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Casos Clínicos - TOSSE CRÔNICA


Date

Disciplina Pneumologia

Finalizado

Tosse crônica
Tosse com duração ≥ 8 semanas (2 meses)

Todo paciente com tosse crônica deve ser investigado com radiografia de
tórax, além da anamnese e exame físico

CASO 1: paciente com 25 anos, masculino, tosse com expectoração


mucopurulenta há mais ou menos 2 meses. Espirros e coriza
eventuais relacionados à inalação de poeira e cheiro fortes.
Pulmões limpos. A radiografia de tórax é normal.

Cite as principais hipóteses diagnósticas:

Rinossinusite: é o diagnóstico, pois o paciente apresenta alergia e é


uma das principais causas de tosse crônica com raio-x de tórax normal.

A rinossinusite vem acompanhada por quadro de tosse principalmente


quando o paciente não apresenta queixa nasal.

Isso acontece porque a secreção produzida nas vias aéreas


superiores pode não drenar anteriormente (saída pelas narinas),
descendo pela nasofaringe (secreção posterior) drenado em direção
à glote, provocando um quadro de tosse reflexa. Isso é o que

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chamamos de aspirado retrofaríngeo - secreção que vem das VAS,
desce pela faringe em direção à glote e o pct tosse

O que justifica a tosse mucopurulenta na rinossinusite? devido


ao gotejamento pós-nasal.

DRGE: pode apresentar tosse seca ou produtiva; pode causar uma


traqueobronquite aspirativa, à semelhança da rinossinusite, proveniente
de gotículas do conteúdo gástrico (tosse produtiva). Também existem
pacientes que não fazem aspiração, mas fazem tosse por reflexo mediado
pelo vago quando o ácido chega no 1/3 inferior do esôfago (tosse seca).

A tosse pode ser a única manifestação da DRGE; pode referir azia,


empachamento pós-prandial e eructação - o que pode auxiliar no
diagnóstico

A DRGE é menos frequente do que as outras duas causas de tosse


crônica com rx normal;

A tosse decorrente do refluxo predomina no período diurno e não está


associada a manifestações típicas do RGE (pirose e regurgitação) em
até 75% das vezes

Asma/hiperreatividade brônquica com quadro de tosse isolada sem dispneia


é infrequente (5-10%), mas pode ocorrer.

🫁 A asma é uma das principais causas de tosse crônica em adultos não


tabistas. Usualmente a tosse é acompanhada de dispneia e chiado no
peito em pacientes com asma, no entanto, alguns indivíduos podem
apresentar a tosse como único sintoma da doença. Essa condição é
conhecida como tosse variante da asma (TVA); esses pacientes
apresentam exame físico e função pulmonar normais. Sendo assim, o
diagnóstico da TVA pode ser feito através de um teste de
broncoprovocação com metacolina positivo, mas o diagnóstico
definitivo só ocorrerá após resolução da tosse com um tto específico
para asma.

Bronquite eosinofílica não asmática também é uma hipótese diagnóstica no


caso de tosse crônica com raio-x normal; a BE pode estar presente na
ausência de asma, em fumantes ou ex-fumantes, com ou sem doença pulmonar
obstrutiva crônica, e em portadores de tosse crônica sem asma.
Distingue-se da asma por não possuir as características fisiológicas da
asma, como: broncoconstricção e hiperresponsividade das vias aéreas. O
diagnóstico é confirmado pela presença de eosinofilia no escarro
espontâneo ou induzido.

O paciente com tosse e hiperreatividade brônquica tem asma e deve


receber o tto adequado; o paciente com tosse que tem eosinófilos no
escarro, mas sem hiperreatividade brônquica tem bronquite
eosinofílica.

Tosse crônica com radiografia de tórax normal: DRGE, asma e rinossinusite.


Além disso, lembrar que alguns medicamentos ocasionam a tosse, como IECA.
Nesses casos, trocar o medicamento sempre.

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Quais exames solicitar?

Para rinossinusite: endoscopia nasal é um exame que pode ser feito. Além
disso, há também a TC dos seios da face, nos casos mais crônicos e
recidivantes.

