Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APRESENTAÇÃO:
PROF. ANDREA
MAKSSOUDIAN
Querido(a) Estrategista,
Neste resumo, vamos falar das pneumonias na infância,
que consiste no segundo tema mais comum entre as questões de
Pediatria.
Estudando este resumo, você terá plenas condições de
responder à maior parte das questões sobre esse assunto tão
relevante para os concursos.
Fizemos uma estatística do que é mais cobrado, veja:
@estrategiamed @estrategiamed
Estratégia
MED
t.me/estrategiamed /estrategiamed
PEDIATRIA Prof. Andrea Makssoudian | Pneumonias na Infância 3
30
30%
25
27%
20
15
15%
10
12%
10%
5
4% 4% 3% 3% 3% 2% 1%
0
ETIOLOGIA TRATAMENTO COMPLICAÇÕES PNEUMONIA AFEBRIL DO EXAMES SINAIS DE PN REPETIÇÃO PN PNEUMONIA QUADRO PNEUMONIA
ATÍPICA LACTENTE PERIGO ESTAFILOCÓCICA PARASITÁRIA CLÍNICO ASPIRATIVA
Vou focar nos tópicos principais para que você tenha condições de acertar a maior parte das questões e, assim, ganhar pontos
valiosos rumo à sua aprovação.
Preparado(a)?
Vamos lá!
Estratégia
MED
PEDIATRIA Pneumonias na Infância Estratégia
MED
SUMÁRIO
4 .2 LACTENTES JOVENS 7
5 .3 PNEUMONIA ATÍPICA 18
5 .4 PNEUMONIA VIRAL 20
CAPÍTULO
CAPÍTULO
2.0 CLASSIFICAÇÃO
Existem várias formas de classificar as pneumonias. Vou apresentar duas delas a você:
CAPÍTULO
¾ Frequentar creche;
¾ Prematuridade;
¾ Tabagismo passivo;
¾ Doenças preexistentes: cardiopatias, broncodisplasia, asma não controlada, fibrose cística, anemia falciforme, doenças neu-
rológicas, desnutrição, imunodeficiência primária ou secundária.
O principal mecanismo de aquisição das pneumonias é o comprometimento das defesas do organismo. Veja a seguir quais são os
fatores que exercem influência sobre nossa defesa:
✓ Imunidade humoral: IgA secretora das vias aéreas superiores, IgG e IgM nos espaços alveolares, surfactante, complemento,
opsoninas, entre outros;
✓ Imunidade celular: importante na defesa contra vírus e micro-organismos intracelulares que sobrevivem dentro dos macrófagos
pulmonares.
A criança inicialmente manifesta uma infecção de vias aéreas superiores que facilita a invasão de bactérias e vírus. Esses agentes
atingem o trato respiratório inferior, causando um processo inflamatório. Com isso, diminui a complacência pulmonar, ocorre obstrução de
vias aéreas com colapso de espaços aéreos distais e comprometimento da relação ventilação-perfusão.
CAPÍTULO
Em primeiro lugar, é importante saber que o principal agente das pneumonias bacterianas após o período neonatal é o Streptococcus
pneumoniae ou pneumococo, mesmo nas pneumonias complicadas.
Primeiro conceito:
O principal agente das pneumonias em todas as faixas etárias, exceto no período neonatal, é o pneumococo.
Outro dado importante é que existem agentes etiológicos mais prevalentes em determinadas faixas etárias, dessa forma, as bancas
examinadoras vão cobrar de você os conhecimentos sobre essas peculiaridades.
Segundo conceito:
Os agentes etiológicos das pneumonias variam de acordo com a faixa etária.
4 .2 LACTENTES JOVENS
Fique atento: os vírus são os principais agentes das pneumonias nessa idade e, dentre eles, o destaque vai para o vírus sincicial
respiratório. No quadro a seguir, você pode conferir os outros agentes, e não custa nada lembrar que, dentre as pneumonias bacterianas, o
pneumococo continua sendo o principal agente, sendo o Staphylococcus aureus (estafilococo) o segundo!
