Você está na página 1de 28

PEDIATRIA Prof.

Andrea Makssoudian | Pneumonias na Infância 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. ANDREA
MAKSSOUDIAN
Querido(a) Estrategista,
Neste resumo, vamos falar das pneumonias na infância,
que consiste no segundo tema mais comum entre as questões de
Pediatria.
Estudando este resumo, você terá plenas condições de
responder à maior parte das questões sobre esse assunto tão
relevante para os concursos.
Fizemos uma estatística do que é mais cobrado, veja:

Estratégia MED @dra.andreamakssoud

@estrategiamed @estrategiamed

Estratégia
MED
t.me/estrategiamed /estrategiamed
PEDIATRIA Prof. Andrea Makssoudian | Pneumonias na Infância 3

30
30%
25
27%
20

15
15%
10
12%
10%
5
4% 4% 3% 3% 3% 2% 1%
0
ETIOLOGIA TRATAMENTO COMPLICAÇÕES PNEUMONIA AFEBRIL DO EXAMES SINAIS DE PN REPETIÇÃO PN PNEUMONIA QUADRO PNEUMONIA
ATÍPICA LACTENTE PERIGO ESTAFILOCÓCICA PARASITÁRIA CLÍNICO ASPIRATIVA

Vou focar nos tópicos principais para que você tenha condições de acertar a maior parte das questões e, assim, ganhar pontos
valiosos rumo à sua aprovação.
Preparado(a)?
Vamos lá!

Estratégia
MED
PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

SUMÁRIO

1.0 DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA 5


2.0 CLASSIFICAÇÃO 5
3.0 FATORES DE RISCO E PATOGÊNESE 5
4.0 AGENTE ETIOLÓGICO: 6
4 .1 PERÍODO NEONATAL 7

4 .2 LACTENTES JOVENS 7

4 .3 CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS 7

4 .4 CRIANÇAS MAIORES DE 5 ANOS 8

5.0 TIPOS DE PNEUMONIA 8


5 .1 PNEUMONIA TÍPICA 9

5 .2 PNEUMONIA AFEBRIL DO LACTENTE 16

5 .3 PNEUMONIA ATÍPICA 18

5 .4 PNEUMONIA VIRAL 20

6.0 CONTROLE RADIOLÓGICO 20


7.0 COMPLICAÇÕES 20
8.0 OUTROS ASSUNTOS QUE PODEM CAIR EM SUA PROVA 23
9.0 LISTA DE QUESTÕES 25
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 27

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 4


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

CAPÍTULO

1.0 DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA


A pneumonia corresponde a uma inflamação que acomete o trato respiratório inferior, mais especificamente o alvéolo, em resposta
à invasão de um agente agressor, podendo ser infeccioso ou não. Esse agente chega até o pulmão principalmente pela aspiração de material
de secreções infectadas das vias aéreas superiores ou disseminação hematogênica.
É importante que você saiba que a pneumonia é a principal causa de morte entre as infecções respiratórias de vias aéreas inferiores
nos países em desenvolvimento.
A incidência e a gravidade dessa doença têm diminuído nas últimas décadas, devido ao melhor acesso da população aos serviços de
saúde e, principalmente, pela ampla imunização das crianças (fornecida pelo Programa Nacional de Imunização), sendo as vacinas contra
Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenza tipo B as grandes responsáveis por esse resultado.

CAPÍTULO

2.0 CLASSIFICAÇÃO
Existem várias formas de classificar as pneumonias. Vou apresentar duas delas a você:

1. Segundo o local de aquisição:


• Adquirida na comunidade: nesse caso o micro-organismo causador da pneumonia vem, como o nome diz, da comunidade;
• Pneumonia hospitalar ou nosocomial: quando a pneumonia se desenvolve após 48 horas de internação hospitalar.

2. Tipo de agente causador da infecção:


• Vírus;
• Bactérias;
• Agentes químicos.

CAPÍTULO

3.0 FATORES DE RISCO E PATOGÊNESE


Caro aluno(a), como você sabe, as crianças apresentam uma grande velocidade de crescimento e são mais vulneráveis a distúrbios
nutricionais que afetam sua imunidade. Além da desnutrição, outros fatores de risco podem ser responsáveis por uma maior prevalência da
pneumonia, veja:

¾ Desmame precoce ou aleitamento artificial;

¾ Ausência de vacinação (ou falta de doses ou reforços);

¾ Frequentar creche;

¾ Baixo nível socioeconômico;

¾ Aglomeração domiciliar (famílias numerosas morando na mesma casa);

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 5


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

¾ Baixo peso ao nascer;

¾ Prematuridade;

¾ Tabagismo passivo;

¾ Doenças preexistentes: cardiopatias, broncodisplasia, asma não controlada, fibrose cística, anemia falciforme, doenças neu-
rológicas, desnutrição, imunodeficiência primária ou secundária.

O principal mecanismo de aquisição das pneumonias é o comprometimento das defesas do organismo. Veja a seguir quais são os
fatores que exercem influência sobre nossa defesa:

✓ Barreiras anatômicas: cílios da mucosa nasal, fluxo salivar, reflexo epiglótico;

✓ Imunidade humoral: IgA secretora das vias aéreas superiores, IgG e IgM nos espaços alveolares, surfactante, complemento,
opsoninas, entre outros;

✓ Células fagocíticas: leucócitos polimorfonucleares e macrófagos;

✓ Imunidade celular: importante na defesa contra vírus e micro-organismos intracelulares que sobrevivem dentro dos macrófagos
pulmonares.

A criança inicialmente manifesta uma infecção de vias aéreas superiores que facilita a invasão de bactérias e vírus. Esses agentes
atingem o trato respiratório inferior, causando um processo inflamatório. Com isso, diminui a complacência pulmonar, ocorre obstrução de
vias aéreas com colapso de espaços aéreos distais e comprometimento da relação ventilação-perfusão.

CAPÍTULO

4.0 AGENTE ETIOLÓGICO:

Dentre as questões de pneumonia, cerca de 30% exigem conhecimentos sobre sua


etiologia, vamos nos concentrar nesse tópico!

