpo do animal, uma na região ventral e outra na dorsal. Ao contrário
de outros animais, em que os nervos se ramificam para os músculos, nos nematódeos são os músculos que se ramificam
para atingirem os cordões nervosos. Estes cordões ligam-se a um anel à volta da faringe e possuem vários gânglios
adicionais perto da extremidade anterior, mas sem formar um verdadeiro cérebro. Nessa região encontram-se órgãos
sensoriais reduzidos.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
Sistema digestivo
O tubo digestivo dos nematódeos é completo, ou seja, possui um orifício de entrada de alimentos (a boca) e um
outro orifício de saída de dejetos (o ânus) - são enterozoários completos.
Na boca, podem ser encontradas placas cortantes semelhantes a dentes, com as quais os nematódeos podem
perfurar os tecidos de outros seres vivos. A faringe é musculosa e serve para esmagar os alimentos e também para os
dirigir para o intestino, que não possui qualquer musculatura. O alimento é
completamente digeridopelas enzimas que atuam sobre ele no interior do tubo digestivo, e os nutrientes são passados
para a cavidade do corpo para serem distribuídos pelas células.
Muitos nematódeos de vida livre são carnívoros e se alimentam de pequenos animais ou de corpos de animais
mortos. Os parasitas intestinais recebem o alimento já parcialmente digerido pelo hospedeiro.
Sistema circulatório
Assim como os platelmintos, os nematódeos não possuem sistemas ou órgãos especializados em realizar
distribuição de nutrientes pelas células, ou seja são avasculares (a = negação, vascular = vaso, portanto, não possuem
sistema circulatório). A cavidade corporal (o pseudoceloma) contém um líquido, e a contínua movimentação desse
líquido, propiciada pela contração da musculatura longitudinal do corpo, permite uma relativa distribuição de materiais
entre algumas partes do corpo.
Sistema respiratório
Eles não possuem órgãos ou sistemas especializados em realizar trocas gasosas ou respiração. As trocas gasosas
acontecem na superfície corporal, por difusão. Os nematódeos de vida livre são aeróbicos e obtêm o oxigênio no meio
onde vivem. Os parasitas são geralmente anaeróbicos e fazem fermentação. Dessa forma não requerem oxigênio e a
maioria não elimina CO2, porque realizam a fermentação láctica, que não libera esse gás. Sistema excretor
Os resíduos metabólicos são excretados a partir do líquido que ocupa o pseudoceloma, por meio de dois tubos
longitudinais ligados por um menor, transversal. A distribuição desses tubos, no corpo, dá a eles o nome de tubos em
"H". Os dois ramos longitudinais do sistema se abrem em orifícios próximos da boca.
Sistema nervoso
Possuem dois cordões nervosos: um dorsal e um ventral, que percorrem o corpo do animal, ventralmente ou
longitudinalmente. Da faringe partem os cordões nervosos. O cordão nervoso dorsal é responsável pela função motora,
enquanto a ventral é sensorial e motora, sendo considerada a mais importante.
Protozoário
Protozoários ou Protozoa (do latim proto "primeiro" e zoon "animal") são microorganismos eucarióticos geralmente
unicelulares e heterotróficos (não possui a capacidade de produzir seu próprio alimento, e por isso se alimenta de seres
vivos). Sua classificação é controversa, pois inclui diversos seres semelhantes que não possuem relação evolutiva,
sendo assim um grupo polifilético (grupo que não inclui o ancestral comum de todos os indivíduos) que une diferentes
tipos de organismos microscópicos que não se encaixam no reino Metazoa. Segundo Brusca & Brusca, protozoários
são os seres eucariontes que não apresentam nível de organização tecidual como as plantas e os animais e não passam
pelo processo de formação dos folhetos embrionários que ocorre nesses grupos.[1] Fazem parte do reino Protista, junto
com as algas unicelulares crisófitas, euglenófitas e pirrófitas de acordo com suas semelhanças mais evidentes.
Os protozoários são classicamente divididos em quatro grupos de acordo com o seu meio de locomoção.
Os ciliados se locomovem na água através do batimento de cílios numerosos e curtos e aparece geralmente em
água doce e salgada, e onde existe matéria vegetal em decomposição. Eles executam também outro tipo de reprodução,
chamado de conjugação (sexuada), onde uma célula transmite material genético para outra célula, ocasionando uma
variabilidade genética, o que é essencial para qualquer tipo de ser vivo. Depois da conjugação, as células realizam a
reprodução assexuada.
Os flagelados utilizam o movimento de um único e longo flagelo, são de vida livre e muitos deles são parasitas
de seres humanos.
Os rizópodos utilizam pseudópodos ("falsos pés"), moldando a forma do seu próprio corpo para se locomover;
é o grupo onde é encontrada a Ameba, que usa muitos pseudópodes para locomoção. A ameba é um ótimo exemplo de
protozoário, obtendo seu alimento através do processo chamado fagocitose, e digerindo-o em seus vacúolos digestivos.'

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A densidade do seu citoplasma é maior que a da água que o envolve no ambiente, por isso ela tem que realizar
periodicamente a osmose, ou seja, equilibrar a quantidade de água dentro do organismo. Para isso, ela utiliza os
vacúolos pulsáteis para expulsar a água em excesso. Na realidade, o nome pulsátil é errôneo, pois o que acontece é que
o vacúolo se forma cheio de água dentro da célula, se desloca até a membrana celular, e se desfaz lá, jogando a água
para fora, e não como se fosse um "coração" batendo freneticamente.
Os protozoários que não possuem organelas locomotoras nem vacúolos contráteis são chamados
esporozoários. Todos os esporozoários são parasitas obrigatórios. Porém é preciso lembrar que esses grupos não
representam a origem evolutiva dos organismos, pois não são grupos monofiléticos.[1] A disciplina que estuda os
protozoários denomina-se

Habitat
A maioria dos protozoários são de vida livre e aquática podendo ser encontrados na água doce, salobra ou
água salgada, levam vida livre também em lugares úmidos rastejando pelo solo ou sobre matéria orgânica em
decomposição ou agem como parasitas de diversos organismos, podendo gerar doenças conhecidas por protozooses.
A reprodução dos protozoários geralmente é assexual acontecendo por divisão múltipla onde o micro-organismo
apenas se divide em cópias dele mesmo, alguns produzem esporos para se disseminarem pelo ambiente, às vezes alguns
também apresentam reprodução sexual havendo nítida troca de material genético entre um micro-organismo e outro.

Características gerais
A maioria dos protozoários apresenta um corpo composto por uma única célula, que pode ter 10 µm nos
coanoflagelados ou muitos centímetros em alguns dinoflagelados, foraminíferos ou amebas. Esta estrutura corpórea
do protozoário é limitada pela membrana celular. A flexibilidade ou rigidez do corpo e de sua forma são super
dependentes do citoesqueleto, que está localizado bem abaixo da membrana celular. Logo, o citoesqueleto e a
membrana formam o que chamamos de ―película‖, que é como uma ―parede corporal‖ destes organismos. Filamentos
proteicos como a actina, microtúbulos, vesículas como os alvéolos compõem o citoesqueleto.Os protozoários podem
apresentar dois tipos de esqueleto: endo e exoesqueleto. As organelas responsáveis pela locomoção do protozoário
podem ser os flagelos, os cílios ou ainda extensões fluidas do próprio corpo (os pseudópodes). Alguns destes
organismos dependem da fotossíntese, outros se nutrem absorvendo materiais orgânicos e ainda alguns podem digerir
partículas alimentares ou presas no interior de vacúolos. Esse alimento que entra no vacúolo através da fagocitose,
entra por uma abertura chamada citóstoma. O vacúolo é transferido para o interior, sendo conduzido ao longo da
citofaringe (um trato microtubular).
Quando se fala sobre transporte celular, é valido lembrar que a difusão é essencial para o transporte interno
nos protozoários. A respiração da maioria desses organismos é aeróbica, que depende da difusão para a tomada de
oxigênio e para a liberação de CO2. Entretanto alguns são anaeróbios obrigatórios, especialmente os que vivem em
simbiose no trato digestivo dos animais. Já as espécies aquáticas associadas à decomposição de matéria orgânica podem
ser anaeróbias facultativas (utilizam o oxigênio quando estiver presente, mas também são capazes de respirar em sua
ausência).
Muitos protozoários de água doce realizam osmose para remover o excesso de água e também para ajustar a
concentração e a proporção dos íons. Esta água adicional provém dos alimentos. A osmorregulação é feita por um
sistema de organelas que bombeia água e íons, chamado complexo vacuolar contrátil.

Classificação:

Protozoários são seres unicelulares, na maioria heterotróficos, mas com formas autotróficas e com mobilidade
especializada sendo este o principal critério utilizado para definir sua classificação na taxonomia.
Tamanho:

A maioria deles é minúscula, medindo de 0,01 mm a 0,05 mm aproximadamente, sendo que algumas exceções
podem medir até 0,5 mm como, por exemplo, os foraminíferos.

Nutrição:

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Os autótrofos fazem fotossíntese e se alimentam como se fossem plantas, outros são heterótrofos e se
alimentam comendo diversos alimentos principalmente matéria orgânica em decomposição, folhas mortas,
animais mortos, fezes etc. Sua forma de nutrição é muito diferenciada, pois podem ser predadores ou
filtradores, herbívoros ou carnívoros, parasitas ou mutualistas mas, a principal forma de alimentação deles é a
nutrição saprófita. A digestão é intracelular, por meio de vacúolos digestivos, sendo que o alimento é ingerido
ou entra na célula por meio de uma "boca", o citóstoma. A célula desses microorganismos unicelulares é muito
especializada, e cada organela tem uma função vital.

