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Interpretação de

exames

Profa. Dra. Jênifa C a va l c a n t e dos Santos Santiago


Maria Isis Freire de Aguiar
CASO CLÍNICO 1

🞅 Interno d e Enfermagem, 24 anos, procurou preceptor c o m


queixa d e qu e n ã o conseguia estudar à noite por dificuldade
d e con c e n t ra çã o e, às vezes, sonolência. Há cinco anos
alterou dieta por o p ç ã o familiar, n ã o fazendo ingestão d e
carne vermelha. Antecedentes: sem história prévia d e
sangramento evidente, negou tabagismo, etilismo, uso d e
medicamentos e drogas ilícitas. O estudante n ã o referia
alterações d o hábito intestinal e d o apetite. A o exame físico,
apresentava discreta palidez.
ERITROGRAMA valores PARÂMETROS
Hemácias 5,6 Milhões/mm³ 4,5 a 5,5
Hemoglobina 12,1 g/L 14 a 17,4
Hematócrito 39,4 % 42 a 52
VCM 70,3 fL 84 a 99
HCM 21,7 pg 26 a 32
CHCM 30,8 g/dL 30 a 36
RDW 14,8 % 11 a 14,5
LEUCOGRAMA % /mm³
Leucócitos 6100 4,5 a 11 mil
Neutrófilos 67 4087
Promielócitos 0 0
Mielócitos 0 0
Metamielócitos 0 0
Bastões 2 122 0-5%
Segmentados 65 3965 50-70%
Eosinófilos 1 61 1-4%
Basófilos 1 61 0-1%
Linfócitos 22 1342 20-40%
Monócitos 9 549
3
Blastos 0 0
PLAQUETOGRAMA PARÂMETROS
Plaquetas 241800 /mm³
Obs: MICROCITOSE. HIPOCROMIA. ANISOCITOSE. NEUTRÓFILOS SEM SINAIS
DEGENERATIVOS. LINFÓCITOS SEM ATIPIA.

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Questões para discussão

🞅 Quais as principais alterações encontradas no hemograma?

🞅 C o m o os dados clínicos e as alterações d o hemograma, qu e hipóteses diagnósticas


p o d e m ser lembradas?

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PRA QUE O EXAME LABORATORIAL?

🞅 Fornece informações sobre o estado d e saúde d o


paciente;

🞅 Auxilia n a ava lia çã o d e diagnóstico clínico;

🞅 Fornece monitoramento para tratamento e


prognóstico.
FASES
ATENÇÃO!

🞅 Fase d e Orientação e Preparo d o Exame;

🞅 Horário e seleção a na tômica d o local d e coleta;

🞅 A téc nic a d e coleta propriamente dita;

🞅 Os materiais e condições para transporte d o material até o laboratório e seu


acondicionamento;

🞅 Tempo entre a coleta e a análise d o material.

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Resgatando conceitos...
HEMOGRAMA

🞅 Conjunto d e testes laboratoriais que possibilita a análise


das variações quantitativas e qualitativas dos elementos
figurados d o sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas).
🞅 Série vermelha: eritrograma
🞅 Eritrócitos (transporte d e O2 /CO2)
🞅 Hemoglobina
🞅 Hematócrito
🞅 índices hematimétricos
ERITRÓCITOS ou HEMÁCIAS

🞅 Oligocitemia
🞅 Anemia (Estado d e re d u ção d e hemácias circulantes, d a quantidade
d e Hb e/ou d o volume d e hemácias)
🞅 por destruição d e células, perda d e sangue ou insuficiência d e elementos
🞅 Doenças d e evolução crônica

🞅 Policitemia (relativa ou absoluta)


🞅 Eritrocitose
🞅 Tumores
🞅 Altitudes
🞅 Doenças cardiopulmonares
Eritrócitos em adultos
Homens 4,4 a 6,0 x 105 células/mm³
Mulheres 4,2 a 5,5 x 106 células/mm³
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Hemoglobina