Em primeiro lugar, é importante saber que o principal agente das pneumonias bacterianas após o período neonatal é o Streptococcus
pneumoniae ou pneumococo, mesmo nas pneumonias complicadas.

Primeiro conceito:
O principal agente das pneumonias em todas as faixas etárias, exceto no período neonatal, é o pneumococo.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 6


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Outro dado importante é que existem agentes etiológicos mais prevalentes em determinadas faixas etárias, dessa forma, as bancas
examinadoras vão cobrar de você os conhecimentos sobre essas peculiaridades.

Segundo conceito:
Os agentes etiológicos das pneumonias variam de acordo com a faixa etária.

4.1 PERÍODO NEONATAL

Querido Estrategista, o livro de Distúrbios Respiratórios no Período Neonatal apresenta a pneumonia


neonatal com maior profundidade, sugiro que você o estude.

No período neonatal, os principais agentes responsáveis pelas pneumonias são:


✓ Estreptococo B;
✓ Bactérias Gram-negativas;
✓ Staphylococcus aureus;
✓ Listeria monocytogenes;
✓ Vírus.

4 .2 LACTENTES JOVENS

Na faixa etária de 1 a 3 meses de idade, os agentes etiológicos mais encontrados são:


✓ Vírus: são responsáveis pela maior parte de pneumonias em lactentes;
✓ Pneumococo (pneumonia típica);
✓ Chlamydia trachomatis;
✓ Ureaplasma urealyticum.
Nessa faixa etária, destaco a Chlamydia trachomatis, que é o principal agente da pneumonia afebril do lactente e que será explicada
logo mais neste resumo.

4.3 CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS

Fique atento: os vírus são os principais agentes das pneumonias nessa idade e, dentre eles, o destaque vai para o vírus sincicial
respiratório. No quadro a seguir, você pode conferir os outros agentes, e não custa nada lembrar que, dentre as pneumonias bacterianas, o
pneumococo continua sendo o principal agente, sendo o Staphylococcus aureus (estafilococo) o segundo!

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 7


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

VÍRUS BACTÉRIAS

Vírus sincicial respiratório Pneumococo

Vírus influenza A e B Estafilococo

Metapneumovírus Moraxella catarrhalis

Adenovírus Streptococcus pyogenes

Parainfluenza

4 .4 CRIANÇAS MAIORES DE 5 ANOS

Nessa idade, os agentes mais encontrados são:


✓ Pneumococo;
✓ Mycoplasma pneumoniae;
✓ Chlamydophila pneumoniae.
O destaque dessa idade vai para as pneumonias chamadas atípicas, que são causadas pelo Mycoplasma pneumoniae e em seguida a
Chlamydophila pneumoniae. Logo mais detalharei suas principais características.
Para sedimentar bem esse tópico, vou deixar aqui o resumo do que falamos para que fique bem visual:

PERÍODO NEONATAL 1 A 3 MESES 4 MESES A 5 ANOS MAIORES DE 5 ANOS

Vírus
Estreptococo do grupo B Vírus Pneumococo
Pneumococo
Bacilos Gram-negativos Chlamydia trachomatis Staphylococcus aureus
Staphylococcus aureus
Listeria monocytogenes Ureaplasma urealyticum Mycoplasma pneumoniae
Haemophilus influenzae
Staphylococcus aureus Pneumococo Chlamydophila
Moraxella catarrhalis
Vírus Staphylococcus aureus pneumoniae
Streptococcus pyogenes

CAPÍTULO

5.0 TIPOS DE PNEUMONIA


Para fins didáticos, vou apresentar as principais características de cada tipo de pneumonia, dividindo-as dessa forma:

¾ Pneumonias bacterianas:
- Pneumonia típica;
- Pneumonia afebril do lactente;
- Pneumonia atípica;

¾ Pneumonia viral.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 8


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

5.1 PNEUMONIA TÍPICA

A pneumonia típica, também denominada de lobar, caracteriza-se pelo acometimento de um único lobo ou segmento. Veja a imagem
a seguir:

Pneumonia típica (acervo pessoal).

A. Agentes etiológicos:
Classicamente, a pneumonia típica é resultado de uma infecção pelo pneumococo e, menos comumente, pelo Staphylococcus aureus
(estafilococo) e ocorre após alguns dias de sinais e sintomas de infecção de vias aéreas superiores (IVAS).
Nas infecções pneumocócicas, o início é, em geral, abrupto, com surgimento de febre por mais de 72 horas, toxemia, dor torácica
e desconforto respiratório moderado a grave, podendo manifestar-se com sepse. A ausculta pulmonar pode revelar estertores finos,
diminuição do murmúrio vesicular e broncofonia aumentada.
O estafilococo é uma bactéria mais agressiva e, nesse caso, os sintomas são mais exuberantes e as complicações são proporcionalmente
mais comuns. Contudo, como o pneumococo é o agente mais prevalente, mesmo em pneumonias complicadas, a origem pneumocócica é
muito mais provável.
Uma dica que você precisa levar para as provas é que as infecções estafilocócicas geralmente se associam às seguintes manifestações:
• Impetigo estafilocócico;
• Infecção secundária em lesões de varicela;
• Crianças com comorbidades: desnutrição, fibrose cística;
• Mais do que uma complicação;
• Infecções ósseas ou articulares.

DICA IMPORTANTE
Pneumonias pelo estafilococo associam-se a lesões de impetigo, celulite, lesões ósseas ou articulares.

