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Resumo

Hemograma

Larissa Prado Meira


Faculdade Santo Agostinho
Resumo de Hemograma 2

1. Definição
Hemograma completo é um teste que fornece informações sobre os três principais
tipos de células no sangue, as células vermelhas, que transportam oxigênio para o corpo,
as células brancas, que combatem infecções, e as plaquetas, que ajudam na formação
de coágulos. Ademais, vêm expressos o número dos eritrócitos e os índices
hematimétricos, o número dos leucócitos em valor absoluto, os valores relativos ou
percentuais dos vários tipos de leucócitos, o número de plaquetas por milímetro cúbico
e a velocidade da hemossedimentação.
Entre todos os exames laboratoriais atualmente solicitados por médicos de todas as
especialidades, o hemograma é o mais requerido. Por essa razão, reveste-se de grande
importância no conjunto de dados que devem ser considerados para o diagnóstico
médico.

2. Série Eritrocitária
Os eritrócitos, ou hemácias, são produzidos na medula óssea e só penetram na
corrente sanguínea quando amadurecem. São células desprovidas de núcleo e seu
interior é ocupado, quase exclusivamente, pela hemoglobina. A hemoglobina é
constituída de uma parte proteica (globina) e de um núcleo contendo ferro (heme). O
número de eritrócitos circulantes é de 4.500.000 a 5.000.000/mm3, sendo mais alto, em
geral, no sexo masculino (exame quantitativo). O exame qualitativo dos eritrócitos é
feito por esfregaço do sangue periférico, corado pelo método Leishman ou Giemsa.
No esfregaço, pode-se analisar a forma, o tamanho e as características tintoriais dos
eritrócitos. Os eritrócitos têm a forma de um disco bicôncavo, com diâmetro em torno
de 7 micra. Por esse motivo, após a coloração, observa-se uma tonalidade amarelo-
pardacenta mais escura nas bordas das células, enquanto o centro permanece mais
claro. As modificações qualitativas dos eritrócitos são importantes para caracterizar o
tipo de alteração presente nessa linhagem nas várias anemias.

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Alterações morfológicas encontradas no esfregaço do sangue periférico


Morfologia Descrição

Anisocitose Variação do tamanho dos eritrócitos

Poiquilocitose Variação da forma

Macrocitose Eritrócitos de grande tamanho

Microcitose Eritrócitos de pequeno tamanho


Eritrócitos pequenos, esféricos, que são homogeneamente
Esferocitose
corados
Dacriócitos Eritrócitos em lágrima

Eritrócitos de forma esférica com espículas de diferentes


Acantócitos
comprimentos

Esquizócitos Fragmentos de eritrócitos

Corpúsculos de Heinz Inclusões de precipitados insolúveis de hemoglobina

Esfregaço de sangue periférico. Hemácias em lágrima. FONTE: ZAGO, Marco Antonio; FALCÃO, Roberto
Passetto; PASQUINI, Ricardo. Tratado de hematologia. São Paulo: Atheneu, 2013.

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Esfregaço de sangue periférico. Macrocitose em paciente com anemia megaloblástica por deficiência de
vitamina B12. FONTE: ZAGO, Marco Antonio; FALCÃO, Roberto Passetto; PASQUINI, Ricardo. Tratado de
hematologia. São Paulo: Atheneu, 2013.

RETICULÓCITOS
Os reticulócitos são eritrócitos jovens que aparecem no sangue em pequena
proporção (1 a 1,5%). O aumento de tais células está ligado à emissão de maior número
delas da medula óssea, geralmente por perda aumentada na periferia (hemorragias
crônicas e hemólise). Dá-se a esse aumento a denominação de reticulocitose.
Os reticulócitos revela a atividade medular de produção de eritrócitos, estando
aumentados em estados hiperproliferativos e diminuídos em estados hipoproliferativos:
Aumentados: Reflete uma resposta hematopoiética aumentada (hemólise contínua ou
perda de sangue); Diminuídos: Reflete uma resposta hematopoiética inadequada
(anemia aplásica, invasão medular, infecção, quimioterapia e outras causas de
supressão medulares). O estudo da linhagem vermelha ou eritrocitária completa-se com
a determinação dos índices hematimétricos:

ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS
Índice hematimétrico Valor normal
VCM (volume corpuscular médio) 80 a 100 fl
CHCM (concentração da hemoglobina corpuscular média) 31 a 36 g/df

HCM (hemoglobina corpuscular média) 26 a 35 pg

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DOSAGEM DE HEMOGLOBINA (HB)

É expressa em gramas por decilitro de sangue. Os valores normais são: em


homens, entre 14 e 18 g/df; nas mulheres, entre 12 e 16 g/df. O resultado em g/df é
convertido em porcentagem (%), de modo impreciso, considerando-se o valor de 16 g/df
correspondente a 100%.

HEMATÓCRITO (HT)

Indica o volume total de eritrócitos em relação a certo volume de sangue total.


É expresso em fração dos glóbulos por litro de sangue. Pode-se também expressar em
porcentagem (%). Os valores médios são os seguintes: Homens: 0,41 a 0,51 l/l ou 41 a
51%; mulheres: 0,37 a 0,47 l/l ou 37 a 47%.

VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO (VCM)

Refere-se ao volume médio de um único eritrócito. O resultado é expresso em


fentolitros. Calcula-se dividindo o valor do hematócrito (% ou l/l e x 1.000) pelo número
de eritrócitos em milhões. Valor normal: 80 a 100 fl (fentolitros). Quando < 80 fL,
corresponde à microcitose, que ocorre na anemia ferropriva; talassemias; anemia
sideroblásticas; anemia de doença crônica (tardia); deficiência de cobre; Quando 80-100
fL, corresponde à normocitose, que ocorre na anemia ferropriva (precoce); anemia de
doença crônica; perda aguda de sangue; Quando > 100 fL, corresponde à macrocitose,
que ocorre no abuso de álcool; deficiência de ácido fólico; deficiência de vitamina B12;
Quando >115 fL, corresponde à macrocitose que é quase que exclusivamente causada
por deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico.

HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA (HCM)

Considera-se normal de 28-34 g/dL de hemácias. Caso < 28 corresponde à


hipocromia que ocorre na anemia ferropriva e talassemias. Caso > 34 corresponde à
hipercromia que costuma acompanhar macrocitoses.

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CONCENTRAÇÃO HEMOGLOBÍNICA CORPUSRULAR MÉDIA (CHCM)

Expressa a quantidade (concentração) média de hemoglobina por


eritrócito, independentemente de seu tamanho. Calcula-se dividindo a hemoglobina
(g/df) pelo valor do hematócrito (% ou l/l x 1.000). É expressa em g/df. Considera-se
normal de 31-36 g/dL de hemácias. Quando < 31, ocorre na anemia ferropriva,
talassemias e quando > 36, ocorre na esferocitose (hereditária ou adquirida); doença
falciforme e hemoglobinopatia C.

3. Hemossedimentação
Hemossedimentação (ou velocidade de sedimentação dos eritrócitos) é avaliada em
função de um período de tempo de 1h e de 2h. Hemossedimentação normal vai de 0 a
10 mm por hora (teste de Wintrobe), no sexo feminino, sendo menor no sexo masculino,
na ausência de anemia.

4. Série Leucocitária
Os leucócitos são produzidos na medula óssea e caem na corrente circulatória
quando alcançam certo grau de amadurecimento. Essas células podem ser estudadas no
sangue periférico ou em material de medula óssea. A parte do hemograma relativa aos
leucócitos é denominada fórmula leucocitária ou leucograma. As cifras normais dos
leucócitos no sangue periférico variam dentro de amplos limites, indo, em condições
normais, de 4 a 10 X 109/l (4.000 a 10.000 por mm3). O aumento do número de
leucócitos denomina-se leucocitose e a diminuição denomina-se leucopenia.

