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É uma doença pulmonar caracterizada por obstrução reversível das vias aéreas, inflamação das vias aéreas e
responsividade aumentada das vias aéreas a vários estímulos.
Fisiopatologia
o A obstrução das vias aéreas na asma é devida à uma combinação de fatores que incluem
espasmos da musculatura lisa das vias aéreas; edema da mucosa das vias aéreas; aumento da
secreção de muco; infiltrado celular (especialmente eosinofílico e linfocítico) das paredes das vias
aéreas e lesão e descamação do epitélio das vias aéreas.
Exame físico
o Durante uma crise asmática aguda, o paciente apresenta vários graus de desconforto respiratório,
dependendo da gravidade e duração do episódio. Taquipneia, taquicardia estão presentes.
o O paciente prefere sentar-se ereto ou mesmo se inclinar para frente, utiliza os músculos
acessórios da respiração, fica ansioso e parece lutar para respirar. O exame torácico mostra uma
fase expiratória prolongada e sibilos relativamente acentuados durante a inspiração e,
principalmente, na expiração.
o O tórax pode parecer bastante hiper inflado devido ao aprisionamento de ar. Embora roncos
grossos possam acompanhar os sibilos, não se ouve estertores “úmidos”, exceto se estiverem
presentes também pneumonia, atelectasia ou descompensação cardíaca.
o Durante episódios mais graves, o paciente pode ser incapaz de dizer mais do que umas poucas
palavras sem parar para respirar. A fadiga e o desconforto grave são evidentes nos movimentos
respiratórios rápidos, superficiais e ineficazes. A cianose torna-se óbvia quando o ataque piora.
Confusão e letargia podem indicar início de insuficiência respiratória progressiva, com narcose por
CO2. Em tais indivíduos, podem-se ouvir menos sibilos na ausculta, pois, o tamponamento mucoso
extenso e a fadiga do paciente resultam numa redução marcante do fluxo aéreo e da troca
gasosa. Um tórax sem ruídos, durante um ataque de asma, é um alarme de que o paciente pode
ter um problema respiratório grave que pode, rapidamente, tornar-se uma ameaça à vida.
o Os sinais mais confiáveis de uma crise grave são a dispneia em repouso, cianose, dificuldade em
falar, pulso paradoxal (> 20 a 30mmHg) e a utilização dos músculos acessórios de respiração. A
gravidade de uma crise pode ser mais precisamente testada pelos níveis dos gases sanguíneos
arteriais.
o Entre as crises agudas, os ruídos respiratórios podem ser normais durante a respiração calma.
Entretanto, estertores finos ou sibilos podem ser ouvidos durante expiração forçada ou após o
exercício. Podem-se ouvir sibilos leves a moderados a qualquer hora, em alguns pacientes, mesmo
quando estes dizem estar completamente assintomáticos. Com asma grave de longa duração,
especialmente se desde a infância, a hiperinflação crônica pode afetar a parede torácica por
exemplo, tórax “em barril”, arqueamento do esterno e diafragma deprimido.
Contagem de eosinófilos – A eosinofilia (> 250 a 400 células/μL) é comum mesmo que tenha sido
demonstrado que fatores alérgicos tenham contribuído. Em muitos asmáticos, o grau de eosinofilia
correlaciona-se com a gravidade da asma. A supressão da eosinofilia através de corticosteroides
sistêmicos têm sido usadas como um índice da adequação da dosagem.
INTERPRETAR ESPIROMETRIA (42) COMO INTERPRETAR UMA ESPIROMETRIA [Respiratório 07] - YouTube
IVAS por vírus envolvendo a epiglote, glote e subglote, geralmente causa sinais e sintomas de crupe
(estridor inspiratório, tosse em tons agudos e rouquidão) distintos dos sinais e sintomas de vias aéreas da
asma. Quando se suspeita de epiglotite, o exame direto da epiglote deve ser feito com muito cuidado e
disponibilidade para a intubação imediata para o caso de ocorrer obstrução aguda durante o exame.
Como a bronquite crônica é rara em crianças, outros distúrbios de base (por exemplo, fibrose cística,
imunodeficiência e síndrome de discinesia ciliar) devem ser sempre considerados na criança com tosse
crônica e secreção de escarro.
Tratamento
Controle ambiental – Os fatores ambientais que podem precipitar a asma incluem escaras de animais,
ácaros da poeira doméstica, baratas, fungos e pólens trazidos pelo ar.
Drogas
o O salmeterol não deve ser utilizado no tratamento dos sintomas agudos; têm sido reportados
óbitos neste quadro. Os efeitos adversos são relacionados à dose e mais comuns após a
administração oral do que em aerossol, porque as doses orais necessárias são muitas vezes
maiores (mg versus μg). Formulações orais de ação prolongada ajudam a evitar a asma noturna.
