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CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DAS MICOTOXINAS NA

PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Roniê Pinheiro

Patos de Minas – MG
INTRODUÇÃO

Micotoxinas: são substâncias tóxicas resultantes do metabolismo de

diversos fungos filamentosos, que podem ser encontrados nos

substratos alimentares que compõe a dieta dos suínos.


INTRODUÇÃO

•Ocorrência Universal – Climas tropical e subtropical

•Ocorre nas diversas fases do desenvolvimento dos cereais


(maturação, colheita, transporte, processamento, armazenamento
e expedição).

•25% da produção mundial de grãos contaminada com micotoxinas.

(Bouhet, 2004).
INTRODUÇÃO

•Crescimento em cereais e grãos X Piora na qualidade nutricional

•Provoca prejuízos de ordem econômica, sanitária e comercial,


significativos.
REDUÇÃO DO VALOR NUTRITIVO DO ALIMENTO

Energia Proteína Gordura Fibra Amido (%) Açúcares


Metabolizá- Bruta Bruta (%) Bruta (%) (%)
vel (Kcal/Kg) (%)

Normal 3410 8.90 4.00 3.10 57.60 4.30


Com 3252 8.30 1.50 3.40 58.10 4.60
Fungos

(Tindall,1983)
PRODUTOS AGRÍCOLAS MAIS CONTAMINADOS POR MICOTOXINAS
DE ACORDO COM ESPECIALISTAS DE 30 PAÍSES
Produto Respostas Total
1° 2° 3° 4° 5° 6°
Amendoim 13 10 1 1 1 - 26
Milho 13 8 6 4 2 - 33
Trigo 4 3 4 3 2 - 16
Ração animal 4 3 - 2 - 1 10
Centeio 3 2 - 2 1 - 8
Caroço de algodão - 1 - 7 - - 8
Nozes 1 1 4 3 1 1 11
Arroz 1 1 - 1 1 - 4
Leite - - 4 - - 1 5
(HESSELTINE, 1986).
PRINCIPAIS FUNGOS
Aspergillus
Penicillium
Fusarium
Claviceps
Alternaria
Pithomyces
Mirothecium
Stachibotrys
Phoma
Fusarium

Penicillium Aspergillus flavus


CLASSIFICAÇÃO

Fungos de campo: atacam os grãos antes da colheita e requerem grãos


com alta umidade (>20%) para se multiplicarem. Ex. Fusarium.

Fungos de armazenamento: contaminam os grãos após a colheita e


têm a capacidade de viver associados a grãos com teor de umidade mais
baixo (13 a 13,5%) e temperaturas mais elevadas (25ºC). Ex. Aspergillus
e o Penicillium.
PRINCIPAIS MICOTOXINAS

•Aflatoxinas

•Fusariotoxinas – tricotecenos, zearalenona e fumonisinas.


AFLATOXINAS
• Aflatoxina B1, B2, G1 e G2
• Fungos produtores:
Aspergillus flavus, Aspergillus
parasiticus, Aspergillus
nominus

Crescimento do Aspergilus
entre 25 a 30°C e é um
fungo de armazenamento.
TRICOTECENOS
Principal: Toxina T-2
Desoxinivalenol (DON)
Diacetoxiscirpenol (DAS)
• Fungos produtores:
Fusarium (15 espécies)
FUMONINSINA
7 tipos diferentes, sendo as principais FB1,FB2, FB3
Fungos produtores:
Fusarium proliferatum
Fusarium moniliforme
entre outros Fusarium
ZEARALENONA
Fungos produtores:
Fusarium graminearum
Fusarium moniliforme
entre outros Fusarium
PREVALÊNCIA MICOTOXINAS

Toxina N. Amostras % Positivas


Aflatoxinas 76.340 40,33
Zearalenona 63.361 14,80
Ocratoxina A 18.444 2,00
Toxina T-2 10.168 1,10
DON 13.345 38,80
Fumonisinas 11.824 58,00

Lamic/UFSM 1994-2006
CAUSAS DE MICOTOXINAS
FATORES QUE AUMENTAM A
CONTAMINAÇÃO POR MICOTOXINAS
• Grãos quebrados ou devolvidos das peneiras
• Grãos injuriados ou avariados
• Estocagem de grãos úmidos
• Estocagem em ambientes ou condições úmidas
• Flutuação de temperaturas
• Alto teor de umidade seguido de seca (Lavoura)
• Sub-dosagem de fungicidas ou antifúngicos
CAUSAS MICOTOXINAS

