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A Síndrome da Angústia

Respiratória Aguda (SARA)


DEFINIÇÃO
A Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA)
caracteriza-se como um conjunto de sinais clínicos
causados pela resposta inflamatória excessiva a uma
lesão pulmonar aguda.

Está associada ao edema nos pulmões e um quadro de


hipoxemia (diminuição de oxigênio para os tecidos)
persistente de grau variável, devido ao aumento da
permeabilidade capilar pulmonar e sistêmica e
diminuição da complacência pulmonar.
 Resultante de diversas doenças que causam acúmulo de
líquidos nos pulmões e redução do oxigênio no sangue a
níveis excessivamente baixos.
A lesão do endotélio/ epitélio
pulmonar e da membrana alvéolo-
capilar provoca a liberação de
mediadores inflamatórios celulares e
humorais que atuam diretamente no
desenvolvimento e agravamento da
síndrome. 
A SARA classifica-se clinicamente em causas diretas e
indiretas.

As causas diretas envolvem a lesão no epitélio das vias


respiratórias por inalação de gases tóxicos, pneumonia, 
aspiração de conteúdo gástrico, afogamento, laringoespasmo,
lesão de isquemia-reperfusão pulmonar, choque elétrico,
queimaduras e ventilação mecânica.

As causas indiretas estão relacionadas a alterações


sistêmicas como a sepse, a 
coagulação intravascular disseminada (CID), 
pancreatite aguda, 
acidentes com animais peçonhentos (cobra, escorpião, aranha
, abelhas)
, intoxicações, lesões no sistema nervoso central (SNC), 
tromboembolismo, politraumatismos e outros. 
• O indivíduo sente falta de ar, normalmente com a respiração rápida e
superficial, a pele pode ficar manchada ou azulada (cianose), e outros
órgãos, como o coração e o cérebro, podem apresentar mau
funcionamento.

• Utiliza-se um sensor, colocado na ponta do dedo (oximetria de pulso), ou


uma amostra de sangue de uma artéria para determinar os níveis de
oxigênio no sangue, e também se faz uma radiografia torácica.

• Os indivíduos são tratados em uma unidade de tratamento intensivo,


pois podem precisar de ventilação mecânica.

• O oxigênio é fornecido e a causa da insuficiência respiratória é tratada.


Ela pode acontecer em pessoas que já tiveram
doença pulmonar ou em pessoas com pulmões
anteriormente saudáveis.

Esta doença era denominada síndrome da


angústia respiratória do adulto, mas também pode
manifestar-se em crianças.

A SARA é dividida em três categorias: leve,


moderada e grave. A categoria é determinada
comparando-se o nível de oxigênio no sangue
com a quantidade de oxigênio que precisa ser
administrada nesse nível.
CAUSAS DE SARA

Qualquer doença ou quadro clínico que lesione


os pulmões pode causar SARA. Mais da
metade dos indivíduos com SARA a
desenvolve como consequência de uma
infecção grave, generalizada (sepse) ou 
pneumonia. Algumas outras causas incluem
• Aspiração (inalação) de conteúdo estomacal ácido para
o interior dos pulmões
• Queimaduras
• Certas complicações gestacionais (como 
embolia do líquido amniótico, pré-eclâmpsia, infecção
de tecidos no útero antes, durante ou após um aborto [ 
abortamento séptico] e outros)
• Lesão do tórax (contusão pulmonar)
• Cirurgia de derivação das artérias coronárias
• Afogamento
• Inflamação do pâncreas (pancreatite)
• Inalação de grandes quantidades de fumaça
• Inalação de outros gases tóxicos
• Lesão pulmonar devido à inalação de altas concentrações
de oxigênio
• Lesões graves ou potencialmente fatais
• Superdosagem de certas drogas ou medicamentos, como
heroína, metadona, propoxifeno ou aspirina
• Pneumonia (incluindo pela COVID-19)
• Pressão arterial baixa prolongada ou grave (choque)
• Embolia pulmonar
• Infecção grave e generalizada (sepse)
• Acidente vascular cerebral ou convulsão
• Transfusões de mais de 15 unidades de sangue em um
curto período de tempo
Quando os pequenos sacos de ar (alvéolos) e
os pequenos vasos de sangue (capilares) do
pulmão são afetados, o sangue e os líquidos
infiltram-se nos espaços entre os alvéolos e, por
fim, passam para o interior destes.

