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Asma Bronquica

Asma é uma doença inflamatória, crónica, episódica, caracterizada por hiperreactividades das
vias respiratórias que cursa com obstrução (parcial ou total) reversível das mesmas.

Quando o asmático apresenta-se com os sinais e sintomas de asma estamos perante uma crise
deasma. Quando os sinais e sintomas (decorrentes da obstrução grave) persistem por dias ou
semanasestamos perante estado de mal asmático.

Etiologia

A etiologia da asma é complexa e multifactorial, envolvendo factores endógenos e factores


exógenos.

Factores endogenos:

 Predisposição genética (hereditariedade)


 Atopia (tendência genética para adquirir doenças alérgicas)

Factores exogenos/ambientais:

 Alergénios do ambiente doméstico (ácaros da poeira, pêlos de animais)


 Poluição ambiental (pólen, gases, partículas de poeira)
 Fumo do tabaco (incluindo fumadores passivos)
 Infecções respiratórias
 Sensibilizantes ocupacionais (veterinários, pessoal de laboratórios, agricultores)
 Desmame precoce

Factores de risco desencadeantes de uma crise asmática:

 Ar frio
 Exercício físico
 Tabaco
 Alérgenos (poeiras, pólen, fezes de animais)
 Infecções das vias respiratórias superiores (inflamação)
 Stress
 Medicamentos (AINEs, agentes Beta bloqueadores)
 Irritantes químicos (perfumes, insecticidas)
 alergia: poeira, ácaro, mofo, pólen, fezes de barata, pêlos de animais;
– infecções: viroses, como gripes e resfriados, ou ainda as sinusites;
– mudanças de tempo;
– fumaças;
– poluição;
– cheiros fortes;
– esforço físico;
– aspectos emocionais;
– outras causas: alguns tipos de medicamentos, alguns alimentos, refluxo gastro-
esofágico, causas hormonais.
Fisiopatologia

A hiperreactividade brônquica é o denominador comum da asma. A inflamação desempenha


um papel fundamental neste processo e ocasiona:

 Broncoconstrição – contracção da musculatura lisa dos brônquios;


 Edema das vias aéreas e deposição de muco – devido a inflamação;
 Perda de líquidos – aumento do trabalho respiratório e inflamação;

A obstrução das vias aéreas causa um aumento da resistência do fluxo do ar e uma redução do
fluxorespiratório fazendo com que o ar fique preso nas vias aéreas, e determinando a condição
de híperexpansão. A distensão dos pulmões permite que o ar entre, mas ao mesmo tempo
existe uma alteração dos mecanismos de trocas intrapulmonares, aumenta o trabalho da
respiração e quando o pulmão não pode expandir mais o resultado é uma hipoventilação dos
alvéolos e portanto uma hipóxia e hipercapnia (aumento da concentração de CO2 no sangue).
Em resposta a esta situação, aumenta o esforço para respirar, aumenta o consumo de
oxigénio, aumenta a actividade cardíaca e isso determina acidose metabólica que por sua vez
determina a acidose respiratória.

Estas alterações regridem espontaneamente ou por acção terapêutica, mas com o decorrer do
tempo e após sucessivos episódios, desenvolvem-se alterações que levam ao estreitamento
progressivo das vias respiratórias.
Classificacao

O quadro a seguir mostra a classificacao quanto a gravidade da asma:

Quadro clínico

 Os sinais e sintomas típicos da asma são pieira, dispneia e tosse com intensidade
variável. Os sintomas podem piorar à noite.
 Ao exame físico encontra-se taquipneia, taquicardia, tiragem, adejo nasal.
 À palpação teremos vibrações vocais normais ou diminuídas.
 À percussão teremos hiperssonoridade.
 À auscultação teremos murmúrio vesicular normal ou diminuido, com roncos e
sibilos.
 Nos casos graves teremos: paciente agitado, incapaz de adoptar uma posição, com
cianose, bradicárdia, hipotensão, abolição do murmúrio vesicular.
Complicações

 nsuficiência respiratória
 Pneumotórax
 Atelectasia
 Pneumonia
 Deformidades torácicas (tórax em tonel)
 Complicações causadas pelo uso dos corticoesteróides (osteoporose, imunodepressão,
aumento do peso, miopatia, catarata, diabetes mellitus)

