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Pneumonia é uma infecção respiratória aguda, com afecção segmentar, lobar, ou multilobar do
parênquima pulmonar.
Pneumonia significa inflamação do parênquima pulmonar. A maior parte das pneumonias são
causadas por agentes infecciosos, mas podem também ser causadas por agentes químicos,
aspiração de alimentos ou trauma. Para fins didácticos, vamos usar o termo pneumonia para nos
referirmos à pneumonia infecciosa.
Epidemiologia
A pneumonia é uma das principais causas de morte em todo o mundo. Afecta todas as idades, mas
é mais frequente em crianças, idosos e em pacientes imunocomprometidos. No nosso meio, as
pneumonias estão entre as 5 principais causas de consulta, internamento e de mortalidade. O
número de casos em adultos vem aumentando gradualmente, em associação ao HIV.
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o mais susceptível à infecção pulmonar. Abaixo, estão listados alguns dos factores de risco que
predispõe à pneumonia:
Modificáveis
Fumo do tabaco
Poluição ambiental
Não modificáveis
Virulência do agente infeccioso
Intensidade da infecção
Fisiopatologia da pneumonia
O mecanismo mais comum de aquisição da pneumonia é a aspiração de microrganismos da
orofaringe. Normalmente 50% dos adultos aspiram durante o sono. A aspiração aumenta com a
depressão do nível de consciência (alcoólatras, usuários de drogas, pacientes com AVC ou
convulsões, entre outros). Depois de vencer todas as barreiras (pelos, cílios e actividade
mucociliar, factores antibacterianos locais, macrófagos) ocorre a inflamação. Esta inflamação é
responsável pela febre (via interleucinas, principalmente a interleucina 1 e factor de necrose
tumoral), quimiotaxia (liberação de neutrófilos e sua atracção ao local causando leucocitose
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periférica), extravasamento alvéolo-capilar (líquido, eritrócitos responsáveis pela dispneia,
hemoptise, fervores crepitantes e infiltrados radiográficos) e preenchimento do espaço alveolar
(responsável pela dispneia, hipoxémia – acidose metabólica). Adicionalmente, a síndrome de
resposta inflamatória condiciona a estimulação do centro respiratório e consequente
acidose/alcalose respiratória.
A pneumonia típica caracteriza-se por início súbito de febre, tosse produtiva com escarro
purulento e dor torácica pleurítica (tipo “pontada” ou “facada” que se exarceba com os movimentos
respiratórios). À auscultação pulmonar encontra-se fervores crepitantes, sopro tubário,
broncofonia e pectorilóquia.
A pneumonia atípica caracteriza-se por início mais gradual, tosse seca e predomínio de sintomas
extrapulmonares (cefaleia, mal-estar, mialgias, odinofagia orofaríngea, desconforto
gastrointestinal) e ao exame físico podemos ouvir fervores crepitantes)
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Complicações da pneumonia
Derrame pleural e empiema
Atlectasia (colapso de parte ou de todo o pulmão)
Pneumotórax
Abcesso pulmonar
Insuficiência respiratória
Bacteriémia e originar focos de infecção a distância (meningite, artrite, endocardite,
entre outras)
Sépsis e morte
Pode revelar leucocitose (com neutrofilia) nas pneumonias bacterianas. Linfocitose ou monocitose
nas pneumonias virais. Eosinofilia nas pneumonias parasitárias.
Pode identificar o microrganismo (gram positivo, gram negativo). A demonstração de flora mista
no exame de Gram sugere infecção anaeróbica.
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Tuberculose pulmonar – apresenta um quadro de Febre, Emagrecimento, Sudação
(principalmente nocturna), Tosse produtiva há mais de 2 semanas e Astenia
Edema pulmonar- em geral ocorre em pacientes com patologia cardíaca prévia, que desenvolvem
um quadro respiratório agudo com ortopneia, palpitações, dor torácica. Não é comum a presença
de febre. O exame físico revela alterações na dinâmica cardiovascular e a auscultação pulmonar
com roncos e fervores bolhosos dispersos.
