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TEMA: Asma

Discentes: Docentes:
Tarcívia Carlos Muiocha Tec.Dário Boca
Lucrência Constantino Soquico dra. Rute

Maputo, Agosto de 2023


ASMA
ASMA

É uma patologia inflamatória cronica caracterizada por uma obstrução


das vias aéreas que pode ser parcial ou total acompanhado por
broncoespasmo, em resposta a alérgenos, infecções, substâncias
irritantes.
Causa
A causa da asma não é conhecida, mas factores genéticos interagem com factores ambientais
como alérgenos, substância irritantes, microrganismos. As possíveis causas que pode levar o
aparecimento ou desenvolvimento da asma que são:

➢ Factores genéticos

▪ Heredetariedade;

➢ Factores ambientais

▪ Exposição a agentes irritantes das vias aéreas como fumo do tabaco;

▪ Poluição ambiental;

▪ Desmame precoce;

▪ Infecções respiratórias.
Causa (Cont)

➢ Factores desencadeantes

• Exposição a agentes irritantes exemplo fumo do tabaco, ar frio, perfumes, cheiro de


tintas ou diluentes

• Exercício físico

• Exposição a alguns alergénios exemplo alergénios produzidas pelas baratas, pelos gatos,
poeira, alergénios da plantas

• Medicamentos aspirina, anti inflamatórios não esteroides

• Factores emocionais stress e zanga


Fisiopatologia

A hiperreactividade brônquica é o denominador comum da asma. A


inflamação desempenha um papel fundamental neste processo e ocasiona:

▪ Broncoconstrição – contracção da musculatura lisa dos brônquios

▪ Edema das vias aéreas e deposição de muco – devido a inflamação

▪ Perda de líquidos – aumento do trabalho respiratório e inflamação.


Classificação

Dependendo da frequência de ataques a asma pode ser classificada em:


1- Asma interminente- quando a criança apresenta menos de 2 ataques ou
semanas diurnas e menos de dois ataques nocturnos por mês.
2- Asma persistente leve- quando a criança apresenta mais de dois ataques
ou semanas diurnos mas menos do que 1 vez por dia e mais de dois ataques
nocturnos por mês.
3- Asma persistente moderada- quando a criança apresenta sintomas diários
diurnos e mais de 1 ataque ou semana e tem alteração nas actividades de
rotina.
4- Asma persistente grave- quando a criança apresenta ataques diários e
mais intensos diurnos episódios nocturnos frequentes e quase diários com
limitação da actividade de sono.
Quadro Clínico

• Sintomas de ataque: Pieira, dispneia, tosse ( Frequência e tempo de


aparecimento).

• Sintomas específicos: tosse seca (mais intenso de manha e a


noite),dispneia, constrição do tórax onde a criança mais velha tem
sensação de peso do tórax que não a deixa respirar, febre caso de
presença de um processo infeccioso associado, vómitos.
Exame físico
• Respiração com sibilância;
• Tiragem intercostal ou subcostal;
• Dispneia, taquipneia ou bradipneia em casos graves;
• Uso de músculos acessórios para a respiração;
• Ausência da febre;
• Adejo nasal;
• Taquicardia;
Exame físico (Cont)

• Redução da entrada do ar se a obstrução for grave;


• No caso de uma criança com alergia pode apresentar seguintes sinais: rinite,
conjuntivite, mucosa nasal pálida;
• Boa resposta ao tratamento com broncodilatadores;
• À palpação teremos vibrações vocais normais ou diminuídas;
• À percussão teremos hiperssonoridade;
• À auscultação teremos murmúrio vesicular normal ou diminuido, com
roncos e sibilos;
• Nos casos graves teremos: paciente agitado, incapaz de adoptar uma
posição, com cianose, bradicárdia, hipotensão, abolição do murmúrio
vesicular.
Complicações

▪ Insuficiência respiratória aguda que pode levar a morte;

▪ Pneumotorax;
▪ Insuficiência respiratória;
▪ Atelectasia;
▪ Pneumonia;
▪ Deformidades torácicas (tórax em tonel);
▪ Complicações causadas pelo uso dos corticoesteróides (osteoporose,
imunodepressão, aumento do peso, miopatia, catarata, diabetes mellitus).
Exames auxiliares de diagnóstico

O diagnóstico é feito com base na anamnese e no exame físico.

