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Nematelmintos

Onchocerca volvulus

Disc. Parasitologia
Curso: Enfermagem/Nutrição
Profª Dra. Áurea Welter
Oncocercose
Oncocercose é conhecida popularmente como “cegueira
dos rios” ou “mal do garimpeiro”.

Agente etiológico: Onchocerca volvulus.

A doença ocorre nas Américas, África e mediterrâneo.

Américas: México, Guatemala, Equador, Colômbia,


Venezuela e Brasil.

No Brasil: a área endêmica está localizada nas terras


indígenas Yanomami, na região de fronteira com a
Venezuela, nos estados de Roraima e Amazonas.
Morfologia

1) Formas adultas:
Dimorfismo sexual sendo que as
formas adultas vivem enovelados
em oncocercomas ou nódulos
fibrosos no tecido subcutâneo
humano.
Geralmente tem-se um casal em
cada nódulo, cuja localização é
variável.

Macho: 2 a 4 cm

 Fêmea: 30 e 50 cm
Morfologia
2) Microfilárias:
- Eclodem do ovo eliminado pela
fêmea do helminto. Ovo com microfilária
- Medem cerca de 300 μm de
comprimento e não apresentam bainha
de revestimento.
- possuem grande capacidade de
locomoção e se espalham ela derme, e
Microfilária sangue periférico
podem, em alguns casos, alcançar o
sangue, sendo encontrados em tecidos
oculares, no baço, nos rins e também
no sedimento urinário.
- Longevidade é de 24 meses.

3) Larvas: L1 – L2- L3 (infectante) Microfilária em tecido


Vetor
- Moscas do gênero Simulium
conhecidas como moscas pretas.
- As fêmeas são hematófagos →
realizam mordida (e não picada
como os mosquitos) para sugar o
sangue.
- Eles vivem perto de riachos e tem
hábitos diurnos, especialmente
em horas próximas ao nascer e
pôr do sol.
- Podem atingir um raio de ação de
até 50 km do lugar onde eles
nasceram.
Mordida de mosca preta
Transmissão: pela mordida de uma mosca fêmea do
gênero Simulium, das espécies (em ordem de importância):
-S. guianense
-S. incrustata
-S. oyapockense
- S. roraimense
-S. rorotaense
- S. exiguum
-S. yarzabali
Ciclo biológico
- hospedeiro intermediário: moscas do gênero Simulium
- hospedeiro definitivo: o homem
1-Uma mosca fêmea do gênero Simulium ao morder o ser humano
infectado com O. volvulus ingere as microfilárias que migram para
os músculos torácicos onde atingem seu primeiro estágio larval
(L1), e posteriormente, L2 e L3 (estágio infectante), o qual migra
para a cavidade oral→ todo o processo ocorrem em duas semanas.
2- A mosca preta infectada morde uma pessoa e deposita larvas L3 na
pele→ estas penetram na ferida oriunda da mordida e se movem
para os tecidos subcutâneos, formando nódulos e ali se desenvolvem
em formas adultas (em 12 a 18 meses e tem longevidade de 10 a
12 anos).
3. Após acasalar, as fêmeas produzem ovos, nos quais se desenvolvem as
microfilárias (cada fêmea produz em torno de 1000
microfilárias/dia), que eclodem do ovo. A presença de microfilárias
é verificada aproximadamente 1 ano após a infecção (período pré-
Ciclo biológico= heteroxênico
Manifestações clínicas
1) Oncocercoma

Os helmintos são envolvidos por uma cápsula de tecido fibroso,


formando os nódulos subcutâneos (oncocercomas) que
medem desde alguns milímetros até 3 cm ou mais de
diâmetro, são bem delimitados e geralmente móveis.
- No oncocercoma, em geral, é visto apenas um casal de
helmintos adultos, mas podem ocorrer vários.
- Nos tecidos conjuntivo e subcutâneo adjacentes são
encontradas também microfilárias que formam nódulos
esféricos ou ovoides, não aderentes à pele e, geralmente,
são indolores → quando microfilárias morrem (~ 24
meses), há intenso processo inflamatório, dor, calcificação
e aparecimento de fibrose.
Oncocercoma
Manifestações clínicas
2) Oncodermatite ou Dermatite oncocercosa

-A oncodermatite é um sinal cutâneo da oncocercose, que se


caracteriza como uma erupção cutânea, com comichão,
denominada oncodermatite papular aguda, que é causada
devido a uma resposta imune contra as microfilárias que estão
morrendo → se não for devidamente tratada a infecção
progride para uma oncodermatite papular crônica uma lesão
pruriginosa, hiperpigmentada que pode ou não estar associada
a escoriações.