Asma- em geral o paciente apresenta antecedentes pessoais e familiares de asma. Estão presentes
tosse e taquipneia, mas a febre não é comum. A auscultação pulmonar revela roncos e/ou sibilos.
Conduta da pneumonia
Tratamento não farmacológico
Repouso
Hidratação (consumo de muitos líquidos 2 a 3 litros/dia)
Fisioterapia respiratória - é útil para aumentar a eliminação de secreções, evitando ou
diminuindo o seu acúmulo nas vias aéreas
Tratamento farmacológico
Amoxicilina 250 mg e ácido clavulâmico 125 mg: 500 a 1000 mg (de amoxicilina) de 8
em 8 horas durante 7 a 14 dias (geralmente 10 dias) ou
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Eritromicina: 500 mg de 6 em 6 horas durante 7 a 14 dias ou
Penicilina Procaína IM: 600.000 – 1.200.000 UI/dia ou de 12 em 12 horas durante 7 a 14
dias ou
Cotrimoxazol: 400 mg de sulfametoxazol e 80 mg de trimpetropim – 800 mg de
sulfametoxazol (2 comprimidos) de 12 em 12 horas durante 7 a 14 dias
Pneumonia hospitalar
Depende do agente etiológico suspeito, pelo que em caso de fungos (anti-fúngicos – fluconazol)
ou Pneumocystis jirovecci – o cotrimoxazol em altas doses
Logo que os sinais e sintomas melhorarem e puder ser tolerado medicação oral, passar para a
medicação acima citada pelo tempo que falta.
Critérios de referência/transferência
A decisão do internamento ou de referência para unidades sanitárias com internamento é uma
medida que pode salvar a vida de pacientes graves, pelo que os clínicos devem conhecer os sinais
de gravidade que alertam para a necessidade de aumentar o nível de prestação de cuidados ao
paciente.
Pacientes graves, com sinais de instabilidade como ansiedade, cianose, febre alta de difícil
controlo, taquipneia, hipotensão e hipoxemia.
Afecção extensa do parênquima pulmonar.
Depressão do nível de consciência e outras alterações do sistema nervoso central como
confusão mental.
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Pacientes idosos (mais de 65 anos de idade).
Pacientes que não melhoram com a antibioticoterapia instituída após 48-72h.
Choque circulatório/séptico.
Derrame pleural
Derrame pleural é o acúmulo anormal de líquido na cavidade ou espaço pleural (entre as pleuras
parietal e visceral).
O derrame pleural não é uma doença mas sim uma manifestação de outras doenças.
Epidemiologia
O derrame pleural é bastante comum em patologia respiratória e cardiovascular. Não existem dados
epidemiológicos sobre a incidência de derrame pleural no nosso País, mas sabe-se pela prática
clínica, que as etiologias infecciosas (principalmente a tuberculose) e não infecciosas (insuficiência
cardíaca) têm levado a sua ocorrência.
Transudado
Insuficiência cardíaca congestiva (principalmente)
Cirrose
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Desnutrição
Embolia pulmonar
Síndrome nefrótica
Exsudado
Tuberculose (principalmente)
Pneumonia (viral, bacteriana, fúngica, parasitária)
Cancro pulmonar (inclui sarcoma de kaposi) primário ou secundário
Pancreatite
Quilotórax
Traumatismo (Hemotórax )
Embolia pulmonar
Dispneia- é mais comum nos derrames volumosos. Em pacientes com derrame pleural unilateral,
a dispneia alivia-se ou agrava-se com determinado decúbito lateral. Um paciente com dispneia em
decúbito lateral esquerdo e que se alivia com o decúbito lateral direito, sugere que o derrame pleural
é a direita. Um paciente com dispneia em decúbito lateral direito e que se alivia com o decúbito
lateral esquerdo sugere um derrame pleural a direita
Tosse- é geralmente seca mas pode ser produtiva se houver lesão parenquimatosa concomitante.