Teofilina (uma metilxantina) relaxa a musculatura lisa brônquica e tem uma modesta atividade anti-
inflamatória. Seu mecanismo de ação não está esclarecido, mas a teofilina parece inibir a liberação
intracelular de Ca, para diminuir o extravasamento da micro vasculatura para dentro da mucosa das vias
aéreas e para inibir a resposta tardia a alérgenos. A teofilina diminui a infiltração de eosinófilos para
dentro da mucosa brônquica e dos linfócitos T para o epitélio. Ela aumenta a contratilidade miocárdica e
diafragmática. A teofilina não é mais administrada IV, rotineiramente, para as exacerbações agudas da
asma. Contudo, para o controle a longo prazo, ela é uma auxiliar valiosa dos β-agonistas. A teofilina de
liberação prolongada é muito útil no tratamento da asma noturna.
o Devido ao seu estreito índice terapêutico e por causar reações adversas graves, o clínico deve
estar familiarizado com sua farmacologia clínica, particularmente com suas interações
medicamentosas e outros fatores (por exemplo, febre) que inibe seu metabolismo e diminui sua
taxa de eliminação. Os níveis séricos de teofilina devem ser monitorados periodicamente e o nível
mantido entre 10 e 15μg/mL (56 e 83μmol/L).
o Bloqueiam as vias colinérgicas que provocam a obstrução das vias aéreas por inibição competitiva
dos receptores colinérgicos muscarínicos. Se estes agentes potencializam o efeito broncodilatador
dos β2-agonistas inalatórios para a asma aguda, é controverso. Os anticolinérgicos também
bloqueiam o reflexo de broncoconstrição devida a irritantes ou à esofagite de refluxo. A função dos
anticolinérgicos no tratamento do dia-a-dia não está definido. Os efeitos adversos incluem a boca
seca e, se espirrada nos olhos, visão embaçada.
Corticosteroides
o Inibem a atração de células inflamatórias para o local de uma reação alérgica, e inibem sua
ativação, revertem a regulação descendente, bloqueiam a síntese de leucotrienos e inibem a
produção de citocinas e a ativação da proteína de ligação, estimulam a síntese de β2-receptores.
Terapia de manutenção
Os pacientes com asma intermitente leve não necessitam medicação diária. Um β2-agonista de ação curta
(por exemplo, duas inalações de albuterol) é suficiente para o alívio dos sintomas agudos. O uso desta
droga mais que duas vezes na semana pode indicar a necessidade de uma terapia de controle a longo
prazo. A despeito da gravidade da asma, a necessidade frequente de β2-agonistas indica que a asma não
está sendo bem controlada.
Para os pacientes com asma leve persistente, a terapia anti-inflamatória – como os corticosteróides
inalatórios ou a cromolina ou o nedocromil – é indicada. Frequentemente a cromolina é experimentada
antes dos corticosteróides inalatórios, principalmente nas crianças. Como alternativa, a teofilina de
liberação lenta pode ser administrada numa dose suficiente para produzir um nível sérico de 10 a 15μg/mL
(56 a 83μmol/L); as doses variam de acordo com a idade e peso (geralmente 300mg VO 2 vezes ao dia,
para os adultos). Montelucaste 5mg (para os pacientes de 6 a 14 anos) ou 10mg para os adultos),
diariamente à noite, ou zafirlucaste 20mg, 2 vezes ao dia 1h antes ou 2h após as refeições ou zileuton
600mg ao dia fracionadas em 4 doses ao dia (para os pacientes > 12 anos), devem ser considerados. Para
o alívio dos sintomas agudos, pode ser usado um β2-agonista de ação curta (por exemplo, duas inalações
de albuterol). A necessidade crescente de β2-agonistas inalatórios sugere que a terapia anti-inflamatória
deve ser aumentada.
Os pacientes com asma moderada persistente devem ser tratados com corticosteróides inalatórios, numa
dose ajustada de acordo com suas respostas. A adição de um β2-agonista inalatório (salmeterol) é útil
para os pacientes com asma noturna e, frequentemente permitem a diminuição da dose do corticosteroide
inalatório. Um β2-agonista de liberação lenta em formulação oral ou a teofilina de liberação lenta podem
ser substituídos por um β2-agonista de ação prolongada, mas cada um deles está associado a maiores
efeitos colaterais, especialmente no caso dos idosos.
Uma minoria dos asmáticos apresenta asma grave persistente; eles frequentemente necessitam de várias
drogas, em altas dosagens. Estes pacientes devem receber um tratamento anti-inflamatório com altas
doses de corticosteróides (usando sempre um espaçador), um β2-agonista inalatório de ação prolongada
ou um β2-agonista de liberação lenta em comprimidos e teofilina de liberação lenta ou um modificador de
leucotrienos. Os pacientes gravemente afetados podem requerer corticosteróides sistêmicos; o regime de
dias alternados ajuda a minimizar os efeitos adversos associados ao regime diário. Uma vez que o
corticosteroide inalatório tenha controlado totalmente a asma, sua dose deve ser reduzida para a mínima
necessária para manter o controle. O β2-agonista, de ação curta, é necessário para o alívio dos sintomas
agudos.
