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Oxigenação inadequada
Eliminação inadequada de dióxido de carbono (o que significa ventilação
inadequada )
Muitas doenças afetam ambos. Embora existam medidas de temporização, a
insuficiência respiratória frequentemente exige ventilação mecânica invasiva ou não
invasiva.
Indicações
Existem numerosas indicações para entubação endotraqueal e ventilação mecânica
(ver tabela Situações que requerem controle das vias respiratórias ), mas,
geralmente, a ventilação mecânica deve ser considerada quando existem sinais
clínicos ou laboratoriais de que o paciente não consegue manter as vias respiratórias
desimpedidas, ou oxigenação ou ventilação adequada.
Achados preocupantes incluem
Frequência respiratória > 30/min
Incapacidade de manter a saturação arterial de oxigênio > 90% com fração
inspirada de oxigênio (FIO2) > 0,60
pH < 7,25
Pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) > 50 mmHg (a menos que
crônica e estável)
Mecânica respiratória
A inspiração normal gera pressão intrapleural negativa, que cria um gradiente de
pressão entre a atmosfera e os alvéolos, resultando em fluxo inspiratório. Na
ventilação mecânica, o gradiente de pressão resulta da pressão aumentada (positiva)
da fonte de ar.A pressão expiratória final é mensurada na abertura das vias
respiratórias (PaO), sendo rotineiramente exibida pelos respiradores mecânicos. Ela
representa a pressão total necessária para empurrar um volume de gás para dentro
do pulmão e é composta por pressões resultantes da resistência ao fluxo inspiratório
(pressão resistiva), do rechaço elástico do pulmão e da parede torácica (pressão
elástica), e da pressão alveolar presente no início da respiração (PEEP) — ver
figura Componentes da pressão das vias respiratórias . Portanto,
A PEEP intrínseca (auto PEEP) pode ser mensurada por meio de uma manobra de
retenção no final da expiração. Imediatamente antes de uma respiração, o
compartimento expiratório é fechado por 2 segundos. O fluxo cessa, eliminando a
pressão resistiva; a pressão resultante reflete a pressão alveolar no final da expiração
(PEEP intrínseca). Embora a mensuração precisa dependa de o paciente estar
completamente passivo no respirador, é injustificável usar bloqueio neuromuscular
unicamente com a finalidade de mensurar a PEEP intrínseca. Um método não
quantitativo para identificar PEEP intrínseca é inspecionar o traçado do fluxo
expiratório. Se o fluxo expiratório continuar até a próxima respiração ou o tórax do
paciente não entrar em repouso antes da próxima respiração, PEEP intrínseca está
presente. As consequências de PEEP intrínseca elevada incluem trabalho inspiratório
aumentado e retorno venoso diminuído, podendo resultar em diminuição do débito
cardíaco e hipotensão.
A demonstração de PEEP intrínseca deve instigar a busca das causas da obstrução
das vias respiratórias (p. ex., secreções das vias respiratórias, retração elástica
diminuída, broncoespasmo); todavia, uma ventilação por minuto elevada (> 20
L/minuto) pode resultar, por si só, em PEEP intrínseca em um paciente sem
obstrução das vias respiratórias. Se a causa é limitação do fluxo de ar, a PEEP
intrínseca pode ser reduzida diminuindo-se o tempo de inspiração (isto é,
aumentando o fluxo inspiratório) ou a frequência respiratória, permitindo assim que
uma fração maior do ciclo respiratório seja despendida em expiração.
Frequência respiratória
Volume corrente
Sensibilidade a gatilho
Taxa de fluxo
Forma de onda
Razão inspiratória/expiratória (I/E)
A pressão das vias respiratórias resultante não é fixa, mas varia com a resistência e a
elastância do sistema respiratório e com a velocidade de fluxo selecionada.
Configurações do respirador
As configurações do respirador são ajustadas para a doença subjacente, mas os
princípios básicos são descritos a seguir.
Posicionamento do paciente
Em geral, aplica-se ventilação mecânica com o paciente em decúbito dorsal,
semiereto. Entretanto, em pacientes com SDRA, a posição prona pode resultar em
melhor oxigenação, primariamente pela criação de uma ventilação mais uniforme. A
ventilação uniforme reduz a quantidade de pulmão sem ventilação (isto é, a
quantidade de derivação), que é geralmente máxima nas regiões dorsal e caudal dos
pulmões, embora os efeitos sobre a distribuição da perfusão sejam mínimos.
