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BRONQUIOLITE AGUDA

Bronquiolite Aguda
João Lage

Definição: Bronquiolite viral aguda é uma infecção respiratória aguda, de


etiologia viral, que compromete as vias aéreas de pequeno calibre
(bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo, levando a um
quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade.
Geralmente a doença acomete predominantemente crianças com até 1 ano de
idade, e dentre elas principalmente as com 6 meses de idade e ainda mais
prematuros.
O principal agente é o vírus respiratório sincicial (VRS). Outros agentes
também podem estar envolvidos como o vírus da parainfluenza tipo 3 e alguns
adenovirus.
Fatores de risco:
         Lactentes com cardiopatia congênita
         Imunodeficientes
         Doença pulmonar crônica da prematuridade
         Prematuridade
         Desnutrição
         Desmame precoce
         Contato com fumaça de cigarro ou poeira.
Fisiopatologia
O VRS provoca lesão citotóxica direta, desencadeando processos
imunopatológicos, em que linfócitos T, neutrófilos e eosinófilos desempenham
importante papel. Mediadores inflamatórios são liberados causando edema de
submucosa e adventício, bem como, hipersecreção de muco podendo levar a
obstrução bronquiolar. Como consequência, há o desequilíbrio na relação
ventilação/perfusão, que resulta em hipoxemia, presente em todos os casos.
Os casos mais graves podem evoluir com hipercapnia e acidose respiratória.
Manifestações clínicas
Caracteriza-se por sibilância com, ou sem, tosse, taquipnéia e esforço
respiratório, acompanhados de outras evidencias de doença viral. Pode ocorrer
dificuldade alimentar e em casos mais graves insuficiência respiratória.
Diagnóstico
Fundamenta-se em critérios epidemiológicos, clínicos e radiológicos.
Frequentemente há evidencia de vias aéreas superiores nos contatos. Após 
um período de incubação de 4 – 5 dias, o lactente passa a apresentar sinais de
infecção respiratória alta, tipo rinofaringite. Pode estar afebril ou ter grau
variável (37,5°C – 39,0°C). Em 48 a 72 horas, agrava-se o quadro, com
taquidispnéia, tosse, sibilos expiratórios e, às vezes crepitações
teleinspiratórias. Conjuntivite e OMA são observadas com frequência. Há relato
de apneia.
He regressão progressiva dos sintomas, observando-se melhoras em três a
quatro dias e normalização da frequência respiratória e gasometria em uma a
duas semanas. No entanto, 20% dos pacientes podem apresentar um curso
protraído com sibilância persistente, indicativa de hiperreatividade brônquica
pós-viral, hiperinsuflação pulmonar e alterações na gasometria, que podem
persistir por alguns meses.
Alterações radiológicas: são inespecíficas
         Hiperinsuflação (61%)
         Espessamento peribrônquico (46%)
         Atelectasia (12%)
         Consolidação (24%)
O leucograma e  a Proteina C reativa podem ser de valor quando há suspeita
de complicações bacterianas, que são pouco frequentes.

Gasometria: A gasometria consiste na leitura do pH e das pressões parciais


de O2 e CO2 em uma amostra de sangue.

Diagnóstico diferencial:
         ICC
         Pneumonias bacterianas
         Síndromes aspirativas
         Coqueluche
         Fibrose cística
         Asma (é o principal diagnostico que se confunde) – Neste caso a HF, o início
súbto, sem infecções e a resposta aos bronquiodilatadores são dados que
favorecem o diagnóstico de asma.
Tratamento
A família deve ser esclarecida sobre a natureza e a evolução natural da
enfermidade, para que haja compreensão das medidas terapêuticas. Princípios
a serem considerados:
         O paciente não deve ser agredido com drogas ou procedimentos
desnecessários;
         Não existe tratamento específico, mas sim, medidas de suporte.
         Criança deve ser mantida em posição confortável com o tórax ligeiramente
elevado;
         A dieta deve ser oferecida em pequenos volumes com maior frequência;
         A hidratação adequada favorece a eliminação de secreções e deve ser
baseada nas necessidades diárias., acrescidas de perdas verificadas.
         Oxigenioterapia
         Em situações mais graves a adrenalina por sua ação adrenérgica de dilatação
bronquiolar pode ser útil.
         Ribavirina (Ribavirin): é a única droga disponível contra o VRS. É descrita
como um virustático, significando que a sua presença evita a formação de
novas partículas virais. A inibição da replicação viral permite que uma resposta
imunológica do hospedeiro se desenvolva naturalmente, para o combate da
infecção viral. Apresenta alto custo e difícil aplicação, alem de possuir um
grande potencial teratogênico. É recomendada apenas em casos de
bronquiolite aguda grave, quando há maior risco de insuficiência respiratória.
         Palivizumab (Synagis): anticorpo monoclonal contra VRS. Quando usado
mensalmente mostrou-se eficaz em reduzir as internações por bronquiolite
aguda. É indicado, portanto, na prevenção em pacientes pediátricos com alto
risco para doença por VRS.

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