▪ Raio x do tórax mostra uma hipertransparecia dos pulmões, eventual complicacao


pulmonar;

▪ Hemograma Leucocitose acusta dos eosinofilos ou leucocitose acusta de linfocitos ou


leucocitose acusta dos neutofilos;

▪ Electrolítico para monitorar o potássio por causa do tratamento com salbutamol;

▪ Gasometria disponível no HC , usado para avaliar a oxigenação no sangue no caso de


ataque grave (acidose metabólica).
Diagnóstico diferencial

• É necessário lembrar das patologias que podem manifestar se com


sibilância. “Nem tudo que sibila é asma”. É preciso efectuar o diagnóstico
diferencial com outras condições sibiliantes:

▪ Sinusite ( não há broncospasmo, mas temos tempo inspiratório aumentado)


▪ Laringite ( não há broncospasmo, e há salivacao abudante)
▪ Insuficiência cardíaca congestiva – edema dos membros inferiores,
dispneia paroxística nocturna, hepatomegália, ascite e sopro cardíaco.
Diagnóstico diferencial (Cont)

▪ Obstrução das vias respiratórias superiores por corpos estranhos, tumor, edema da laringe – geralmente
associado a estridor e não a sibilos.
▪ Edema pulmonar: em geral ocorre em pacientes com patologia cardíaca prévia, que desenvolvem um
quadro respiratório agudo com ortopneia, palpitações, dor torácica. O exame físico revela alterações na
dinâmica cardiovascular e a auscultação pulmonar com roncos e fervores dispersos. A radiografia
torácica ilustra processos de consolidação difusos e em geral extensos, na altura em que já há
sintomatologia.
▪ Pneumonia: nestes pacientes a ocorrência de tosse e taquipneia em geral está associada a presença de
dor torácica e sintomas gerais, como febre, mal-estar geral, anorexia, fadiga. O hemograma pode
apresentar leucocitose, geralmente a custa de neutrófilos. A radiografia torácica pode mostrar as áreas de
condensação (não hiperinsuflação), mas é necessário fazer diagnóstico diferencial com atelectasia que
ocorre quando há obstrução repleta de um brônquio.
Conduta
Os objectivos do tratamento são:

▪ Remoção da obstrução das vias aéreas;

▪ Ter uma função respiratória normal;

▪ Controlar os sintomas;
▪ Prevenir limitação crónica ao fluxo aéreo;
▪ Permitir actividades normais – trabalho, escola, lazer;
▪ Manter a funçào pulmonar normal ou a melhor possível;
▪ Evitar crises – idas às emergências ou hospitalizações;
▪ Reduzir a necessidade de uso de broncodilatador para alívio;
▪ Minimizar os efeitos adversos da medicação;
▪ Prevenir a morte.
Tratamento no banco de socorros

Asma leve e moderada:


• Tratamento não medicamentoso:
- Oxigénio: 6-8L/min (com máscara simples)
• Tratamento medicamentoso
- Salbutamol por aerossol: 0,03 mL/kg, diluir em 4 mL de soro fisiológico. Nebulizar
com 6 litros de oxigénio; até 3 vezes cada 20-30 min.
- Se o Salbutamol não estiver disponível, administrar Adrenalina subcutânea: 0,01
mL/kg da solução 1:1.000 (até o máximo de 0,3 mL), medida com precisão com uma
seringa de 1 mL. Se não houver melhoria após 15 minutos, repetir a dose mais uma
vez.
- Esteróides orais (Prednisolona 1-2 mg/kg 12/12h (máximo de dosagem é 50mg/dia)
para 5 dias. A administração de esteróides reduz a gravidade do ataque e melhora a
resposta de todo o tratamento, começam a ser eficazes 4-5h após a administração.
Tratamento no banco de socorros (Cont)
Asma grave:

• Tratamento não medicamentoso:


- Oxigénio: 6-8l/min

• Tratamento medicamentoso:
- Salbutamol por aerossol: 0,02ml de solução /Kg/dose até 3 vezes a cada 20-30 min.
- Se o Salbutamol não estiver disponível, administrar Adrenalina subcutâneas
- Esteróides orais: Prednisolona 1-2 mg/kg 12/12h (máximo de dosagem é 50mg/dia)
para 5 dias, ou Hidrocortisona EV Crianças: 6-12 anos, 100 mg; 1-5 anos, 50 mg e
menores de 1 ano, 25mg durante três dias ou até a criança melhorar.