Edema pulmonar
Quando é diagnosticada SDRA, mas a causa não é óbvia (p. ex., trauma, sepse,
infecção pulmonar grave, pancreatite), uma revisão dos agentes farmacológicos e
dos exames diagnósticos, procedimentos e tratamentos recentes pode sugerir uma
causa não reconhecida, como uso de contraste radiográfico, embolia
gasosa ou transfusão. Quando nenhuma causa predisponente pode ser descoberta,
alguns especialistas recomendam efetuar broncoscopia com lavagem broncoalveolar,
para excluir hemorragia alveolar e pneumonia eosinofílica e, se esse procedimento
não é revelador, realizar biópsia de pulmão para excluir outras doenças (p.
ex., pneumonite por hipersensibilidade , pneumonite intersticial aguda).
Prognóstico da insuficiência respiratória hipoxêmica aguda
O prognóstico é altamente variável e depende de uma variedade de fatores,
incluindo etiologia da insuficiência respiratória, gravidade da enfermidade, idade e
estado de saúde crônico. No geral, a mortalidade da SDRA era muito alta (40 a 60%),
mas diminuiu nos anos recentes para 25 a 40%, provavelmente devido a
aprimoramentos na ventilação mecânica e no tratamento da sepse. Entretanto, a
mortalidade permanece muito elevada (> 40%) para os pacientes com SDRA grave
(isto é, aqueles com PaO2:FIO2 < 100 mmHg). Mais frequentemente, a morte não é
causada por disfunção respiratória, mas por sepse e falência de múltiplos órgãos.
Persistência de neutrófilos e níveis elevados de citocinas no líquido de lavagem
alveolar predizem um prognóstico reservado. A mortalidade também aumenta com
idade, presença de sepse e gravidade de insuficiência de órgãos preexistente ou
disfunção de órgãos coexistente.
Insuficiência ventilatória
Insuficiência ventilatória é uma elevação da PaCO2 (hipercapnia), que ocorre quando
a carga respiratória não consegue mais ser sustentada pela resistência ou atividade
do sistema. As causas mais comuns são agudizações e graves da asma e DPOC
(doença pulmonar obstrutiva crônica), overdoses de drogas que suprimem o impulso
ventilatório e doenças que causam fraqueza da musculatura respiratória (p. ex.,
síndrome de Guillain-Barré, miastenia grave, botulismo). Os achados incluem
dispneia, taquipneia e confusão. Morte pode resultar. O diagnóstico é feito por
gasometria arterial e observação do paciente; radiografia de tórax e avaliação clínica
podem ajudar a delinear a causa. O tratamento varia conforme a doença, mas,
frequentemente, há indicação de ventilação mecânica.
As 2 causas mais comuns da insuficiência ventilatória são
Insuficiência ventilatória são agudização de asma (isto é, estado asmático).
Exacerbação da DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)
A insuficiência respiratória por doença pulmonar obstrutiva crônica é denominada
insuficiência respiratória aguda sobre crônica (IRASC).
Fisiopatologia da insuficiência ventilatória
Hipercapnia ocorre quando a ventilação alveolar cai ou não consegue se elevar
adequadamente em resposta a uma produção aumentada de dióxido de carbono.
Uma queda na ventilação alveolar resulta de diminuição da ventilação minuto ou de
aumento da ventilação do espaço morto, sem uma adequada compensação por
aumento da ventilação minuto.
Insuficiência ventilatória pode ocorrer quando há uma carga excessiva sobre o
sistema respiratório (p. ex., cargas resistivas ou cargas elásticas dos pulmões e da
parede do tórax) versus a competência neuromuscular para um esforço inspiratório
eficaz. Quando a carga sobre a ventilação minuto aumenta (p. ex., como ocorre na
sepse), um sistema respiratório comprometido pode não ser capaz de suprir esse
aumento de demanda (para causas, ver figura O equilíbrio entre a carga e a
competência neuromuscular).