Locomoção:

O sistema locomotor é bem primitivo com o uso de flagelos, cílios, membranas ondulantes, cirros ou
pseudópodes. Há um sistema hidrostático, constituído de vacúolos pulsáteis que eliminam o excesso de água
que entra na célula por osmose nos protozoários dulcícolas, estabelecendo assim o equilíbrio osmótico. O
citoesqueleto também é especializado para manter a forma da célula, emissão de pseudópodes, locomoção,
movimentação de vacúolos digestivos, entre outras funções necessárias. Esporozoítas não possuem estruturas
locomotoras, são levados pelas correntezas de água, pelo vento mas são levados principalmente através de
animais vetores (pulgas, mosquitos, moscas, baratas, carrapatos etc.) que se contaminam com esses
protozoários parasitas e os disseminam a outros diversos seres vivos hospedeiros que adoecem quando são
atacados por esses parasitas.

Sustentação:

Algumas espécies possuem endoesqueleto enquanto outras possuem exoesqueleto geralmente são carapaças
de diversas formas.

Patogenias:

Estes micro-organismos de vida livre estão presentes em muitos ambientes mas alguns levam vida parasitária
causando doenças em animais, febre, cistosmuito dolorosos e outros males em seus hospedeiros. Muitos
protozoários causam doenças nos seres humanos e a outros animais vertebrados. O Trypanosoma cruzi, por
exemplo, é um protozoário flagelado causador da doença de Chagas. Entre as outras doenças provocadas por
protozoários destacam-se a amebíase (pela Entamoeba histolytica), a giardíase (pela Giardia lamblia), a
malária causada pelos Plasmódios, leishmaniose visceral, etc.

Ecologia:

Os protozoários servem como indicadores da qualidade do ambiente, sendo que em águas poluídas por resíduos
industriais normalmente não aparecem muitos protozoários enquanto que em águas e solos onde exista matéria
orgânica em decomposição eles aparecem em abundância fazendo a decomposição de fezes e qualquer matéria
orgânica morta e com isso colaborando com a limpeza do meio ambiente, a presença de muitos protozoários
indica que aquele ambiente está ecologicamente saudável.

Protozoários
Os protozoários são agentes causadores de muitas doenças, entre as principais podemos destacar:

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
Amebíase
É uma doença causada pelo protozoário Entamoeba histolytica. Ela entra no organismo humano por meio de
alimentos ingeridos que foram mal lavados e continham os cistos (forma que o protozoário adota quando está fora de
um organismo).

Doença de Chagas
A doença de chagas é transmitida pelo barbeiro, um inseto encontrado em várias partes do Brasil. O
protozoário Trypanosoma cruzi passa para o corpo humano quando o barbeiro pica o organismo em busca de sangue.
Após a sucção, o barbeiro libera suas fezes na pele, causando coceira. Ao coçar, o indivíduo acaba por jogar as fezes
infectadas do barbeiro em sua corrente sanguínea.

Giardíase
É causada pelo protozoário Giardia lamblia, encontrado forma cística em alimentos e na água contaminada.
Essa doença causa a diminuição da absorção de nutrientes de todo o trato digestivo, podendo levar até a desnutrição.
Tem como sintomas a cólica, náuseas, diarréia, etc.

Leishmaniose
Os protozoários do gênero Leishmania são os causadores da leishmaniose, que é transmitida por mosquitos.
O principal sintoma são feridas em mucosas da pele. Existe uma forma mais grave, conhecida como
Leishmaniose Visceral ou Calazar.

Malária
Uma doença histórica, é transmitida pelo mosquito Anopheles que possui em seu organismo protozoários do
gênero Plasmodium. Os sintomas dessa doença são febre alta, dor de cabeça, cansaço, entre outros. [continue lendo
sobre Malária]

Toxoplasmose
Transmitida por animais domésticos que possuem em seu organismo o protozoário Toxoplasma gondii. É uma
doença que pode ser assintomática ou causar dores de cabeça, febre, aparecimento de ínguas (gânglios linfáticos
inchados), etc.

Tricomoníase
Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, a tricomoníase é transmitida principalmente pelo contato
sexual, mas pode ser passada também por roupas, toalhas e assentos sanitários contaminados.

As relações íntimas e duráveis que se instalam entre espécies diferentes - simbiose - são, muitas vezes,
prejudiciais a uma das partes - parasitismo.

Os seres ectoparasitas instalam-se na parte externa do corpo do hospedeiro e vivem à custa destes. Alguns
parasitas só procuram o hospedeiro na hora da refeição, como se fossem ao restaurante: é o caso dos mosquitos.

Outros ectoparasitas, como o piolho e o chato, moram sobre o corpo da vítima.


Os endoparasitas se estabelecem dentro do corpo de seus hospedeiros, obtendo proteção e alimentação
constantes.
PARASITAS
Monoxenos (monogenéticos) utilizam um único tipo de hospedeiro para alimentação e ciclo de reprodução.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas

Exemplo
Ascaris; Entamoeba; Giardia; Ancylostoma; etc.

Heteroxenos (digenéticos) utilizam dois ou mais hospedeiros para alimentação e realização do ciclo reprodutor:

Hospedeiro intermediário (H.I.) indivíduo onde o parasita se reproduz assexuadamente. Em geral, é um


invertebrado.

Exemplos
Trypanosoma (percevejo Triatoma); Leishmania (mosquito Lutzomyia); Schistosoma (caramujo Biomphalari
a); Taenia solium (porco); Wuchereria (mosquito Culex); Toxoplasma (homem); Plasmodium (homem).

Hospedeiro definitivo (H.D.) indivíduo onde o parasita se reproduz sexuadamente. Em geral, é um vertebrado.

Exemplos
Trypanosoma (homem); Leishmania (homem); Toxoplasma (gato); Plasmodium (mosquito Anopheles); Schi
stosoma (homem); Taenia solium (homem); Wuchereria (homem).
A frequência de pessoas de uma população com certa doença transmissível - sua prevalência - é o número
de doentes em 100 mil habitantes ou outro total conveniente. A prevalência da hanseníase(lepra) no Brasil, em 1994,
era de 143 doentes em 100 mil habitantes, só superada pela da Índia. Por outro lado, em 1977, a prevalência da
varíola no mundo tornou-se zero, porque uma pertinaz campanha de vacinação, que durou dez anos, finalmente
eliminou do planeta o vírus da varíola. Restam apenas amostras guardadas em alguns laboratórios científicos.

A incidência difere da prevalência porque se refere ao número de casos novos ocorridos no ano. A incidência
da poliomielite (paralisia infantil) no Brasil, que em 1980 era de 1,1 novos casos por 100 mil habitantes, caiu para
0,05 em 1983, chegando quase à extinção. Em 1986, porém, o índice elevou-se para 0,44, antes de a doença ser
finalmente considerada erradicada do Brasil em 1994, depois de 5 anos de incidência zero. Para que esse resultado
fosse atingido, foram desencadeadas várias campanhas de vacinação em massa, que atingiram, em média, 90% das
crianças com menos de 5 anos do país.

Os governos mantêm vigilância epidemiológica sobre as incidências das doenças e, quando alguma delas se
eleva, desenvolvem campanhas de combate ao agente ou de profilaxia, medidas que ajudam a evitar sua
disseminação.

É por meio desse controle que se sabe, por exemplo, que ocorreu redução da incidência de tuberculose entre
1980 e 1990, mas que essa redução foi lenta. Tal comportamento é típico das endemias, doenças cujas incidências
pouco variam ao longo dos anos. No caso da tuberculose, o controle da incidência indica que, ultimamente, vem
ocorrendo um surto: a mortalidade provocada pela tuberculose aumentou 50% entre 1987 e 1993, na cidade de São
Paulo, provavelmente como doença oportunista nos casos de Aids.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
Ao contrário das endemias, nas epidemias, a incidência de determinada doença cresce rapidamente e depois
se atenua, estabilizando-se em um número baixo de casos ou desaparecendo, como aconteceu com a cólera no Brasil
entre 1991 e
1993.
Trypanosoma Entamoebahistolyti
gambiensi Flagelado doença do Uma
sono ca Rizópode amebíase
(heteroxeno) epidemia
(monoxeno)
que se
dissemina
por vários países é chamada pandemia. A mais
sintomas transmissão
terrível de toda a história da humanidade foi a da
gripe asiática, que no Brasil ficou conhecida como ulcerações ingestão de água ou alimentos
gripe espanhola. Coincidindo com o fim da intestinais, contaminados com cistos, eliminados com
diarreia, colite, fezes humanas.
Primeira Guerra Mundial, em 1918-1919, afetou 1
enfraquecimento.
bilhão de pessoas e causou 20 milhões de óbitos no
mundo.
miocardite, fezes do inseto percevejo Triatoma
lesões da (barbeiro), através de lesões na pele.
Protozoários parasitas do homem musculatura do
tubo digestivo
espécie classe doença
(esôfago).

lesões picada da mosca tsé-tsé(Glossina).


meningoencefálic Ocorre na África.

as,
ingurgitamento
de gânglios
Trypanosoma
cervicais.
Flagelado doença picada do mosquito-
cruzi de Chagas
(heteroxeno) palha ou birigui (Lutzomyia ou Phlebotom
us).

ulcerações no
rosto

(nariz, boca,
faringe), braços

35
Tópicos De Exame De Análise Clinicas

e pernas.
Necrose de
tecidos
conjuntivos.

Balantidium
Plasmodium
Ciliado malária febre
coli balantidíase
vivax
(monoxeno) Esporozoári (terçã benign
(heteroxeno) o a)

Toxoplasma
toxoplasmose
gondii
Esporozoári (congênita
(heteroxeno) o ouadquirida)

leishmaniose
tegumentar
Leishmania americana
brasiliensis
(úlcera de
(heteroxeno) Flagelado Bauru)

Trichomonas
vaginalis prurido, vaginite,
tricomoníase uretrite, relação sexual; água, toalha e objetos
(monoxeno) Flagelado (D.S.T.) corrimento. úmidos contaminados.