De modo geral, a leucocitose ocorre como uma resposta do organismo a agentes


estimulantes da produção de leucócitos (infecções, por exemplo) ou nos processos de
proliferação maligna. Situações fisiológicas também podem cursar com leucocitose.
Podemos citar como exemplo a gestação. As leucopenias, em geral, evidenciam
diminuição da produção dos leucócitos pela medula óssea.

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Leucocitose, com maior frequência, está na dependência do aumento dos


neutrófilos (neutrofilia ou neutrocitose) ou dos linfócitos (linfocitose), uma vez que
essas células são as que aparecem em maior proporção. Entretanto, pode haver
leucocitose por aumento de eosinófilos (eosinofilia ou eosinocitose), de basófilos
(basofilia ou basocitose), de monócitos (monocitose) e, mesmo, de plasmócitos
(plasmocitose).

Leucopenias são causadas, geralmente, por queda dos neutrófilos (neutropenia ou


neutrocitopenia), associada ou não à diminuição dos outros granulócitos (eosinopenia e
monocitopenia). Mais raramente têm como causa a redução de linfócitos (linfocitopenia
ou linfocitopenia). As diminuições dos basófilos e dos plasmócitos, isoladamente, não
têm significado clínico.

As infecções bacterianas agudas costumam provocar leucocitose no sangue


periférico à custa dos neutrófilos. Nesses casos, é comum o encontro de células da
linhagem neutrofílica mais jovens do que os bastonetes, tais como metamielócitos,
mielócitos e até promielócitos. Essas células, em condições normais, ficam retidas na
medula óssea. Fala-se, então, em desvio à esquerda quando tais células surgem na
circulação.

Distribuição normal em números relativos (percentuais) dos leucócitos em sangue periférico

Leucócitos Percentual observado no diferencial ou contagem relativa

São os mais numerosos (60 a 65%); a quase totalidade corresponde às


Neutrófilos formas segmentadas. Apenas 2 a 5% aparecem sob a forma de
bastonete.
Eosinófilos Correspondem a 2 a 4% dos leucócitos do esfregaço.
Basófilos São raros no sangue circulante, aparecendo na proporção de 0 a 1%.
Totalizam 20 a 30%. Há células de diferentes aspectos, denominadas
Linfócitos
linfócitos típicos (a maioria), atípicos e linfócitos granulares.
Monócitos Presentes no percentual de 4 a 8%.

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5. Série Plaquetária
As plaquetas são células especiais, derivadas dos megacariócitos da medula óssea,
que aparecem nos esfregaços de sangue de froma isolada ou em grupos. Em condições
normais, há de 200.000 a 400.000 plaquetas por mm 3. Quando esse número cai para
menos de 150.000/mm3, fala-se em plaquetopenia, ou trombocitopenia, e quando sobe
para mais de 500.000/mm3, denomina-se plaquetose ou trombocitose. Entre as causas
trombocitopenia estão: anemia aplásica, supressão medular, sepse, deficiência de
vitamina B12, ácido fólico, e hiperesplenismo, já a trombocitose está relacionada à
deficiência de ferro, anemia de doença crônica, sepse, neoplasia e doenças
mieloproliferativas e mielodisplásicas.

A variação do número normal das plaquetas ocorre isolada ou concomitantemente


com alterações da hemostasia. Aumento acentuado de plaquetas costuma ocorrer nas
chamadas síndromes mieloproliferativas, das quais a leucemia mieloide crônica é a
doença mais frequente, entretanto, as alterações numéricas das plaquetas nem sempre
estão associadas aos processos malignos.

Referências Bibliográficas

1. PORTO, Celmo Celeno. Porto &Porto Semiologia Medica. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2014. 1149 p.
2. STAFF, Mayo Clinic et al. Patient education: Complete blood count (CBC) (The
Basics). Mayo Clinic, S.i, v. 4, n. 3, p.1-4, dez. 2018.
3. WALLACH et al. Interpretação de exames laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan Ltd, 2016.
4. ZAGO, Marco Antonio; FALCÃO, Roberto Passetto; PASQUINI, Ricardo. Tratado
de hematologia. São Paulo: Atheneu, 2013.

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