As crises agudas de asma podem ser leves (Estágio I), moderadas (Estágio II), graves (Estágio III), ou
insuficiência respiratória (Estágio IV).
Nos Estágios I e II, os pacientes, geralmente, podem ser tratados com um aerossol broncodilatador (por
exemplo, Salbutamol 0,5% ou 5mg/mL) utilizando ar comprimido.
o Em adultos com asma aguda, o salbutamol em spray com espaçador seria tão eficaz quanto o
aerossol gerado pelo compressor. Alternativamente, pode-se dar epinefrina subcutaneamente, e
se necessário, repetida uma ou duas vezes em 20 a 30min. A terbutalina administrada
subcutaneamente é preferível à epinefrina em adultos devido ao menor efeito cardiovascular e
maior tempo de ação. Se não houver resposta após 3 tratamentos com aerossol adrenérgico e/ou
injeções de epinefrina, deve ser dada teofilina (ou aminofilina), IV. Embora alguns estudos
indiquem que, em um setor de emergência, a aminofilina IV administrada em pacientes que já
estão recebendo um tratamento com dose ideal com um β2-agonista (tratamentos a cada 20min
por 3 vezes) não acrescenta nada a não ser efeitos colaterais, muitos clínicos experientes
acreditam que a aminofilina ainda está indicada. Se o paciente não apresenta uma resposta ótima
a β2-agonistas por inalação e necessita de hospitalização, o uso de aminofilina IV seria
recomendado pela maioria dos clínicos experientes embora isso também tenha se tornado
questionável.
o São usados diferentes esquemas para administrar aminofilina porque há variação individual na
suscetibilidade aos seus efeitos benéficos ou adversos. A manutenção dos níveis séricos em 10 a
20mg/mL de teofilina é eficaz, para crianças ou adultos. A maioria dos regimes começa com uma
dose de ataque IV de 6mg/kg de aminofilina (25mg/mL, diluída em 1:1 com fluidos IV),
administrados em tempo superior a 20min; então inicia-se uma infusão contínua de 0,45mg/kg/h
em adultos e 0,8 a 1,0mg/kg/h em crianças < 12 anos. As concentrações séricas devem ser
monitoradas depois de 1, 12 e 24h; os níveis séricos de 10 a 15mg/mL (56 a 83mmol/L) são
eficazes e seguros. Se a infusão contínua for inexequível, dá-se então aminofilina 4 a 6mg/kg IV
em 20min a cada 6h, uma alternativa aceitável.
o A nebulização com uma solução de brometo de ipratrópio (0,25mg/mL) pode ser utilizada com o
salbutamol para os pacientes que não respondem otimamente ao salbutamol. Para os adultos, a
dose é de 0,5mg a cada 30min. Por três tratamentos e então a cada 2 a 4h, se necessário. As
crianças recebem 0,25mg a cada 20min. Por três tratamentos e então a cada 2 a 4h.
o Deve-se obter gasometria arterial, especialmente se não houver um sinal de uma resposta pronta
ao β2-agonista inalatório (dentro de aproximadamente 30min), se o paciente apresentar
desconforto grave ou piora, ou se não houver certeza sobre o estágio em que está o paciente.
No Estágio III, deve ser obtida imediatamente uma determinação da medida dos gases sanguíneos
arteriais. Inicia-se a nebulização contínua de uma solução de albuterol (5mg/mL), via máscara; a dose é
de 10 a 15mg/h para os adultos e 0,5mg/kg/h (máximo de 15mg/h) para as crianças. Se o paciente
continuar com desconforto grave, inicia-se uma infusão contínua de aminofilina. A dose pode ser elevada
ao limite de 1mg/kg/h em jovens ou adultos de meia-idade e 1,25mg/kg/h em crianças. É essencial a
monitoração das concentrações de teofilina sérica. É necessária grande precaução e doses menores (de
um terço a metade) devem ser utilizadas nos pacientes que apresentam insuficiência cardíaca ou doença
hepática ou naqueles que são idosos. Pacientes que usam drogas que reconhecidamente reduzem o
“clearance” de teofilina sérica (por exemplo, cimetidina, eritromicina, ciprofloxacina) devem ter a dose
reduzida em 25 a 50% e as concentrações séricas devem ser monitoradas cuidadosamente. Deve ser
administrado O2 a fluxo inspirado (FIO2) apropriado para corrigir a hipoxemia, por cânula nasal ou
máscara.
o O critério para a hospitalização varia, mas as indicações definidas são ausências de melhora, piora
da fadiga, ou recidiva após terapia adrenérgica repetida e aminofilina e diminuição significante da
PaO2 (< 50mmHg) ou aumento da PaCO2 (> 50mmHg), indicando progressão para insuficiência
respiratória. É excessivamente comum enviar pacientes com crises asmáticas graves, em salas de
emergência de hospital, para casa.
o Qualquer paciente que se apresentar no/ou em vias de atingir o Estágio IV deve receber
imediatamente metilprednisolona 1 a 2mg/kg IV cada 4 ou 6h, em adição ao β-agonista e à
teofilina.