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Crise asmática em crianças e adolescentes
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INTRODUÇÃO
As crises de asma são episódios agudos ou subagudos de piora progressiva da dispnéia, tosse,
sibilos, taquipnéia e opressão torácica. São caracterizadas pela diminuição do fluxo expiratório que pode
ser quantificado pela medida de função pulmonar através do peak flow (pico de fluxo expiratório - PFE)
ou VEF1 (volume expiratório forçado em 1 segundo).
A finalidade do tratamento é corrigir a obstrução pulmonar e a hipoxemia tão rápido quanto possível
e planejar a prevenção de futuras recidivas.
Existem 2 subgrupos de crianças que apresentam desfecho fatal durante a crise asmática. O
primeiro é o que não tem bom controle da asma e apresenta sintomas progressivos (início lento –
chegada tardia). Esse é o subgrupo mais frequente, e considerado evitável. O segundo subgrupo é o de
pacientes com asma leve que apresentam broncoespasmo súbito, rapidamente progressivo (início
rápido).
Alguns fatores de risco para desfecho fatal são:
História de asma quase fatal, que necessitou de ventilação mecânica
Internação no último ano
Pacientes em uso de corticoide oral
Pacientes que não estão usando corticoide inalatório
Pacientes muito dependentes de broncodilatadores (principalmente os que utilizam mais de 1
frasco de salbutamol spray por mês)
Pacientes com antecedentes psiquiátricos
Pacientes com baixa aderência ao tratamento.
OBJETIVO
Otimizar o tratamento da crise asmática em pediatria
POPULAÇÃO ALVO
Diretoria Espécie Especialidade Status
PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICO Aprovado
Código Legado Código do Documento Versão Data Criação Data Revisão
DI.ASS.59.2 2 19/11/2014 16/08/2017
Elaborador Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação
Elda Maria Stafuzza Eduardo Juan Troster Adriana Vada 16/08/2017
Gonçalves Pires Souza Ferreira |
Adalberto Stape
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Crianças com diagnóstico prévio de asma e com quadro de crise asmática.
Crianças > 2 anos com história de sibilância recorrente responsiva a broncodilatadores.
Exclusão:
Crianças com bronquiolite ou com crise de sibilância não responsiva a broncodilatadores.
DIRETRIZ
A avaliação inicial deve ser feita com uma breve anamnese e exame físico, para que o paciente seja
classificado quanto à gravidade da crise asmática (Tabela 1).
A finalidade da anamnese é identificar a presença de:
Episódios prévios de insuficiência respiratória pela asma (internação em UTI, intubação
orotraqeual (IOT) ou perda de consciência),
Internação ou necessidade de consultas de urgência no último ano,
Quando foi o início da crise asmática atual,
Medicações em uso, principalmente as usadas para asma
Outras doenças associadas
Baixa aderência ao tratamento preventivo
Alteração psicossocial e da dinâmica familiar.
Se disponíveis, devem ser obtidas medidas da função pulmonar (em crianças maiores de 5 anos),
como PFE e/ou VEF1:
VEF1 é preferível ao peak flow, se disponível (RECOMENDAÇÃO D).
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Apesar das medidas do PFE e VEF1 serem muito recomendadas, pois o exame físico
isoladamente pode não refletir a gravidade da crise asmática, não são indicados nas crises
graves ou com risco de morte (ECOMENDAÇÃO D).
A diretriz do National Institute of Health (NIH) preconiza a medida do VEF1 ou peak flow em
crises menos graves na entrada do pronto atendimento (PA) e 30-60 min após tratamento
inicial (RECOMENDAÇÃO B), entretanto, no nosso meio essa técnica é pouco utilizada devido
à complexidade da manobra, atraso no início do tratamento e falta de materiais para realizar
essas medidas.
Medidas seriadas de oximetria de pulso podem ser úteis para avaliar gravidade e resposta ao
tratamento (RECOMENDAÇÃO B). A SatO2 menor ou igual a 92% na admissão, está associada a maior
morbidade e maior risco de hospitalização. Porém, uma medida isolada na entrada tem pouco valor para
predizer internação hospitalar.
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Estudos laboratoriais não são necessários na maioria dos pacientes e não devem atrasar o inicio do
tratamento da crise. A realização da radiografia de tórax não é necessária de rotina, mas é recomendado
na suspeita de:
Complicação cardiopulmonar
Pneumonia ou atelectasia
Pneumotórax ou pneumomediastino
Insuficiência respiratória iminente
Pacientes que necessitam internação
Pacientes que não responderam ao tratamento inicial.