VÍRUS BACTÉRIAS
Parainfluenza
Vírus
Estreptococo do grupo B Vírus Pneumococo
Pneumococo
Bacilos Gram-negativos Chlamydia trachomatis Staphylococcus aureus
Staphylococcus aureus
Listeria monocytogenes Ureaplasma urealyticum Mycoplasma pneumoniae
Haemophilus influenzae
Staphylococcus aureus Pneumococo Chlamydophila
Moraxella catarrhalis
Vírus Staphylococcus aureus pneumoniae
Streptococcus pyogenes
CAPÍTULO
¾ Pneumonias bacterianas:
- Pneumonia típica;
- Pneumonia afebril do lactente;
- Pneumonia atípica;
¾ Pneumonia viral.
A pneumonia típica, também denominada de lobar, caracteriza-se pelo acometimento de um único lobo ou segmento. Veja a imagem
a seguir:
A. Agentes etiológicos:
Classicamente, a pneumonia típica é resultado de uma infecção pelo pneumococo e, menos comumente, pelo Staphylococcus aureus
(estafilococo) e ocorre após alguns dias de sinais e sintomas de infecção de vias aéreas superiores (IVAS).
Nas infecções pneumocócicas, o início é, em geral, abrupto, com surgimento de febre por mais de 72 horas, toxemia, dor torácica
e desconforto respiratório moderado a grave, podendo manifestar-se com sepse. A ausculta pulmonar pode revelar estertores finos,
diminuição do murmúrio vesicular e broncofonia aumentada.
O estafilococo é uma bactéria mais agressiva e, nesse caso, os sintomas são mais exuberantes e as complicações são proporcionalmente
mais comuns. Contudo, como o pneumococo é o agente mais prevalente, mesmo em pneumonias complicadas, a origem pneumocócica é
muito mais provável.
Uma dica que você precisa levar para as provas é que as infecções estafilocócicas geralmente se associam às seguintes manifestações:
• Impetigo estafilocócico;
• Infecção secundária em lesões de varicela;
• Crianças com comorbidades: desnutrição, fibrose cística;
• Mais do que uma complicação;
• Infecções ósseas ou articulares.
DICA IMPORTANTE
Pneumonias pelo estafilococo associam-se a lesões de impetigo, celulite, lesões ósseas ou articulares.
O Haemophilus influenzae é responsável por várias infecções comuns em crianças, como otites, sinusites e celulites, e por infecções
graves, como meningite, bacteremia, epiglotite e artrite, além das pneumonias. Sua prevalência diminuiu consideravelmente com a
imunização em massa.
A Moraxella catarrhalis causa quadros clínicos de pneumonia muito semelhantes aos do pneumococo. É um agente muito frequente
em infecções de vias aéreas superiores nas crianças, principalmente otite média aguda e sinusite aguda.
B. Quadro clínico:
Os sinais e sintomas dependem da idade, do estado nutricional, da presença de doença de base, da gravidade e do agente etiológico.
Os mais encontrados são a febre, tosse, taquipneia, tiragens ou retrações subcostais, estertores finos, hipoxemia, dor no tórax, entre outros.
Querido Estrategista, é muito importante que você saiba que a simples avaliação da frequência respiratória (FR) em crianças com
sintomas respiratórios pode levar ao diagnóstico da pneumonia. Essa avaliação deve ser feita sem a presença de obstrução nasal, pois esse
fator pode interferir na sua avaliação. Memorize o quadro a seguir:
A taquipneia como critério diagnóstico para pneumonia obedece aos seguintes parâmetros, segundo a
OMS e a SBP:
⟹ Até os 2 meses: FR ≥ 60ipm*;
⟹ De 2 meses a menos de 12 meses: FR ≥ 50ipm;
⟹ 12 meses até 5 anos: FR ≥ 40ipm;
Na ausculta, os estertores finos (crepitantes) são os achados mais clássicos. Além desses podemos encontrar:
• Roncos;
• Estertores grossos;
• Diminuição do murmúrio vesicular.
À percussão, pode ser observada submacicez ou macicez. Dependendo da gravidade da pneumonia, a criança pode estar toxemiada
ou até mesmo com sinais de sepse.
DICA IMPORTANTE:
A presença de sibilos ao exame físico é RARA nas pneumonias bacterianas típicas. Ou seja, havendo sibilos, é provável que não
seja uma pneumonia bacteriana típica!