O Haemophilus influenzae é responsável por várias infecções comuns em crianças, como otites, sinusites e celulites, e por infecções
graves, como meningite, bacteremia, epiglotite e artrite, além das pneumonias. Sua prevalência diminuiu consideravelmente com a
imunização em massa.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 9


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

A Moraxella catarrhalis causa quadros clínicos de pneumonia muito semelhantes aos do pneumococo. É um agente muito frequente
em infecções de vias aéreas superiores nas crianças, principalmente otite média aguda e sinusite aguda.
B. Quadro clínico:
Os sinais e sintomas dependem da idade, do estado nutricional, da presença de doença de base, da gravidade e do agente etiológico.
Os mais encontrados são a febre, tosse, taquipneia, tiragens ou retrações subcostais, estertores finos, hipoxemia, dor no tórax, entre outros.
Querido Estrategista, é muito importante que você saiba que a simples avaliação da frequência respiratória (FR) em crianças com
sintomas respiratórios pode levar ao diagnóstico da pneumonia. Essa avaliação deve ser feita sem a presença de obstrução nasal, pois esse
fator pode interferir na sua avaliação. Memorize o quadro a seguir:

A taquipneia como critério diagnóstico para pneumonia obedece aos seguintes parâmetros, segundo a
OMS e a SBP:
⟹ Até os 2 meses: FR ≥ 60ipm*;
⟹ De 2 meses a menos de 12 meses: FR ≥ 50ipm;
⟹ 12 meses até 5 anos: FR ≥ 40ipm;

*ipm: incursões por minuto.

Quanto ao desconforto respiratório, observamos os seguintes:


• Tiragem subcostal (que classifica o paciente como pneumonia grave);
• Tiragem intercostal;
• Retração de fúrcula;
• Batimento de asas de nariz.

Na ausculta, os estertores finos (crepitantes) são os achados mais clássicos. Além desses podemos encontrar:
• Roncos;
• Estertores grossos;
• Diminuição do murmúrio vesicular.

À percussão, pode ser observada submacicez ou macicez. Dependendo da gravidade da pneumonia, a criança pode estar toxemiada
ou até mesmo com sinais de sepse.

DICA IMPORTANTE:
A presença de sibilos ao exame físico é RARA nas pneumonias bacterianas típicas. Ou seja, havendo sibilos, é provável que não
seja uma pneumonia bacteriana típica!

Outro dado que é explorado em provas é a dor abdominal. Você precisa saber que a pneumonia típica deve ser um dos diagnósticos
diferenciais do abdome agudo, pois a pneumonia de base pode encostar na pleura diafragmática, causando um processo inflamatório por
contiguidade no diafragma, gerando dor abdominal.

C. Diagnóstico
O diagnóstico da pneumonia é clínico e baseia-se na FR. A radiografia de tórax é desnecessária na maior parte dos casos.

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 10


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Mas quando devemos solicitar a radiografia, professora Andrea?

Em caso de dúvida diagnóstica, da necessidade de internação do paciente ou de suspeita de complicações: devemos fazer a
radiografia de tórax PA (posteroanterior) e perfil e, se necessário, em decúbito.

E o que esperamos encontrar na radiografia de uma pneumonia típica é a opacidade homogênea, presença de broncogramas aéreos
e, eventualmente, complicações como derrame pleural e pneumatoceles. Veja a figura a seguir:

Imagem de pneumonia mostrando opacidade delimitada pela fissura pulmonar, homogênea. Fonte: Shutterstock.

E os exames laboratoriais, são necessários?

Geralmente não solicitamos hemograma ou proteína C reativa (PCR), pois o diagnóstico não depende exclusivamente deles e também
porque, se encontrarmos um exame normal, isso não afasta o diagnóstico.
Contudo, em casos complicados ou refratários em que se indica a internação, exames de hemograma, PCR e hemocultura são
indicados para que possam orientar nossa conduta frente à escolha da antibioticoterapia.

A hemocultura é indicada em casos de internação hospitalar.

D. Diagnóstico diferencial
Muitas questões baseiam-se no diagnóstico diferencial das pneumonias típicas. No quadro a seguir você pode compreender as mais
cobradas nas provas:

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 11


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Escolares e adolescentes.
Quadro arrastado.
Pneumonia atípica
Febre baixa.
Outros sintomas associados: odinofagia, cefaleia.

Pneumonia viral Paciente em bom estado geral, boa aceitação da dieta, febre até 3 dias.

Episódios de tosse, com cianose e guincho.


Coqueluche
HMG com leucocitose e linfocitose.

Quadro inicial de IVAS, com piora respiratória esperada no 4º a 6º dia de


doença.
Bronquiolite
Ao exame físico: presença de sibilos.
Radiografia de tórax normal ou com hiperinsuflação.

História de engasgo, vômitos.


Pneumonia aspirativa
Radiografia de tórax com imagem sempre na mesma localização
(corpo estranho)
(principalmente infiltrado nos segmentos superiores do pulmão).

História de tossidor crônico na família em contato com a criança.


História de “pneumonias de repetição” que não melhoram com antibióticos
comuns, usados no tratamento das pneumonias comunitárias e uma
Tuberculose imagem de opacificação mantida na radiografia de tórax.
Criança com baixo peso ou perda de peso recentemente, muitas vezes
desnutrida.
Febre intermitente.

Laringotraqueobronquite
Tosse ladrante e estridor na ausculta pulmonar.
viral aguda

Crises recorrentes de sibilância.


Asma
Melhora com uso de beta-2 agonista de curta duração.

E. Tratamento
Chegou o momento de tratar nosso paciente. Agora precisamos tomar algumas decisões:

• Tratamento ambulatorial ou internação?


• Que antibiótico devo escolher?

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 12


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

A maior parte dos pacientes pode receber seu tratamento de forma ambulatorial. As indicações para internação são as seguintes:
¾ Idade < 2 meses;
¾ Hipoxemia. Saturação O2 ≤ 92%;
¾ Pneumonia grave ou doença muito grave (presença de quaisquer sinais de perigo), pelo AIDPI*;
¾ Presença de doenças preexistentes (exemplos: cardiopatas, prematuros com broncodisplasia, falciformes, desnutridos...);
¾ Presença de complicações;
¾ Falha no tratamento ambulatorial;
¾ Problemas sociais (que dificultem ou impossibilitem a reavaliação, a aquisição do antibiótico, entre outros).

