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Interpretação do hemograma

Hemograma = avaliação laboratorial muito utilizada na bioquímica e hematologia. Consiste em avaliação qualitativa
e quantitativa das células do sangue periférico. Percebe-se pelos índices hematimétricos se a pessoa está com
infecção viral ou bacteriana, da para saber qual vírus que é dependendo dos índices e permanência da doença. O
diagnóstico do paciente é feito com a interpretação do exame + histórico do paciente. Só o exame não da. É uma
técnica de fácil realização, custo baixo de realização, e é rápido de se fazer.

Sangue: matriz complexa (tecido líquido de pH entre 7,35 e 7,45), composta por plasma, proteínas, carboidratos,
lipídios, hormônios, eletrólitos e elementos figurados (células e plaquetas).

Cada célula do sangue periférico tem uma morfologia que condiz com a sua função, se a morfologia altera, a
função da célula fica comprometida.

A medula óssea é o compartimento de formação das células do sangue. Produz células stem cell
pluripotente, que se diferencia de acordo com a necessidade do nosso corpo. A stem cell pode seguir duas linhagens
de diferenciação – a linfoide e a mieloide.

Coleta e preparo do paciente: punção venosa com sistema à vácuo e tubo com EDTA (forma com o cálcio um sal
insolúvel – não deixa o sangue coagular e não atrapalha na análise do sangue).

Preparo: é dispensado o jejum (recomendação de pelo menos 02 horas de jejum dependendo do método que é
utilizado).

Fatores que influenciam a análise e o resultado: repouso/atividade, hidratação, medicação, sexo (ele deixou claro
que não é quantas vezes na semana a pessoa transa UFA), idade e tabagismo. Comer não interfere na contagem
celular, nem na morfologia. O jejum é para os outros exames bioquímicos de dosagem.

Métodos analíticos
Automatizado: impedância (quantificação da dispersão da luz e as células são contadas); câmara de Neubauer
(contagem celular pelo microscópio – a placa é tipo um papel quadriculado, e dependendo do tipo celular, analisa
uma área diferente da câmara); citometria (quantifica e diferencia as células e é o melhor método automatizado). A
automação traz mais confiabilidade e precisão, trouxe o reconhecimento de novos parâmetros..., mas é só uma
ferramenta, não substitui o conhecimento do técnico.

Esfregaço celular: faz para confirmação do resultado. Cora a célula com corantes eosenofílicas-basofílicas, então as
células ficam azuladas, roxeadas, alaranjadas e roseadas, e pela cor, da para saber qual célula é. Faz lâmina
confirmatória em 50% das análises.

Hemograma
Eritrograma: avalia células vermelhas. Dentro do eritrograma mede-se eritrócitos, hemoglobina e hematócrito.

Contagem de eritrócitos: valor é expresso em número de eritrócitos por milímetro cúbico. Os eritrócitos compõe
uma larga proporção da massa de sangue periférico. Facilmente reconhecidos, possuem coloração eosinofilica
(vermelho-alaranjado), são células anucleadas e normalmente apresentam uma certa uniformidade (menos de 10 %
normalmente apresentam anormalidade em tamanho, forma e coloração). Valor de referência para homens é de 5,0
a 5,5 milhões/mm3 e mulheres de 4,5 a 5,0 milhões/mm3.

Hemoglobina normocrômica, distribuição


de 1/3 da coloração da hemácia.

Tamanho é de 7um (mesmo tamanho do linfócito), sem coloração central e a coloração indica o
preenchimento com hemoglobina, a parte central sem coloração corresponde 1/3 do diâmetro (se o diâmetro da
parte central medir + de 1/3 = hipocromia, hipercorado parte central fica escura = esferócito).

Hipercorada Hipocromia

Hemoglobina: a análise é feita pela concentração de hemoglobina no sangue – parte das hemácias vai ser
hemolisada no equipamento, e vai medir a concentração de hemoglobina que ficou livre. Pela lâmina pode-se ver
pela coloração da hemácia (proporção do 1/3). Valor de referência para homens 13g/dL e mulheres 12,5g/dL.

Hematócrito: é o volume de hemácia expresso em porcentagem de acordo com o volume de sangue. Valor de
referência de 40 a 45%.

Índices hematimétricos: permite classificar as anemias.