Outro dado que é explorado em provas é a dor abdominal. Você precisa saber que a pneumonia típica deve ser um dos diagnósticos
diferenciais do abdome agudo, pois a pneumonia de base pode encostar na pleura diafragmática, causando um processo inflamatório por
contiguidade no diafragma, gerando dor abdominal.
C. Diagnóstico
O diagnóstico da pneumonia é clínico e baseia-se na FR. A radiografia de tórax é desnecessária na maior parte dos casos.
Em caso de dúvida diagnóstica, da necessidade de internação do paciente ou de suspeita de complicações: devemos fazer a
radiografia de tórax PA (posteroanterior) e perfil e, se necessário, em decúbito.
E o que esperamos encontrar na radiografia de uma pneumonia típica é a opacidade homogênea, presença de broncogramas aéreos
e, eventualmente, complicações como derrame pleural e pneumatoceles. Veja a figura a seguir:
Imagem de pneumonia mostrando opacidade delimitada pela fissura pulmonar, homogênea. Fonte: Shutterstock.
Geralmente não solicitamos hemograma ou proteína C reativa (PCR), pois o diagnóstico não depende exclusivamente deles e também
porque, se encontrarmos um exame normal, isso não afasta o diagnóstico.
Contudo, em casos complicados ou refratários em que se indica a internação, exames de hemograma, PCR e hemocultura são
indicados para que possam orientar nossa conduta frente à escolha da antibioticoterapia.
D. Diagnóstico diferencial
Muitas questões baseiam-se no diagnóstico diferencial das pneumonias típicas. No quadro a seguir você pode compreender as mais
cobradas nas provas:
Escolares e adolescentes.
Quadro arrastado.
Pneumonia atípica
Febre baixa.
Outros sintomas associados: odinofagia, cefaleia.
Pneumonia viral Paciente em bom estado geral, boa aceitação da dieta, febre até 3 dias.
Laringotraqueobronquite
Tosse ladrante e estridor na ausculta pulmonar.
viral aguda
E. Tratamento
Chegou o momento de tratar nosso paciente. Agora precisamos tomar algumas decisões:
A maior parte dos pacientes pode receber seu tratamento de forma ambulatorial. As indicações para internação são as seguintes:
¾ Idade < 2 meses;
¾ Hipoxemia. Saturação O2 ≤ 92%;
¾ Pneumonia grave ou doença muito grave (presença de quaisquer sinais de perigo), pelo AIDPI*;
¾ Presença de doenças preexistentes (exemplos: cardiopatas, prematuros com broncodisplasia, falciformes, desnutridos...);
¾ Presença de complicações;
¾ Falha no tratamento ambulatorial;
¾ Problemas sociais (que dificultem ou impossibilitem a reavaliação, a aquisição do antibiótico, entre outros).
AIDIPI é uma ação coordenada para o atendimento de crianças de 2 meses a 5 anos na atenção básica, que visa diminuir a
morbimortalidade infantil no Brasil, segue em linhas gerais as recomendações da OMS e significa: Atenção Integrada para as Doenças
Prevalentes na Infância.
De acordo com a AIDIPI devemos classificar as pneumonias da seguinte forma:
Outros sinais que devem ser considerados para indicar a internação de uma criança com pneumonia (além da tiragem subcostal,
estridor em repouso e sinais de perigo):
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide os sinais de perigo de acordo com a faixa etária:
Menores de 2 meses: FR ≥ 60 irpm, tiragem subcostal, febre alta, recusa do seio materno por mais de 3 mamadas, sibilância,
estridor em repouso, sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva.
Maiores de 2 meses: tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, presença de convulsão, alteração do nível de
consciência e vômito de tudo que lhe é oferecido.
Todos os casos de pneumonia grave e pneumonia muito grave devem ser internados.