AIDIPI é uma ação coordenada para o atendimento de crianças de 2 meses a 5 anos na atenção básica, que visa diminuir a
morbimortalidade infantil no Brasil, segue em linhas gerais as recomendações da OMS e significa: Atenção Integrada para as Doenças
Prevalentes na Infância.
De acordo com a AIDIPI devemos classificar as pneumonias da seguinte forma:

AVALIAR CLASSIFICAR TRATAR

Um dos seguintes sinais: Dar a primeira dose de um antibiótico


Qualquer sinal de perigo*(veja logo recomendado
PNEUMONIA GRAVE OU
mais) Tratar a criança para evitar hipoglicemia
DOENÇA MUITO GRAVE
Tiragem subcostal Referir urgentemente ao hospital
Estridor em repouso Oxigênio, se disponível.

Dar um antibiótico recomendado durante


sete dias
Aliviar a tosse com medidas caseiras
Respiração rápida PNEUMONIA
Informar a mãe sobre quando retornar
imediatamente
Marcar retorno em dois dias

Aliviar a tosse com medidas caseiras


Informar a mãe sobre quando retornar
imediatamente
Nenhum dos sinais acima NÃO É PNEUMONIA
Seguimento em cinco dias, caso não melhore
Se tosse há mais de 14 dias, realizar
investigação

Observe os sinais de perigo, indicados pelo AIDIPI:

™ criança que não consegue ingerir líquidos ou mamar;


™ criança que vomita tudo o que ingere;
™ presença de convulsões ou movimentos anormais há menos de 72 horas;
™ criança letárgica ou inconsciente;·
™ tempo de enchimento capilar>2 segundos;
™ desconforto respiratório grave: batimento de asa de nariz e ou gemência.

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 13


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Outros sinais que devem ser considerados para indicar a internação de uma criança com pneumonia (além da tiragem subcostal,
estridor em repouso e sinais de perigo):

™ Idade menor do que 2 meses;


™ Desidratação;
™ FR>70ipm para menores de 12 meses e 50 ipm para crianças maiores;
™ Hipoxemia (saturação <ou=92%);
™ Presença de dificuldade respiratória mais grave (movimentos involuntários da cabeça, gemência, batimentos de asa do nariz e
™ cianose central);
™ Sinais de infecção grave, como tempo de enchimento capilar lentificado;
™ Doenças associadas: cardiopatias, desnutrição grave, broncodisplasia, doença falciforme, síndromes genéticas;
™ Presença de complicações;
™ Falha no tratamento ambulatorial;
™ Problemas sociais que dificultem ou impossibilitem a reavaliação, a aquisição do antibiótico, entre outros.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide os sinais de perigo de acordo com a faixa etária:

™ Menores de 2 meses: FR ≥ 60 irpm, tiragem subcostal, febre alta, recusa do seio materno por mais de 3 mamadas, sibilância,
estridor em repouso, sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva.
™ Maiores de 2 meses: tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, presença de convulsão, alteração do nível de
consciência e vômito de tudo que lhe é oferecido.

Um detalhe que você precisa saber:


A OMS ainda diferencia a pneumonia grave da pneumonia muito grave, da seguinte forma:

™ Pneumonia grave: taquipneia e retração subcostal;


™ Pneumonia muito grave: taquipneia com sinais de perigo.

Todos os casos de pneumonia grave e pneumonia muito grave devem ser internados.

F. Escolha do antibiótico
Como a principal causa da pneumonia bacteriana é o pneumococo, devemos administrar um antibiótico dirigido a ele, veja:

Para tratamento ambulatorial: amoxicilina!


Na dose: 50mg/kg/dia VO (via oral), de 12/12 horas ou de 8/8 horas por 7 a 10 dias (AIDIPI recomenda 7 dias)

Na modalidade de tratamento ambulatorial, devemos obrigatoriamente reavaliar o paciente de 48 a 72 horas depois do início do
tratamento. A partir dessa reavaliação, temos alguns cenários:

¾ Melhora do quadro: a conduta deve ser mantida;


¾ Persistência da febre por mais de 72 horas. Nesse caso, precisamos descartar primeiro a presença de complicações. Assim, torna-
se necessária a realização da radiografia de tórax. Se for encontrada alguma complicação, devemos internar o paciente para
antibioticoterapia endovenosa como a penicilina.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 14


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

¾ Na ausência de complicações, podemos pensar em pneumococo parcialmente resistente e devemos elevar a dose de amoxicilina
para 80 a 90 mg/kg/dia;
¾ Persistência do quadro mesmo com dose elevada de amoxicilina: pensar em agentes como Moraxella e Haemophilus e ampliar o
espectro para amoxicilina-clavulanato ou cefalosporina de segunda geração, como o cefuroxime.

Para ficar mais claro, deixo aqui um fluxograma sobre o que foi falado até aqui:

Todo paciente
Procura de
recebendo tratamento
Persistência de febre? complicações ⟹ ⟹ Se presentes:
ambulatorial deve ser
derrame, abscesso ou internação
reavaliado no prazo de
pneumatocele?
48 horas.

Sem complicação ⟹
escalonar antibiótico:
amoxicilina 50mg/kg/dia ↠
amoxicilina 90mg/kg/dia ↠
amoxacilina + clavulanato

Agora vamos aprender como devemos tratar o paciente que necessita de internação.

¾ Para tratamento do paciente internado, usar derivados de penicilina por via endovenosa (IV):
¾ Ampicilina - 50mg/kg/dose, de 6/6 horas;
ou
¾ Penicilina cristalina - 150.000 a 200.000UI/Kg/dia, de 6/6 horas ou de 4/4 h.

Atenção:
¾ Para < 2 meses: associar gentamicina 7,5mg/kg/dia, de 12/12 horas ou cefalosporina de terceira geração.

OK, nosso paciente está internado, mas não melhorou. O que devo fazer, professora Andrea?

Pacientes internados que evoluem com piora clínica e/ou laboratorial, ou persistência da febre, devem ser avaliados quanto à presença
de complicações e se não forem encontradas, devemos modificar o espectro do antibiótico, ou seja, é indicada a cefalosporina de segunda
geração (cefuroxime) ou de terceira geração (ceftriaxone ou cefotaxime). Veja as doses:
¾ Cefuroxime: 150mg/kg/dia de 8/8hs;
¾ Ceftriaxone 100mg/kg/dia, de 12/12hs;
¾ Cefotaxime: 150mg/kg/dia de 6/6 ou 8/8hs.