Momento da Colheita

Ataque de pragas e condições ambientais

Micotoxinas Transporte e secagem inadequada

Deficiência no armazenamento

Deficiência de ventilação silos


LAVOURA
PRAGAS
PRAGAS
PRAGAS
PRAGAS
Ganho de peso de ratos após 25 dias de alimentação com uma ração protéica
balanceada, porém com 80% do milho com diferentes níveis de perda de peso em
função do ataque de insetos.

Qualidade do milho Consumo médio de Ganho de peso dos Ganho de


(% perda de peso) 1 ração (g) animais (g) Peso (%)

Dieta 1 0,00 73,70 4.580 100


Dieta 2 2,5 70,33 3.283 71
Dieta 3 6,8 62,50 1.887 41
Dieta 4 25,9 46,71 - 1.442 - 31

Fonte: SANTOS e MANTOVANI (1997).


PADRÃO PARA RECEBIMENTO DO MILHO
ÁREA DE RECEPÇÃO: MOEGA DE RETENÇÃO
ÁREA DE RECEPÇÃO: MOEGA DE RETENÇÃO
ÁREA DE RECEPÇÃO: MOEGA DE RETENÇÃO
SILOS ARMAZENAGEM
Escore de Limpeza de Silos
SILOS ARMAZENAGEM
Escore de Limpeza de Silos
SILOS ARMAZENAGEM
Escore de Limpeza de Silos
ARMAZENAGEM INADEQUADA
Parede interna do silo
QUALIDADE DE MATÉRIA-PRIMA
ROSCA DE EXPEDIÇÃO
SISTEMA DE ARRAÇOAMENTO
LIMPEZA DE DROPS
CONSEQUÊNCIA DAS MICOTOXINAS NA

PRODUÇÃO DE SUÍNOS
IMPACTO DO NÍVEL DE ATIVAÇÃO CRÔNICA DO SISTEMA IMUNE (ASI) NA
TAXA, EFICIÊNCIA E COMPOSIÇÃO DO GANHO DE PESO EM SUÍNOS
A.S.I
Baixa Alta Diferença
Desempenho
Consumo diário, g 2,296 a 2,066 b + 230
Ganho diário, g 850 a 677 b + 173
Conversão alimentar 2,70 b 3,05 a - 0.35
Carcaça
E.T,mm 27,6 b 31,4 a - 3,8
Área de lombo, cm2 37,4 a 32,6 b + 4,8
% de Carne Magra 55,8 a 52,5 b + 3,3
Fonte: Adaptado de Stahly et al. (1994b)
CONSEQUÊNCIAS

• Reduzem o desempenho dos animais

• Reduzem a resposta imune dos animais

• Podem contribuir para o aparecimento de várias doenças


infecciosas

• Reduzem o retorno econômico da pecuária


CONSEQUÊNCIAS

• Reduzem o desempenho dos animais

• Reduzem a resposta imune dos animais

• Podem contribuir para o aparecimento de várias doenças


infecciosas

• Reduzem o retorno econômico da pecuária


CLASSIFICAÇÃO

Dose e tempo de consumo de cada toxina:

Agudas – consumo moderado a elevado de micotoxinas

Crônicas – consumo de doses moderadas a baixas.


AGUDA

• Diarréia

• Vômito

• Hemorragias generalizadas

• Morte
MICOTOXICOSES CRÔNICAS

• Representam aproximadamente 90% das intoxicações;

• Não apresentam sinais clínicos específicos;

• Confundidas facilmente com desnutrição, deficiência de manejo


ou outras doenças crônicas;

• Redução na produtividade (conversão alimentar, ganho de peso,


etc.).
CRÔNICA
• Diarréia;

• Apatia;

• Hemorragias;

• Imunossupressão;

• Alterações no comportamento do animal;

• Neoplasias
SISTEMA GASTROINTESTINAL

• Inflamação e necrose da mucosa do TGI

• Reduz a atividade das enzimas digestivas;

• Má digestão e absorção;

• Diarréia e vômito;
SISTEMA REPRODUTIVO

• Falso cio;

• Aborto;

• Natimortalidade;

• Infertilidade;
FÍGADO INFLENCIADO POR AFLATOXINAS

0 ppb AF
FÍGADO INFLENCIADO POR AFLATOXINAS

0 ppb AF 2800 ppb AF


ERISIPELA
Concentração
Fase de criação
Micotoxina na ração Sinais Clínicos
de suínos
(μg/kg)
10-100 Perda de produtividade, sem sinais clínicos perceptíveis

200-400 Redução do crescimento e eficiência alimentar

Recria e Hepatopatias (fígado friável e amarelo-bronzeado).