F. Escolha do antibiótico
Como a principal causa da pneumonia bacteriana é o pneumococo, devemos administrar um antibiótico dirigido a ele, veja:
Na modalidade de tratamento ambulatorial, devemos obrigatoriamente reavaliar o paciente de 48 a 72 horas depois do início do
tratamento. A partir dessa reavaliação, temos alguns cenários:
¾ Na ausência de complicações, podemos pensar em pneumococo parcialmente resistente e devemos elevar a dose de amoxicilina
para 80 a 90 mg/kg/dia;
¾ Persistência do quadro mesmo com dose elevada de amoxicilina: pensar em agentes como Moraxella e Haemophilus e ampliar o
espectro para amoxicilina-clavulanato ou cefalosporina de segunda geração, como o cefuroxime.
Para ficar mais claro, deixo aqui um fluxograma sobre o que foi falado até aqui:
Todo paciente
Procura de
recebendo tratamento
Persistência de febre? complicações ⟹ ⟹ Se presentes:
ambulatorial deve ser
derrame, abscesso ou internação
reavaliado no prazo de
pneumatocele?
48 horas.
Sem complicação ⟹
escalonar antibiótico:
amoxicilina 50mg/kg/dia ↠
amoxicilina 90mg/kg/dia ↠
amoxacilina + clavulanato
Agora vamos aprender como devemos tratar o paciente que necessita de internação.
¾ Para tratamento do paciente internado, usar derivados de penicilina por via endovenosa (IV):
¾ Ampicilina - 50mg/kg/dose, de 6/6 horas;
ou
¾ Penicilina cristalina - 150.000 a 200.000UI/Kg/dia, de 6/6 horas ou de 4/4 h.
Atenção:
¾ Para < 2 meses: associar gentamicina 7,5mg/kg/dia, de 12/12 horas ou cefalosporina de terceira geração.
OK, nosso paciente está internado, mas não melhorou. O que devo fazer, professora Andrea?
Pacientes internados que evoluem com piora clínica e/ou laboratorial, ou persistência da febre, devem ser avaliados quanto à presença
de complicações e se não forem encontradas, devemos modificar o espectro do antibiótico, ou seja, é indicada a cefalosporina de segunda
geração (cefuroxime) ou de terceira geração (ceftriaxone ou cefotaxime). Veja as doses:
¾ Cefuroxime: 150mg/kg/dia de 8/8hs;
¾ Ceftriaxone 100mg/kg/dia, de 12/12hs;
¾ Cefotaxime: 150mg/kg/dia de 6/6 ou 8/8hs.
Optamos pelo uso do antibiótico que foi produzido para eliminar o S. aureus, ou seja, a oxacilina, que é penicilinase resistente e exerce
uma ação bactericida de escolha na suspeita do Staphylococcus aureus comunitário.
Ufa, conseguimos aprender o diagnóstico e tratamento da principal forma de pneumonia que aparecerá
em sua prova, agora vamos aprender sobre os outros tipos.
Venha comigo!
Querido Estrategista, 10% das questões cobram conhecimentos sobre esse tema, vamos aprender juntos!
A pneumonia afebril do lactente é causada pela Chlamydia trachomatis ou Ureaplasma urealyticum e acomete crianças até os três
meses de idade. O enunciado das questões apresenta uma criança que nasceu de parto normal, teve um episódio de conjuntivite prévio e,
no momento do exame físico, está com uma IVAS arrastada e sem febre.
Ao exame físico, a criança encontra-se em bom estado geral, taquipneia leve, com ou sem sibilos à ausculta pulmonar, mas,
principalmente, estão presentes os clássicos estertores finos. Hipoxemia não é usual, mas pode ocorrer.
Seu diagnóstico é clínico e a realização da radiografia de tórax é desnecessária. Quando a radiografia é realizada, o padrão é de
opacidade intersticial bilateral, veja:
Imagem extraída de uma prova do concurso da SECRETARIA ESTADUAL DE SAUDE (SES) do Distrito Federal, 2015.
Em relação aos exames laboratoriais, esses também são desnecessários, mas em caso de internação devem ser colhidos hemograma,
PCR e hemocultura. A alteração mais característica encontrada no hemograma é a leucocitose com eosinofilia.
DICAS:
A radiografia da pneumonia afebril do lactente usualmente mostra infiltrado intersticial bilateral. O hemograma pode revelar
leucocitose e eosinofilia.