O colapso de muitos alvéolos (um quadro


clínico denominado atelectasia) também pode
ocorrer devido a uma redução de surfactante,
um líquido que cobre a superfície interna dos
alvéolos e ajuda a mantê-los abertos.
O líquido nos alvéolos e o colapso de muitos
alvéolos interferem no movimento do oxigênio do ar
inspirado para o sangue. Portanto, o nível de
oxigênio no sangue pode cair bruscamente. A saída
do dióxido de carbono do sangue para o ar que é
expirado fica menos afetada, e o nível de dióxido de
carbono no sangue muda muito pouco.

Como a insuficiência respiratória na SARA resulta


principalmente de níveis baixos de oxigênio, ela é
considerada uma insuficiência respiratória
hipoxêmica.
A diminuição do nível de oxigênio no sangue causada pela
SARA e o vazamento para a corrente sanguínea de certas
proteínas (citocinas) produzidas pelas células pulmonares
lesionadas e por células brancas do sangue podem causar
inflamação e complicações em outros órgãos.

A falência de vários órgãos (um quadro clínico denominado


falência de múltiplos órgãos) também pode ocorrer.

A falência de órgãos pode começar logo depois de instalada a


SARA ou dias ou semanas depois. Além disso, os indivíduos
afetados pela SARA são menos resistentes a infecções
pulmonares e costumam desenvolver pneumonias bacterianas.
SINTOMAS DE SARA
A SARA normalmente se desenvolve de 24 a 48 horas após lesão ou
doença original, mas pode demorar 4 a 5 dias para ocorrer. A pessoa
começa sentindo falta de ar, geralmente com uma respiração rápida e
superficial.

Utilizando um estetoscópio, o médico pode ouvir sons crepitantes ou


chiados nos pulmões.

A pele pode ficar manchada ou azulada (cianose), em pessoas de pele


clara, e pode apresentar coloração cinza ou esbranquiçada na boca, ao
redor dos olhos e sob as unhas, em pessoas de pele escura, devido
aos baixos níveis de oxigênio no sangue. Outros órgãos, como o
coração e o cérebro, podem funcionar mal, resultando em uma
frequência cardíaca elevada, ritmos cardíacos anormais (arritmias),
confusão e sonolência.
DIAGNÓSTICO DE SARA
Medição dos níveis de oxigênio no sangue
Radiografia do tórax

O nível de oxigênio no sangue pode ser monitorado, sem coletar uma


amostra de sangue, por meio de um sensor colocado em um dedo ou
no lobo de uma orelha. Este procedimento é chamado oximetria
de pulso.

O nível de oxigênio (juntamente com o dióxido de carbono) no sangue


também pode ser medido através da análise de uma amostra de
sangue colhida de uma artéria.

Radiografias torácicas mostram líquido nos espaços que deveriam


estar preenchidos com ar. Outros exames podem ser necessários para
confirmar que a insuficiência cardíaca não é a causa do problema.
PROGNÓSTICO DE SARA
Sem o pronto tratamento, muitas pessoas com a SARA não sobrevivem. No
entanto, a depender da doença subjacente, com um tratamento adequado, cerca
de 60% a 75% das pessoas com SARA sobrevivem.

Em geral, os indivíduos que respondem com rapidez ao tratamento


restabelecem-se por completo, quase sem alterações pulmonares de longo
prazo. Os indivíduos cujo tratamento envolve longos períodos no ventilador
(uma máquina que ajuda o ar a entrar e sair dos pulmões) têm mais
probabilidades de formar tecido cicatricial (fibrose) nos pulmões. Essa fibrose
pode diminuir em poucos meses após a pessoa ser retirada da ventilação. A
fibrose pulmonar, se extensa, pode afetar a função pulmonar permanentemente
de forma evidente durante certas atividades diárias. A fibrose menos extensa
pode prejudicar a função pulmonar somente em momentos de estresse
pulmonar, como durante exercícios ou em doenças.
Muitos indivíduos perdem grandes quantidades de peso e de músculo durante a
doença. A reabilitação no hospital pode ajudá-los a recuperar sua força e sua
independência.
TRATAMENTO DE SARA
• Tratamento da causa
• Oxigenoterapia
• Frequentemente, ventilação mecânica
• Os indivíduos com SARA recebem tratamento em uma 
unidade de tratamento intensivo (UTI).
• O sucesso do tratamento depende normalmente do tratamento da
doença subjacente (como a pneumonia, por exemplo). Também é
fornecida oxigenoterapia, o que é vital para corrigir os níveis baixos
de oxigênio.
• Se o oxigênio administrado por uma máscara facial ou outro
dispositivo (como capacete ou cateter nasal) não conseguir corrigir
os níveis baixos de oxigênio no sangue, ou se forem necessárias
doses muito altas de oxigênio inalado, deve se usar 
ventilação mecânica. O ventilador normalmente fornece ar
pressurizado rico em oxigênio utilizando um tubo inserido na
traqueia através da boca.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
SÍNDROME DA ANGÚSTIA
RESPIRATÓRIA AGUDA (SARA)