ATENÇÃO: Internar sempre todas as crianças com asma grave.


Seguimento hospitalar
Em todos os casos é necessário reavaliar a criança após 1 hora:
• Se houver boa resposta ao tratamento e a criança ainda tiver dispneia leve: observar por mais uma hora
e se estiver estável enviar para casa. Se houver resolução do desconforto respiratório, e a criança não
apresentar taquipneia, orientar a mãe sobre os cuidados a ter em casa com Salbutamol inalado (1-2 jactos
3-4 x/dia.) ou, se este não estiver disponível, xarope ou comprimidos de Salbutamol por via oral: Maiores
de 12 anos: 5 a 10 mL 3-4 x/dia ou 2-4mg 3-4x-dia. Dos 7 a 12 anos: 5 mL 3-4 x/dia ou 2mg 3-4x-dia;
Crianças dos 2 aos 6 anos: 2,5 a 5 mL 3-4 x/dia durante 5 dias.
• Crianças que estão sendo enviadas para casa devem ter um acompanhamento na clínica no prazo de 5
dias.
• Se o sofrimento respiratório persistir, internar a criança no hospital e tratá-la com O2, broncodilatadores
de acção rápida e outras drogas.
Tratamento de criança hospitalizada
No caso de asma grave e que não responde ao tratamento inicial é necessário internar a
criança. A criança deve ser avaliada pela enfermeira pelo menos de 3/3 horas, ou de 6/6
horas se houver sinais de melhoria e por um TDM ou médico pelo menos uma vez por
dia. É necessário registar os seguintes parâmetros:
• Frequência respiratória;
• Eventuais sinais de falência respiratória: hipoxia progressiva ou agravamento do
sofrimento respiratório, levando à exaustão, cianose, alteração da consciência;
• Sat O2 se estiver disponível;
• Tiragem Costal.
Tratamento medicamentoso

O mesmo que os medicamentos usados no Banco de Socorros, mas também


acrescentar:
• Aminofilina: se a criança não melhorar após três doses de um broncodilatador de
acção rápida, administrado em curtos intervalos e associado à Prednisolona EV,
administrar Aminofilina EV. A dose inicial é de 5 a 6 mg/kg (máximo de 300 mg),
seguida de uma dose de manutenção de 5 mg/kg a cada 8 horas. Deve-se administrar
a dose intravenosa durante pelo menos 30 minutos; preferencialmente durante 1 hora.

• Antibióticos: Os antibióticos são indicados quando houver febre persistente.


Tratamento não medicamentoso e cuidados de suporte

• Assegurar que criança receba os líquidos adequados para manutenção


diária de acordo com a sua idade;

• Estimular o aleitamento materno e a ingestão de líquidos por via oral;

• Encoraje a introdução de alimentos complementares de forma


adequada para a criança pequena, logo que ela conseguir alimentar-se.
Tratamento em ambulatório
❖Tratamento medicamentoso:
• Salbutamol por aerossol: mesma dose indicada acima de 6/6h ou 8/8h por pelo menos 7
dias; se usar bombas inalatórias de Salbutamol: 2 inalações se o peso <20Kg; 3 inalações se o
peso > 20Kg;
• Salbutamol oral tal como acima descrito;
• Esteróides por via oral tal como acima descrito;
• Esteróides por aerossol ou inalador: por pelo menos 15-20 dias, para tratar a inflamação dos
brônquios; Beclometasona aerossol pressurizado 100 μg/inalação: 1-2 inalações se
peso<20kg e 3 inalações se peso > 20Kg, 2x/dia;
• Aminofilina oral: 15 mg/kg/dia divididos em 3 tomas para 3-5 dias (5 mg/kg/dose de 8/8h)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

❑ Harrison, Manual de Medicina, 15ª edição

❑ Harrison, Medicina Interna, 17ª edição, Vol II

❑ http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-35862002000700005&script=sci_arttext

❑ http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-35862002000700006&script=sci_arttext#qdr02

❑ Ministério de Saúde, Formulário Nacional de Medicamentos, 5ª edição, 2007

❑ Kliegman, KM, et al. Livro Didático de Pediatria de Nelson.19a Edição. 2011.

❑ OMS. Cuidados Hospitalares para criança. ARTMED Editora, S.A; 2008.

❑ Bordley, WC, Diagnosis and Testing in Bronchiolitis, JAMA Pediatrics, Feb 2004, Vol 158, No.2, 119.

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