 VCM: volume corpuscular médio – volume médio da hemácia. Mede o tamanho da hemácia. VCM
aumentado, hemácia macrocítica; VCM diminuído, hemácia microcítica; VCM normal, normocítico.

Hematócrito( Ht)∗10
VCM =
Hemácias em milhões
 HCM: hemoglobina corpuscular média. É a quantidade média em massa dentro na hemácia. HCM
aumentada, hipercromia; HCM diminuído, hipocromia; HCM norma, normocromia
Hemoglobina(Hb)∗10
HCM=
eritrócitos emmilhões
 CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média. É a mesma coisa que o HCM, mas em
porcentagem.

Hemoglobina(Hb)
CHCM =
Hematócrito(Ht )∗100
 RDW: indica a amplitude de distribuição das hemácias. É obtido por analisadores automáticos, dado em
porcentagem. O valor de referência é de 13,4%. Alteração do RDW indica anisocitose (é o termo utilizado
para indicar variações nos tamanhos dos eritrócitos. Ocorre simultaneamente macrocitose e microcitose.

É importante diferenciar as
formas de anemia porque os
tratamentos são diferentes.
Algumas anemias podem ser
causadas por medicamento,
então é importante saber
diferencias cada uma.

Células do eritrograma

 Reticulócito: São hemácias jovens que acabaram de deixar a medula óssea e não possuem a maturação
celular completa. Possuem um diâmetro um pouco maior que o das hemácias e a imaturidade é evidenciada
pela presença de RNA. Ele tem resto nuclear e mitocondrial, então tem metabolismo 60% maior do que do
eritrócito. Se diferencia em eritrócito quando atinge o sangue periférico. Corada com verde-cresil-brilhante.

O pontilhado dessa célula são os retículos, que é o resto de núcleo. A contagem deles não entra no hemograma,
mas a avaliação de reticulócitos serve para verificar problemas na medula óssea. Se o reticulócito está diminuído, há
problema na medula óssea, se ele está aumentado, existe problema na diferenciação do sangue periférico.

 Policromasia: se cora a lâmina com hematoxilina, normal, a hemácia é eosinofílica, ou seja,


fica rosinha. Se a hemácia corada com hematoxilina for basofílica, fica mais roxinha, indica
que há presença de reticulócito no sangue, mas esse reticulócito recebe o nome de
policromasia.
É normal ter de 1 a 2 % de reticulócitos no sangue periférico. Quando há problemas no sangue, por exemplo
numa anemia falciforme, que tem hemólise acelerada dos eritrócitos, a quantidade de reticulócitos aumenta porque
é a resposta da medula para repor as células que estão sendo perdidas.

 Eritrobastos: São células nucleadas precursoras dos eritrócitos. São contados em relação à 100 leucócitos. A
presença dessas células no sangue periférico sempre indica uma patologia (eritropoiese acelerada). Nõ é
normal encontrar eritroblastos no sangue periférico. É bem parecida com o linfócito, então ara achar um
desse tem que ter bastante prática.

 Poiquilocitose: ocorre alteração na forma do eritrócito. A classificação pode ser realizada de acordo com a
nova forma que o eritrócito adquiriu. Acontece quando há deturpação na eritropoiese.
o Poiquilocitose drepanocítica: O eritrócito assume a forma de meia-lua, isso ocorre devido a
polimerização da hemoglobina S. A polimerização é induzida pelo decréscimo da tensão de Oxigênio
e/ou acidose. É um defeito de síntese de hemoglobina (cadeia beta), tipo de doença genética
difundida em pessoas negras. (Anemia Falciforme).

o Poiquilocitose: Células em alvo: Demonstra um acúmulo de hemoglobina com aparecimento de um


anel na parte central. Há disparidade entre a baixa concentração de hemoglobina e aumento de
superfície celular. Talassemias, anemia carencial por ferro, após retirada do baço e em hepatopatias.

o Poiquilocitose acompanhada de anisocitose: diferentes formas que os eritrócitos adquirem. Ocorre


em anemias severas, especialmente quando há uma ineficiência na eritropoiese.
Leucograma: avalia células brancas, alterações morfológicas (qualitativa) e contagem dos leucócitos (global ou
diferencial - quantitativa).