🞅 G lo b ina + grupo he m e
🞅 Implicações clínicas:
🞅 Anemia, deficiência d e ferro, anemia perniciosa, talassemia, hemorragia, anemia hemolítica,
reações a agentes físicos, d oenças sistêmicas
🞅 policitemia, ICC, D P O C
🞅 Atenção: anemia n ã o é diagnóstico final

Hemoglobina em adultos
Homens 14 a 18g/dL 14
Mulheres 12 a 16g/dL
Hematócrito ou volume globular

🞅 He m a tócrito -> sep a rar o sangu e


🞅 Rela çã o entre volume eritrocitário e quantidade d e plasma
🞅 Clínica:
🞅 : desidratação e redução d e volume plasmático
🞅 : hipervolemia, anemia, leucemia, linfomas, hemorragia, distúrbios mieloproliferativos, r e a ç ã o
hemolítica
🞅 Atenção: Ht normal nem sempre é normalidade!

Hematócrito em adultos
Homens 40 a 54%
Mulheres 36 a 49% 15
Hematócrito

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Índices hematimétricos

🞅 Índices hematológicos – classificação morfológica das


anemias
🞅 Tamanho d a célula: macrocítica, normocítica, microcítica.
🞅 Cor: hipercrômica, normocrômica, hipocrômica.
🞅 VCM –volume corpuscular médio

🞅 CHCM –concentração de hemoglobina corpuscular


média

🞅 HCM –hemoglobina corpuscular média 17


RDWe VHS

🞅 RDW: Red blood cell distribution width - distribuição d o tamanho das hemácias
🞅 índice d e anisocitose q ue indica o quanto as hemácias se desviam d o tamanho médio
🞅 Referência: 11 a 14,5%

🞅 VHS: ve locida de d e hemossedimentação


🞅 Velocid ad e d e sep aração das hemácias d o plasma entre 60 e 120min
🞅 Inespecífico
🞅 Referência: homens (6,5 a 12,5mm) mulheres e crianças (10,5 a 15,5mm)

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Alterações nas Hemácias

A hematoscopia é a
avaliação morfológica
das hemácias e
complementa o 🞅 Alteração na Forma A nisocitose,
eritrograma. Esferócitos, Ovalócitos,
Drepanócitos (Falciforme);
🞅 Alteração na Cor Policromasia,
Hipocromia;
🞅 Alteração no Tamanho
Microcitose, Macrocitose.

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Plaquetograma /Coagulograma

🞅 Sinônimos
🞅 Vida média: 8 a 10 dias
🞅 Funções: a d e s ã o plaquetária e a g r e g a ç ã o
🞅 C o n t a g e m d e plaquetas
🞅 referência: 140 a 400 x 10³ c é lulas/mm³
🞅 TAP: tempo d e a tiva çã o d a protrombina
🞅 referência: intervalo d e 10 a 14s
🞅 Clínica: Anticoagulantes, def. vitK, hepatopatias
🞅 TTPA: tempo d e tromboplastina parcial ativada
🞅 21 a 35s
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Caso clínico 2

🞅 Um indivíduo está fazendo uso d e dispositivo de


assistência biventricular pois tem insuficiência c a rd í a c a
congestiva refratária. Encontra-se e m isolamento,
fazendo uso d e me dica çõ e s vasoativas e m BIC, além d e
heparina 10ml/h. O plantonista solicitou à enfermeira qu e
colhesse TTPA d e 4 e m 4 horas.
🞅 N a primeira coleta o resultado apresentou TTPA d e 80s.
🞅 Por que a enfermeira conversou com o médico sobre a
necessidade de diminuição da vazão da heparina?