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 15


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

E quando a pneumonia é causada pelo Staphylococcus aureus, professora?

Optamos pelo uso do antibiótico que foi produzido para eliminar o S. aureus, ou seja, a oxacilina, que é penicilinase resistente e exerce
uma ação bactericida de escolha na suspeita do Staphylococcus aureus comunitário.

Ufa, conseguimos aprender o diagnóstico e tratamento da principal forma de pneumonia que aparecerá
em sua prova, agora vamos aprender sobre os outros tipos.
Venha comigo!

5 .2 PNEUMONIA AFEBRIL DO LACTENTE

Querido Estrategista, 10% das questões cobram conhecimentos sobre esse tema, vamos aprender juntos!

A pneumonia afebril do lactente é causada pela Chlamydia trachomatis ou Ureaplasma urealyticum e acomete crianças até os três
meses de idade. O enunciado das questões apresenta uma criança que nasceu de parto normal, teve um episódio de conjuntivite prévio e,
no momento do exame físico, está com uma IVAS arrastada e sem febre.
Ao exame físico, a criança encontra-se em bom estado geral, taquipneia leve, com ou sem sibilos à ausculta pulmonar, mas,
principalmente, estão presentes os clássicos estertores finos. Hipoxemia não é usual, mas pode ocorrer.
Seu diagnóstico é clínico e a realização da radiografia de tórax é desnecessária. Quando a radiografia é realizada, o padrão é de
opacidade intersticial bilateral, veja:

Imagem extraída de uma prova do concurso da SECRETARIA ESTADUAL DE SAUDE (SES) do Distrito Federal, 2015.

Em relação aos exames laboratoriais, esses também são desnecessários, mas em caso de internação devem ser colhidos hemograma,
PCR e hemocultura. A alteração mais característica encontrada no hemograma é a leucocitose com eosinofilia.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 16


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

DICAS:
A radiografia da pneumonia afebril do lactente usualmente mostra infiltrado intersticial bilateral. O hemograma pode revelar
leucocitose e eosinofilia.

O diagnóstico específico pode ser feito pela sorologia com dosagem de anticorpos da classe IgM, pois nessa idade os anticorpos de
classe IgG podem ser decorrentes de passagem transplacentária.
No quadro a seguir, você pode encontrar os principais diagnósticos diferenciais que podem ser cobrados em sua prova:

Episódios de tosse, com cianose e guincho.


Coqueluche
HMG com leucocitose e linfocitose.

Quadro inicial de IVAS, com piora respiratória esperada no 4º a 6º dia de doença.


Bronquiolite viral aguda Ao exame físico: presença de sibilos.
Radiografia de tórax normal ou com hiperinsuflação.

Paciente em regular estado geral, febre alta.


Pneumonias típicas
Na radiografia de tórax podemos observar opacificação ou condensação.

Pneumonias atípicas Comum em pacientes escolares e adolescentes.

História de engasgo, vômitos.


Radiografia de tórax com imagem sempre na mesma localização (principalmente
Síndrome aspirativa
nos segmentos posteriores dos lobos superiores e segmentos superiores dos
lobos inferiores).

Presença de alterações na ausculta cardíaca.


Miocardite Na radiografia de tórax, há alterações na área cardíaca.
História de IVAS anteriormente.

Tosse seca; sintomas respiratórios leves (ou assintomáticos).


Síndrome de Löffler (ou Loeffler) Radiografia de tórax: opacidades pulmonares que migram de locais (em
diferentes momentos), de acordo com a migração dos parasitas.

Por fim, vamos falar de tratamento.


A pneumonia afebril do lactente deve ser tratada com macrolídeos por via oral, observe:

A primeira escolha é o uso da claritromicina na dose de 15mg/kg/dia, de 12 em 12h por 10 dias ou da azitromicina na dose
de 10mg/kg/dia, 1 vez ao dia, por 5 dias.

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 17


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

5 .3 PNEUMONIA ATÍPICA

O que é pneumonia atípica, prof.ª Andrea?

É a pneumonia causada por um agente ‘’atípico’’, ou seja, bactérias que não têm a presença de parede celular em sua composição.
Diferente da pneumonia típica, seu quadro é mais arrastado e insidioso.
Suas principais características são:
¾ Idade maior do que 5 anos;
¾ Agente principal: Mycoplasma pneumoniae; o segundo agente é a Chlamydia pneumoniae (atualmente conhecida como
Chlamydophila pneumoniae);
¾ Evolução insidiosa.

Na história é comum o relato de uso de antibióticos comuns sem melhora e de casos semelhantes na família.

Evolução clássica da BCP atípica


Sintomas iniciam-se com IVAS, de evolução insidiosa de mais de uma semana, geralmente sem febre ou com febre baixa e
intermitente, com o paciente em bom estado geral. Os principais sintomas são tosse, habitualmente seca e coriza. A tosse seca, que é
o padrão clássico, pode evoluir para produtiva ou, mais raramente, ser irritativa e frequente, assemelhando-se a um padrão chamado
coqueluchoide, ou seja, acessos de tosse que levam a criança a perder o fôlego.

Os sintomas associados aos respiratórios são:


¾ Cefaleia;
¾ Dor de garganta, rouquidão;
¾ Mal-estar;
¾ Mialgia;
¾ Exantema;
¾ Conjuntivite;
¾ Adinamia.

Ao exame físico, encontramos o paciente em bom estado geral, pode haver taquipneia (não obrigatória). Nos pacientes graves pode
haver dispneia.
À ausculta encontramos estertores finos, que podem estar mascarados por sibilos (quase sempre presentes). Podem ser encontrados:
estertores grossos e roncos, mas não são usuais, além da hipoxemia, mais intensa nos casos severos. As complicações são raras nas
pneumonias atípicas.
O diagnóstico é clínico e, se a radiografia for realizada, encontramos um padrão intersticial bilateral, como o da figura a seguir:

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 18


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Fonte: Shutterstock.