Para asma: quando a asma vem com, predominantemente, tosse não é comum
ter ausculta com sibilo. Além disso, nesses pacientes, a espirometria
também virá normal.

Espirometria com prova broncodilatadora (paciente com tosse, sem


dispneia e sem sibilo - exame normal)

Citologia da secreção nasal: a expectoração mucopurulenta pode ser


excesso de células inflamatórias

Broncoprovocação 🥇 porém o pct tem risco de fazer broncoespasmo


importante, por isso, na prática, não é muito utilizado

Caso o VEF1 diminua mais de 20% depois de inalar uma concentração


de metacolina inferior a 8mg/mL, o paciente tem hiperreatividade
brônquica

Teste terapêutico

Para DRGE: endoscopia digestiva alta (alterada em cerca de 65% dos pcts;
mas EDA normal não exclui DRGE), pHmetria, teste terapêutico - paciente
assintomático, com EDA normal, IBP 2-3 semanas e apresenta melhora; caso
paciente seja sintomático, o teste é feito com IBP por 3 meses para
avaliar reposta do paciente.

⚠ Tosse crônica com raio-x alterado:

Bronquite crônica: condição em que há inflamação das vias aéreas


menores (brônquios e bronquiolos) do pulmão. A inflamação
persistente provoca estreitamento dessas vias aéreas que, se durar
muito tempo, torna-se persistente. A causa mais comum é o
tabagismo, embora a exposição a substâncias irritantes no trabalho
também possa causar essa consição. É um tipo de doença pulmonar
obstrutiva crônica. O sintoma mais comum é tosse com muco, além de
falta de ar durante exercício, chiado ao respirar, cansaço, dores
de cabeça e desconforto no peito.

DPOC

Bronquiectasia

Tuberculose

CASO 2: paciente 22 anos, feminina, referindo tosse com


expectoração mucopurulenta, sem febre ou dispneia há +/- 12
dias. Sem dor torácica, anorexia ou perda de peso. Refere ter
“gripes” frequentes, cuja sintomatologia é semelhante à atual 2
a 3 vezes por ano nos últimos 3 anos, que melhoram com

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antibióticos. Refere hemoptoicos em 3 destes episódios. Nega
tabagismo. Viroses na infância. A ausculta pulmonar apresentava
apenas roncos esparsos. Radiografia de tórax e face não
evidenciou alterações.
Note que o caso da tosse da paciente não é crônica, pois tem apenas 12
dias; tosse crônica é ≥ 8 semanas. Além disso, pct apresenta caso de
repetição.

⚠ Sinais de alerta em pacientes com tosse: hemoptise, emagrecimento,


dispneia, presença de estridor, tabagismo pesado (> 20 cigarros/dia),
contato de paciente com tuberculose

Cite as principais hipóteses diagnósticas:

Pneumonia

O quadro clássico é: história aguda (1-3 dias de evolução) com febre


+ tosse + expectoração mucopurulenta. Pode haver outros sintomas
associados ou não, como dor torácica, dispneia etc.

O paciente do caso não apresenta febre (há pneumonia sem febre,


mas não é comum no adulto jovem. Idosos podem fazer pneumonia sem
febre com mais frequência). Sendo assim, só pensaremos em
pneumonia sem febre em pacientes jovens depois de excluir outros
diagnósticos mais prováveis

Além disso, pneumonia quanto tratada com atb = cura. O histórico


de tratar com atb e mesmo assim ter recividas, não é
característico a pneumonia

Bronquiectasia: consiste na dilatação e destruição de brônquios de


grosso calibre causada pela infecção e inflamação crônica.

A maioria das bronquiectasias tem como etiologia a infecção, seja de


VAS (sinusite crônica) ou VAI (pneumonias e tuberculose);

Causas mais comuns: fibrose cística, defeitos imunes e infecções


recorrentes, embora em alguns casos pareça ser idiopática.