A gasometria arterial (para detecção da PaCO2) não deve ser realizada rotineiramente. Deve ser
considerada em casos de insuficiência respiratória iminente, e pacientes com crises graves que não
respondem ao tratamento inicial.
TRATAMENTO
A terapia inicial da crise asmática inclui inalação de broncodilatadores de ação rápida, início precoce
de corticosteroides, e suplementação de oxigênio (Tabela 2).
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O início de ação do β2 é em menos de 5 minutos. Administrações repetidas acrescentam
broncodilatação. Em 60-70% dos pacientes a resposta após 3 doses é suficiente para receber alta e a
maioria obtém resposta após a primeira dose.
Crianças de 2 a 4 anos depositam no pulmão metade da medicação administrada, comparada com
crianças de 5 a 8 anos. Isto sugere que a dose baseada pelo peso não seja apropriada;
A administração contínua do β2 pode ser mais eficaz em pacientes mais graves, no entanto, para
realizar inalação contínua são necessários dispositivos específicos que infelizmente não estão
disponíveis em nosso meio. O uso do nebulizador comum prejudica a condução da dose ideal até os
pulmões, não trazendo nenhum benefício.
Oxigenioterapia
A suplementação com O2 é recomendado com o objetivo de corrigir hipoxemia.
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Uma terapia adjuvante pode ser considerada para evitar intubação, mas não deve retardar a IOT
quando julgado necessária (RECOMENDAÇÃO B).
O sulfato de magnésio EV deve ser considerado nos pacientes com crises com risco de morte e
naqueles com crises graves sem melhora após uma hora de tratamento (RECOMENDAÇÃO B).
O heliox deve ser considerado na nebulização com salbutamol nos pacientes com crises com risco
de morte e naqueles em que o quadro se mantém grave após uma hora de tratamento
(RECOMENDAÇÃO B).
O β2 agonista EV, como salbutamol EV em dose de ataque (15 mcg/kg/dose), usado precocemente
em adição às doses máximas de inalação de beta2 pode ser significantemente benéfico nos casos
graves (RECOMENDAÇÃO B).
As metilxantinas, como a aminofilina, podem ser consideradas na UTI, em crianças com crise quase
fatal, que não responderam às doses máximas de broncodilatadores e corticóides (RECOMENDAÇÃO
C). Não são recomendadas em crises leves e moderadas (RECOMENDAÇÃO A).
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Tabela 2 - Doses das medicações
Medicação Dose
Salbutamol 4-8 puffs a cada 20 min, 3 vezes, depois a cada 1-4h de acordo com a
Aerosol dosimetrado necessidade
(100mcg/ml)
Inalatório (5mg/ml) 0,15 mg/kg (1 gota/ 2 quilos) a cada 20min, 3 vezes e depois a cada 1-4 horas,
de acordo com a necessidade
Fenoterol 0,25mg (1 gota/ 3 quilos), máximo 10 gotas a cada 20min, 3 vezes e depois a
cada 1-4 horas, de acordo com a necessidade
Brometo de Ipratrópio < 12 anos – 0,25 mg (20 gotas) a cada 20 min, 3 vezes
Inalatório (0,25mg/ml) > 12 anos – 0,5 mg (40 gotas)
Aerosol dosimetrado 4-8 puffs a cada 20 min, 3 vezes
Corticóide Sistêmico 1-2 mg/kg/dia (máximo 60mg/dia) a cada 6 a 12h em torno de 5 dias
(prednisona, prednisolona e
metilprednisolona)
Sulfato de Magnésio 50 mg/kg EV (dose máxima 2g) infundido em 20 min
Terbutalina/Salbutamol EV Dose de ataque: 10 mcg/kg
Manutenção contínua: 0,1-3 mcg/kg/min
Aminofilina Dose de ataque: 5 mg/kg em 20 min, com monitorização ECG
Manutenção contínua: 0,5 a 0,9 mg/kg/hora
Não são recomendados antibióticos para o tratamento da crise de asma, exceto em condições de
comorbidades (RECOMENDAÇÃO B). Hidratação agressiva não é recomendada para crianças grandes e
adultos, mas pode ser indicada em alguns lactentes e crianças jovens (RECOMENDAÇÃO D).
Mucolíticos não são recomendados (RECOMENDAÇÃO C) pois podem piorar a tosse e a obstrução da
via aérea, e a sedação geralmente não é recomendada (RECOMENDAÇÃO D). Não existem fortes
evidências para recomendar o uso de fisioterapia respiratória no atendimento inicial (RECOMENDAÇÃO
D).