Nessa radiografia observamos um infiltrado bilateral do tipo intersticial, com predomínio em bases.
Não há indicação de exames como hemograma e PCR e o resultado esperado é que estejam normais. O exame de crioaglutinina,
embora não seja específico, pode estar alterado em infecções por mycoplasma e o diagnóstico específico pode ser obtido pela coleta de
sorologias para o mycoplasma e clamídia.
Vamos agora apresentar os principais diagnósticos diferenciais que aparecem nas questões:

Causada pela Chlamydia trachomatis, o diferencial é fácil, pois é pela faixa


Pneumonia afebril do lactente etária.
Hemograma na infecção por clamídia mostra eosinofilia e leucocitose.

Paciente em regular estado geral, febre alta.


Pneumonias típicas
Na radiografia de tórax, podemos observar opacificação ou consolidação.

Quadro inflamatório crônico das vias aéreas, que se manifesta por crises de
Asma sibilância recorrentes, desencadeadas não só por infecções de vias aéreas, mas
também por alérgenos como poeira, ácaros, entre outros.

Quadro clínico e radiológico semelhantes.


Hemograma auxilia a diferenciação entre essas duas condições, já que, na
Coqueluche
coqueluche, é comum encontrarmos leucocitose importante (geralmente acima
de 20.000 leucócitos) e linfocitose significativa, em geral acima de 50%.

Quadro agudo de sintomas respiratórios altos.


IVAS
Melhora em até 7 dias.

História de febre e tosse persistente há mais de 2 semanas, perda de peso, falta


Tuberculose de resposta a antibióticos comuns.
Relato de tossidor crônico na família em contato com a criança.

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 19


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

O tratamento das pneumonias atípicas é feito também com macrolídeos nas mesmas doses da pneumonia afebril do lactente, vamos
recordar?

A primeira escolha é com a claritromicina na dose de 15mg/kg/dia, de 12 em 12h por 10 dias ou da azitromicina na dose de
10mg/kg/dia, 1 vez ao dia, por 5 dias.

A pneumonia atípica é geralmente tratada em nível ambulatorial, e em casos de desconforto respiratório e ou hipoxemia, pode ser
necessária internação para suporte respiratório.

5 .4 PNEUMONIA VIRAL

A pneumonia viral é muito comum na faixa etária de até 5 anos e corresponde a 90% dos casos em menores de 1 ano. Em geral temos
uma criança em bom estado geral, com febre, coriza e tosse, sem desconforto respiratório, e que apresenta melhora espontânea.
É importante lembrar do vírus sincicial respiratório, que é o mais prevalente em crianças. A radiografia pode mostrar padrão discreto
intersticial e sinais de hiperinsuflação.
Seu tratamento é de suporte com aumento da oferta hídrica, fluidificação de secreções e controle da febre.
Lactentes podem apresentar piora do quadro por volta do quarto ou quinto dia, e alguns deles necessitam de suporte respiratório
(Sugiro que você leia o livro de Bronquiolite, que contempla informações mais detalhadas da pneumonia viral).

CAPÍTULO

6.0 CONTROLE RADIOLÓGICO

Quando devemos realizar a radiografia de controle após o tratamento de uma pneumonia?

As situações que indicam radiografia de controle são:


• Pneumonias recorrentes na mesma localização;
• Suspeita de malformações ou aspiração de corpo estranho;
• Deve ser considerada em casos de pneumonia redonda, colapso pulmonar ou falta de resposta clínica.

CAPÍTULO

7.0 COMPLICAÇÕES
Agora vamos falar das complicações das pneumonias. Elas são mais comuns nas pneumonias típicas e o pneumococo é o principal
agente, mesmo em casos de complicação. Isso é muito explorado pelas bancas.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 20


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

As principais são:

¾ Derrame pleural: a mais frequentemente encontrada. Como o nome indica: líquido (secreção) entre as pleuras parietal e visceral;

¾ Atelectasia: fechamento de uma área pulmonar, por absorção do ar de dentro do alvéolo. Cria uma opacificação à radiografia de
tórax, mais triangular ou de aspecto “repuxado”;

¾ Pneumatocele: um espaço aerado arredondado (cístico) no parênquima pulmonar, pode ter parede fina;

¾ Abscesso: uma área de necrose pulmonar arredondada, bem delimitada, circunscrita por uma parede, geralmente espessa e
muitas vezes com conteúdo purulento, formando nível líquido;

¾ Pneumotórax: presença de ar entre as pleuras;

¾ Necrose pulmonar: trata-se de uma necrose de uma parte do parênquima pulmonar pela infecção. É muito grave e, felizmente,
mais rara.

Quando encontramos mais do que uma complicação em um mesmo paciente, devemos pensar em etiologia estafilocócica.

Preciso que você fique atento para a principal complicação que pode cair em sua prova: o derrame pleural.

Os sinais semiológicos característicos do derrame pleural são: abolição dos murmúrios vesiculares à ausculta pulmonar e macicez à
percussão. O USG de tórax é útil para avaliar o tamanho e a fase do derrame pleural, que pode ser aguda (ou exsudativa), fibrinopurulenta
e organizada.
Observe na radiografia a seguir a linha elíptica em hemitórax direito, indicando a presença de derrame pleural:

Fonte: Shutterstock.

Vou passar as principais dicas para você sobre a conduta diante de uma criança com derrame pleural:

1º Sempre que possível, pacientes com derrame pleural devem ser submetidos à toracocentese, a menos que o derrame seja laminar
ou que estejamos diante de pacientes anticoagulados ou com distúrbios de coagulação.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 21


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

2º De acordo com o que encontramos na toracocentese, precisaremos indicar a drenagem torácica em selo d’água nos pacientes com
derrame complicado> Veja a seguir as principais indicações de drenagem, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria:
¾ Líquido com aspecto purulento (= Empiema);
¾ Presença de bactérias Gram positivas no Gram ou na cultura;
¾ Comprometimento da expansibilidade pulmonar devido a derrame extenso;
¾ Glicose < 50mg/dl;
¾ DHL > 1000 U/L;
¾ Presença de septações ou loculações

O Tratado de Pediatria, baseado nas recomendações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia sugere o seguinte
fluxograma para a abordagem dos derrames pleurais:

Derrame pleural

Toracocentese (Gram e cultura)

Purulento Não purulento


pH < 7,2 ou
Glicose < 40
ou
Gram e/ou
cultura + pH > 7,2
Drenagem
Glicose > 40

Melhora: Nova Observação


manter conduta toracocentese 24 - 48 horas
Reavaliação

OU
Piora: discutir
antibiótico e Melhora:
Piora
toracoscopia manter conduta

3º Complicações implicam em maior gravidade e também em internação.

