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Cuidados do paciente com pneumonia

Uma pneumonia consiste numa inflamação do parênquima pulmonar, que


corresponde à área do pulmão onde se dão as trocas gasosas, essenciais para a
manutenção da vida .Na pneumonia, os alvéolos e os bronquíolos respiratórios, que se
localizam nesse parênquima pulmonar, ficam preenchidos com um líquido resultante
dessa inflamação, não sendo capazes de realizar as trocas gasosas e reduzindo a
elasticidade do pulmão devido à consolidação das zonas do parênquima, o que
provoca dificuldade respiratória .De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a
pneumonia é a principal causa de mortalidade na criança em todo o Mundo. Por ano,
morrem cerca de 1,2 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade por
pneumonia. Estas mortes são ainda mais lamentáveis quando se sabe que a as crianças
podem ser protegidas contra a pneumonia e que o tratamento é relativamente simples
e barato na maioria dos casos. A pneumonia, de um modo geral, tem uma causa
infecciosa, bacteriana ou não.
Estima-se que a “pneumonia da comunidade”, a forma mais comum, possa causar,
considerando todas as idades, até cerca de 12 casos por mil habitantes/ano sendo as
crianças e os idosos os mais afetados e aqueles em que as formas da doença são mais
graves, causando um maior número de internamentos. A
pneumonia é uma das principais causas de hospitalização e mortalidade em Portugal.
Em 2008 foram internados nos hospitais portugueses mais de 50.000 doentes por
pneumonia. A taxa de mortalidade é de 27,8/100.000 habitantes. A doença é mais
frequente em países subdesenvolvidos, onde a mortalidade também é maior.

Quais as causas da pneumonia?


A maior parte das pneumonias é adquirida através da aspiração de bactérias que
existem normalmente na parte superior da nasofaringe e se tornam agressivas em
determinadas condições.
Podem também surgir através de inalação de gotículas infetadas provenientes de
outros doentes, como no caso das pneumonias virais.
Em casos menos frequentes, a pneumonia surge após a inalação de gotículas infetadas
a partir do meio ambiente ou de partículas infetadas com origem em animais.

Os agentes podem ser bactérias, vírus ou fungos, sendo os mais comuns:

 Streptococcus pneumoniae – a causa mais comum de pneumonia bacteriana;


 Haemophilus influenzae type b (Hib) – a segunda causa mais frequente de
pneumonia bacteriana;
 Vírus respiratório sincicial, a causa viral mais comum

Quando o sistema imunitário está debilitado, o risco de pneumonia é mais elevado,


como acontece na desnutrição, infeção pelo VIH/SIDA e quando existem outras
doenças associadas.
A poluição, o tabaco e os espaços muito densamente habitados são também fatores de
risco para a pneumonia.
Os idosos, pessoas que vivem em instituições sociais ou lares, alcoólicos ou
toxicodependentes, são outros grupos de risco.
As pneumonias adquiridas no hospital são particularmente graves porque nos
hospitais existe uma grande variedade de microrganismos, alguns dos quais muito
resistentes aos antibióticos, e que podem causar pneumonia nos doentes internados
por outros motivos. A situação é agravada pelo facto de muitos destes doentes terem
outras doenças associadas ou estarem sujeitos a medicações que diminuem a sua
capacidade de defesa.

Como se manifesta a pneumonia?


A chamada “pneumonia da comunidade” pode ser classificada em típica e atípica; na
típica os sintomas são sobretudo respiratórios, porque os agentes causadores são
essencialmente respiratórios; na atípica os doentes referem muitos sintomas extra-
respiratórios, simulando uma doença mais generalizada. Esta classificação é
importante porque o tratamento será diferente num caso e noutro.
A pneumonia adquirida na comunidade é definida como a apresentação de sinais,
sintomas e alterações radiológicas de pneumonia num doente que vem da
comunidade e que desenvolve este quadro normalmente até 48h após a admissão no
hospital.
A pneumonia hospitalar ou nosocomial é aquela que ocorre 48h após o internamento
e que não estava em incubação na altura da admissão.
A pneumonia não apresenta sintomas específicos que permitam um diagnóstico
imediato. De facto, os sintomas que normalmente se observam são comuns a muitas
outras doenças do aparelho respiratório e de outros sistemas.
Os sintomas mais comuns são a febre, muitas vezes elevada, arrepios de frio, tosse
com mais ou menos expetoração de cor amarelada, esverdeada ou cor de ferrugem,
dificuldade respiratória ou mesmo falta de ar, dor torácica, dor de cabeça ou
musculares. Estes sintomas instalam-se geralmente de forma rápida e podem, ou não,
existir todos ao mesmo tempo. Na maioria dos casos a evolução é benigna, embora
alguns casos tenham um mau prognóstico.
Na realidade, apesar do aparecimento de novos medicamentos e técnicas de
tratamento a pneumonia da comunidade continua a causar a morte em cerca de 1%
dos doentes.
A sua gravidade depende do agente responsável, da idade e do estado de saúde do
doente antes do aparecimento da doença e da instituição de uma terapêutica
adequada. Um diagnóstico precoce e um tratamento correto são, pois, a chave para o
sucesso.