O diagnóstico específico pode ser feito pela sorologia com dosagem de anticorpos da classe IgM, pois nessa idade os anticorpos de
classe IgG podem ser decorrentes de passagem transplacentária.
No quadro a seguir, você pode encontrar os principais diagnósticos diferenciais que podem ser cobrados em sua prova:
A primeira escolha é o uso da claritromicina na dose de 15mg/kg/dia, de 12 em 12h por 10 dias ou da azitromicina na dose
de 10mg/kg/dia, 1 vez ao dia, por 5 dias.
5 .3 PNEUMONIA ATÍPICA
É a pneumonia causada por um agente ‘’atípico’’, ou seja, bactérias que não têm a presença de parede celular em sua composição.
Diferente da pneumonia típica, seu quadro é mais arrastado e insidioso.
Suas principais características são:
¾ Idade maior do que 5 anos;
¾ Agente principal: Mycoplasma pneumoniae; o segundo agente é a Chlamydia pneumoniae (atualmente conhecida como
Chlamydophila pneumoniae);
¾ Evolução insidiosa.
Na história é comum o relato de uso de antibióticos comuns sem melhora e de casos semelhantes na família.
Ao exame físico, encontramos o paciente em bom estado geral, pode haver taquipneia (não obrigatória). Nos pacientes graves pode
haver dispneia.
À ausculta encontramos estertores finos, que podem estar mascarados por sibilos (quase sempre presentes). Podem ser encontrados:
estertores grossos e roncos, mas não são usuais, além da hipoxemia, mais intensa nos casos severos. As complicações são raras nas
pneumonias atípicas.
O diagnóstico é clínico e, se a radiografia for realizada, encontramos um padrão intersticial bilateral, como o da figura a seguir:
Fonte: Shutterstock.
Nessa radiografia observamos um infiltrado bilateral do tipo intersticial, com predomínio em bases.
Não há indicação de exames como hemograma e PCR e o resultado esperado é que estejam normais. O exame de crioaglutinina,
embora não seja específico, pode estar alterado em infecções por mycoplasma e o diagnóstico específico pode ser obtido pela coleta de
sorologias para o mycoplasma e clamídia.
Vamos agora apresentar os principais diagnósticos diferenciais que aparecem nas questões:
Quadro inflamatório crônico das vias aéreas, que se manifesta por crises de
Asma sibilância recorrentes, desencadeadas não só por infecções de vias aéreas, mas
também por alérgenos como poeira, ácaros, entre outros.
O tratamento das pneumonias atípicas é feito também com macrolídeos nas mesmas doses da pneumonia afebril do lactente, vamos
recordar?
A primeira escolha é com a claritromicina na dose de 15mg/kg/dia, de 12 em 12h por 10 dias ou da azitromicina na dose de
10mg/kg/dia, 1 vez ao dia, por 5 dias.
A pneumonia atípica é geralmente tratada em nível ambulatorial, e em casos de desconforto respiratório e ou hipoxemia, pode ser
necessária internação para suporte respiratório.
5 .4 PNEUMONIA VIRAL
A pneumonia viral é muito comum na faixa etária de até 5 anos e corresponde a 90% dos casos em menores de 1 ano. Em geral temos
uma criança em bom estado geral, com febre, coriza e tosse, sem desconforto respiratório, e que apresenta melhora espontânea.
É importante lembrar do vírus sincicial respiratório, que é o mais prevalente em crianças. A radiografia pode mostrar padrão discreto
intersticial e sinais de hiperinsuflação.
Seu tratamento é de suporte com aumento da oferta hídrica, fluidificação de secreções e controle da febre.
Lactentes podem apresentar piora do quadro por volta do quarto ou quinto dia, e alguns deles necessitam de suporte respiratório
(Sugiro que você leia o livro de Bronquiolite, que contempla informações mais detalhadas da pneumonia viral).
CAPÍTULO
CAPÍTULO
7.0 COMPLICAÇÕES
Agora vamos falar das complicações das pneumonias. Elas são mais comuns nas pneumonias típicas e o pneumococo é o principal
agente, mesmo em casos de complicação. Isso é muito explorado pelas bancas.