Giardia Flagelado giardíase colite, com dores ingestão

Protozoários parasita do tecido


Protozoários

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lamblia intestinais; água contaminada com cistos eliminados
(monoxeno) diarreia. com as fezes do gato. Ingestão de carne
ingestão "crua" (porco,De
Tópicos boi) com De
Exame cistos.
Análise Clinicas
alteração no
volume craniano; de água ou alimentos contaminados com
cistos, eliminados com fezes humanas.
calcificações
cerebrais; febres, anemia. diarreia, febre, picada da fêmea do
corioretinite; Lesões no baço, anorexia, cólicas mosquitoprego (Anopheles).
fígado e medula abdominais,
retardamento óssea. cefaleia,
mental. Costuma-se dizer fraqueza. de água ou alimentoscontaminados com
ci stos, eliminados com fezes humanas.
que protozoários incluem organismos amebóides, flagelados, ciliados
e produtores de esporos que são capazes de nutrição heterotrófica, tenham ou não cloroplastos, além disto, segundo o
Comitê
Internacional de Protozoologia, que ainda adota um sistema de classificação ―utilitário‖, Protozoa é um subreino do
Reino Protista.
A definição de ―protista‖ tem mudado bastante ao longo dos tempos. Originalmente criado para incluir todos
os organismos vivos que não eram nem plantas nem animais, na atualidade inclui uma grande quantidade de
organismos que não podem ser considerados um grupo monofilético.

Os protistas já foram subdivididos em algas, fungos e protozoários, com base no modo de nutrição, de locomoção
e posteriormente subdivididos segundo o modo de vida dominante. Reconhece-se, por exemplo, que a locomoção
amebóide foi adotada em diversas linhagens independentes. Assim, pesquisas nas últimas quatro décadas têm
demonstrado que estas divisões são artificiais.

Para o enquadramento dos eucariotos inferiores, uni- e pluricelulares, protozoários sensu stricto e fungos
inferiores em uma nova perspectiva, dois eventos foram muito importantes.

O primeiro deles foi a popularização no início dos anos 60 da divisão das linhagens evolutivas
procariotos/eucariotos e a segunda a ampla aceitação da hipótese de endossimbiose serial. A teoria de endossimbiose
serial é na atualidade a hipótese mais popular sobre a origem da mitocôndria – a captura de um endossimbionte
alfaproteobacterial por um núcleo contendo um hóspede eucariótico semelhante a um extinto protista amitocondrial.

Os dois eventos acima referidos representaram o substrato teórico, enquanto a massa de dados, sobretudo de
natureza ultraestrutural, consolidada no início dos anos 70, forneceram o suporte científico necessário à construção de
uma nova macrosistemática.

O macrossistema de R.H. Whittaker foi o que obteve maior aceitação (Monera, Protista, Plantae, Fungi e
Animalia).

Um deste reinos vem definido como PROTISTA ou PROTOCTISTA – um dualismo que é uma questão
puramente semântica, sendo que o termo Protista é o mais utilizado na literatura.
O que sabemos é que Protista ou Protoctista, compreende cerca de 200 000 espécies, extintas e recentes,
organismos eucariotos, predominantemente microscópicos, com organização unicelular, sincicial, pluricelular e sem
tecido – protozoários (com cerca de 65000 espécies descritas, das quais a metade é fóssil e 8000 são parasitas), algas
e fungos inferiores (fungos mucilaginosos, sensu lato, Myxomicota, zoósporos e flagelados, Mastygomicotina).

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Protozoários têm pouca anatomia para comparar, as homologias são incertas e com notável exceção, apenas uns
poucos grupos (foramníferos, radiolários, silicoflagelados) deixaram registros fósseis.

Com a introdução de métodos moleculares para a reconstrução da história evolutiva dos protistas, incluindo ai
os protozoários, houve uma exasperada busca das possíveis relações filogenéticas desses eucariotos basais, com total
desinteresse pela posição de tais grupos nos esquemas de classificação, bem como de sua nomenclatura.

Foi neste cenário, que na metade dos anos 80 surgiram duas propostas similares, uma de Corliss, que consiste
na definição e na caracterização de 45 filos subdivididos em 18 reagrupamentos suprafiléticos, dentro do Reino
Protista.

A outra, de Margulis, distribui os táxons do Reino Protista em 36 filos subdivididos em grupos de natureza
funcional. Nos dois esquemas nenhum táxon é denominado Protozoa.

É interessante notar que o mesmo Corliss, em 1995, propõe seis reinos para os Eukariota e um deles é
denominado Protozoa. Alguns grupos de protozoários amitocondriados, como os microsporídeos e os diplomonadidos
são colocados num outro reino – Archezoa, com suporte molecular (sequenciamento de rRNA) para a condição dita
―primitiva‖ destes dois grupos.

Na visão da hipótese Archezoa, a origem endossimbiótica da mitocôndria ocorreu relativamente tarde na


evolução eucariótica e os diversos grupos de protistas sem mitocôndria teriam divergido antes do estabelecimento da
organela. No entanto, descobertas recentes de mitocôndria derivada de genes no genoma nuclear de entamoebas,
microsporídios, diplomonadidos sugere que estes organismos descendem de ancestrais portadores de mitocôndrias. Há
portanto filogenias conflitantes.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas

No Reino Protozoa Corliss propõe 13 Filos (Apicomplexa, Ascetospora, Choanozoa, Ciliophora, Dinozoa,
Euglenozoa, Heliozoa, Mycetazoa, Opalozoa, Parabasala, Percolozoa, Radiozoa e Rhizopoda).

Parabasala, por exemplo, que contém as ordens Trichomonadida e Hypermastigida é um grupo


monofilético, tendo vários caracteres homólogos, assim como o grupo Euglenozoa que para alguns autores seria
formado por quatro subgrupos: euglenidos, kinetoplastidos, diplonemidos e postgardii.
Apicomplexa, Ciliophora e Dinozoa (dinoflagelados) têm sido apontados como um grupo monofilético – os
Alveolados, devido à presença de alvéolos corticais em sua estrutura. Vários outros estudos em curso apontam diversos
protozoários, incluindo os foramníferos (Rhizopoda) como prováveis candidatos ao grupo dos alveolados.

Enfim, em um ou mais dos esquemas de classificação, um ou mais reinos contêm grupos heterogêneos de
diversos táxons e são merofiléticos.

Merece destaque a recente relocação de antigos seres microscópicos considerados protozoários, no grupo dos
metazoários, os Mixozoários. Em dois estudos similares nestes parasitos obrigatórios, os autores combinando
caracteres morfológicos, de desenvolvimento, dados de sequenciamento de DNA, chegam a duas conclusões- numa
eles seriam cnidarios extremamente reduzidos e na outra os autores grupam os Myxozoa com os metazoários bilaterais.

É útil lembrar que nas últimas décadas o conceito de homologia foi estendido ao nível molecular. Deste modo,
seqüências de nucleotídios em regiões homólogas de DNA ou seqüências de aminoácidos em proteínas homólogas
podem ser comparadas e usadas na construção de cladogramas. É uma grande ferramenta.

Embora os estudos moleculares ainda não tenham conduzido a uma classificação consensual para os protistas,
muitos progressos foram feitos. Deste modo, surge agora que os protistas são no melhor dos casos, um grade e não
um clade e não formam um táxon monofilético. Ou seja, o Reino Protista não pode ser reconhecido como um grupo
natural.

Diante do exposto, é óbvio que uma classificação natural de protozoários, enquanto grupo, ainda está distante e
talvez nem ocorra, já que Protista e Protozoa na atualidade são reconhecidamente grupos merofiléticos.

De qualquer modo, a classificação de protozoários requer revisão regular pois a microscopia eletrônica moderna
e novas técnicas bioquímicas e genéticas disponibilizam suporte científico sobre as relações de várias espécies e grupos
de protistas, mostrando freqüentemente que prévias classificações eram incorretas.

Apesar das limitações, é conveniente manter os protistas como uma reunião de organismos por razões
ecológicas, biomédicas ou econômicas. As dificuldades ainda vigentes não podem esconder a potencial contribuição
da filogenética de protozoários para a biologia neste começo de século, especialmente para a nossa compreensão da
evolução da célula eucariótica, a interação entre os genomas nuclear e citoplasmático e a natureza do parasitismo.

Segundo Corliss do ponto de vista do usuário – sejam estudantes, professores, médicos, naturalistas,
taxinomistas, ecólogos , fisiólogos, bioquímicos ou biólogos evolutivos, celulares ou moleculares, o sistema de
classificação ideal para protistas (e para todos os eucariotos) será aquele que reflita acuradamente as relações

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas

filogenéticas conhecidas, seja razoavelmente compacta, clara, descomplicada e compreensível. Poderá isto ser atingido
no início do século 21? Finaliza o autor. E nós, esperamos.

Caracterização geral

Protozoários de vida livre que habitam os solos e águas naturais são extremamente diversos, não apenas em sua
estrutura mas também na maneira de alimentar-se, reproduzir-se e mover-se. Entre os grupos predominantemente de
vida livre estão os flagelados, os quais usam os seus flagelos tanto para a alimentação como para a locomoção.
Os flagelados exibem a maior diversidade de nutrição entre os protozoários – desde uma nutrição totalmente
autotrófica a completamente heterotrófica, como os animais, com vários graus entre estes extremos. Por exemplo,
muitos flagelados autotróficos precisam consumir bactéria, pois só a fotossíntese não é suficiente.

Estes e outros flagelados que têm algas simbiontes exibem um metabolismo conhecido como mixotrofia, no
qual autotrofia e heterotrofia são combinadas de várias formas e em vários graus.

De fato, nutrição não é taxinomicamente significante pois muitos dos fitoflagelados, i. e., grupos semelhantes a
plantas, não contêm pigmentos fotossintetizantes mas alimentam-se de modo heterotrófico.