Os sintomas são: tosse crônica + expectoração mucopurulenta; alguns


pacientes podem apresentar também febre + dispneia

Quadro clínico básico: infecções de repetição, com ou sem hemoptise


OU hemoptises leves de repetição

Clinicamente, a tosse crônica costuma ser produtiva com


expectoração de grande quantidade de secreção mucoide, purulenta,
de escarro sanguinolento, muitas vezes na forma de hemoptise.

Halitose pode estar presente, assim como baqueteamento digital,


estertores pulmonares localizados ou difusos e sinais
propedêuticos e funcionas e hiperinsuflação pulmonar.

OBS: infecção brônquica não vê no raio-x;

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Quando o pct tem infecção brônquica sem febre, lembrar de
bronquiectasia!!!

Diagnóstico: história + exames de imagem (TC de alta resolução,


embora as radiografias de tórax poossam ser diagnósticas)

No raio-x geralmente não vê, mas em casos avançados vê “cistos”

Tratamento e prevenção das agudizações: broncodilatadores, eliminação


de secreções, antibióticos e terapêutica de complicações como
hemoptise e outras lesões pulmonares devido a infecções resistentes
ou oportunistas.

O tratamento da tosse na bronquiectasia é realizado pelo controle


da infecção

A paciente do caso apresenta o quadro clássico da doença. Há outras


doenças que podem cursar com bronquiectasia, como discenisas ciliares
e fibrose cística.

Fibrose cística: doença hereditária das glândulas exócrinas que afeta,


primariamente, os sistemas GI e respiratório. Desencadeia uma doença
pulmonar crônica, insuficiência pancreática exócrina, doença hepatobiliar e
eletrólitos anormalmente elevados no suor.

Uso frequente de antibióticos e internamento aumenta a chance de


resistência e infecção por pseudomonas

Fibrose cística dá muita bronquiectasia em crianças, sendo comum a


colonização precoce por pseudomonas e staphylococcus aureus

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⚠ 1. Quais são as bactérias que costumam infectar pacientes com fibrose
cística?

Staphylococcus aureus (mais frequente em crianças)

Pseudomonas aeruginosa (mais comum na FC em idosos - prevalência


aumenta com a idade)

2. Quais são as bactérias que costumam infectar pacientes com


bronquiectasia?

Haemophillus influenzae e pneumococos

Streptococcus pneumoniae

Moraxella catarrhalis

Pseudomonas aeruginosa

3. Qual exame deve ser realizado para o diagnóstico de bronquiectasia?

O diagnóstico é clínico com base nos achados de tosse crônica +


expectoração espessa, e em achados tomográficos demonstrando
espessamento brônquico e dilatação luminal dos brônquios.
Radiografia de tórax é anormal na maioria dos doentes, demonstrando
espessamento brônquico e opacidades eventuais, mas a extensão da

🥇 - permite avaliar a
doença não é avaliada adequadamente. Por isso, a TC de tórax de alta
resolução é padrão-ouro para o diagnóstico
extensão da doença.

Broncoscopia é bem indicada para avaliação da etiologia das


bronquiectasias, podendo descobrir neoplasias concomitantes e avaliar
pacientes com novo quadro infeccioso.

Imagem 1: raio-x de paciente com fibrose cística avançada com


bronquiectasias bilaterais extensas;

Imagem 2: TC mostrando calibre do brônquio mais aumentado que o do


vaso (normalmente deveria ser igual)
Quando o calibre dos brônquios > vasos = pensar em bronquiectasia;
quando o calibre dos vasos > brônquios = pensar em hipertensão
pulmonar.

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À medida que o brônquio se desloca à periferia, ele deve dimiuir
gradativamente o calibre. Se ele mantiver o diâmetro até alcançar a
periferia → bronquiectasia.