Os leucócitos são classificados em dois grandes grupos: os granulócitos e agranulócitos. Os granulócitos são
também chamados de polimorfonucleares, grânulos no citoplasma, e compreendem os eosinófilos, basófilos e
neutrófilos. Os agranulócitos são também chamados de células mononucleares e compreendem os linfócitos e
monócitos.

A contagem do número de leucócitos por milímetro cúbico e sua contagem diferencial, ou seja, o percentual
de cada célula da série branca. Valor de referência da contagem total é 5.000 a 9.000 por mm3. Avaliar a distribuição
morfológica diferencial dos glóbulos brancos é importante para obter informações mais especificas sobre o sistema
imune do paciente.

Aumento de leucócitos = leucocitose. Diminuição de leucócitos = leucopenia.

Leucócitos granulócitos:

neutrófilo segmentado. Pode ter de 2 a 5 segmentos.

neutrófilo não segmentado.

eosinófilo.

basófilo. Não da para ver a presença do núcleo.

Leucócitos agranulócitos:

Linfócitos. Não é possível diferenciar o linfócito T do B no leucograma.

Monócitos.
Desvio nuclear à esquerda (D.E): ocorre o aparecimento no sangue periférico de um aumento no percentual de
neutrófilos mais jovens ocorre um maior número de bastonetes e mais raramente de metamielócitos ou mesmo de
mielócitos. O significado clínico deste fato indica uma solicitação maior de neutrófilos mais jovens como no caso de
uma infecção bacteriana aguda. Uma variação entre 6% e 10% de bastonetes obtém-se um desvio nuclear à
esquerda sugestivo e 10% ou mais, um desvio nuclear definido.

Diferenciação do neutrófilo:

Neutrófilo mais jovem Neutrófilo


diferenciado

Se o desvio respeita a escala de diferenciação: desvio a esquerda escalonado (reação leucemóide – infecção
normal). Se não respeita a diferenciação: desvio a esquerda não escalonado (leucêmica).

Desvio nuclear à direita: multissegmentação destes leucócitos, também chamados de polilobócitos. Este fenômeno
se caracteriza, portanto, por apresentar células maduras com cinco ou mais lóbulos e isto ocorre na anemia
perniciosa, sépsis, hepatopatias e leucose mielóide.

Células maduras com cinco ou mais lóbulos – Índice de Hipersegmentação. Principal causa é falta
de ácido fólico e vitamina B12; acontece muito em idosos.

Processo infeccioso agudo:

FASE DE LUTA: Neutrofilia, Linfocitopenia, Monocitopenia relativa, D.E com reação escalonada.

FASE DE DEFESA: Monocitose, Presença de eosinófilos, D.E diminui.

FASE DE CURA (estado de recuperação): Linfocitose, Monocitose, Discreta eosinofilia.

Processo infeccioso crônico: evolução lenta (colites, sinusites por ex), acarretam hiperplasia granulocítica da Medula
óssea, porém sem desvio a esquerda. Vai ter Neutrofilia, Eosinófilos normais, Monocitose discreta, Linfocitose
discreta ou não e D.E. (não se observa desvio a esquerda)
Plaquetograma: avalia plaquetas/trombócitos. É formada pela liberação de fragmentos do citoplasma do
megacariócito. Tem a função de aderir as paredes dos vasos sanguíneos evitando hemorragias. Faz e desfaz o
coágulo.

Megacariócitos são células precursoras das plaquetas. As plaquetas são restos citoplasmáticos de
megacariócitos. A contagem de megacariócitos em sangue periférico é em relação à 100 leucócitos

Contagem de plaquetas: trombocitopenia = poucas plaquetas. Trombocitose = muitas plaquetas.

O aumento do número de plaquetas pode traduzir duas situações diversas:

o A primeira situação onde ocorre aumento apenas transitório do número de plaquetas, não atingindo
800.000/ mm3 – Por Exemplo: Em esforços físicos intensos, nas grandes altitudes, nas anemias pós-
hemorrágicas, em infecções agudas, nos estados caquéticos e esplectomizados.
o Na segunda situação o número de plaquetas ultrapassa a cifra de 800.000/mm3 e traduz doença de
base, de caráter mieloproliferativo, como a Policitemia Vera, Leucoses Mielóide Crônica e a
Carcinomatose Medular – estes casos podemos chamar de trombocitemia.

Índices do plaquetograma:

 PDW: variação no tamanho de plaquetas.

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