OU

SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)
FISIOPATOLOGIA

É caracterizada por inflamação difusa da membrana alvéolo-


capilar por extravasamento de fluido rico em proteínas para o
espaço alveolar.
Envolve a membrana basal e os pneumócitos tipo I e tipo II:

surfactante tensão superficial alveolar

atelectasias
complacência pulmonar.
Lesão ao endotélio

ativação do sistema recrutamento,

de coagulação seqüestro e ativação de

neutrófilos

formação de radicais de trombose microvascular oxigênio

recrutamento de células mesenquimais

produção de procolágeno.
Lesão ao endotélio

ativação do sistema recrutamento,

de coagulação seqüestro e ativação de

neutrófilos

formação de radicais de trombose microvascular oxigênio


Balanço entre mediadores pró-inflamatórios (TNF–a,
IL–1, IL–6 e IL–8) e antiinflamatórios (IL–10,
recrutamento de células mesenquimais
antagonistas do receptor de IL–1 e do receptor do
TNF solúvel)

produção de procolágeno.
Lesão ao endotélio

ativação do sistema recrutamento,

de coagulação seqüestro e ativação de

neutrófilos

formação de radicais de trombose microvascular oxigênio

recrutamento de células mesenquimais

remodelamento e alveolite fibrosante

produção de procolágeno.
COMO VENTILAR O
PACIENTE COM SARA

Nas primeiras 48-72 horas o ajuste da ventilação


mecânica em pacientes com SARA (todas as categorias)
são recomendados modos controlados: VCV ou PCV.

SARA leve, sob ventilação assistida: VC deve ser


ajustado em 6 ml/kg.
COMO VENTILAR O
PACIENTE COM SARA

Nas primeiras 48-72 horas o ajuste da ventilação


mecânica em pacientes com SARA (todas as categorias)
são recomendados modos controlados: VCV ou PCV.

SARA leve, sob ventilação assistida: VC deve ser


ajustado em 6 ml/kg.
COMO VENTILAR O
PACIENTE COM SARA

Nas primeiras 48-72 horas o ajuste da ventilação


mecânica em pacientes com SARA (todas as categorias)
são recomendados modos controlados: VCV ou PCV.

SARA leve, sob ventilação assistida: VC deve ser


ajustado em 6 ml/kg.
Na SARA moderada ou grave: VC deve ser ajustado entre 3-6
ml/kg

• Recomendação: para se obter o peso predito (Predicted


Body Weight) recomenda-se o uso das seguintes fórmulas:

 Homens : 50 + 0,91 x (altura em cm – 152,4)


 Mulheres: 45,5 + 0,91 x (altura em cm - 152,4).
FLUIDOTERAPIA

O uso da estratégia conservadora de gestão de fluido (+DVA


– volume) era associada com uma melhoria significativa na
oxigenação, padrão de lesão pulmonar e aumentou o número
de dias livres de ventilador em comparação com a estratégia
mais liberal.
PREVENÇÃO DE
COMPLICAÇÕES

Alto risco para as complicações comuns na evolução do


paciente crítico, como TVP, TEP e hemorragia
gastrointestinal relacionada ao stress

A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) e


infecções nosocomiais, distúrbios metabólicas,
polineuropatia da doença crítica e desnutrição.
PAV

prevenção de PAV deve ser prioritária em pacientes com


SARA.

A detecção pode ser difícil no cenário radiográfico pulmonar


infiltrados observada em pacientes com SARA.

Diagnóstico de VAP e identificação do patógeno agressor


muitas vezes requerem o uso de broncoscopia com LBA.
ESTRATÉGIAS DE MELHOR
OFERTA
Manobras DE O2
de recrutamento
Posição prona
Terapia de reposição de surfactante
Óxido nítrico inalado
MANOBRAS DE
RECRUTAMENTO
representam uma tentativa de “abrir” as vias aéreas distais e
alvéolos atelectásicos na fronteira dos alvéolos colapsados ​
inundadas.