Nos pacientes com crise grave, a primeira reavaliação deve ser feita após a dose inicial do β2. Nos
demais pacientes, a reavaliação deve ser realizada após 3 doses de β2: 60-90 min após início do
tratamento (RECOMENDAÇÃO A). Deve ser dada atenção aos seguintes fatores:
Opinião subjetiva do paciente,
Achados do exame físico,
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Vef1 e peak flow,
SatO2: A saturação deve ser medida somente após 20 minutos da inalação (geralmente há
queda de saturação logo após a inalação por efeito de shunt),
Gasometria arterial (caso seja indicada).
FLUXOGRAMA
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Critérios de internação
Devem ser internados os pacientes admitidos com quadro de insuficiência respiratória iminente e
crise quase fatal (RECOMENDAÇÃO B), e os pacientes com crise grave que não apresentaram melhora
após o tratamento inicial (RECOMENDAÇÃO B). Nos demais, considerar os seguintes critérios
(RECOMENDAÇÃO C):
Duração, gravidade e persistência dos sintomas;
Curso e gravidade de crises prévias;
Medicações usadas antes da crise;
Facilidade a medicações e serviço médico;
Condições e suporte adequado em casa;
Presença de doença psiquiátrica.
Nível de evidência
4 Série de casos.
Estudos de coorte de baixa qualidade.
Estudos de caso-controle de baixa qualidade.
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5 Baseado na opinião de especialistas, ou em pesquisas
experimentais, ou na fisiologia.
Força da recomendação
Adaptado de: Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence (March 2009)
http://www.cebm.net/index.aspx?o=5653
Nota: Este documento resultou da revisão crítica da literatura e de práticas atuais. Estas recomendações
não têm a intenção de impor padrões de conduta, mas ser um instrumento útil na prática clínica diária. O
médico, frente ao seu paciente, deve fazer o julgamento a respeito da decisão de tratamento ou das
prioridades de qualquer procedimento.
MEDIDA DE QUALIDADE
Total de prescrições de β2-agonista via inalador dosimedrado com espaçador (MDI) em relação
ao total de casos de exacerbação da asma leve e moderada atendidos nas UPAs.
BIBLIOGRAFIA
1. National Heart, Lung, and Blood Institute, National Asthma Education and Prevention Program.
Expert Panel Report 3: guidelines for the diagnosis and management of asthma. Summary report
2007. http://www.nhlbi.nih.gov/guidelines/asthma/asthgdln.htm
2. Global initiative for asthma. Global strategy for asthma management and prevention. 2012.
www.ginasthma.org
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Elda Maria Stafuzza Eduardo Juan Troster Adriana Vada 16/08/2017
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3. Scottish Intercollegiate Guideline Network and British Thoracic Society. British guideline on the
management of asthma. (May 2008 Revised June 2009).
http://www.sign.ac.uk/guidelines/published/numlist.html
4. Cincinnati Children’s Hospital Medical Center (2002): Evidence Based Clinical Practice Guideline –
Managing an Acute Exacerbation of Asthma, Cincinnati, US.
5. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. IV diretrizes brasileiras para o manejo da asma.
J Bras Pneumol 2006; 32 Suppl 7:S447-74.
6. Bacharier LB, Boner A, Carlsen KH, et al. Diagnosis and treatment of asthma in childhood: a
PRACTALL consensus report. Allergy 2008;63:5-34.
7. Ortiz-Alvarez O, Mikrogianakis A, Canadian Paediatric Society, Acutre Care Committee. Managing
the paediatric patient with an acute asthma exacerbation. Paediatric Child Health 2012; 17 (5):
251-256.
8. Nievas FF, Anand KJS. Severe acute asthma exacerbation in children: a stepwise approach for
escalating therapy in a pediatric intensive care unit. J Pediatri Pharmacol Ther 2013; 18 (2): 88-
104.
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CRISE ASMÁTICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
ORIENTAÇÕES PÓS ALTA HOSPITALAR
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RESUMO
ANEXOS
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Eduardo Juan Troster (17/09/2013 01:31:29 PM) - A asma é uma doença muito prevalente e seu diagnóstico
adequado permite uma abordagem mais racional. A terapia inicial da crise asmática inclui inalação com
broncodilatador de ação rápida, início precoce de corticosteróides e suplementação de oxigênio.
Eduardo Juan Troster (18/11/2014 04:26:44 PM) - Diretriz para o tratamento da crise asmática nas UPAs.
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