CASO 3: paciente de 52 anos, masculino, referindo febre alta


associado a tosse com expectoração purenta, dor torácica à
direta há +/- 4 semanas. Refere etilismo importante. Sem outras
doenças associadas. Ao exame: dentes em precário estado de
conservação e expectoração muito fétida. Murmúrio vesicular bem
distribuído com crepitação no 1/3 superior do hemitórax
direito, na sua face posterior.
TB (primeira hipótese diagnóstica): tosse + febre = TB. No entanto, note a
ausência de perda ponderal, que fala contra TB → pcts com TB podem
apresentar perda de peso já com 10-15 dias de evolução da doença. No
entanto, para descartar é necessário fazer a investigação.

Fazer teste rápido molecular (TRM) para ver a positividade do material


genético da bactéria Mycobacterium tuberculosis e se é sensível à
rifampicina (auxílio na conduta terapêutica); se o TRM der positivo, o
pct tem TB.

Baciloscopia do escarro: detecta BAAR (tanto para o M. tuberculosis


quanto para outras micobactérias atípicas)

O TRM e a baciloscopia do pct vieram negativos. 25% dos pacientes com TB


podem apresentar esses exames negativos, ou seja, esse resultado reduz a
chance mas não exclui. No entanto, se na radiografia tem cavidade, e o
paciente está com muita secreção, a baciloscopia deve dar positiva
(98%), visto que a forma cavitária é superpolibacilar. Nesse caso, se
vier negativo, muito provavelmente não será TB

Infecção fúngica: sempre que tiver suspeita consistente de TB, pode ser
fungo também - histoplasmose e paracoccidioidomicose;

Quadro febril arrastado + anorexia + perda de peso: suspeitar de


doenças granulomatosas - TB e quadros fúngicos + pacientes
soropositivos;

Fungos que podem acometer os pulmões: paracoccidioidomicose


(doença do campo), histoplasmose (pombo, galinha, morcego),
criptococose (manifestações diversas)

Pneumonia: lembrar que o quadro típico da pneumonia é AGUDO, além de febre


e tosse com expectoração mucopurulenta (com ou sem dor torácica e
dispneia). Sendo assim, devido ao quadro de 4 semanas, pneumonia não é a
principal suspeita.

Bronquiectasia infectada: também pode cursar com tosse com expectoração


amarelada, mas habitualmente não tem febre. Se o pct tem febre é porque a
infecção passou do brônquio para os alvéolos, ou seja, virou uma pneumonia.

Abscesso pulmonar sec à pneumonia aspirativa

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Paciente etilista com redução do nível de consciência, principalmente em
decúbito dorsal, tem uma tendência maior de aspirar secreção da
orofaringe, fazendo uma pneumonia aspirativa. Esse material é séptico,
principalmente se tem dentes em estado de conservação precário. Assim, a
depender da quantidade do inóculo, pode inclusive, causar necrose do
parênquima, ocasionando uma pneumonia necrosante que pode ocasionar
abscesso pulmonar. O odor importante geralmente é causado por
anaeróbios.

RX TÍPICO DE PNEUMONIA: consolidações, conteúdo inflamatório nos


alvéolos etc.

No entanto, pneumonia não costuma cursar com vômica - expectoração


abundante. Para isso, é necessário um quadro de abscesso pulmonar.
Por isso, no raio-x de tórax do paciente iremos encontrar um RX
TÍPICO DE ABSCESSO PULMONAR: cavitações com nível hidroaéreo

PD com infiltrado extenso; o processo inflamatório pode chegar a um


ponto de sofrimento vascular e o parênquima começa a necrosar. Além
disso, há um nível hidroaéreo. As hipertransparências (”queijo
suiço”) acima do nível hidroaéreo indicam que vai ter formação de
abscesso.

Quando uma pneumonia faz vários abcessos, chamamos de pneumonia


necrosante. Quando há apenas uma lesão única, chamamos apenas de
abcesso.