-Na fase crônica a inflamação intensa e a obstrução linfática


levam à atrofia da derme, onde o aspecto é de uma pele seca e
enrugada, pode pender em pregas, com característica de
velhice precoce.
Oncodermatite ou Dermatite oncocercosa

Oncodermatite aguda

Oncodermatite crônica:
pele enrugada, em pregas,
Oncodermatite crônica: áreas com com característica de
escoriações e hiperpigmentação velhice precoce
Manifestações clínicas
3) Lesões oculares
- Constituem a mais séria manifestação clínica da oncocercose.
- A oncocercose ocupa o quarto lugar no ranking entre as causas de
cegueira e deficiência visual nos países em desenvolvimento
segundo a OMS.
- São lesões irreversíveis dos segmentos anterior e posterior do
olho, resultando em sério comprometimento da visão e podendo
levar à cegueira completa.
- Com exceção do cristalino, todos os tecidos do olho podem ser
invadidos pelas microfilárias que ao morrerem, causam a
alteração ocular mais comum e precoce na oncocercose,
conhecida como ceratite punctata (caracterizada por diminutos
pontos de opacificação), que se agrava, levando à ceratite
esclerosante com a opacificação total da córnea e perda da visão.
Lesões oculares

ceratite punctata

microfilária alojada em
olho humano

ceratite esclerosante
Manifestações clínicas
4) Disseminação

 As microfilárias podem atingir a corrente sanguínea via sistema


linfático e disseminar-se para várias partes do corpo, sendo
encontradas nos glomérulos renais (podendo ser eliminadas pela
urina), líquido cerebroespinhal, atingindo a hipófise, o nervo
óptico e cerebelo.

 Provavelmente a corrente sanguínea seja a via pela qual as


microfilárias atingem o globo ocular.

 As consequências da disseminação das microfilárias pelos diversos


órgãos ainda não estão bem esclarecidas, mas poderiam estar
relacionadas com as reações inesperadas após a terapêutica, como
vertigens, desmaios, tosse com muco e urticária.
Diagnóstico:
- Exame clínico: é sugestivo pelo aparecimento dos nódulos
localizados (em áreas endêmicas)
- Exame Laboratorial- Parasitológico:
• Biópsia de pele = pesquisa de microfilárias
• Biópsia de nódulos= pesquisa de formas adultas
- Exame Laboratorial- Imunológico:
• ELISA - pesquisa de anticorpos contra O. volvulus
(sensibilidade de 70 a 80% e especificidade de 96 a 100%) mas o
não consegue distinguir infecção passada de atual.
- Exame de imagem: ultrassonografia para
pesquisa de formas adultas nos nódulos.
-Exame oftalmológico: identificar
microfilárias no humor aquoso e na câmara
anterior do olho com uma lâmpada de fenda.
Tratamento:
 Ivermectina: por via oral, na dose de 150 μg/kg de peso corporal, em
dose única, a cada 6 meses.

 Tratamentos coletivos em áreas endêmicas:


- Dois ciclos anuais com ivermectina
- Tem caráter amenizador sobre a patogenecidade e morbidade da
doença, já que o fármaco atua somente como microfilaricida.
- -A retirada cirúrgica de nódulos (nodulotomia) pode ser considerada
no tratamento de pacientes com oncocercose, já que esse procedimento
elimina os parasitos adultos que produzem microfilárias.
Profilaxia:
Evitar áreas infestadas por mosquitos

Usar vestuário de proteção

Usar repelentes contra insetos

Administração de ivermectina duas vezes ao ano com o


intuito de reduzir drasticamente o número de microfilárias
e assim evitar a infecção de mais indivíduos.

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