A manobra é conseguida através do aumento da PEEP a 35 a


50 centímetros H2O e mantendo esse nível de pressão
durante 30 segundos.
POSIÇÃO PRONA

Utilizar na SARA moderada.

Pode ser mais fisiológico e resultar na melhoria da


remoção de secreção, melhor ventilação/perfusão, e
melhor aeração as unidades de pulmão dorsal.

Pode também diminuir a sobrecarga de VD nos casos de


SARA grave.
POSIÇÃO PRONA

Utilizar na SARA moderada.

Pode ser mais fisiológico e resultar na melhoria da


remoção de secreção, melhor ventilação/perfusão, e
melhor aeração as unidades de pulmão dorsal.

Pode também diminuir a sobrecarga de VD nos casos de


SARA grave.
POSIÇÃO PRONA

Utilizar na SARA moderada.

Pode ser mais fisiológico e resultar na melhoria da


remoção de secreção, melhor ventilação/perfusão, e
melhor aeração as unidades de pulmão dorsal.

Pode também diminuir a sobrecarga de VD nos casos de


SARA grave.
ESTRATÉGIAS DE MELHOR
OFERTA
Manobras DE O2
de recrutamento
Posição prona
Terapia de reposição de surfactante
Ventilação parcial líquida
Óxido nítrico inalado
ESTRATÉGIAS DE MELHOR
OFERTA
Manobras DE O2
de recrutamento
Posição prona
Terapia de reposição de surfactante
Óxido nítrico inalado
ESTRATÉGIAS DE MELHOR
OFERTA
Manobras DE O2
de recrutamento
Posição prona
Terapia de reposição de surfactante
Óxido nítrico inalado
ECMO

A mortalidade nos pacientes que desenvolvem SARA


GRAVE pode chegar a próximo a 60%.

Estes pacientes são tratados com as medidas


recomendadas para o tratamento da SARA grave, mas
mesmo com a otimização medidas terapêuticas, muitos
necessitam de manutenção de uma oferta elevada de
oxigênio e ventilação com pressões muito acima do
desejável, o que promove dano pulmonar que, se não
agrava a situação, interfere na recuperação pulmonar.
A utilização de ECMO nestas situações garante a troca
gasosa com oxigenação adequada enquanto o pulmão é
ventilado de forma protetora, proporcionando um tempo de
repouso no qual o pulmão vai recuperar-se do evento
estressor.
FASE
FIBROPROLIFERATIVA

Processo de lesão / reparação é caracterizada pela substituição


do epitelial celular danificado

As manifestações clínicas incluem febre, leucocitose,


infiltrados alveolares na radiografia de tórax e mediadores
inflamatórios persistentes.
Manifestações fisiológicas incluem o agravamento da
complacência pulmonar e de trocas gasosas, aumento do
espaço morto, hipertensão pulmonar e perda de resposta a
PEEP.
PROGNÓSTICO

As causas mais comuns de morte em pacientes com SARA


persistência de SIRS e sepse. Menos de 20% dos pacientes
morrem devido à incapacidade para oxigenar
adequadamente ou ventilá-los.

Após a recuperação da SDRA, o prognóstico parece ser


razoavelmente bom. 80% dos sobreviventes de SARA ainda
estavam vivos cinco anos depois
Embora a maioria dos sobreviventes têm dificuldades de
readptação na qualidade de vida da função pulmonar, a maioria
retorna para próximo de seu status da função pulmonar basal
dentro de 3 a 6 meses. A principal anormalidade residual em
função pulmonar é um defeito pulmonar restritiva e uma
redução na capacidade de difusão do CO.

Estas alterações podem resultar em dessaturação no exercício


em alguns pacientes ou, mais comumente, uma diminuição da
distância percorrida cronometrada.

Quando observado ao longo de cinco anos, a sua função


pulmonar não melhorou muito após a melhoria inicial. E a
maioria dos pacientes mantém limitação ao exercício em 5
anos, apesar do fato de que 65% de voltar a trabalhar.
Sobreviventes de SDRA tem uma queda de qualidade de vida
relacionada com a saúde em geral, aumento de sintomas
respiratórios, insônia, depressão, ansiedade e transtorno de
estresse pós-traumático.
Uma redução clinicamente significativa na sua função física e
aumento dos sintomas pulmonares em comparação com os
sobreviventes de outras doenças críticas.
Além de ter comprometimento cognitivo a longo prazo,
problemas de lidar com sua deficiência, e as dificuldades de
relacionamento interpessoal.
FIM...
FIM...

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