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 22


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

CAPÍTULO

8.0 OUTROS ASSUNTOS QUE PODEM CAIR EM SUA


PROVA
™ Pneumonia de origem parasitária: sua principal característica é que acomete crianças maiores em uso de alimentação complementar.
A síndrome de Löffler ocorre devido ao ciclo pulmonar das larvas de parasitas como:
• Necator americanus (ancilostomose)
• Ancylostoma duodenale (ancilostomose)
• Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase)
• Ascaris lumbricoides (ascaridíase)

Além desses agentes, o Toxocara canis e o Schistosoma mansoni são agentes que fazem ciclo pulmonar e podem causar pneumonia
parasitária.
O quadro clínico é de tosse, geralmente seca, sibilância, dispneia ou desconforto respiratório, além de febre intermitente, assim
como imagens radiológicas de opacificações que mudam de posição. O hemograma costuma revelar eosinofilia. Atenção: algumas fontes
consideram também o Toxocara canis, como agente de pneumonia parasitária.

™ Pneumonias de repetição: a presença de dois ou mais episódios de BCP em um ano ou de pelo menos três em qualquer período,
sendo obrigatória a resolução completa da imagem radiológica dessas pneumonias entre os episódios. Suas causas mais comuns
são:
• Asma: principal causa de pneumonia de repetição;
• Desnutrição;
• Aspiração de corpo estranho: pneumonias sempre na mesma localização;
• Cardiopatias;
• Imunodeficiências.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 23


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Parabéns, finalmente chegamos ao final deste resumo sobre as pneumonias na infância. Deixo logo a seguir um
quadro com os principais conceitos que vimos:

Pneumonia afebril
Aspectos BCP típica Pneumonia atípica
do lactente
Faixa etária < 3 meses Qualquer > 5 anos
Parto normal, IVAS IVAS prévia, com IVAS arrastada, sintomas
Principal da história arrastada manutenção, ou piora da associados (dor de garganta,
Conjuntivite prévia febre em ≥ 72h cefaleia, astenia...)
Principal agente Chlamydia trachomatis Streptococcus pneumoniae Mycoplasma pneumoniae
Principal do exame físico,
Sibilos,
além de taquipneia e/ou Sibilos, estertores grossos Roncos e estertores grossos
hipoxemia (discreta)
estertores finos
Consolidações/ Infiltrado intersticial +
Radiografia de tórax Infiltrado intersticial
opacificações qualquer padrão!
Normal ou discreta Normal ou discreta
HMG Leucocitose com neutrofilia
leucocitose com eosinofilia leucocitose
Tratamento
Macrolídeos Amoxicilina Macrolídeos
ambulatorial
Frequentes
Complicações Não usual principal: Não usual
derrame pleural
Se a questão só der a
opção de clamídia (2º
Se a infecção for agente mais frequente), é a
primariamente óssea ou pneumoniae!
Atenção ao detalhe nas Não é qualquer clamídia! É
de pele e a pneumonia Comum tratamento prévio
questões a trachomatis!
secundária, é por sem sucesso (geralmente
Staphylococcus aureus com amoxicilina) e
familiares com sintomas
parecidos
Ampicilina parenteral ou
Tratamento Menos frequente. Também penicilina cristalina
Macrolídeos
Internado com macrolídeos Se ≤ 2 meses: associar
gentamicina

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 24


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação.
Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser.

Resolva questões pelo computador


Copie o link abaixo e cole no seu navegador
para acessar o site

https://estr.at/H5kU

Resolva questões pelo app


Aponte a câmera do seu celular para
o QR Code abaixo e acesse o app

Baixe na Google Play Baixe na App Store

Baixe o app Estratégia MED


Aponte a câmera do seu celular para o
QR Code ou busque na sua loja de apps.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 25