400-800
Terminação Imunossupressão.
Aflatoxinas
Significativa redução da ingestão de alimentos e
800-1200
crescimento, ictéricia e hipoproteinemia.
1200-2000 Icterícia, coagulopatia, anorexia. Algumas mortes
Desordens reprodutivas. Leitões débeis pela contaminação
Porcas/ Leitoas 500-750
via leite.
Fase de criação Concentração na
Micotoxina Sinais Clínicos
de suínos ração (μg/kg)

Leitoas pré-púberes 1000-3000 Vulva edematosa e avermelhada e prolapso de reto.

Vulva edematosa, retenção de corpo lúteo e


3000-10000
anestro.
25000 Repetição de cio
Zearalenona
Porcas ciclando ou
prenhes e leitoas Leitegada pequena, leitões fracos, vulva
25000-50000
edemaciada e avermelhada nos neonatos.

Pseudogestação, ninfomania e infetilidade


>25000
persistente.
Fase de
Concentração na
Micotoxina criação de Sinais Clínicos
ração (μg/kg)
suínos
Hepatopatias, efeitos tumorais e diminuição da
1000-20000
Todos os produtividade
Fumonisinas
suínos Edema pulmonar agudo, hepatopatias e redução da
>20000 ingestão de alimentos.
2000 Diminuição da ingestão de alimentos e crescimento.
Recria e 5000-10000 Redução da ingestão de alimentos e perda de peso.
Deoxinivalenol (DON)
Terminação 12000 Recusa alimentar completa
20000 Vômitos
200 Lesões renais ao abate
Recria e
1000 Poliúria, uremia, redução no GPD.
Ocratoxina A Terminação
4000 Falência renal severa.
Fêmea/ Leitões 3000-9000 Sem alteração no ciclo estral e taxas de concepção.
EFEITO DO DESAFIO DO SINERGISMO DE FUMONISINA E
AFLATOXINA NO DESEMPENHO DE LEITÕES
CONVERSÃO ALIMENTAR
2,6 2,45
2,4 2,27
kg corporal/kg ração

2,2
2
1,8 1,7 1,75 1,75
1,64
1,6
1,4
1,2
1
0 FB1 0AFB1 10ppm FB1 30ppm FB1 50ppbAFB1 10ppmFB1+ 30ppmFB1+
50ppbAFB1 50ppbAFB1

• Dilkin et al. (2004)


• Leitões com 15 kg alimentados por 28 dias
Grupo Controle Grupo Toxina Grupo Teste

Desoxinivalenol - 2500ppb 2500ppb


Zearalenona - 200ppb 200ppb
Adsorvente Micotoxinas - - Sim
Número de porcas 15 15 15
Parição 3 3 3
Resultados
Perda de prenhês (%) 15,80% 30% 18,40%
Mortalidade (%) 13 21,6 15,1
Leitões desmamados 10 8,7 9,8
Peso de leitegada (Kg) 80,7 71,2 77,2
Splay-leg por ninhada (%) 0,7 4 1,7

Hiperestrogenismo por ninhada 0,5 4,2 2,2


Consumo lactação (Kg) 5,7 4,7 5,3
Professor Schneider, Universidade de Berlim, Alemanha.
ZEARALENONA EM SUÍNOS

zearalenona

Testículo ou vulva
Útero/Ovário
ZEARALENONA
Sinais clínicos em suínos

• PODEM OCORRER EM QUALQUER IDADE, mas leitoas com idade variando


entre 3 e 4 meses são mais sensíveis.