Os dinoflagelados são um bom exemplo: cerca da metade deles não contém pigmentos vegetais, mas são
classificados como dinoflagelados, pois em todos os outros aspectos eles são como os seus parceiros corados. Além
disto, mesmo entre os corados muitos são mixotróficos.
Enquanto a maioria dos flagelados é de vida livre, alguns desenvolveram um modo de vida parasitária. Isto
inclui os denominados hemoflagelados, devido ao fato de em algum estádio em seu ciclo de vida eles viverem no
sangue de um hospedeiro vertebrado, a exemplo dos causadores da doença do sono e da doença de Chagas.

As amebas formam um grupo diversificado de protozoários de vida livre que provavelmente evoluíram de
diferentes protozoários ancestrais. Enquanto alguns deles são freqüentemente considerados como os mais simples dos
protozoários, sem forma organizada aparente, alguns outros membros são extremamente complexos. O mais
sofisticado deste grupos são os portadores de concha ou foramníferos. Estes protozoários movem-se por meio de
extrusões citoplasmáticas denominadas pseudópodos (= falsos pés). Os pseudópodos variam em estrutura e número
entre as diferentes espécies. Como os flagelados, este grupo amebóide inclui algumas espécies parasitas. Um exemplo
bem conhecido é a Entamoeba histolytica, que causa disenteria amebiana em humanos.

Os protozoários mais complexos e evoluídos são os ciliados. A superfície celular é coberta por centenas de cílios
dispostas em fileiras. Os cílios batem em ondas sincronizadas e deste modo propulsionam o organismos na água. A
maioria dos ciliados possui um citóstoma (boca celular) pela qual o alimento penetra na célula.

Alguns flagelados apresentam citóstoma também. Em alguns ciliados, os cílios em volta do citóstoma
modificaram-se em membranelas, que criam um corrente alimentar e atua como um filtro que captura partículas
alimentares.

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Outra importante característica dos ciliados inclui dois tipos de núcleo ( macro- e micronúcleo), reprodução
sexuada por conjugação e reprodução assexuada por fissão binária no plano equatorial ou transversal.
Um certo número de protozoários são exclusivamente parasitos, alguns em cordados, outros em invertebrados e
outros ainda, em algas, onde se alimentam saprofiticamente da superfície das mesmas, pela secreção de enzimas
extracelulares. É particularmente importante para os humanos o grupo dos apicomplexos, ou produtores de esporos,
pois entre seus membros estão aquelas espécies responsáveis pela malária e pela toxoplasmose.

Os principais parasitos causadores de condições patológicas em humanos e outros vertebrados são encontrados
nos apicomplexos, e nos principais grupos de vida livre, amebóides, flagelados e cilióforos.

Este fato acoplado à importância dos protozoários de vida livre nos processos ecológicos, significa que mais
conhecimento se tem sobre estes quatro grupos de ―conveniência‖ – amebóides, flagelados, ciliados e produtores de
esporos. Assim, nesta disciplina priorizamos as informações relativas à biologia e à ecologia destes, lembrando que
protozoários são organismos unicelulares, sem parede celulósica, incluindo aqueles que são capazes de nutrição
heterotrófica, tenham ou não cloroplastos.

Existem quase 30 000 espécies diferentes de protozoários, microrganismos unicelulares que vivem
sobretudo na água ou em líquidos aquosos. Abundantes em todo o mundo, podem andar à deriva nos seus
ambientes líquidos, nadar activamente ou rastejar; alguns mantêm-se relativamente imóveis, enquanto outros
vivem como parasitas em animais. Muitos são microscópicos, embora alguns dos maiores sejam visíveis a
olho nu. Quanto à forma, os protozoários têm uma variedade incrível, desde a simples amiba semelhante a
uma bolha até aos que estão equipados com estruturas complicadas para apanharem presas, para se
alimentarem e para se deslocarem.
Entre os biólogos não existe um verdadeiro consenso quanto ao que define um protozoário.
Estes organismos são classificados num reino próprio – o dos Protista – porque diferem em certos
aspectos tanto das bactérias como dos fungos, dos animais e das plantas. Têm uma organização mais
complexa do que as bactérias, na medida em que possuem compartimentos distintos, tais como núcleos e
mitocôndrias.
No entanto, distinguem-se também das plantas, animais e fungos por serem unicelulares e não
pluricelulares.

Alguns deles assemelham-se a plantas, tendo a capacidade de realizar a fotossíntese, mas a maioria não
tem essa capacidade, obtendo alimento pela absorção de detritos orgânicos ou de outros microrganismos.

O reino Protista não é um agrupamento «natural» – alguns protozoários podem estar mais intimamente
relacionados com animais ou plantas do que com outros protozoários. Tem servido como nicho conveniente
para arrumar os organismos unicelulares, que de outro modo são difíceis de classificar.

Os protozoários versáteis

Os tamanhos e formas reais dos protozoários são extraordinariamente diversos, o que demonstra que
eles representam um pico na evolução unicelular. A conhecida amiba, que muda continuamente de forma, é

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas

um tipo de protozoário. Outros têm elementos semelhantes a andas contrácteis e outros ainda incluem os
foraminíferos, que estão enfiados em conchas enroladas (testas, ou carapaças), muitas vezes impregnadas de
carbonato de cálcio. Estas conchas calcárias descem para o fundo do oceano quando as células nelas contidas
morrem, acabando por se tornar parte das rochas sedimentares.
Alguns protozoários ciliados (os que têm pequeníssimos «pêlos») têm uma «boca» e um «estômago»
distintos por onde as bactérias, protozoários e algas são engolidos inteiros, enquanto os suctórios têm longos
«tentáculos», por meio dos quais sugam o conteúdo das células que lhes servem de presa.

Os protozoários não têm paredes de celulose rígidas, como as das células vegetais, embora os EugIena
e seus parentes tenham uma fina camada de placas flexíveis de proteína mesmo por baixo da superfície do
citoplasma. Muitos protozoários têm uma camada exterior protetora.
Alguns radiolários e amibas, por exemplo, fabricam os seus próprios invólucros de grãos de areia ou
outros detritos. Embora não possam normalmente viver fora de água, muitos protozoários conseguem
sobreviver ao risco sazonal de um charco ou curso de água secar, elaborando um revestimento resistente, ou
quisto, à sua volta e entrando num estado de letargia.

Os protozoários reproduzem-se em geral dividindo-se simplesmente em duas ou mais novas células.

DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO

Entre as doenças mais comuns está a infecção do trato urinário, afetando mais de um sítio ou um único local
como a uretra (uretrite), próstata (prostatite), bexiga (cistite) ou rins (pielonefrite). A urina é considerada estéril e pode
sofrer contaminação de bactérias da pele, da roupa ou da genitália. Por isso, se não colhida, armazenada e transportada
adequadamente, pode-se obter falsos resultados em exames bacteriológicos. Bactérias da família Enterobacteriacea
estão envolvidas em quase todas as uretrocistites não gonocócicas, sendo a Escherichia coli o agente causal de
aproximadamente 80% dos casos entre mulheres na idade fértil, sem lesões do trato urinário. Outros microrganismos,
incluindo Klebsiella sp., Enterobacter sp., Proteus sp., Pseudomonas sp. e Enterococcus sp., são freqüentemente
encontrados em pacientes com lesões obstrutivas ou doenças paralíticas, afetando a função renal. Staphylococcus
saprophyticus é um importante patógeno oportunista na infecção do trato urinário em humanos, especialmente em
mulheres jovens, sexualmente ativas. O paciente deve ser informado quanto aos procedimentos recomendados,
relacionados com o horário da colheita, modo de obtenção e toda a assepsia necessária, assim como o profissional deve
estar bem atualizado quanto às técnicas utilizadas para o isolamento, identificação e antibiograma. Atualmente, existem
métodos químicos automatizados e kits excelentes para o diagnóstico presuntivo de infecções urinárias, auxiliando e
agilizando os processos de identificação e de tratamento eficaz ao paciente infectado.
Staphylococcus
Staphylococcu ou estafilococos são um género de bactérias gram-positivas e um dos mais
comuns patógenosdo ser humano.

Biologia

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Os estafilococos têm formato esférico, aproximadamente 1 micrometro de diâmetro e formam grupos com
aspecto de cachos de uvas.[nota 2] Após coloração por técnica de Gram, adquirem cor arroxeada ao microscópio óptico,
devido à sua membrana simples e parede celular de peptidoglicano grossa, constituída por mureína, ácido teicóico e
polissacarídeos.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
Outra característica desses micro-organismos reside no fato de serem anaeróbicos facultativos: vivem em meios
aeróbios(usando oxigênio) mas podem, facultativamente, viver em meios anaeróbios (por intermédio da fermentação).
De todo modo, seu crescimento é mais rápido em meios aeróbios. Não possuem flagelo, sendo portanto incapazes de
se locomover autonomamente. Sua faixa de temperatura ótima para crescimento situa-se entre 30 e 37 graus Celsius,
a mesma do corpo humano.

Factores de virulência
Os factores de virulência são todos os mecanismos que permitem a invasão do hóspede, ou a evasão da bactéria
ao sistema imune. Cada estirpe tem geralmente apenas alguns destes fatores.