O espaço morto fisiológico é a parte da árvore respiratória que não participa das
trocas gasosas. Isso engloba
Espaço morto anatômico (orofaringe, traqueia e vias respiratórias)
Espaço alveolar morto (isto é, alvéolos com ventilação, mas não perfusão)
O espaço morto fisiológico também pode resultar de derivação ou baixa
ventilação/perfusão (V/Q) se o paciente não consegue aumentar adequadamente a
sua ventilação minuto. Normalmente, o espaço morto fisiológico abrange 30 a 40%
do volume corrente, mas aumenta para 50% em pacientes entubados e para > 70%
em embolia pulmonar maciça, enfisema grave e estado asmático. Assim, para
qualquer dada ventilação minuto, quanto maior é o espaço morto, mais precária é a
eliminação de dióxido de carbono.
Produção aumentada de dióxido de carbono, como ocorre em febre, sepse,
trauma, queimaduras, hipertireoidismo e hipertermia maligna, não é uma causa
primária de insuficiência respiratória, porque o paciente deve aumentar a sua
ventilação para compensar. Insuficiência ventilatória associada a esses problemas
acontece somente quando a capacidade de compensação está comprometida.
A hipercapnia reduz o pH arterial (acidose respiratória). A acidemia grave (pH < 7,2)
contribui para vasoconstrição arteriolar pulmonar, dilatação vascular sistêmica,
diminuição da contratilidade do miocárdio, hiperpotassemia, hipotensão e
irritabilidade cardíaca, com potencial para arritmias com risco de morte. Hipercapnia
aguda também causa vasodilatação cerebral e aumento da pressão intracraniana, um
problema importante em pacientes com lesão aguda da cabeça. Ao longo do tempo,
tamponamento tissular e compensação renal podem corrigir amplamente a
acidemia. Entretanto, aumentos repentinos na PaCO2 (pressão parcial de dióxido de
carbono) podem ocorrer mais rapidamente do que as alterações compensatórias (a
PaCO2 aumenta 3 a 6 mmHg/minuto em um paciente totalmente apneico).
Equilíbrio entre carga (resistiva, elástica e ventilação minuto) e competência
neuromuscular (impulso, transmissão e força muscular) determina a capacidade de
sustentar a ventilação alveolar.
DPOC = doença pulmonar obstrutiva crônica; PEEP = pressão positiva expiratória final.
Sinais e sintomas da insuficiência ventilatória
O sintoma predominante da insuficiência ventilatória é dispneia.
Quando a insuficiência ventilatória decorre de maior carga, os sinais são uso vigoroso
dos músculos ventilatórios acessórios, taquipneia, taquicardia, diaforese, ansiedade,
queda do volume corrente, padrões respiratórios irregulares ou arfantes, motilidade
abdominal paradoxal. Quando decorrente de comprometimento do impulso
respiratório, os sinais incluem hipopneia e/ou serão observadas baixas frequências
respiratórias.
A insuficiência ventilatória resulta em hipercapnia, causando manifestações do
sistema nervoso central que variam de alterações sutis de personalidade a confusão
acentuada, obnubilação ou coma. A hipercapnia crônica é mais bem tolerada que a
aguda e apresenta menos sintomas.
Diagnóstico da insuficiência ventilatória
Amostra da gasometria arterial
Radiografia de tórax
Exames para determinar a etiologia
Insuficiência ventilatória deve ser suspeitada em pacientes com angústia respiratória,
visível fadiga ventilatória ou cianose, ou alterações sensoriais; e naqueles com
distúrbios que causam fraqueza neuromuscular. Taquipneia também é uma
preocupação; frequências respiratórias > 28 a 30/min não conseguem ser
sustentadas durante muito tempo, particularmente em pacientes idosos ou
debilitados.
Pacientes com suspeita de insuficiência ventilatória devem ser submetidos a análise
de GSA, oximetria de pulso contínua e radiografia de tórax. Acidose respiratória
revelada pela GA (p. ex., pH < 7,35 e PCO2 > 50) confirma o diagnóstico. Pacientes
com insuficiência ventilatória crônica têm, frequentemente, PCO2 bastante elevada
(p. ex., 60 a 90 mmHg) na linha basal, tipicamente com pH apenas levemente
acidêmico. Nesses pacientes, o grau de acidemia, e não a PCO2, precisa servir como
marcador primário de hipoventilação aguda.
