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Resumo de Anemias 0
Anemias
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1. Definição
Anemia é definida como a redução de glóbulos vermelhos (eritrócitos ou
hemácias) ou insuficiência em oxigenar adequadamente os tecidos. Raramente é uma
doença por si só, sendo, quase sempre, consequência de
alguma anormalidade genética ou adquirida. Segundo a
OMS, a anemia é caracterizada pela redução dos níveis
de hemoglobina.
2. Epidemiologia
A anemia ferropriva é a mais comum das carências nutricionais, com prevalência
maior em mulheres e crianças, principalmente nos países em desenvolvimento. Crianças
entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doença do
que aquelas entre 25 e 60 meses, sendo considerada um sério problema de Saúde
Pública. A anemia pode prejudicar o desenvolvimento mental e psicomotor, causar
aumento de morbimortalidade materna e infantil, além da queda no desempenho do
indivíduo no trabalho e redução da resistência às infecções.
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3. Etiologia Eritrocitária
As hemácias ou eritrócitos são originadas da célula do tecido mielóide,
proveniente da célula-tronco hematopoiética da medula óssea. A célula precursora se
divide, então, por mitose até formar o reticulócito, última célula a se formar antes da
hemácia e que já pode ser encontrada no sangue periférico. Sua formação é mediada
pela eritropoietina, hormônio produzido pelo fígado e pelos rins. Os reticulócitos
duram cerca de 24/48h no sangue periférico até serem convertidos em hemácias, sendo
como um “espelho” da função da medula óssea: quanto mais reticulócitos estiverem
presentes no sangue periférico, maior é a atividade medular. A taxa normal de
destruição dos reticulócitos é de 1% ao dia.
Proeritroblasto
Eritroblasto basófilo
Eritroblasto policromatófilo
Reticulócito
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entero-portal) e uma pequena porção vai ser excretada pelos rins na forma de
urobilinogênio (responsável pela cor amarelada da urina).
4. Classificação
As anemias são de modo geral classificadas de diversos modos, como por
exemplo de acordo a seu curso temporal. Entretanto, a maneira mais útil para uma
abordagem clínica eficiente é a associação da classificação fisiopatológica e da
morfológica, porque elas são facilmente aplicáveis a partir dos dados do hemograma e
da contagem de reticulócitos.
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Anemia aguda: consiste na perda súbita de sangue, de modo que a falta de volume no
sistema sanguíneo seja superior à falta de hemoglobina. Desta forma, devemos
considerar os seguintes valores:
▪ Uma perda de até 10% de volume sanguíneo é tolerável, tendo em vista que este
valor é proporcional ao de uma doação de sangue.
▪ Uma perda entre 11 e 20 % causa tonturas, desmaios e hipotensão postural.
Acima de 20% cursam com taquicardia, extremidades frias, palidez extrema e
hipotensão, podendo a partir disso ocorrer choque.
▪ Se maior que 30% sem que haja reposição imediata por via intravenosa, o
choque se torna rapidamente irreversível e letal.
Anemia crônica: neste caso não há diminuição do volume sanguíneo e sim uma
instalação insidiosa da anemia, de modo que o organismo se adapta no limite do possível
aos níveis baixos de hemoglobina.
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ANEMIAS MICROCÍTICAS hipocrômica quando temos HCM < 28 pg e/ou CHCM <32 g/dL.
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(3) anemia de doença crônica (o VCM não chega abaixo de 75
fL); (4) anemia sideroblástica, forma hereditária, e (5) anemia
do hipertireoidismo.
Uma anemia macrocítica é definida quando temos VCM>100
fL. A causa clássica de anemia macrocítica é a anemia
megaloblástica (carência de folato e/o B12). Esta é a anemia
que cursa com os maiores níveis de VCM, frequentemente na
faixa entre 110-140 fL. Existem diversas outras causas de
anemia macrocítica, todas elas manifestando-se com
macrocitose leve (100-110fL) ou com normocitose (podem ser,
na verdade, macro ou normocíticas). São elas: (1) síndromes
mielodisplásicas, incluindo a forma adquirida da anemia
sideroblástica, (2) anemia aplásica, (3) etilismo, (4) drogas do
ANEMIAS MACROCÍTICAS tipo: AZT, metotrexate etc., (5) anemia da hepatopatia
crônica, (6) anemia do hipotireoidismo, (7) anemias
hemolíticas (excetuando-se as talassemias), (8) anemia da
hemorragia aguda. Estas duas últimas são as anemias que
cursam com reticulocitose e os reticulócitos são hemácias de
tamanho maior, justificando elas serem eventualmente
macrocíticas.