As principais são:
¾ Derrame pleural: a mais frequentemente encontrada. Como o nome indica: líquido (secreção) entre as pleuras parietal e visceral;
¾ Atelectasia: fechamento de uma área pulmonar, por absorção do ar de dentro do alvéolo. Cria uma opacificação à radiografia de
tórax, mais triangular ou de aspecto “repuxado”;
¾ Pneumatocele: um espaço aerado arredondado (cístico) no parênquima pulmonar, pode ter parede fina;
¾ Abscesso: uma área de necrose pulmonar arredondada, bem delimitada, circunscrita por uma parede, geralmente espessa e
muitas vezes com conteúdo purulento, formando nível líquido;
¾ Necrose pulmonar: trata-se de uma necrose de uma parte do parênquima pulmonar pela infecção. É muito grave e, felizmente,
mais rara.
Quando encontramos mais do que uma complicação em um mesmo paciente, devemos pensar em etiologia estafilocócica.
Preciso que você fique atento para a principal complicação que pode cair em sua prova: o derrame pleural.
Os sinais semiológicos característicos do derrame pleural são: abolição dos murmúrios vesiculares à ausculta pulmonar e macicez à
percussão. O USG de tórax é útil para avaliar o tamanho e a fase do derrame pleural, que pode ser aguda (ou exsudativa), fibrinopurulenta
e organizada.
Observe na radiografia a seguir a linha elíptica em hemitórax direito, indicando a presença de derrame pleural:
Fonte: Shutterstock.
Vou passar as principais dicas para você sobre a conduta diante de uma criança com derrame pleural:
1º Sempre que possível, pacientes com derrame pleural devem ser submetidos à toracocentese, a menos que o derrame seja laminar
ou que estejamos diante de pacientes anticoagulados ou com distúrbios de coagulação.
2º De acordo com o que encontramos na toracocentese, precisaremos indicar a drenagem torácica em selo d’água nos pacientes com
derrame complicado> Veja a seguir as principais indicações de drenagem, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria:
¾ Líquido com aspecto purulento (= Empiema);
¾ Presença de bactérias Gram positivas no Gram ou na cultura;
¾ Comprometimento da expansibilidade pulmonar devido a derrame extenso;
¾ Glicose < 50mg/dl;
¾ DHL > 1000 U/L;
¾ Presença de septações ou loculações
O Tratado de Pediatria, baseado nas recomendações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia sugere o seguinte
fluxograma para a abordagem dos derrames pleurais:
Derrame pleural
OU
Piora: discutir
antibiótico e Melhora:
Piora
toracoscopia manter conduta
CAPÍTULO
Além desses agentes, o Toxocara canis e o Schistosoma mansoni são agentes que fazem ciclo pulmonar e podem causar pneumonia
parasitária.
O quadro clínico é de tosse, geralmente seca, sibilância, dispneia ou desconforto respiratório, além de febre intermitente, assim
como imagens radiológicas de opacificações que mudam de posição. O hemograma costuma revelar eosinofilia. Atenção: algumas fontes
consideram também o Toxocara canis, como agente de pneumonia parasitária.
Pneumonias de repetição: a presença de dois ou mais episódios de BCP em um ano ou de pelo menos três em qualquer período,
sendo obrigatória a resolução completa da imagem radiológica dessas pneumonias entre os episódios. Suas causas mais comuns
são:
• Asma: principal causa de pneumonia de repetição;
• Desnutrição;
• Aspiração de corpo estranho: pneumonias sempre na mesma localização;
• Cardiopatias;
• Imunodeficiências.
Parabéns, finalmente chegamos ao final deste resumo sobre as pneumonias na infância. Deixo logo a seguir um
quadro com os principais conceitos que vimos:
Pneumonia afebril
Aspectos BCP típica Pneumonia atípica
do lactente
Faixa etária < 3 meses Qualquer > 5 anos
Parto normal, IVAS IVAS prévia, com IVAS arrastada, sintomas
Principal da história arrastada manutenção, ou piora da associados (dor de garganta,
Conjuntivite prévia febre em ≥ 72h cefaleia, astenia...)