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Leucograma
🞅 Resposta imunológica
🞅 Referência: 4 a 11 mil células/mm³
🞅 Tipos:
🞅 Granulócitos: neutrófilos, basófilos e eosinófilos
🞅 Agranulócitos: linfócitos e monócitos

Célula Principais funções


Neutrófilos Participam d a resposta imunológica inata, c o m a t u a ç ã o especial nas infecções bacterianas
(piogênicas)
Eosinófilos Participam d a resposta imunológica inata, c o m a t u a ç ã o especial nos processos alérgicos e
nas infecções parasitárias
Basófilos Participam de processos alérgicos, inflamatórios
Linfócitos Participam d a resposta imunológica adaptativa, celular (L.T) e humoral (L.B), infecções virais
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Monócitos Participam d a resposta imunológica inata; além disso, são ativados por L. T.
Leucograma

🞅 : infecções (especialmente bacterianas) e neoplasias, traumatismos e cirurgias -


Leucocitose
🞅 : algumas infecções virais, uso d e fármacos, radiação, AIDS, depressão d a M.O. -
Leucopenia

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Leucograma

Leu c o metria Diferencia l → 100% divididos e m:


🞅 Eosinófilos 2% a 4 %(60 -320 L/mm³)
🞅 Linfócitos 21% a 35%( 1.200 –2.400 L/mm³)
🞅 M onó c itos 4% a 8% ( 240 –640 L/mm³)
🞅 Neutrófilos
Bastõ e s: 3% a 5% (120 –320 L/mm³)
Segmentados: 58% a 66% (3.300 –5.200 L/mm³)

🞅 Basófilos: 0% a 1% ( 0 –80 L/mm³)

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ALTERAÇÕES IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
infecções bacterianas agudas, lesão tissular, d o e n ç a inflamatória
NEUTROFILIA
aguda, neoplasia, hemorragia a g u d a e exercício intenso
infecções virais, constitucional, drogas citotóxicas, irradiação,
NEUTROPENIA
infiltração medular, síndome mielodisplásica.
d oenças alérgicas, hipersensibilidade a drogas, infestações
EOSINOFILIA parasitárias, doenças d o colágeno, d o e n ç a d e Hodgkin e
d oenças mieloproliferativas
stress a g u d o (trauma, cirurgia, infarto d o miocárdio, inflamação
EOSINOPENIA
aguda), síndrome d e Cushing
estado d e hipersensibilidade, mixedeme, doenças
BASOFILIA
mieloproliferativas
BASOPENIA stress agudo
infecção crônica, d o e n ç a inflamatória crônica, neutropenia,
MONOCITOSE
d o e n ç a mieloproliferativa crônica
MONOCITOPENIA pancitopenia, uso d e corticóide
infecçã o virótica, r e a ç ã o d e hipersensibilidade a drogas e
LINFOCITOSE
d oenças mieloproliferativas
stress agudo, síndrome d a imunodeficiência adquirida
LINFOCITOPENIA
(SIDA/AIDS) 27
Desvio à esquerda

🞅 Infecções -> ca u sa mais frequente d e leucocitose ->


etiologia bacteriana -> neutrofilia (segmentados e
bastonetes)
🞅 Presença d e células jovens – metamielócitos, mielócitos
🞅 Linfocitopenia relativa

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Bioquímica do sangue
🞅 Glicose 🞅 Hemoglobina glicada
🞅 - Diagnóstico e monitoramento d o 🞅 - Hemoglobina glicosilada, hemoglobina
diabetes mellitus e dos distúrbios d a A1c ou HbA1c, é um exame
homeostase glicêmica. habitualmente usado para avaliar o
🞅 - Rastreamento d o diabetes controle da glicemia nos pacientes já
gestacional. com o diagnóstico firmado de
diabetes.
🞅 Valores d e referência e m jejum:
🞅 - Serve para avaliar o estado da glicemia
🞅 < 100 → Normal nos últimos 2-3 meses.
🞅 110 – 125 → G lic ose e m jejum 🞅 Valores d e referência:
alterada
🞅 4% e 5,6% → Normal
🞅 ≥ 126 → Prová ve l dia b etes 🞅 < 7% → D m c o n t r o l a d a
🞅 ≥ 200 → Dia b e tes 🞅 > 7% → Maior risco de complicações

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Bioquímica do sangue

🞅 Lipídeos Plasmáticos:  Lipoproteínas:


🞅 Colesterol;
Desejável < 200mg/dl 🞅 LDL (Lo w Density Lipoproteins)
Limítrofe 200 a 239 Ótim o < 100mg/dl
Desejável 100-129
Ele va d o > 240
Limítrofe 130-159
🞅 Triglicerídeos;
A lto 160-189
Desejável <100mg/d l
Muito alto >190
Limítrofe 150 a 199
Ele va d o 200 a 499
🞅 HDL (High Density Lipoproteins)
M uito eleva d o >499
A lto > 60
🞅 VLDL
Baixo < 40
A lto >40 m g/dL
Baixo<30 mg/dL
Utilizados para avaliar o risco de desenvolvimento de Doença
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Aterosclerótica e anormalidade lipoproteica.
Bioquímica do sangue

🞅 Função hepática

O fígado produz mais d e 60 transaminases, sendo que apenas


duas são d e maior importância clínica, a alanina
aminotransferase (ALT) ou transaminase glutâmico-pirúvica (TGP)
e a aspartato aminotransferase (AST) ou transaminase
glutâmicooxalacética (TGO). Estes são indicadores sensíveis d a
lesão d e células hepáticas.

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Bioquímica do sangue

TGO

🞅 É encontrada e m diversos órgãos e tecidos, incluindo


fígado, c o r a ç ã o (miocárdio), músculo esquelético,
pâncreas, rins e eritrócitos.

🞅 A determinação d a atividade sérica dessa enzima


p o d e ser útil e m hepatopatias, infarto d o miocárdio e
miopatias.

🞅 TGO: Importante aliada no diagnóstico diferencial


IAM x isquemia d o miocárdio.

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Bioquímica do sangue

TGP

🞅 Maiores concentrações: fígado, rim e e m pequenas


quantidades no c o ra ç ã o e n a musculatura esquelética;

🞅 Sua origem é predominantemente citoplasmática,


fazendo c o m qu e se eleve rapidamente após a lesão
hepática, tornando-se um marcador sensível d a função
d o fígado.

🞅 Utilidade: diagnóstico diferencial d e doe n ça s d o sistema


hepatobiliar e d o pâncreas.

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Bioquímica do sangue

Função renal
🞅 Ureia sérica → produto d o catabolismo d e aminoácidos e proteínas.
A dultos 15 – 39 mg/dL
↓ d a ativ. Renal ↑ c o n c e n t ra ç ã o no sangue;
Sua utilidade c o m o marcador d e função renal é limitada, pois é influenciada por vários fatores d e
origem não-renal.

🞅 Creatinina sérica → proveniente d o metabolismo muscular.


Homens: inferior a 1,2 e Mulheres: inferior a 1,1
Níveis elevados: ↓ d a ativ. Renal ↑ c o n c e n t ra ç ã o no sangue.

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Urinálise

🞅 Sinônimos: urina tipo 1, urina parcial, sumário d e urina e elementos anormais e


sedimentares (EAS)
🞅 Auxilia no diagnóstico e monitoração d e doe n ça s urinárias, sistêmicas ou metabólicas,
hepáticas e biliares e distúrbios hemolíticos
🞅 Fases d e análise: análise física, avaliaçã o química, observação microscópica
🞅 Atenção: coleta, armazenagem, transporte
🞅 encaminhar a o laboratório e m até 2 horas sem refrigerar ou até 12 horas se refrigerado

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Primeira Segunda fase: Terceira fase:
fase: análise análise bioquímica análise microscópica
física
🞅 Densidade urinária (1,001 a
1,025mg/dL)
🞅 pH d a urina (5 a 8)
🞅 Proteinúria 🞅 Leucócitos
🞅 Cor 🞅 Hemácias
🞅 Microalbuminúria
🞅 A spe c to – límpid a ou turva 🞅 Glicose 🞅 Células epiteliais, cilindros
🞅 Odor 🞅 Cetonas e muco
🞅 Hemoglobina 🞅 Cristais
🞅 Bilirrubina 🞅 Microrganismos
🞅 Urobilinogênio
🞅 Nitritos

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Achados anormais

🞅 Proteinúria
🞅 Glicosúria
🞅 Hematúria
🞅 Cristalúria
🞅 Piúria

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39
Obrigada!

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