Dor torácica- é mais intensa na fase inicial e melhora com o aumento do derrame pleural. É
também chamada dor pleurítica, e manifesta-se geralmente como pontada, que agrava com os
movimentos respiratórios (principalmente a inspiração profunda) ou com a tosse.
Outros sintomas como a febre e emagrecimento podem estar presentes, dependendo da patologia
de base.
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Ao exame físico teremos o seguinte:
Inspeção
Expansibilidade diminuída
Abaulamento torácico
VV diminuído ou abolido
Percussão
Auscultação
Complicações do derrame
A principal complicação é a insuficiência respiratória (por compressão do parênquima pulmonar)
que pode levar a morte. No entanto, sequelas durante a resolução do derrame podem surgir como
o espessamento pleural, aderências pleurais que dificultam a mecânica ventilatória e
expansibilidade pulmonar.
Raio x do tórax
As imagens normalmente mostram opacificação homogénea nas bases e áreas laterais dos pulmões,
com o limite superior côncavo (linha de Ellis Damoiseau) e apagamento do ângulo costo-frénico.
O derrame pode ser vasto, e nessas condições observa-se desvio da traqueia e dos outros órgãos do
mediastino para o lado oposto.
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Toracocentese
O estudo do líquido pleural é feito através da toracocentese diagnóstica, que nos permite:
Síndromes bronquicas
sindromes pulmonares
sindromes pleurais
Fisioterapia respiratória: deve ser instituída o mais precocemente possível de forma a minimizar
o aparecimento de sequelas a nível pulmonar (aderências pleurais, fibrotórax)
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Tratamento medicamentoso
O tratamento medicamentoso depende da causa: se tuberculose (medicamentos anti-tubeculose),
se pneumonia bacteriana (anti-bacterianos apropriados), se insuficiência cardíaca (controlo da IC).
Os corticoesteróides tem alguma utilidade em determinados derrames (como na TB).
Derrames de difícil controlo ou que a causa não está estabelecida, devem ser referenciados ao
médico.
Empiema
Empiema é o termo usado para designar a acumulação de pus (liquido purulento) na cavidade
pleural, podendo ocupar todo espaço pleural ou apenas parte dele (empiema enquistado)
Fisiopatologia do Empiema
Etiologia do Empiema
O empiema resulta geralmente de infecções a nível das estruturas vizinhas, contudo outras causas
podem estar envolvidas.
As pneumonias são a principal causa das infecções pulmonares causadoras de empiema, através da
sobre-infecção dos derrames pleurais parapneumónicos (derrame pleural associado à pneumonia).
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O quadro clínico inclui também manifestações sistémicas relacionadas ao empiema em si, ou à
causa de base. Os mais frequentes são: febre, emagrecimento, suores nocturnos, astenia, entre
outros.
Complicações do empiema
Insuficiência respiratória
Os empiemas enquistados localizam-se perifericamente. Podem conter gás e apresentar nível hidro-
aéreo, dando o aspecto de um abcesso pulmonar. Um dado importante é que enquanto os abcessos
pulmonares são arredondados e bem delimitados, os empiemas enquistados são geralmente
periféricos e têm a forma de um ‘ D ’ com a linha curva virada para o hilo
Toracocentese diagnóstica
Pode identificar o(s) microrganismo(s) se são Gram positivo ou se são de Grarm negativo
Baciloscopia
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Conduta do empiema
O tratamento do empiema visa curar a infecção e retirar o pus acumulado no espaço pleural.
tratamento nao medicamentoso
Fisioterapia respiratória: deve ser instituída o mais precocemente possível de forma a minimizar
o aparecimento de sequelas a nível pulmonar (aderências pleurais, fibrotórax)
Derrames de difícil controlo ou que a causa não está estabelecida, devem ser referenciados ao
médico.
Se o líquido pleural é espesso e não é possível drená-lo por toracocentese, é necessário transferir
para uma unidade sanitária com capacidade cirúrgica para se efectuar a drenagem torácica.
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