Cuidados de Enfermagem ao doente com Pneumonia


São inúmeros os cuidados que os enfermeiros devem ter com os pacientes , no que diz
respeito ao tratamento da pneumonia. Como estão em contato direto com os doentes,
é imprescindível que eles tomem medidas que visem a melhora destes, tais como:
 Auxiliar o paciente a tossir produtivamente, apoiando o seu tórax durante a
tosse e umidificando o ar para liquefazer as secreções e melhorar a ventilação.
Encorajar a ingestão de líquidos.
Administrar o antibiótico prescrito pelo médico nos intervalos de tempo
corretos.
 Observar o paciente para náusea, vômito, diarreia, erupções e reações nos
tecidos moles.
 Fornecer oxigênio, conforme prescrito, para a dispneia, distúrbio circulatório,
hipoxemia ou delírio.
 Monitorar a resposta do paciente à terapia.
 Encorajar o paciente a repousar o máximo possível
 Auxiliar o paciente a assumir uma posição confortável e mudar de posição com
frequência.
 Avaliar o nível de consciência antes que sedativos ou tranquilizantes sejam
administrados.
 Monitorizar a ingestão e excreção, à pele e os sinais vitais.
 Monitorizar o estado respiratório, incluindo frequência e padrão da respiração,
sons respiratórios e sinais e sintomas de angústia respiratória.

Manejo Clínico

Anamnese

Principais queixas:
→ Quadro típico: Febre alta de início súbito, muitas vezes com calafrios, dor torácica
de característica pleurítica (em pontada, bem localizada, ventilatório dependente),
tosse com expectoração purulenta, dispneia e queda do estado geral;
→ Quadro atípico: Febre baixa a moderada (< 39ºC), de evolução subaguda, em geral
sem calafrios, com tosse seca e estado geral pouco comprometido. A tosse é o sintoma
predominante, dispneia e dor pleurítica são mais raros. Pode apresentar mialgia,
faringite não exsudativa, cefaleia, dor abdominal, diarreia, rash cutâneo, e/ou
confusão mental. Parágrafo de texto.
→ Principais critérios de gravidade: Alteração do nível de consciência, taquipneia (>
30 irpm), toxemia, hipotensão, utilização de musculatura acessória, hipotermia (<
35ºC) ou febre (> 40ºC), taquicardia > 125 bpm.
Exame Físico
Deve-se:
 Avaliar o cliente quanto à ocorrência de febre, calafrios, sudorese noturna, dor
do tipo pleurítico, fadiga, taquipneia, uso dos músculos acessórios para a
respiração, bradicardia ou bradicardia relativa, tosse e escarro purulento
 Monitorar o cliente: alterações na temperatura e no pulso; quantidade, odor e
coloração das secreções; frequência e intensidade da tosse; grau de
taquipneia ou falta de ar; alterações nos acha- dos do exame físico
(principalmente avaliados por inspeção e ausculta do tórax); e alterações nos
achados das radiografias de tórax.
 Avaliar os clientes idosos quanto à ocorrência de comportamento incomum,
alteração do estado mental, desidratação, fadiga excessiva e IC
concomitante.
Terapia farmacológica
 São prescritos antibióticos com base nos resultados de cultura, antibiograma e
diretrizes para a escolha dos antibióticos (devem-se considerar os padrões de
resistência, prevalência dos microrganismos etiológicos, fatores de risco,
cliente internado ou ambulatorial, custos e disponibilidades dos agentes
antibióticos).
 O tratamento de suporte consiste em hidratação, antipiréticos, medicamentos
antitussígenos, anti-histamínicos ou descongestionantes nasais
 Administra-se oxigenoterapia para a hipoxemia.
 O suporte ventilatório inclui altas concentrações de oxigênio inspiratório,
intubação endotraqueal e ventilação mecânica.
 Tratamento do choque, da insuficiência respiratória ou do derrame pleural, se
necessário .
 Para grupos com alto risco de PAC, recomenda-se vacinação pneumocócica.
 Recomenda-se o repouso no leito até que sejam evidenciados sinais de
resolução do processo infeccioso

Exposição de Risco
 Pacientes em instituições superlotadas (ex.: presídios): Risco aumentado de
pneumococo, Mycoplasma, Chlamydophila, Mycobacterium.
 Moradores de casas de repouso/asilo: Risco aumentado de pneumonia por
Gram-negativos e anaeróbios.
 Tabagistas e portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica: Risco
aumentado de pneumonia por hemófilo e Moraxella catarrhalis.
 Imunossuprimidos e portadores de doença pulmonar estrutural (fibrose cística,
bronquiectasia): Risco aumentado de pneumonia por Pseudomonas
aeruginosa e S. aureus.
 Broncoaspiração, alcoolismo, uso de drogas, disfagia, doença do refluxo
gastroesofágico, rebaixamento do nível de consciência, crise convulsiva:
Risco aumentado de pneumonia por Klebsiella pneumoniae.
 Usuário de drogas endovenosas: Risco aumentado de pneumonia por S. aureus.
 Exposição animal: Gatos, ovelhas e bodes (C. burnetti, B. anthracis); aves (C.
psittaci); roedores (F. tularensis, Y. pestis).
 Legionella sp.: Exposição a sistema de ar condicionado ou água contaminados.
 Infecção secundária à influenza: Risco aumentado de pneumonia por S. aureus.

Diagnóstico de Enfermagem
1. Troca gasosa prejudicada.
2. Dor aguda.
3. Padrão Respiratório insuficiente
4. Intolerância a atividade.
5. Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais.
6. Hipertermia
7. Conhecimento deficiente.
8. Risco de Intolerância a atividade.
9. Risco de volume de líquidos deficiente.
10. Risco de infecção.
Intervenção de Enfermagem
1. Oxigenoterapia
2. Aspiração de vias Aéreas
3. Assistência Ventilatória
4. Monitoração respiratória
5. Terapia nutricional
6. Monitoração nutricional
7. Controle do ambiente
8. Ensino: processo da doença
9. Terapia Ocupacional
10. Promoção do exercício
11. Controle de medicamentos
Resultados Esperados
 Estado Respiratório: permeabilidade das vias aéreas.
 Melhora dos Sinais Vitais
 Resistência
 Repouso
 Autocuidado: atividades da vida diária
 Controle da Dor

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