• Têm cápsula que protege muitas estirpes contra fagocitose e o sistema imunitário.
• Péptidoglicano, na parede celular: tem alguma atividade de endotoxina, estimulando a febre e vasodilatação
excessivas, devido à produção pelas células imunitárias de citocinas como a IL-1..
• Proteína A: especifica dos S.aureus. Neutraliza imunoglobulinas (anticorpos).
• Ácidos teicóicos: são fibrilhas como o polissacarídeo A que servem para ancorar a bactéria, impedindo-a de
ser arrastada (pelo sangue, urina, suor ou outros fluidos) da sua área de colonização.
• Toxina alfa: produzida pelo Staphylococcus aureus, destrói vários tipos de células.
• Toxina beta: produzida apenas pelo Staphylococcus aureus, destrói vários tipos de células.
• Toxina delta: produzida pela maioria dos estafilococos. É um surfactante que desestabiliza com a membrana
celular Destrói, por lise celular (explosão dos conteúdos), eritrócitos e muitos outros tipos de células.
• Toxina gama e leucocidina P-V: grupo de até seis toxinas que formam poros na membrana celular de
leucócitos, destruindo-os por lise.
• Coagulase: esta enzima coagula o sangue ao transformar o fibrinogénio em fibrina, da mesma forma que a
trombina humana. A formação de coágulos à volta das bactérias dificulta o seu reconhecimento e fagocitose
pelas células do sistema imunitário. Diferencial para Staphylococcus aureus
• Fibrolisina ou estafilocinase: produzido pelo Staphylococcus aureus. Dissolve os coágulos de fibrina, o que é
útil se forem tão grandes que impeçam a sua multiplicação e invasão.
• Hialuronidase: degrada a matriz extra-celular humana, composta de ácido hialurónico, facilitando a invasão
dos tecidos.
• Catalase: protege as bactérias dos ataques com superoxidantes produzidos como defesa pelos leucócitos. A
enzima catalase transforma o peróxido de oxigénio (presente na "água oxigenada" usada como asséptico) em
água e oxigénio inofensivos.
• Lipase: todos os Staphylococcus aureus e 30% dos outros produzem-nas. Dissolvem lípidos neutralizando
defesas lipídicas (que repelem água e causam desidratação das bactérias) como o sebo da pele e mucosas.
• Penicilinase: produzida pelas estirpes resistentes ao antibiótico penicilina. Ela degrada o antibiótico. É
espalhada por troca de plasmídeos contendo o gene nas trocas sexuais bacterianas.
• Enterotoxinas: produzidas em alimentos durante a fase de crescimento. São peptídeos de pequeno peso
molecular. São resistentes às enzimas digestivas e ao calor, não sendo destruídas pelos processos de cocção e
esterilização. Agem na parede do estômago, nos receptores do nervo vago. São produzidas diversas toxinas,
designadas por letras: A, B, C (C1 e C2), C, D, E, F e G.

Epidemiologia
Existem em todo o mundo.
As estirpes pouco virulentas (coagulase-negativas) dos estafilococos existem na pele de todas as pessoas, embora
frequentemente também estejam presentes Staphylococcus aureus (sem no entanto provocar doenças). Por vezes,
também estão presentes nos intestinos e no trato urinário.
São destruídos por desinfectantes, sabão e altas temperaturas. Podem resistir bem à desidratação, durante longos
períodos. São transmitidas de pessoa a pessoa pelo contato direto ou pelo contato indireto (via objectos). As feridas e
outras aberturas na pele, os estados de debilidade, as operações cirúrgicas e as doenças em geral incrementam a
possibilidade de esses micro-organismos invadirem o organismo humano e passarem a atuar como patógenos.
Doenças causadas As
principais são:

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•Foliculite
•Mastite bovina
•Otite externa em cães
•Doenças sistêmicas potencialmente fatais
•Infecções cutâneas (piodermite)
•Infecções oportunistas
•Doenças das vias urinárias
•Endocardite
•Impetigo
Epidemiologia em alimentos
Hemácias em uma placa de Petri são utilizadas para o diagnóstico de infecção. A placa da esquerda mostra uma
infecção por estafilococos e a da direita, por estreptococos.
Necessita de vários nutrientes para seu desenvolvimento. Por isso se reproduz com facilidade apenas em
alimentos ricos em nutrientes à base de ovos, leite, carnes e açúcar. As intoxicações ocorrem normalmente em
alimentos como laticínios: queijo frescal, creme de leite, chantilly, leite; produtos de confeitaria: tortas recheadas,
creme de ovos, etc.; produtos de carne como presunto.
Sua origem é ou a matéria prima ou o manipulador de alimentos. Vive na pele de animais e humanos, assim
como nas fossas nasais. Pode chegar no alimento através do animal ou pelo contato com humanos.
O alimento contaminado necessita ficar algumas horas em temperatura ambiente; é necessária a reprodução do
Staphyloccous aureus no alimento para a produção da toxina. As falhas podem ocorrer por falta de higiene no manuseio
associadas com temperatura errada de armazenagem (temperatura ambiente: nos processos de resfriamento,
descongelamento ou estocagem.)
A toxina formada não é destruída pelo cozimento; uma vez formada no alimento esse pode causar intoxicação
mesmo após o processo, embora o microrganismos seja destruído.
A doença se caracteriza basicamente por vômitos intensos que se iniciam cerca de 2 h após a ingestão de
alimentos com a toxina e duram algumas horas. Em geral o paciente se recupera sem maiores consequências, mas
pessoas vulneráveis como bebês, idosos e pessoas debilitadas pode causar consequências mais graves.
É comum em alimentos, por isto a legislação sanitária brasileira, por intermédio da ANVISA, estabeleceu limites
de tolerância para essa presença.[2]

Prevenção
A prevenção consiste basicamente em manter-se a higiene pessoal e dos alimentos manipulados:

• Lavar as mãos com escovas e sabões desinfetantes.


• Ao manipular alimentos, usar máscaras, luvas e gorros.
• Usar refrigeração adequada. A temperatura dos alimentos deve ser mantida inferior a 7 °C.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é realizado pela coleta de amostras, cultura em disco de Petri e identificação por técnica de Gram
e bioquímica (determinação das enzimas que produz). A sorologia (detecção de anticorpos específicos) também ajuda.
Para o tratamento, indicam-se as penicilinas penicilinase-resistentes. Essas ainda são a primeira escolha, apesar
do aumento da resistência das bactérias. A oxacilinaé uma penicilina penicilinase-resistente indicada para as infecções
causadas por S. aureus. Já a cefazolina é uma cefalosporina de primeira geração, resistente à penicilinase, e é indicada
como segunda escolha no tratamento das infecções. Por fim, em caso de micro-organismos resistentes (que não são
afetados pelas penicilinas penicilinase-resistentes), indica-se o uso de vancomicina.
Em alimentos
A intoxicação é autolimitada. Pode ser necessário administração de antieméticos e hidratação do paciente em
casos mais graves.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
O diagnóstico é feito clinicamente pelos sintomas e laboratorialmente pela identificação da enterotoxina nas
fezes do paciente. O quadro é fechado pelo isolamento do Staphylococcus aures no alimento, através de métodos
microbiológicos e a identificação do mesmo tipo de enterotoxina pela cepa isolada.
Para desencadear o quadro, em geral as contagens no alimento devem ser altas: maior que 1 milhão de células
de S. aureus por grama de alimento. Contudo, o micro-organismo pode estar ausente no alimento cozido, pois é
destruído pelo calor, embora a enterotoxina pré-formada antes do cozimento não seja destruída.
Micrococcus
Micrococcus é um género de bactérias do filo Actinobacteria. Normalmente, não são patogênicos, e podem ser
essenciais para manter o equilíbrio da flora bacteriana na pele
Streptococcus
Streptococcus ou estreptococos (do grego ζηπεπηό κοκκορ, traços de grãos) são um género de
bactérias com forma de coco gram-positivas que podem causar doenças no ser humano. A maioria das
espécies no entanto é inofensiva.

Características gerais
São cocos que se agrupam em colônias em pares ou curtas (em meio sólido) ou longas ou agrupadas
(em caldo). Suas dimensões variam de 0,6 a 1 mcm. Com técnica Gram, as características da sua parede
celular, com parede celulargrossa e membrana simples, determinam coloração roxa (Gram-positiva). São
imóveis (com poucas exceções), já que não possuem órgãos de locomoção (como flagelos). Não produzem
catalase, sendo, portanto catalase-negativos, uma distinção importante contra os Staphylococcus(apesar de
haver espécies de Staphylococcus catalase negativos). Esse gênero é oxidase negativo e algumas espécies
possuem cápsula na fase decrescimento logaritmo e estacionária.
A maioria das espécies é anaeróbia facultativa e algumas crescem somente em atmosfera enriquecida
com dióxido de carbono (crescimento capnofílico).
São bactérias homofermentativas (produzem apenas um produto final durante a fermentação)
produtoras de ácido lático. São anaeróbias. Entretanto, diferentes de muitos microrganismos anaeróbios, as
bactérias produtoras de ácido láctico não são sensíveis ao O2, portanto podem crescer na presença de
oxigênio, sendo definidas como anaeróbias facultativas.

Classificação
Os estreptococos são classificados de acordo com a sua capacidade de provocar lise (morte celular) em
eritrócitos, em alfa (hemólise incompleta), beta (hemólise total) ou gama (nenhuma hemolise)hemolítico.
Em 1933, Rebecca Lancefield, trabalhando com o teste de precipitação utilizou diferenças antigênicas
para estabelecer 6 grupos (A até E e N).
Os antígenos (polissacarídeo e carboidrato) utilizados no sistema de agrupamento de Lancefield estão
localizados na parede celular (grupos: A, B, C, E, F, G, H e K). Nos grupos D e N estes antígenos são ácidos
teicóicos, localizando-se entre a parede e a membrana celular.
Nos grupos B e C estão contidos a maioria dos estreptococos de importância animal

• Grupo A:Streptococcus pyogenes é o mais importante: beta-hemolítico frequentemente causa a


faringite estreptocócica, escarlatina, impetigo (infecção de pele), celulite, fasciíte necrosante e choque
séptico.[2]
• Grupo B:Streptococcus agalactiae: pode ser beta ou gama-hemolítico. Causa meningite em
recémnascidos e infecção associada a diabetes em idosos.[3]
• Streptococcus pneumoniae ou pneumococo: são alfa-hemolítico, causam pneumonia.
• Streptococcus viridans: não são uma espécie, mas antes um grupo delas de características muito
similares. São frequentes nos dentes e podem causar abcessos dentários ou endocardite. Uma espécie

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é o Streptococcus mutans que pode causar cáries devido à produção de ácidos que danificam o
esmalte.

Epidemiologia
Fazem parte da microbiota normal da boca, pele, intestino ou trato respiratório superior.
Podem ser passados de pessoa por pessoa por contacto com pessoas ou com objeto. São destruídos por
detergentes e sabão mas são resistentes à desidratação, podendo aguentar períodos muito longos. Outras
formas de transmissão incluem espirros e tosse.