O tto deve ser feito contra bactérias presentes na boca: gram + e


anaeróbios. Tempo de tto: 4-6 semanas de atb

Clindamicina: efeito adverso - colite pseudomembranosa

Penicilina cristalina: ponto negativo é que é de 4/4h (custos


elevados)

Amoxicilina + clavulanato

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⚠ Durante a fase REM do sono, cerca de 70% da população faz
microaspirações acidentais, mas o sistema de defesa consegue
realizar o clearence desse inóculo bacteriano na maioria dos
casos;
Um fator de risco muito importante para os quadros de abscesso
pulmonar é a presença de dentes em precário estado de
conservação + gengivites + infecções dentárias - o que ocasiona
uma proliferação maior de anaeróbios na região proximal da via
aérea (boca e orofaringe). Assim, ao broncoaspirar o conteúdo
dessas regiões há uma maior chance de evoluir com quadro
infeccioso

Fatores de risco para alteração do nível de consciência:


etilismo, convulsões, intoxicação por neurofármacos
depressores do SNC, anestesia/sedação.

CASO 4: paciente com 17 anos, masculino, refere que viha bem


quando começou a apresentar anorexia e perda de peso há ± 3
meses. Há ± 45 dias passou a apresentar tosse seca e corpo
quente com certa frequência sem horário definido. Exame físico
sem alterações, inclusive afebril no momento do exame. A
radiografia de tórax evidenciava infiltrado alveolar no lobo
superior.
Cite as principais suspeitas e abordagem diagnóstica

TB e infecção fúngica: todo paciente com anorexia e perda de peso


associado ao quadro respiratório (doença consumptiva respiratória),
sempre pensar em doença granulomatosa (TB, histoplasma,
paracoccidioidomicose), neoplasia e doenças associadas a HIV

Doenças granulomatosas são mais frequentes em jovens.

As neoplasias de pulmão podem ser primárias ou metastásicas e qualquer


um dos dois pode ocasionar anorexia com perda de peso;

Como a tosse do pct é seca, não conseguiremos realizar cultura de


escarro

Pode-se induzir o escarro com nebulização de solução hipertônica

Lavado traqueobrônquico: injetar 20mL de soro na glote para o


paciente engasgar e jogar o material na cuba rim - ambiente deve
ser adequado, pois o pct irá aereossolizar o bacilo no ambiente

Broncoscopia com lavado broncoalveolar - consiste em injetar uma


solução estéril através do broncoscópio, através da traqueia ou
brônquios principais, e aspirá-la em seguida. O líquido deve conter
amostras de células, secreções e microorganismos do trato
respiratório inferir do paciente (sem a necessidade de intervenção
cirúrgica)

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Na prática, pode ser feito teste terapêutico quando não é possível
fazer a confirmação bacteriológica. Não fazer em fumantes acima de 45
anos com lesão sugestiva de massa porque pode ser neoplasia e o teste
terapêutico iria retardar o diagnóstico.

Através da broncoscopia pode ser realizada a biópsia transbrõnquica


(pega alvéolo);

⚠ Tosse seca + anorexia + perda de peso → TRM de escarro, raio-x de


tórrax, teste rápido para HIV, cultura (se tosse seca - solicitar
lavado broncoalveolar ou brônquico)

CASO 5: paciente 36 anos, feminina, lavradora, referindo febre


associada à tosse com expectoração mucopurulenta há ± 4 meses.
Anorexia e perda de 6kg no período. Relato de ter feito
ooforectomia bilateral por tumor há 5 anos. Sem qualquer
evidência de recidiva. Ao exame apresentava ulceração em mucosa
oral, crepitação no terço médio de ambos hemitórax.
Sintomas respiratórios prolongados + anorexia + perda de peso; suspeitas
diagnósticas: tuberculose, infecções fúngicas, neoplasia.

Fungos que infectam pulmão: histoplasmose, paracoco, critococo,


aspergillus;

OBS → mulheres em idade reprodutiva com estrógeno não tém


paracoccidioidomicose! No caso da pct, ela fez ooforectomia bilateral,
apresentando um fator de risco. Além disso, ela é lavradora (zona
rural), o fungo mais frequente nesse caso é justamente o paracoco.

Antes da puberdade e após os 50 anos a incidência é a mesma entre os


sexos, já durante a idade fértil feminina, as mulheres não
desenvolvem paracoccidioidomicose e, portanto, a incidência é muito
maior no sexo masculino.