Uma ampla gama de etiologias encontra-se neste grupo. As
principais são: (1) anemia ferropriva, fase mais inicial, (2)
anemia de doença crônica, (3) anemia da insuficiência renal
crônica, (4) anemia da hepatopatia crônica, (5) anemia das
endocrinopatias – hipotireoidismo, hipoadrenalismo, (6)
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5. Clínica
Os sintomas de anemia devem-se à redução da capacidade de transporte de O2
do sangue e alteração do volume sanguíneo total, associadas à capacidade
compensatória dos sistemas pulmonar e cardiovascular. A velocidade de
desenvolvimento das alterações é crucial para a intensidade dos sintomas, ou seja,
quanto mais abrupta for a queda de volume sanguíneo e/ou nos níveis de hemoglobina,
mais intensos serão os sintomas. Os sintomas mais comuns da anemia são fadiga,
dispneia, palpitações, cefaleias, vertigem, diminuição da pressão arterial e febre
discreta, sendo a palidez o principal sinal podendo ser observado no exame físico. Os
sintomas vão variar conforme os níveis de hemoglobina e geralmente estão
relacionados com sinais de compensação cardíaca. Assim:
▪ Causa
▪ Tempo de duração da anemia (Início? Duração?)
▪ Reserva funcional orgânica (questionar sobre a
presença de doenças hepáticas, renais, etc.)
▪ Compensação medular (observar a quantidade de
reticulócitos) Figura 5: sintomas de anemia. FONTE:
http://www.tribunadaserra.com.br/anemia-saiba-mais/
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6. Diagnóstico Diferencial
Além do hemograma e avaliação clínica, podemos investigar as anemias através
de exames inespecíficos e específicos. Dentre os inespecíficos, temos o hemograma
completo, hematoscopia, taxa de reticulócitos, perfil de hemólise: desidrogenase lática,
Bilirrubinas (total e frações), haptoglobina (importante para análise das anemias
hemolíticas intravasculares), dosagem de Hb na urina e hemossiderinúria.
Figura 6: Reticulocitose. Lâmina mostrando um grande número de reticulócitos corados com azul
de cresil brilhante.
Já entre os específicos, destacam-se o perfil de ferro, B12, ácido fólico,
eletroforese de hemoglobina, dosagem de haptoglobulina (aumentada em casos de
hemólise intravascular), teste de Coombs Direto (detecção de anticorpo na hemácia) e
indireto (detecção do anticorpo no plasma), fragilidade osmótica, teste de
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HAM/Citometria de Fluxo, dosagem de G6PD, avaliação medular - que pode ser feita
pelo aspirado de medula óssea (mielograma) ou biópsia de medula óssea.
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incompetente →
↓deformabilidade da
hemácia e ↑elasticidade
da
hemácia →hemólise
acelerada →esferócitos
Anemia Glossite, Carência de vitamina B12 Anemia macrocítica - Endoscopia - ácido fólico (1-2mg
megaloblástica dormências, ou ácido fólico: (VCM > 110) e digestiva alta; por dia)
parestesias em desnutrição, distúrbios normocrômica; - Teste de - Vit. B12:
extremidades, gastrintestinais; leucopenia; Schiling; 1000mcg/dia IM por
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úlceras orais gastrectomias; gestantes; plaquetopenia; ↑Bb - Ac anti-célula dias
dolorosas, anorexia, lactentes; neoplasias; indireta; parietal gástrica; 1000mcg em dias
↓Reticulócitos;
diarreia, náuseas, drogas etc. Poiquilocitose; - Anti-fator alternados até
atrofia de papilas, Neutrófilos intrínseco; normalizar Hb
disfunção plurisegmentados; - Dosagem de
neurológica (↓vit. folato nas
B12). hemácias
Anemia Quente: Auto-anticorpos que se Anemia - Teste de - Quentes: identificar
normocítica/macrocític a causa de base;
a,
hemolítica Esplenomegalia, ligam na mebrana Coombs direto CC/prednisona;
auto-imune petéquias, eritrocitára ↑reticulócitos; ↑DHL; - Teste da esplenectomia;
terapia
(AHAI) hemorragias; ↑Bb crioaglutinina; imunossupressora.
Frio:
cianose, Raynaud, - Aglutinação - Frio: terapia
isquemia digital espontânea do imunossupressora;
sangue não expor ao frio.
periférico
Referências bibliográficas
1. Goldman, L.; Schafer, AI. Goldman’s Cecil Medicine. 25th ed. Philadelphia: Elsevier
Saunders, 2016.
2. MARTINS, M. A.; CARRILHO, F. J.; ALVES, V. A. F.; CASTILHO, E. A.; CERRI, G. G. Clínica
Médica, volume 3: doenças hematológicas, oncologia, doenças renais e
genitourinárias. 1. ed. Barueri, Sp: Manole Ltda, 2009. 7 v.
3. ZAGO, M.A. Tratado de Hematologia, 8 ed, 2014.
4. (Nunes and Barone, no date; Jord, Bernardi and Filho, 2009; Reserved, 2018; To et
al., 2018)
5. JORD, R. E., Bernardi, L. D. and Filho, A. B. (2009) ‘Prevalência de anemia ferropriva
no Brasil : uma revisão sistemática’, 27(1), pp. 90–98.
6. SCHRIER, S.L. (2018) ‘Causes and diagnosis of iron deficiency and iron deficiency
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7. KOURY, M.J.To, H. O. W. et al. (2018) ‘Approach to the adult with anemia’, (table 2).
8. Interpretação de exames laboratoriais (WALLACH, 2009).
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