Como as medições da gasometria podem estar normais ou mostrar compensação
respiratória insuficiente em pacientes com acidose metabólica e insuficiência
ventilatória incipiente, certos testes de função pulmonar à beira do leito podem
ajudar a prever insuficiência ventilatória, particularmente em pacientes com
fraqueza neuromuscular que podem sucumbir à insuficiência ventilatória sem exibir
desconforto respiratório. Capacidade vital < 10 a 15 mL/kg e incapacidade de gerar
uma força inspiratória negativa de 15 cm H2O sugerem insuficiência ventilatória
iminente.
Uma vez diagnosticada insuficiência ventilatória, sua causa precisa ser identificada.
Às vezes, uma doença existente conhecida (p. ex., coma, exacerbação
de asma aguda, exacerbação de DPOC, hipotireoidismo grave, miastenia
grave, botulismo) é uma causa óbvia. Em outros casos, a história é sugestiva; início
repentino de taquipneia e hipotensão após cirurgia sugere embolia pulmonar;
achados neurológicos focais sugerem causa do sistema nervoso central ou
neuromuscular. A competência neuromuscular pode ser avaliada por mensuração da
força dos músculos inspiratórios (força inspiratória negativa e força expiratória
positiva), transmissão neuromuscular (testes de condução nervosa e eletromiografia)
e pesquisas das causas de impulso diminuído (testes toxicológicos, imagiologia do
encéfalo e testes de função da tireoide).
Tratamento da insuficiência ventilatória
Tratamento da causa
Frequentemente, ventilação com pressão positiva
O tratamento da insuficiência ventilatória visa corrigir o desequilíbrio entre a força
do sistema respiratório e sua carga, variando conforme a etiologia. Precipitantes
óbvios (p. ex., broncoespasmo, obstrução por muco, corpos estranhos) devem ser
corrigidos, se possível.
Estado asmático
Os pacientes com estado asmático devem ser tratados em unidade de terapia
intensiva, por pessoal hábil em cuidados das vias respiratórias. (Ver
também Tratamento das agudizações da asma.)
Ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP) pode reduzir imediatamente o
trabalho de respiração e evitar a entubação endotraqueal enquanto se aguarda a
melhora decorrente da farmacoterapia. Deve-se fazer a introdução da máscara
cuidadosamente para melhorar o conforto, talvez iniciando com titulação somente
da pressão positiva expiratória das vias respiratórias porque uma das principais
funções da pressão inspiratória positiva das vias respiratórias é aumentar o volume
corrente e, nesses pacientes, o volume pulmonar expiratório final é semelhante à
capacidade pulmonar total (ver também Mecânica respiratória). Após uma explicação
sobre o seu benefício, o paciente segura a máscara contra a face enquanto se
aplicam quantidades modestas de pressão (CPAP), 3 a 5 cm H2O. Uma vez tolerada, a
máscara é fixada em posição enquanto as pressões são aumentadas até o conforto
do paciente e a redução do trabalho respiratório, avaliados pela frequência
respiratória e pelo uso dos músculos acessórios. Deve-se selecionar os pacientes
cuidadosamente e deve-se titular as configurações individualmente.
Indica-se ventilação mecânica convencional por meio de entubação
endotraqueal para insuficiência respiratória iminente, demonstrada clinicamente por
sinais como obnubilação, fala monossilábica, postura curvada e respiração
superficial. Valores de GSA mostrando piora da hipercapnia também são uma
indicação, embora a confirmação por gasometria arterial não seja necessária e não
deva substituir o julgamento do médico. Entubação oral é preferida à nasal por
permitir o uso de um tubo endotraqueal mais calibroso, que diminui a resistência das
vias respiratórias e permite maior facilidade de sucção.