Paracoco tem tropismo por mucosa oral (diferente da tuberculose), e


paciente do sexo feminino + ooferectomia bilateral (o estrógeno possui
efeito protetor para a infecção por paracoco)

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SEMPRE investigar TB! Solicitar TRM + cultura para TB. Além disso, pode
haver associação entre TB e paracoco (10% dos pcts com
paracoccidioidomicose têm TB associada)

ABSCESSO DE PULMÃO
É uma cavidade com pus no pulmão, rodeada por tecido inflamado e causada
por uma infecção - muitas vezes, uma doença da gengiva é a fonte das
bactérias que causam um abscesso pulmonar.

O corpo tem muitas defesas - como a tosse - para impedir que as


bactérias cheguem aos pulmões. A infecção ocorre principalmente quando a
pessoa está inconsciente ou muito sonolenta sendo menos capaz de tossir
para eliminar as bactérias aspiradas.

Geralmente é causado por bactérias que normalmente vivem na boca e são


inaladas até os pulmões, em consequência de aspiração ou obstrução das vias
aéreas.

A maioria dos abscessos sofre ruptura em uma das vias aérea, produzindo uma
grande quantidade de escarro que é expelido pela tosse. Um abscesso rompido
deixa uma cavidade no pulmão, que é preenchida por líquido e ar - nível
hidroaéreo.

Algumas vezes, um abscesso se rompe drenando para dentro do espaço entre os


pulmões e a parede torácica (espaço pleural), enchendo-o com pus → empiema.

Sintomas: fadiga, perda de apetite, suor noturno, febre, perda de peso e


tosse com expectoração

O escarro pode ter mau cheiro - as bactérias da boca/garganta tendem a


produzir odores desagradáveis ou filetes de sangue

Dor ao respirar, caso a pleura esteja inflamada

Diagnóstico: raio-x de tórax. No entanto, às vezes o abscesso só é


encontrado quando feita uma TC torácica.

Tratamento: antibiótico até raio-x mostrar que o abscesso desapareceu.

TUBERCULOSE
MS: todos os pacientes com tosse crônica (≥ 8 semanas) devem ser
investigados quanto à possibilidade de tuberculose pulmonar

Algumas pessoas com TB pulmonar ativa não apresentam nenhum sintoma, exceto
mal-estar, fadiga, inapetência e perda de peso. Outras pessoas também
apresentam sintomas que sugerem uma infecção pulmonar, como tosse.

Tosse: pode produzir pequena quantidade de expectoração esverdeada ou


amarelada, geralmente ao acordar pela manhã. Por fim, pode começar a
apresentar sangue - mesmo que seja raro em grandes quantidades.

Sudorese norturna: suor frio com ou sem febre; TB nem sempre causa suores
noturnos!

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TB extrapulmonar: locais mais comuns são linfonodos e rins; sintomas
geralmente são vagos → cansaço, pouco apetite, febres intermitentes,
sudorese e possível perda de peso.

Diagnóstico: raio-x de tórax + teste de escarro para tuberculose

PARACOCCIDIOIDOMICOSE
Causada pela inalação de esporos do fungo que crescem no solo

Geralmente afeta os pulmões, a pele, boca, gargante e linfonodos;

Mais frequente em homens (20-50a), principalmente trabalhadores agrícolas;

Quando surgem os sintomas é após meses a anos da exposição inicial;


geralmente lembra pneumonia: tosse, febre, falta de ar e dificuldade em
respirar.

A infecção pode se disseminar dos pulmões para outras partes do corpo, como
o surgimento de feridas doloridas na boca e na pele - os sintomas duram um
longo período, ms a infecção raramente é fatal

Alguma s pessoas desenvolvem um distúrbio pulmonar crônico que causa


formação de tecido cicatricial (fibrose) e danos generalizados nos pulmões
(enfisema)

Diagnóstico: exame e cuiltura de amostras de tecido infectado

Tratamento: itraconazol via oral 6-12m; anfotericina B em casos mais


graves.