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

CAPÍTULO

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. WARDLAW, T.; JOHANSSON, E. W.; HODGE, M. Pneumonia, the forgotten killer of children. Geneva: UNICEF/WHO; 2006. Disponível em:
http://whqlibdoc.who.int/publications/2006/9280640489_eng.pdf.
2. BARSON, W. J. Pneumonia in children: Epidemiology, pathogenesis, and etiology. UpToDate®. 14 abr. 2020.
3. BURNS, D. A. R.; CAMPOS, D. J.; SILVA, L. R.; BORGES, W. G. Tratado de Pediatria SBP. 4. ed., vol. 2. Seção 21. Pneumonias Comunitárias,
p.1736-1739. Manole, 2017.
4. SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Diretrizes brasileiras em pneumonia adquirida na comunidade em pediatria. J. Bras. Pneumol.
2007; 33(Supl. 1): S 31-S 50. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf. Acesso em 12 maio 20.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde, Fundo das Nações Unidas para a Infância. Manual AIDPI Criança: 2
meses a 5 anos, 2017. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4443883/mod_resource/content/0/aidpi2017.pdf. Acesso
em 8 maio 20.
6. BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde, Fundo das Nações Unidas para a Infância. Manual de quadros de
procedimentos: Aidpi Criança: 2 meses a 5 anos, 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_
procedimentos_aidpi_crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em 13 maio 20.
7. WHO - World Health Organization. Programme of Acute Respiratory Infections.  Acute respiratory infections in children: case management
in small hospitals in developing countries, a manual for doctors and other senior health workers. 1990. Disponível em: https://apps.who.
int/iris/bitstream/handle/10665/61873/WHO_ARI_90.5.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
8. VAZ, F.A.C.; CECCON, M. E. J.; DINIZ, E. M. A. Infecção por Chlamydia trachomatis no período neonatal: aspectos clínicos e laboratoriais.
Experiência de uma década: 1987-1998. Ver. Ass. Med. Brasil 1999; 45(4): 303-11.
9. BUSH, L.M.; PEREZ, M. T. Infecções por Haemophilus. Manual MSD. Abril, 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/
profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-negativos/infec%C3%A7%C3%B5es-por-haemophilus. Acesso em 19 maio 20.
10. BRASIL. Ministério da Saúde. Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Maguinhos. Haemophilus
influenzae B (Hib): sintomas, transmissão, prevenção. Última atualização: Jun. 2018.
11.SOUZA, E. L.; GALVÃO, N. A. Infecções Respiratórias por Mycoplasma pneumoniae em Crianças. Pulmão. RJ. 2013;22(3):31-36. Disponível
em: http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2013/n_03/08.pdf. Acesso em 20 maio 20.
12.AMANTÉA, S.; MANICA, A. L. L.; LEÃES, C. G. S.; FREY, BN. Diferentes apresentações clínico-radiológicas da pneumonia por Mycoplasma
pneumoniae. JPed. 2000;76(4):315-22. Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-04-315/port_print.htm. Acesso em 20 maio
20.
13.HAMMERSCHLAG, M. R. Clamídias. Manual MSD. March, 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/
doen%C3%A7as-infecciosas/clam%C3%ADdias-e-micoplasmas/clam%C3%ADdias. (Acesso em 20/05/20).
14.RODRIGUES, J. C.; ADDE, F. V.; SILVA FILHO, L. V. R. F. Doenças respiratórias. Pneumonias adquiridas na comunidade. Pediatria. Instituto da
Criança HC- FMUSP. Editora Manole, 2. ed., 2011.
15.BARSON, W. J.; EDWARDS, M. S.; MALLORY, G. B. Community-acquired pneumonia in children: Outpatient treatment. UpToDate®, 15 abr.
2020.
16.MARGOLIS, P.; GADOMSKI, A. The rational clinical examination. Does this infant have pneumonia? JAMA. 1998; 279(4):308-13.
17.RODRIGUES, J. C.; ADDE, F. V.; SILVA FILHO, L. V. R. F. Doenças respiratórias. Derrames Pleurais. Pediatria. Instituto da Criança HC- FMUSP.
Editora Manole, 2. ed., 2011.

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 26


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

18.RODRIGUES, J. C.; ADDE, F. V.; SILVA FILHO, L. V. R. F. Doenças respiratórias. Abscesso pulmonar em crianças. Pediatria. Instituto da Criança
HC- FMUSP. Editora Manole, 2. ed., 2011.
19.BUSH, L. M.; PEREZ, M. T. Infecção por Moraxella catarrhalis. Manual MSD. Julho, 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-
pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/cocos-e-cocobacilos-gram-negativos/infec%C3%A7%C3%A3o-por-moraxella-catarrhalis. Acesso
em 29 maio 20.
20.BARSON, W. J.; EDWARDS, M. S.; MALLORY, G. B. Pneumonia in children: Inpatient treatment. UpToDate®. Feb 06, 2019.
21.BARSON, W. J.; KAPLAN, S. L.; MALLORY, G. B. Barson WJ. Community-acquired pneumonia in children: Clinical features and diagnosis.
UpToDate®. 25 set. 2019.
22.SUCUPIRA, A. C. S. L. et al. Pediatria em Consultório. Cap. 39 Pneumonias Recorrentes. 5. ed. Brasil: Sarvier; 2010. p. 544-554.
23.MELLO, M. G. M. O. et al. Pneumonias de repetição em ambulatório de pneumologia pediátrica: conceito e prevalência. J. Ped. 2000; Vol.
76(1): 44-48.
24.SETHI, S. Pneumonia por Pneumocystis jirovecii. Manual MSD. March, 2017. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/
distúrbios-pulmonares/pneumonia/pneumonia-por-pneumocystis-jirovecii. Acesso em 1º jun. 20.
25.WESTPHAL, F. L. et al. Tratamento cirúrgico de crianças com pneumonia necrosante. J. Bras. Pneumol. 2010;36(6):716-723. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v36n6/v36n6a08.pdf. Acesso em 30 maio 20.
26.BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância em saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_3ed.pdf.
27.Acesso em 30 maio 20.
28.RODRIGUES, J. C.; ADDE, FV.; SILVA FILHO, LVRF. Doenças respiratórias. Pneumonia em situações especiais. Pediatria. Instituto da Criança
HC- FMUSP. Editora Manole, 2. ed., 2011.
29.BUSH, L. M.; PEREZ M. T. Infecções por Klebsiella, Enterobacter e Serratia. Manual MSD. Abr. 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.
com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-negativos/infec%C3%A7%C3%B5es-por-klebsiella-,-enterobacter-e-
serratia?query=klebsiella%20pneumoniae#. Acesso em 1º jun. 20.
30.BUSH, L. M.; PEREZ M. T. Pseudomonas e infecções relacionadas. Manual MSD. Abr. 2018. Disponível em:https://www.msdmanuals.com/
pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-negativos/pseudomonas-e-infec%C3%A7%C3%B5es-relacionadas#. Acesso em
1º jun. 20.

CAPÍTULO

11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Caro(a) Estrategista,
Este resumo foi feito com muito carinho pensando em você, para aquela revisada final antes das provas. Espero que você tenha
conseguido compreender as principais dicas que lhe transmiti.
Sugiro que você memorize os quadros de destaque, pois são pontos muito importantes para a prova.
Caso você fique com alguma dúvida, procure-me no fórum de dúvidas, estarei sempre aqui para ajudá-lo(a).
Grande abraço,
Andrea Makssoudian.

Prof.Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 27


PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED

Prof. Andrea Makssoudian | Resumo Estratégico | 2023 28

Você também pode gostar