• QUANTIDADE DE ZEARALENONA PRESENTE NA DIETA: doses de apenas


1mg/dia administradas para suínos com peso médio de 24,8kg provocaram
tumefação vulvar 8 dias após a exposição. Doses maiores provocaram
aparecimento de sinais clínicos com tempo ainda menor (Mallmann et al, 1989).
ZEARALENONA
Sinais clínicos em suínos

• PORCAS prenhes consumindo dietas contendo zearalenona não só


apresentam sinais clínicos como sua leitegada também os
apresentará.

• REPRODUTORES MACHOS intoxicados dão origem a leitegadas


pequenas ou as fêmeas retornam ao cio por falha de fecundação
ZEARALENONA
Principais sinais clínicos LEITEGADA
• Leitegadas pequenas
FÊMEAS: • Leitões natimortos
• Edema de vulva
• Fetos mumificados
• Prolapso de vaginal e/ou retal
• Edema do complexo mamário
• Perda involuntária de leite • Leitões com síndrome de
membros abertos (Splay leg)
ZEARALENONA
Principais sinais clínicos

MACHOS:
• Redução drástica da
qualidade espermática
• Prolapso retal
• Intumescimento das mamas
ZEARALENONA
Principais sinais clínicos

MACHOS:
• Redução drástica da
qualidade espermática
• Prolapso retal
• Intumescimento das mamas
PESQUISA “IN VIVO” ADSORVENTE MICOTOXINAS

O impacto da Zearalenona sobre os parâmetros


reprodutivos de cachaços
PESQUISA “IN VIVO” ADSORVENTE MICOTOXINAS

O impacto da Zearalenona sobre os parâmetros


reprodutivos de cachaços

Prof. Dr. Leen ALLEGART


Laboratory of Animal Reproduction of the
Lithuanian Institute of Animal Science, Lithuania
MATERIAL E MÉTODOS

• Foram utilizados 13 cachaços de 10 meses de idade entre 150-155 kg de peso


corporal, alojados em três grupos;

• Grupo Controle: Cachaços (n=3) alimentados com dieta livre de micotoxinas.

• Tratamento 1: Cachaços (n=5) alimentados com dieta contendo 0,57 mg/kg de


zearalenona (570ppb). O consumo diário da toxina foi de 3,42mg.

• Tratamento 2: Cachaços (n=5) alimentados com dieta contendo zearalenona (0,57


mg/kg) + Adsorvente
Período pré-experimental
Os suínos foram alimentados com ração de alta qualidade e
treinados para o método de coleta manual de sêmen. Parâmetros
qualitativos e quantitativos do sêmen foram avaliados. Este período
durou 10 dias.
Período de intoxicação
Neste período, os reprodutores foram alimentados com dieta controle,
dieta contendo zearalenona e dieta contendo zearalenona e tratadas
com ADSORVENTE. O sêmen foi coletado manualmente uma vez por
semana de todos os grupos experimentais. Respostas fisiológicas do
sêmen foram determinadas durante o período de 32 dias.
Período de recuperação
Reprodutores de todos os tratamentos voltaram a serem alimentados
somente com dietas de alta qualidade. Respostas fisiológicas do
sêmen foram avaliadas. Este período durou 21 dias.
VARIAÇÕES DO VOLUME ESPERMÁTICO
DURANTE O PERÍODO EXPERIMENTAL
250

230

210
Volume, ml

190

170

150

130
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Período experimental, semanas
Com Zearalenona Com Zearalenona+ Adsorvente Controle
CONTAGEM DE CÉLULAS ESPERMÁTICAS POR EJACULADO
80
Contagem de espermatozódes por

70
ejaculado, milhões

60

50

40

30

20 Período experimental, semanas


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Controle Com Zearalenona Com Zearalenona+ Adsorvente
VARIAÇÕES DA MOTILIDADE ESPERMÁTICA DURANTE O
PERÍODO EXPERIMENTAL
9,0

8,0
Motilidade, pontos

7,0

6,0

5,0

4,0

3,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Periodo experimental, semanas

Controle Com Zearalenona Com Zearalenona+ Adsorvente


CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A ração é o componente que mais influencia no custo da
produção.

• E uma ração de boa qualidade é de fundamental para a boa


produtividade.

• Todos os cuidados são importantes, desde a compra das


matérias primas, o estoque, a fabricação da ração e também a
correta distribuição das rações nas granjas.

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