Hipotensão e pneumotórax ocorrem ocasionalmente após entubação para estado
asmático e exacerbações agudas da DPOC (ver também Complicações da ventilação
mecânica e salvaguardas). Essas complicações e sua correspondente mortalidade
diminuíram significantemente devido a uma estratégia de respirador que enfatiza a
limitação da hiperinflação dinâmica sobre a obtenção de eucapnia. No estado
asmático, a ventilação suficiente para atingir um pH normal causa, tipicamente,
hiperinflação grave. Para evitar hiperinflação, as regulagens iniciais do respirador
incluem volume corrente de 5 a 7 mL/kg e frequência respiratória de 10 a 18/min. Os
fluxos inspiratórios podem precisar ser bastante elevados (p. ex., 70 a 120 L/min),
com padrão de onda quadrada para facilitar um tempo máximo em expiração.
Hiperinflação dinâmica perigosa é improvável, desde que a pressão de estabilização
mensurada seja < 30 a 35 cm H2O e a PEEP intrínseca seja < 15 cm H2O (embora
essas pressões possam ser difíceis de mensurar devido à atividade inspiratória e
expiratória dos músculos da respiração). Pressão de estabilização > 35 cm H2O é
tratada reduzindo-se o volume corrente (presumindo-se que a avaliação clínica não
indique que as pressões elevadas sejam resultantes de complacência diminuída da
parede torácica ou do abdome) ou a frequência respiratória.
Embora seja possível reduzir a pressão expiratória final diminuindo a taxa de pico de
fluxo ou alterando a forma de onda do fluxo para um perfil descendente (isto é, de
modo que a taxa de fluxo seja alta no início da respiração e diminua ao longo do
tempo), essas alterações não devem ser feitas. Embora taxas de fluxo elevadas
exijam uma alta pressão para sobrepujar a elevada resistência das vias respiratórias
presente no estado asmático, essa pressão é dissipada ao longo de vias respiratórias
cartilagíneas robustas. Taxas de fluxo menores (p. ex., < 60 L/min) diminuem o
tempo disponível para expiração, aumentando, assim, o volume expiratório final (e a
PEEP intrínseca resultante) e permitindo um maior volume inspiratório durante a
próxima respiração. Às vezes, pacientes com PEEP intrínseca alta podem precisar de
PEEP mais alta no respirador para facilitar o acionamento e reduzir o trabalho
inspiratório na respiração.
Usar baixos volumes correntes resulta, frequentemente, em hipercapnia, que é
permitida para o bem maior de reduzir a hiperinflação dinâmica. Um pH
arterial > 7,15 é, geralmente, bem tolerado fisiologicamente, mas costuma exigir
grandes doses de sedativos e opioides. Bloqueadores neuromusculares devem ser
evitados após o período perientubatório, porque o uso desses agentes em
combinação com corticoides pode causar uma miopatia grave e, ocasionalmente,
irreversível, em especial após 24 h de uso combinado. Agitação do paciente deve ser
tratada com sedação em vez de paralisia, mas idealmente a ventilação pode ser
ajustada às necessidades do paciente de modo a reduzir a necessidade de sedação.
A maioria dos pacientes com estado asmático melhora até a retirada da ventilação
mecânica dentro de 2 a 5 dias, embora uma minoria sofra grave obstrução
prolongada das vias respiratórias. Ver em Retirada da ventilação mecânica uma
discussão sobre a abordagem geral.
Insuficiência respiratória crônica agudizada
Em pacientes com insuficiência respiratória crônica agudizada (IRCA) causada
por doença pulmonar obstrutiva crônica, o consumo de oxigênio pelo ato de respirar
é várias vezes maior do que o de pacientes sem doença pulmonar subjacente. Essa
carga respiratória aumentada ocorre no cenário de uma competência neuromuscular
quase inadequada, de modo que o paciente logo fica demasiadamente cansado para
manter a ventilação. Esses pacientes são vulneráveis a insuficiência respiratória
decorrente de agressões aparentemente triviais, e a recuperação requer
identificação e correção sistemáticas desses precipitantes (Ver também Tratamento
da agudização da doença pulmonar obstrutiva crônica). Para restaurar o equilíbrio
entre a competência neuromuscular e a carga, a obstrução das vias respiratórias e a
hiperinflação dinâmica são reduzidas com broncodilatadores e corticoides, e a
infecção é tratada com antibióticos. Baixos níveis séricos de potássio, fósforo e
magnésio podem exacerbar a fraqueza muscular, frustrando a recuperação,
precisando ser identificados e tratados.