BRONQUIECTASIAS
Dilatação anormal e irreversível
das paredes brônquicas, geralmente
associada a lesões graves e
repetidas na parede das vias
aéreas e no parênquima pulmonar.

Achado clássico da TC = anel de sinete! Geralmente, o tamanho do brônquio é


igual ao do vaso; no entanto, na bronquiectasia o diâmetro do brônquio
estará maior que o do vaso adjacente

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A obstrução brônquica pode levar a infecções distais, criando um ciclo de
destruição parenquimatosa (H. influenzae e pneumococos)

O surgimento de bronquiectasias requer duas condições: (1) insulto


infeccioso e (2) clearence inadequado de secreções das vias aéreas
(obstrução, anormalidade da viscosidade do muco ou deficiência ciliar.

Diagnóstico diferencial: enfisema, cistos, bolhas

Etiologia depende do lobo


acometido:

Infecções respiratórias:
sarampo, coqueluche,
adenovírus, infecção bacteriana
(Klebsiella, Staphylococos ou
pseudomonas), gripe,
tuberculose - destrói o
parênquima pulmonar e a
arquitetura normal, formando
cavernas e predispondo
Distúrbios genéticos: fibrose infecções bacterianas de
cistica - inicia-se na infância repetição -, infecção por fungo
com sinusites e pneumonais de (aspergilose broncopulmonar
repetição, levando a extensas alérgica - em pcts com asma e
bronquiectasias; discinesia ciliar fibrose cística, a aspergilose
→ sd. dos cílios imóveis representa uma resposta
(inclusive Sd. de Kartagener → imunológica excessiva ao fungo
alteração do espermatozoide, com destruição das vias aéreas)
acometimento do trato respiratório
(bronquiectasias e sinusopatias) e Obstrução brônquica: aspiração
de corpo estranho - um corpo

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dextrocardia; esses pcts também estranho predispõe a infecções
podem ter apenas alterações de distais no pulmão, promovendo
motilidade dos cílios prejudicando um círculo vicioso
o clearence mucociliar, infecções
Lesões por inalação: lesão
respiratórias de repetição e
causada por vapores, gases ou
bronquiectasias.
partículas nocivas; aspiração
de ácido gástrico, partículas
de alimento

Anormalidades imunológicas:
deficiência imunoglobulínica -
pcts com hipogamaglobulinemia
podem apresentar sinusites e
pneumonias de repetição na
infância; doenças autoimunes,
como artrite reumatoide e
síndrome de Sjogren podem
evoluir com bronquiectasias que
podem precer ou ocorrer após o
diagnóstico da AR

Suspeita é clínica: tosse crônica com expectoração frequente, com o uso


prévio de vários antibióticos. Dipsneia, sibilância e hemoptise (devido à
neovascularização) são outras queixas comuns. Classicamente, as
bronquiectasias nos lobos superiores (tuberculose) são descritas como
“secas” pela tendência a supuração menos evidente que as demais, já que a
drenagem gravitacional é favorecida naturalmente - entretanto, são as mais
associadas a sangramentos.

Diagnóstico é clínico e tomográfico! ⚠ Tomografia computadorizada do tórax


de alta resolução (cortes finos); além de confirmar com precisão as
bronquiectasias, a TC é capaz de avaliar sua extensão; obs: a tc helicoidal
pode oferecer informações adicionais, pois reduz a possibilidade de
artefatos.

E o raio-x? apresentará anormalidades, mas não é capaz de concluir o


diagnóstico e mostrar extensão da doença.

Classificação:

Cilíndrica: via aérea com


dilatação homogênea do calibre,
mantendo a forma e a
comunicação com o parênquima
distal

Varicosa: dilatação brônquica é


maior, acompanhada de
constricções locais, o que

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confere irregularidade na
forma, com uma terminação em
bulbo. Número de divisões
brônquicas reduzido

Saculares: forma mais grave,


dilatações arredondadas, em
formato de saco que em geral
não se comunicam com o
parênquima pulmonar. Número de
divisões brônquicas bastante
reduzido com perda
parenquimatosa.

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