Infecções em humanos
As infecções estreptocócicas, também denominadas estreptococias, são causadas por bactérias
Grampositivas denominadas estreptococos. As várias cepas patogênicas de estreptococos são agrupadas de
acordo com seu comportamento, suas características químicas e seu aspecto. Cada grupo tende a produzir
tipos específicos de infecções, sinais clínicos e sintomas.

Hemácias em uma placa de Petri são utilizadas para o diagnóstico de infecção. A placa da esquerda
mostra uma infecção por estafilococos e a da direita, por estreptococos.
Os estreptococos do grupo A são as espécies mais patogênicas para o ser humano, embora o
mesmo seja o seu hospedeiro natural. Podem causar infecção estreptocócica da orofaringe, tonsilite, infecções
de feridas e da pele (piodermite), septicemia (infecções do sangue), escarlatina, pneumonia. Esse grupo pode
causar infecções não supurativas como reumatismos, Coréia de Sydenham (Dança de São Vito) e
glomerulonefrite difusa aguda. Podem inclusive causar a morte do indivíduo acometido em cerca de 1 mês.
• Os estreptococos do grupo B causam mais frequentemente infecções perigosas nos recémnascidos
(ex: sépsisneonatal) e infecções articulares (artrite séptica) e cardíacas (endocardite). O S. agalactiae pode
colonizar assintomaticamente o trato genital da mulher e provocar a infecção de recémnascidos.[4]
• Os estreptococos dos grupos C e G frequentemente são transportados por animais, mas também
crescem na orofaringe, no intestino, na vagina e no tecido cutâneo do ser humano. Esses estreptococos podem
causar infecções graves, como a faringite estreptocócica, pneumonia, infecções cutâneas, sépsis pós-parto e
neonatal, endocardite e artrite séptica. Após uma infecção por uma dessas bactérias, pode ocorrer inflamação
dos rins.
• Os estreptococos do grupo D e os enterococos crescem normalmente no trato digestivo baixo, na
vagina e na pele adjacente. Eles também podem causar infecções de feridas e de válvulas cardíacas, da bexiga,
do abdômen e do sangue. As infecções causadas por determinados tipos de estreptococos podem causar uma
reação auto-imune na qual o organismo ataca seus próprios tecidos. Essas reações podem ocorrer após uma
infecção (ex: faringite) e pode acarretar a moléstia reumática, a coréia e a glomerulonefrite.

Infecções em animais
Entre as infecções causadas por esse gênero, destacam-se como importantes causa de mastites em
bovinos, de garrotilho e outras doenças nos equinos. Em suínos, relacionam-se principalmente como causas
de meningoencefalites, artrites, endocardites e linfadenite. Em menor frequência causam septicemia em aves
e infecções respiratórias em gatos e cães novos.

Características dos meios de cultura


Os membros desse gênero são exigentes em relação as suas necessidades nutritivas.
Não crescem em meios com extrato de carne ou podem ter crescimento pobre mesmo no infuso, a
menos que seja enriquecido com sangue ou soro. Agar infuso de carne equina é um bom meio para isolamento
dos estreptococos animais. O meio de Todd-Hewitt é um excelente meio líquido.
As cepas de estreptococos produzem colônias translúcidas, pequenas e com aproximadamente 1mm de
diâmetro, em meio sólido. A superfície do crescimento é lisa, brilhante e com contorno circular. As colônias

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
crescidas mais profundamente no agar são lenticulares. As colônias crescidas em meio fluido podem ser
globulares e dificilmente visíveis a olho nu.
A maioria dos estreptococos cresce bem em aerobiose e anaerobiose, porém há estirpes que crescem
apenas em anaerobiose. A temperatura ideal de crescimento varia de -10 °C a 45 °C.
São incapazes de sintetizar compostos heme. Não possuem condições de sintetizar citocromo, sendo
incapazes de produzir fosforilação oxidativa por meio da cadeia de transporte de elétrons por meio do sistema
citocromo.
Neisseria meningitidis
A Neisseria meningitidis ou meningococo são bactérias coccus Gram-negativo (CGN),
imóveis e aeróbias que se agrupam aos pares, formando diplococos. São de grande importância clínica pois
causam meningite meningocócica, uma grave inflamação das membranas que envolvem o cérebro. Frequentemente
são encontradas em membranas mucosashumanas.

Características
São bactérias aeróbias, imóveis, não esporuladas e fermentadores de glicose e da maltose (oxidação positiva).
Possuem uma cápsula polissacarídea. Apresentam resistência natural à vancomicina e à polimixina e crescem no Ágar
Thayer-Martin chocolate a 35°C. Necessitam de ferro biodisponível para sobreviver. Factores de virulência

• Antifagocíticos - Cápsula e a internalização em vacúolos fagocíticos;


• Colonização - Pilli;
• Toxina - LPS e endotoxina;
• Enzima - Protease IgA1 e proteínas de ligação à transferrina.

Doenças

• Meningite sem bacteriemia;


• Meningite com bacteriemia, em 40% dos casos;
• Meningococemia sem meningite;
• Meningococemia com meningite ou Meningite meningocócica;a
• Pneumonia; Artrite;
• Uretrite.

Patogênese
A Neisseria meningitidis inicia o seu processo infeccioso através da colonização da nasofaringe, onde
faz parte da flora normal de 5 a 15% dos adultos. O meningococo adere a receptores específicos nas células não-
ciliadas da nasofaringe e internalizam-se em vacúolos fagocíticos. Por serem bactérias encapsuladas, são mais
resistentes ao processo de fagocitose.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
Da nasofaringe, o meningococo pode passar para a circulação, podendo causar bacteremia, meningite e
algumas outras infecções. A meningite tem como sintomas: febre, cansaço, dor de cabeça, torcicolo e coma. Sua
mortalidade é de 10%[2]. Nas meningococcemias ocorrem lesões vasculares devido à presença de endotoxinas
bacterianas. Em casos mais graves, pode ocorrer hemorragia bilateral das supra-renais (Síndrome de
WaterhouseFriderichsen).

Soro grupos
Existem pelo menos 13 sorogrupos desta bactéria, dos quais os principais são:

• Sorogrupo A - frequente em países em desenvolvimento;


• Sorogrupo B e C - causador de meningite meningocócica e meningococemia;
• Sorogrupo Y e W135 - causador de meningite meningocócica e pneumonia meningocócica.
Estes soro grupos, por sua vez, subdividem-se em sorotipos.

Epidemiologia
O meningococo é encontrado na nasofaringe e é transmitido de uma pessoa para outra, por meio de gotículas
provenientes das vias respiratórias. O meningococo ocorre em todo o mundo, sendo o sorotipo C o mais frequente.
Nos EUA afeta apenas 1 em cada 100.000, mas em países da África estima-se que seja dez a cem vezes mais comum.
A maioria das pessoas possui imunidade adquirida à Neisséria meningitidis. As crianças adquirem
imunidade através de anticorpos maternos. Portanto, as meningococcemias são basicamente determinadas por baixa
resistência imunológica do hospedeiro. A partir dos 6 meses de idade as crianças estão particularmente susceptíveis ao
meningococo, porque a imunidade humoral cedida pela mãe se desvanece.
Têm pico sazonal no fim do Inverno e no início da Primavera.

Diagnóstico Laboratorial
Faz-lhe a colheita de exsudatos rinofaríngeos, sangue ou liquor. Habitualmente recorre-se ao uso de meios de
transporte (exemplos: meio de Stuart, meio de Amies, etc.). Ao exame direto, a observação de diplococos Gram
negativo no citoplasma de células inflamatórias é sugestiva de Neisséria. Para o exame cultural pode recorrer-se ao
agar-chocolate (LCR) ou a um caldo com fatores de crescimento (sangue). Tratando-se de um produto poli microbiano,
usa-se um meio seletivo para Neisséria, por exemplo, os meios de Thayer-Martin (quando o produto vem da
nasofaringe), Martin-Lewis e New York City. Faz-se incubação a 37º durante 24 - 48 h, porque a Neisséria é sensível
a variações de temperatura, com 5 a 10 % de CO2. Em ambos os gêneros, para identificação da espécie, efetua-se
provas bioquímicas.

Diagnóstico clínico
A presença de rigidez da nuca (devido à inflamação das meninges), febre, cefaleias, letargia, vômitos,
petéquias (indicam meningococémia devido à trombose de pequenos vasos indica a presença de Neisséria meningitidis.
O diagnóstico definitivo de meningite aguda, ou seja bacteriana]], faz-se por punção lombar. A análise do liquor revela
um predomínio de PMN, baixa glicose e elevado lactose, para além de um aumento da pressão intracraniana.

Tratamento
O tratamento da meningite meningocócica é normalmente feito pelo uso de ceftriaxone, devendo ser feito o
acompanhamento com novas punções.
Profilaxia
Em pessoas que contactaram com doentes infectados, são usadas a rifampicina, a monociclina, a ciprofloxacina
e a ceftriaxona. Como antimicrobiano de primeira linha, são usadas as cefalosporinas de terceira geração. Como
antimicrobiano de segunda linha, é usada a penicilina G e a ampicilina. Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica
do Ministério da Saúde (2005) a quimioprofilaxia muito embora não assegure efeito protetor absoluto e prolongado
tem sido adotada como eficaz medida na prevenção de casos secundários. Está indicda para contatos íntimos de casos
da doença meningocócica e meningite por Haemophilus influenzae e também para o paciente em no momento da alta,

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
com a exceção se o tratamento foi com ceftriaxona. As vacinas contra meningite são específicas para determinados
agentes etiológicos. Algumas fazem parte do calendário básico de vacinação da criança e outras estão indicadas apenas
em situações de surto.