Principal agente Chlamydia trachomatis Streptococcus pneumoniae Mycoplasma pneumoniae
Principal do exame físico,
Sibilos,
além de taquipneia e/ou Sibilos, estertores grossos Roncos e estertores grossos
hipoxemia (discreta)
estertores finos
Consolidações/ Infiltrado intersticial +
Radiografia de tórax Infiltrado intersticial
opacificações qualquer padrão!
Normal ou discreta Normal ou discreta
HMG Leucocitose com neutrofilia
leucocitose com eosinofilia leucocitose
Tratamento
Macrolídeos Amoxicilina Macrolídeos
ambulatorial
Frequentes
Complicações Não usual principal: Não usual
derrame pleural
Se a questão só der a
opção de clamídia (2º
Se a infecção for agente mais frequente), é a
primariamente óssea ou pneumoniae!
Atenção ao detalhe nas Não é qualquer clamídia! É
de pele e a pneumonia Comum tratamento prévio
questões a trachomatis!
secundária, é por sem sucesso (geralmente
Staphylococcus aureus com amoxicilina) e
familiares com sintomas
parecidos
Ampicilina parenteral ou
Tratamento Menos frequente. Também penicilina cristalina
Macrolídeos
Internado com macrolídeos Se ≤ 2 meses: associar
gentamicina
https://estr.at/H5kU
CAPÍTULO
18.RODRIGUES, J. C.; ADDE, F. V.; SILVA FILHO, L. V. R. F. Doenças respiratórias. Abscesso pulmonar em crianças. Pediatria. Instituto da Criança
HC- FMUSP. Editora Manole, 2. ed., 2011.
19.BUSH, L. M.; PEREZ, M. T. Infecção por Moraxella catarrhalis. Manual MSD. Julho, 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-
pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/cocos-e-cocobacilos-gram-negativos/infec%C3%A7%C3%A3o-por-moraxella-catarrhalis. Acesso
em 29 maio 20.
20.BARSON, W. J.; EDWARDS, M. S.; MALLORY, G. B. Pneumonia in children: Inpatient treatment. UpToDate®. Feb 06, 2019.
21.BARSON, W. J.; KAPLAN, S. L.; MALLORY, G. B. Barson WJ. Community-acquired pneumonia in children: Clinical features and diagnosis.
UpToDate®. 25 set. 2019.
22.SUCUPIRA, A. C. S. L. et al. Pediatria em Consultório. Cap. 39 Pneumonias Recorrentes. 5. ed. Brasil: Sarvier; 2010. p. 544-554.
23.MELLO, M. G. M. O. et al. Pneumonias de repetição em ambulatório de pneumologia pediátrica: conceito e prevalência. J. Ped. 2000; Vol.
76(1): 44-48.
24.SETHI, S. Pneumonia por Pneumocystis jirovecii. Manual MSD. March, 2017. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/
distúrbios-pulmonares/pneumonia/pneumonia-por-pneumocystis-jirovecii. Acesso em 1º jun. 20.
25.WESTPHAL, F. L. et al. Tratamento cirúrgico de crianças com pneumonia necrosante. J. Bras. Pneumol. 2010;36(6):716-723. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v36n6/v36n6a08.pdf. Acesso em 30 maio 20.
26.BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância em saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_3ed.pdf.
27.Acesso em 30 maio 20.
28.RODRIGUES, J. C.; ADDE, FV.; SILVA FILHO, LVRF. Doenças respiratórias. Pneumonia em situações especiais. Pediatria. Instituto da Criança
HC- FMUSP. Editora Manole, 2. ed., 2011.
29.BUSH, L. M.; PEREZ M. T. Infecções por Klebsiella, Enterobacter e Serratia. Manual MSD. Abr. 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.
com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-negativos/infec%C3%A7%C3%B5es-por-klebsiella-,-enterobacter-e-
serratia?query=klebsiella%20pneumoniae#. Acesso em 1º jun. 20.
30.BUSH, L. M.; PEREZ M. T. Pseudomonas e infecções relacionadas. Manual MSD. Abr. 2018. Disponível em:https://www.msdmanuals.com/
pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-negativos/pseudomonas-e-infec%C3%A7%C3%B5es-relacionadas#. Acesso em
1º jun. 20.
CAPÍTULO