Exames auxiliares e diagnóstico

O diagnóstico é fundamentalmente clínico (história de atopia, antecedente de asma, associado


aos sinais e sintomas – tosse, sibilos, dispneia). Geralmente o paciente asmático chega e já diz
que estou com asma!

No hemograma pode-se encontrar eosinofilia. Pode-se encontrar leucocitose com neutrofilia


se o factor desencadeante for infecção bacteriana, ou linfocitose se for infecção viral.

A radiografia torácica pode ser normal, ou pode apresentar sinais de hiper-insuflação


(aumento dos espaços intercostais, horizontalização das costelas) ou também pode mostrar
opacidade causada pelo colapso lobar ou segmentar quando existe obstrução por muco.

Diagnóstico diferencial

Nem tudo que sibila é asma”. É preciso efectuar o diagnóstico diferencial com outras
condições sibiliantes:

 Insuficiência cardíaca congestiva – edema dos membros inferiores, dispneia paroxística


nocturna, hepatomegália e ascite, sopro cardíaco;
.
 DPOC: Embora apresentem sintomatologia semelhante, a DPOC ao contrário da asma
geralmente inicia na idade adulta e quase sempre está associada ao tabagismo. A
atopia não é tão frequente como nos pacientes asmáticos e a dispneia é muitas vezes
associada ao esforço físico. A regressão dos sintomas da DPOC após medicação é mais
lenta do que na asma;

 Obstrução das vias respiratórias superiores por corpos estranhos, tumor, edema da
laringe – geralmente associado a estridor e não a sibilos;
 Edema pulmonar: em geral ocorre em pacientes com patologia cardíaca prévia, que
desenvolvem um quadro respiratório agudo com ortopneia, palpitações, dor torácica.
O exame físico revela alterações na dinâmica cardiovascular e a auscultação pulmonar
com roncos e fervores dispersos. A radiografia torácica ilustra processos de
consolidação difusos e em geral extensos, na altura em que já há sintomatologia;
 Pneumonia: nestes pacientes a ocorrência de tosse e taquipneia em geral está
associada a presença de dor torácica e sintomas gerais, como febre, mal-estar geral,
anorexia, fadiga. O hemograma pode apresentar leucocitose, geralmente a custa de
neutrófilos. A radiografia torácica pode mostrar as áreas de condensação (não
hiperinsuflação), mas é necessário fazer diagnóstico diferencial com atelectasia que
ocorre quando há obstrução repleta de um brônquio;

Conduta

Os objectivos principais de tratamento da asma são:

 Controlar os sintomas;
 Prevenir limitação crónica ao fluxo aéreo;
 Permitir actividades normais – trabalho, escola, lazer;
 Manter a funçào pulmonar normal ou a melhor possível;
 Evitar crises – idas às emergências ou hospitalizações;
 Reduzir a necessidade de uso de broncodilatador para alívio;
 Minimizar os efeitos adversos da medicação;
 Prevenir a morte;

Podemos dividir o tratamento em: tratamento da crise e tratamento de manutenção:

Tratamento da crise:
 ß2 – agonistas – Salbutamol solução nebulizável (5mg/ml): diliuir 0.5 a 1 ml em soro
fisiológico até perfazer 2-4 ml de solução e inalar até terminar o aerossol (máximo 3
doses)
 Efeitos secundários: tremor fino, nervosismo, cefaleia, palpitações, hipokalémia
 Contra-indicações: evitar ou usar com muito cuidado em pacientes com insuficiência
cardíaca, arritmias cardíacas, hipertensão arterial, hipertiroidismo e diabetes

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