Vacinação
Existem dois tipos de vacinas contra o meningococo[4]:

• Vacinas polissacáridas, mais antigas, eficazes apenas a partir dos 2 anos de idade. Não cobrem a faixa etária
de maior incidência da doença, não induzindo memória imunológica prolongada. São vacinas polivalentes
contra os sorotipos A,C,Y e W135. A sua utilização é recomendada a viajantes para áreas hiperendémicas e
em situação de surto. Em Portugal apenas está registada a vacina "MenC e A" sendo, no entanto, a vacina
"MenA,C,W e Y" é distribuída, por autorização especial, para prescrição e administração nas consultas do
viajante.
• Vacinas conjugadas, desde 2001, com eficácia a partir dos 2 meses de idade, induzindo memória imunológica
prolongada e destinadas ao soro grupo C. A vacina conjuga um polissacárido da cápsula da bactéria N.
meningitidis com uma proteína da bactéria da difteria ou com o toxóide do tétano. Em Portugal estão
autorizadas desde 2001 a "Meningitec", "Meninvact/Menjugate" e a "NeisVac-C".
O polissacarídeo do soro grupo B não induz resposta imunológica protetora, não havendo ainda vacina
disponível contra este soro grupo. Decorre intensa investigação científica sobre formulações vacinais, algumas já em
fase de ensaio clínico, mas não existe ainda vacina disponível com eficácia persistente.
A vacina pode ser adiada em indivíduos apresentando doença aguda grave, com ou sem febre, ou doença
crónica progressiva. A presença de doença ligeira, com ou sem febre, não constitui motivo para adiamento da toma
desta vacina.
Antibiograma
Um antibiograma é o resultado de um exame laboratorial para a sensibilidade de uma linhagem de bactéria
isolada para diferentes antibióticos. É, por definição, um teste de sensibilidade in vitro.
Na clínica, antibióticos são frequentemente prescritos com base em guias gerais do conhecimento a respeito da
sensibilidade, ex: infecções urinárias sem complicações podem ser tratadas com quinolonas de primeira geração, etc.
Isso ocorre porque a Escherichia coli é o provável patógeno, e é sabidamente sensível ao tratamento com quinolonas.
Contudo, muitas bactérias são resistentes a diversas classes de antibióticos, e o tratamento não é tão simples.
Este é o caso de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs). Quando esses pacientes desenvolvem
uma pneumonia adquirida em ambiente hospitalar (nosocomial), bactérias mais resistentes como Pseudomonas
aeruginosa estão potencialmente envolvidas. O tratamento comumente é iniciado com base nos registros a respeito
dos patógenos locais provavelmente envolvidos. Este primeiro tratamento, baseado em informação estatística a
respeito de pacientes anteriores e direcionado a um grupo numeroso de microrganismos potencialmente envolvidos é
denominado "antibioticoterapia empírica".
Antes de dar inicio a esse tratamento, o médico ou veterinário irá coletar uma amostra de um compartimento
suspeito de contaminação: uma amostra de sanguequando a bactéria possivelmente invadiu a circulação sanguínea,
uma amostra de urina no caso de infecção urinária. Essas amostras são transferidas para o laboratório de microbiologia,
que analisa a amostra através do microscópio, e tenta cultivar a bactéria. Isso pode ajudar no diagnóstico.
Uma vez que a cultura tenha se estabelecido, há duas formas de se obter um antibiograma:
• Um método semi-quantitativo baseado em difusão (Método de Kirby-Bauer): pequenos discos contendo
diferentes antibióticos, ou discos de papel impregnados, são colocados em diferentes zonas em uma placa contendo
meio de cultura, que é um meio rico em nutrientes no qual as bactérias podem se multiplicar. O antibiótico se difunde
na área ao redor de cada disco, e um halo de lise bacteriana se torna visível. Como a concentração de antibiótico é
maior no centro, e menor nos limites do halo, o diâmetro é sugestivo para a Concentração Inibitória Mínima. A
conversão do diâmetro em milímetros para a concentração inibitória mínima em µg/ml é baseada em curvas lineares
de regressão já conhecidas.

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
• Um método quantitativo baseado em diluição: uma série de recipientes com diluições de antibiótico
progressivamente menores são inoculadas com o microrganismo analisado. O recipiente em que a bactéria não
conseguiu se multiplicar contém a Concentração Inibitória Mínima.
Quando a concentração inibitória mínima é calculada, ela pode ser comparada com os valores conhecidos para
a relação entre a bactéria e o antibiótico. Essa informação pode ser útil para o clínico, que pode modificar o tratamento
empírico para um tratamento mais específico, direccionado apenas para a bactéria envolvida na infecção.
Mycobacterium
Mycobacterium ou micobactéria é um gênero de actinobactérias bacilares, aeróbicas obrigatórias, imóveis e
altamente patogênicas, que causam diversas doenças, sendo as mais famosas Hanseníase (lepra) e tuberculose. Possuem
a forma de bacilos retos ou levemente curvado, sem a presença de flagelos ou de cápsula, além de não ter formação do
endosporo. Apesar das micobactérias não possuírem membrana externa e, por isso, se assemelharem às gram-positivas,
seu alto teor lipídico confere diferenças estruturais importantes na parede. A presença de ácidos graxos no envelope
confere uma álcool-ácido resistência (AAR) - retendo fucsina básica pela parede mesmo na presença de álcool e ácido
durante a coloração de Gram. Microorganismo intracelulares, que infectam e proliferamse dentro de macrófagos.
As manifestações clínicas de infecções micobacterianas decorrem da resposta imunológica do hospedeiro à infecção e
aos antígeos que portam. Possuem inúmeras resistências a antibióticos típicos e exigem tratamentos de muitas semanas,
meses ou anos. Normalmente administrado mais de um antibiótico, já que algumas cepas já apresentam resistência
antimicrobiana considerável.

Parede celular
Diferente de outras bactérias gram-positivas ou gram-negativas, as micobactérias possuem peptideoglicano
com ácido N-glicolilmurâmico em vez de ácido N-acetilmurâmico. A parede celular é constituída de cerca de 60% de
ácidos micólicos (ácidos graxos de cadeia longa incomum), covalentemente ligados ao polissacarídeo que compõe a
parede. A presença de alguns lipídeos livres com epítopos passiveis de reconhecimento pelo hospedeiro não estão
covalentemente associados ao esqueleto basal. Possuem proteínas de membrana formadoras de canais catiônicos
(porinas), que controlam a difusão de moléculas hidrofílicas. A Mycobacterium tuberculosis possui uma das paredes
mais permeáveis a agentes antimicrobiano hidrofílicos. [1] A singularidade da parede permite que o microorganismo
sobreviva dentro de macrófagos - que normalmente aniquilam patógenos fagocitados - facilitando a agregação
bacteriana e tornando-as mais resistentes a muitos desinfetantes químicos, o que dificulta sua prevenção.

Coloração
O alto teor lipídico das micobactérias confere à esta a álcool-ácido resistência, que impede a coloração das
bactérias pela técnica de Gram, normalmente utilizada. Entretanto, se a porção lipídica for removida com etanol
alcalino, a bactéria perde a característica de álcool-acido resistência, permitindo que sua coloração assemelhe-se às
gram-positivas. A técnica de Ziehl-Neelsen é eficaz com essas bactérias, utilizando uma mistura de fucsina com fenol,
envolvendo aquecimento na própria lâmina até que gere vapor. O diferencial dessa mistura é o fenol, que aumenta a
absorção da fucsina nos lipídios (ocorrerá ligação do NH2+ da fucsina com o COO- do ácido micólico). Após essa
aplicação, o esfregaço é lavado e tratado com álcool-ácido, sendo lavado mais uma vez para ser corado com azul de
metileno, realizando o papel de contraste. O resultado é a coloração em vermelho aos acidorresistentes, e o restante em
azul.

Meio de cultura
Possui um meio desenvolvido especialmente para seu plaqueamento, o meio Löwenstein–Jensen (LJ), que é
utilizado principalmente para o cultivo da Mycobacterium tuberculosis. Diferenças entre as espécies englobam
mudanças na temperatura ótima de cultivo e tempo médio de crescimento.
COMPOSIÇÃO (g/L)
L-Asparagina: 3.60
Fosfato monopotássico: 2.40
Sulfato de magnésio: 0.24

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Citrato de magnésio: 0.60
Amido de batata, solúvel: 30.00
Verde malaquita: 0.400

Meio de cultura Löwenstein–Jensen com bactérias tuberculosas.


Essa é a composição basal, comprada em forma de um pó azul esverdeado. A ele, devem ser acrescentados
12mL de glicerol e 1000mL de emulsão de ovo. Nesse momento o meio adquire uma cor verde azulada pálida, e um
pouco opaca.
A l-asparagina e o amido de batata são fontes de nitrogênio e vitaminas. Sulfato de magnésio e fosfato
monopotássico agem como fatores de crescimento, e o glicerol e a emulsão de ovo fornecem ácidos graxos e
aminoácidos e são fonte de carbono. O verde malaquita é composto que impede a contaminação a cultura por fungos e
outros microrganismos, garantindo uma cultura pura.
Esse meio é muito importante para o diagnóstico precoce da tuberculose, mas seu grande problema se da pelo fato de
que as colônias demoram para serem formadas devido ao crescimento lento da bactéria (colônias visíveis de 2 a 20
dias em temperatura ótima). Isso dificulta muito a rapidez de diagnóstico, e por isso técnicas alternativas são bastante
pesquisadas e exploradas. Por não serem nem gram-positivas nem gram-negativas, podem ser cultivadas com
antibióticos para esses dois tipos de bactérias, o que minimiza e evita contaminações.
A Mycobacterium leprae não é cultivada nesse meio ou em qualquer outro, sendo utilizado modelos
experimentais para análise da hanseníase. O uso de tatu selvagem em laboratórios como modelo experimental ainda é
o mais adequado.