VNIPP é o tratamento inicial preferido para muitos pacientes com IRASC resultando
em taxas diminuídas de pneumonia associada ao respirador, duração da internação e
mortalidade, em comparação com a entubação endotraqueal. Talvez 75% dos
pacientes tratados com VNIPP não necessitem de entubação endotraqueal. As
vantagens incluem a facilidade de aplicação e remoção; uma vez ocorrida a
estabilização inicial, a VNIPP pode ser interrompida temporariamente para permitir a
administração por via oral em pacientes selecionados. Testes de respiração não
assistida são facilmente efetuados, e a VNIPP pode ser reaplicada conforme indicado.
Os parâmetros devem ser ajustados de acordo com o trabalho respiratório, avaliado
pelo relato do paciente, frequência respiratória, volume corrente e uso dos músculos
acessórios. Em muitos pacientes, a PPEVR isolada pode ser suficiente, o que é
benéfico porque uma das principais funções da pressão positiva inspiratória das vias
respiratórias é aumentar o volume corrente e, nesses pacientes, o volume pulmonar
expiratório final se aproxima da capacidade pulmonar total (ver também Mecânica
da respiração). Deterioração (e necessidade de entubação endotraqueal) é mais bem
avaliada clinicamente; a gasometria arterial pode levar a conclusões errôneas.
Embora uma piora da hipercapnia tipicamente indique insucesso do tratamento, os
pacientes diferem acentuadamente em termos da tolerância à hipercapnia. Alguns
pacientes com PaCO2 > 100 mmHg permanecem alertas e sociáveis na VNIPP,
enquanto outros exigem entubação em níveis muito mais baixos.
A ventilação mecânica convencional na IRASC objetiva minimizar a hiperinflação
dinâmica e opor-se aos efeitos adversos da PEEP intrínseca, enquanto repousa os
músculos respiratórios fatigados. As regulagens iniciais recomendadas são C/A com
volume corrente de 5 a 7 mL/kg e frequência respiratória de 20 a 24/min, embora
alguns pacientes necessitem de taxas iniciais menores para limitar a PEEP intrínseca.
Essa PEEP intrínseca representa uma carga inspiratória limiar que precisa ser
sobrepujada pelo paciente para ativar o respirador, aumentando adicionalmente o
trabalho de respirar e evitando a dependência total do respirador. Para equilibrar o
efeito da PEEP intrínseca, PEEP externa deve ser aplicada até um nível ≤ 85% da PEEP
intrínseca (regulagem típica de 5 a 10 cm H2O). Essa aplicação diminui o trabalho
inspiratório da respiração, sem aumentar a hiperinflação dinâmica. Taxas altas de
fluxo inspiratório devem ser usadas para maximizar o tempo de expiração. Essas
regulagens minimizam o risco de alcalemia que ocorre após uma ventilação inicial
excessivamente vigorosa. Hipotensão também pode ocorrer imediatamente após
entubação (ver também also Complicações da ventilação mecânica e salvaguardas).
A maioria dos pacientes requer suporte ventilatório total durante 24 a 48 h antes de
se considerarem testes de respiração espontânea. Não foi determinado se essa
duração de tratamento é necessária para repousar os músculos respiratórios ou para
permitir a diminuição da hiperinflação, aumentando assim a força da musculatura
respiratória. Com frequência, o paciente dorme pesadamente durante esse período
e, em contraste com os pacientes asmáticos, tipicamente necessita de pouca
sedação. Frequentemente, repouso adequado só é alcançado se for dada atenção
suficiente ao esforço contínuo do paciente. Esse esforço pode se manifestar como
uso de músculos acessórios, pressões das vias respiratórias inadequadamente baixas
no início ou ao longo da inspiração, ou incapacidades frequentes de ativar o
respirador, indicando alta PEEP intrínseca, fraqueza ou ambos.
Espirometria de incentivo
Garantir analgesia adequada para incisões torácicas e abdominais
Posicionamento ereto
Mobilização precoce
Atelectasia causada por distensão abdominal deve ser aliviada conforme a causa (p.
ex., sucção nasogástrica para excesso de ar intraluminal, paracentese para esvaziar
ascite tensa).