Metabolismo
Devido à baixa velocidade de crescimento e a dificuldade de cultura dessas bactérias, o metabolismo dessas
bactérias não é definido para todas as espécies. Suas necessidades nutricionais englobam:

• fonte de carbono orgânica


• fonte de nitrogênio (NH4+)
• elementos inorgânicos usuais (Mg2+ , SO4 2 ~, K + , PO4 3 ", Fe3 +, etc.).
Dentre as principais bactérias patogênicas, a Mycobacterium tuberculosis usa como principal fonte de carbono
o colesterol e esteroides derivados de sua degradação como metabólitos adicionais. Uma via de regulação da ativação
dos genes que participam do catabolismo do colesterol inicia-se com sua oxidação, até eventualmente alimentar o ciclo
de Krebs (TCA Cicle) ou ser usado para o anabolismo da bactéria.
A Mycobacterium leprae usa principalmente os lipídios como fonte de carbono. Eles também são oxidados e
eventualmente servem de substrato para o ciclo de Krebs, que enfim fornece ATP para a bactéria.Como a M. leprae só
cresce em hospedeiros específicos e não cresce em meios de culturas padrão para micobactérias, elas não produzem
todos os metabólitos necessários ao seu crescimento. Entretanto, como seu crescimento ocorre em hospedeiros
específicos, é de difícil determinação quais nutrientes ela precisa utilizar do meio em que se encontra, sendo os
mecanismos gerais de seu metabolismo ainda nebulosos.
Bacilos Gram Negativos Não Fermentadores
Características gerais
• São aeróbios estritos
• São bacilos retos ou levemente curvos
• Móveis com um ou mais flagelos polares; raros imóveis
• Podem apresentar fímbrias
• Possuem AgO (da parede – parte glícidica do lipopolissacarídeo) semelhante ao das enterobactérias
Possuem camada mucóide (Ag= alginato)
• São classificados em grupos, de acordo com a homologia do RNA. Dentro de cada grupo, a classificação se
baseia na homologia do DNA.

Metabolismo

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
• Aeróbios, com metabolismo estritamente respiratório
• Quimiorgânotróficos, capazes de sintetizar proteínas a partir do petróleo
• Muitas espécies produzem pigmento
• São capazes de viver em inúmeros locais pela sua riqueza enzimática

Epidemiologia

• São amplamente distribuídos pela natureza


• Estão no ambiente do hospedeiro: reservatório de água, alimentos, flores cortadas, pias, sanitários,
equipamentos respiratórios e de diálise e até em desinfetantes.
• Algumas espécies são patogênicas , mas isso ocorre em condições de oportunidade
• Não persistem como flora normal, a não ser em indivíduos hospitalizados
• O representante mais importante é a Pseudomonas aeruginosa (mais de 70% das infecções se dão por bactérias
aeróbias estritas)

Taxonomia (classificação)

Ela é feita por dois critérios. O primeiro leva em conta a mobilidade de acordo com a presença ou ausência
de flagelos. O segundo critério leva em consideração o tipo de flagelo presente: polar ou peritríqueo. A) móveis
com flagelos polares

· P. aeruginosa
· Burkhederia cepacia
· Stenotrophomonas maltophilia

B) móveis com flagelo peritríqueo

· Alcaligenes xylosoxidans

· Bordetella sp ( nem pertursis e nem parapertursis)

C) imóveis e oxidase positiva (grande quantidade de citocromo oxidase)

· Chryseobacterium meningoseptium

· Moraxella sp

D) imóveis e oxidase negativa

· Acinetobacter baumanni
Pseudomonas aeruginosa

Não se sabe porque na maioria da vezes ela não causa doença quando em indivíduos normais pois ela tem
muitos

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
Haemophilus

Haemophilus é um gênero de bactérias cocobacilares, pleomórficas, Gram-negativas, aeróbio ou anaeróbicos


facultativos, imóveis, que pertencem à família Pasteurellaceae. O gênero inclui organismos que são flora normal de
humanos e algumas espécies patogênicas significativas, tais como H.
influenzae que causa septicemia e meningitebacteriana em crianças e o H. ducreyi que causa cancroide.
Podem possuir cápsula de polissacarídeos e possuem tamanho de cerca de 1um (micrometro).

Cultivo
Crescem bem em ágar chocolate, pois suas espécies necessitam nicotinamida (factor V) e/ou hemina (factor
X) para crescer. Frequentemente formam colônias satélites a grandes colônias de Staphylococcus para se alimentar dos
produtos destas colônias.
Coprocultura
Coprocultura é o exame bacteriológico das fezes, geralmente humanas muito utilizado em casos de
gastroenterite adulta. A classificação das bactérias que podem provocar diarréia é a seguinte: bactérias invasoras e
bactérias toxigênicas. Após a colheita é realizado o plantio do material em um meio de enriquecimento ou um meio
seletivo.
A coprocultura é melhor realizada com fezes frescas, de preferência logo após sua emissão, evitando-se a
contaminação com urina ou líquido do vaso sanitário. Todavia, um líquido conservador é bem-vindo. Se as fezes
apresentarem muco, deve ser colhido uma amostra. É possível, também a colheita direta do reto com auxílio de um
swab.

Bactérias invasoras
São bactérias colonizadoras do tubo gastrointestinal. Podem produzir toxinas e evoluir atingindo outros locais.
Exemplos: Shigella, Salmonella, Yersinia enterocolitica, Campylobacter jejuni e alguns sorotipos de Escherichia coli.

Bactérias toxigênicas
Este tipo de bactéria, libera uma toxina para dissolver alimentos para sua nutrição, provocando assim,
atividade patogênica no indivíduo. São exemplos de bactérias que produzem toxinas o Clostridium difficile,
Clostridium perfringens, Vibrio parahaemolyticus, Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Identificação
bioquímica

Provas de identificação rápida


Gênero Gás em glicose Lactose Manita Mobilidade Indol Citrato H2O Urease DA LDC
Escherichia +/- +/- + +/- + - - - - +

Aerobacter + +/- + + - + - - - +

Klebsiella + +/- + - - + - + - +

Hafnia + - + + - + - - - +

Citrobacter + +/- + + - + + - - -

Arizona + +/- + + - + + - - +
Salmonella + - + + - + +/- - - +

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas

Shigella - - +/- - +/- - - - - -

Providence +/- - +/- + + + - - + -

Proteus +/- - - + + - + + + -

Exame laboratorial
Análise Clínica ou Exame laboratorial é o conjunto de exames e testes realizados em laboratórios de
análises clínicas por biólogos, bioquímicos, biomédicos, farmacêuticos, dentistas ou médicos,
visando um diagnóstico ou confirmação de uma patologia ou para um check-up (exame de rotina).

Etapas do exame
Sequência de ações dentro de um laboratório onde são realizados exames laboratoriais inicia-se com a coleta
do material a ser analisado e termina com a emissão de um laudo diagnóstico.
Na fase pré-analítica, o paciente é orientado, é realizado a coleta, a manipulação e conservação do material
que posteriormente será analisado. É nesta fase onde ocorrem a maioria dos erros. Logo após, serão analisados os
materiais e será feito um laudo pelo profissional habilitado. A fase analítica, com os avanços tecnológicos é realizada
através de aparelhos automatizados que garantem um maior percentual de acertos. Nos laudos, os principais erros são
unidades erradas, erro de digitação, não informação de interferentes no exame, etc.
Dentro deste contexto, existem diversos fatores que podem interagir com o resultado do exame, resultando em
um falso-negativo ou falso-positivo: medicamentosutilizados pelo paciente, sua resposta metabólica, jejum, transporte
do material, centrifugação, metrologia, reagentes, calibração e manutenção dos equipamentos, entre outros.

Tipos de exames
Bioquímica do sangue - substâncias não electrolíticas Glicose

• Ureia
• Creatinina
• Ácido úrico
• Amoníaco
• Proteínas plasmáticas
• Lipídeos plasmáticos
• Corpos cetônicos
• Bilirrubina
Bioquímica do sangue - substâncias electrolíticas Cálcio

• Fósforo
• Potássio
• Ferro sérico
• Sódio
• Magnésio
• Transferrina
• Diagnósticos dos desequilíbrios hidreletrolíticos
• Diagnóstico dos desequilíbrios ácido básicos
Bioquímica do sangue - enzimas
Fosfatase alcalina e ácida, amilase, lipase, aldolase, lactatodesidrogenase, transaminases,
creatinofosfoquinase, gamaglutamitranspeptidase, isoenzimas de lactatodesidrogenase, isoenzimas de
creatinofosfoquinase.
Hemograma - série vermelha

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Tópicos De Exame De Análise Clinicas
Hemácias, hemoglobina, hematócrito, valores hematimétricos.
Hemograma - série branca

Leucograma.
granulocitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. agranulocitos: linfócitos e monócitos Exame
de urina

Análise bioquímica, análise macroscópica microscopia de sedimento, estudo bacteriológico, outros Exame
de fezes

Exame macroscópico, exame microscópico, parasitas e protozoários e coprocultura.


Outros

• Líquido cefalorraquidiano
• Escarro
• Líquido pleural
• Espermograma

Principais áreas no laboratório hospitalar


Dentro de um laboratório hospitalar de análises clínicas existem 5:

• Hematologia
• Microbiologia
• Imunologia
• Química clínica Parasitologia
Atualmente, com o objectivo de obter respostas mais rápidas, a fim de otimizar o tempo do profissional, muitos
exames estão sendo realizados por aparelhos automatizados. Este fato permite uma análise em maior escala e propicia
aos clínicos uma resposta mais breve do estado fisiológico do paciente, possibilitando uma intervenção mais ágil,
aumentando assim a possibilidade de salvar mais vidas humanas. Setores como a microbiologia e outros onde existem
alguns exames de maior especificidade, continuam a executar sua atividades manualmente, seja por possuir uma menor
rotina, ou por ainda não estarem com métodos automatizados padronizados.
Os fluidos mais comuns para exame são: sangue, urina, fezes e expectoração. No entanto em ambiente hospitalar
poderá ser encontrado ainda: liquido sinovial, pleural, céfalo-raquidiano, pus, entre outros.

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