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Ingestão de corpo estranho

Ingestão de corpo estranho

1. INTRODUÇÃO

A ingestão de corpo estranho é ocorrência comum de urgência. Geralmente a passagem e


eliminação pelo trato digestivo ocorre espontaneamente sem a necessidade de intervenção. A morbidade
grave é estimada em menos de 1% dos casos. Nos Estados Unidos, é estimado que a ingestão de corpo
estranho seja responsável por até 1.500 mortes ao ano.
Ao ultrapassar o esôfago, 80 a 90% dos casos tem solução espontânea, sem a necessidade de
intervenção. Entretanto, em alguns pacientes, dependendo do material ingerido, como alguns metais,
baterias ou ímãs vão exigir uma intervenção.
Dez a 20% dos objetos estranhos ingeridos impactam em algum segmento do trato digestivo,
exigindo alguma intervenção para remoção. Um objeto impactado no trato digestivo pode levar à
obstrução, perfuração ou formação de fístula. Em menos de 1% dos pacientes ocorre perfuração, que
normalmente decorre de característica pontiaguda do objeto ou por erosão.
Alguns objetos merecem atenção especial na conduta, seja pela presença de compostos tóxicos
ou pelo potencial de causar complicação. É o caso de baterias que podem causar erosão química da
parede intestinal levando a sérias complicações como perfuração, fístula, ou ainda, estenose como
sequela. Também a ingestão de ímã quando ingerido juntamente com outro ímã ou objeto metálico
podendo causar aderências entre alças intestinais com risco de graves consequências, como obstrução
intestinal ou fístula.
A maioria das ingestões de corpo estranho ocorre em crianças, com pico de incidência na faixa
etária de 6 meses a 6 anos. Em adultos, a ingestão de corpo estranho verdadeira (não alimento) é rara e
ocorre principalmente em indivíduos com atraso mental, portadores de distúrbio psiquiátrico ou, em
alguns casos, de forma intencional (p.e., ingestão de papelotes de drogas).
Pacientes com cirurgia prévia ou malformações no aparelho digestivo apresentam maior risco
para perfuração, obstrução ou impactação.
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OBJETIVOS:
 Estabelecer critérios para a indicação de exame endoscópico;
 Padronizar a conduta, orientação e seguimento dos pacientes.

2. INCIDÊNCIA UPA

Em 2016 foram atendidos 272 pacientes com história de ingestão de corpo estranho nas UPAs, o
que corresponde a 0,08% dos atendimentos cirúrgicos das UPAs.

3. DIAGNÓSTICO

3.1 História clínica


O relato da ingestão é feito diretamente pelo paciente nos casos de crianças maiores ou pacientes
adultos sem alteração cognitiva. Em crianças menores ou adultos com déficit neurológico ou distúrbio
psiquiátrico torna-se mais difícil, portanto, deve-se manter alto índice de suspeita com atenção para
manifestações como engasgo, recusa a alimentação, vômitos, sialorreia, sangue na saliva, dificuldade
respiratória ou dor torácica atípica.
Deve-se questionar dados sobre características do objeto (formato, tamanho, presença de pontas
ou áreas cortantes, composição, toxicidade, opacidade ao raio X). O acesso a um objeto semelhante ao
ingerido pode ser útil.

3.2 Radiografia
A radiografia simples do tórax anteroposterior e lateral; cervical lateral e abdome em posição
supina permite a avaliação de todo o trato digestivo na identificação de corpos estranhos radiopacos.
A região do esôfago proximal, muitas vezes excluída da radiografia do tórax ou ainda ocultada
pelo manúbrio ou mandíbula, deve ganhar especial atenção por ser região de impactação mais frequente
no esôfago.

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O contraste raramente é utilizado, mas pode ser útil com o intuito de realçar objetos não
radiopacos ou identificar obstrução, perfuração ou trajetos fistulosos. Na suspeita dessas últimas
situações deve-se utilizar contraste hidrossolúvel, ou mesmo, considerar a indicação de tomografia
computadorizada.
Não se indica radiografia para ingestão de corpo estranho não radiopaco e que já tenha indicação
de endoscopia digestiva alta (p.e. impactação por alimento sem osso), a menos que seja com o propósito
de avaliar outra afecção associada à ingestão do corpo estranho.
3.4 Tomografia computadorizada
Raramente é necessária. Indicada para investigar:
 Suspeita de complicação: perfuração, impactação, obstrução, fistula ou complicações
associadas a estruturas ou órgãos adjacentes (via aérea, mediastinite, etc.),
 Suspeita de complicação após procedimento de remoção do corpo estranho
 Auxilio em alguns diagnósticos diferenciais

3.5 Ressonância magnética


Não tem indicação como método de investigação inicial.

3.6 Endoscopia
Pode ser indicado como método diagnóstico e/ou terapêutico. As indicações do exame, na
urgência ou emergência, podem variar conforme cada caso (vide item 4.1).

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4 TRATAMENTO

4.1 Endoscopia

Emergência (realizar o exame imediato):


 Ingestão de bateria que encontra-se no esôfago;
 Ingestão de Ímã com outro Ímã ou peça metálica no trato digestivo superior;
 Impactação esofágica;
 Risco de aspiração;
 Objetos perfurantes ou cortantes.

Urgência (pode na maioria das vezes aguardar o tempo de jejum para o exame):
 Objetos no estômago maiores do que 2,5 cm de diâmetro (2 cm em crianças até 1 ano) ou
longos (maior ou igual a 6 cm);
 Persistência de qualquer corpo estranho no estômago após mais de 24 horas da ingestão;
 Persistência de sintomas esofágicos, mesmo sem evidência de corpo estranho na
radiografia;

4.2 Seguimento

Na alta hospitalar, todos os pacientes devem ser orientados sobre a necessidade de reavaliação
na presença de sintomas de alerta: sialorréia, dor abdominal, sangramento digestivo, náuseas e vômitos
persistentes, febre, especialmente nos casos de ingestão de objetos cortantes ou perfurantes, não
retirados por endoscopia.
Casos de ingestão de objetos de baixo risco, mesmo radiopacos, não precisam ser
acompanhados com radiografias seriadas.
Seguimento com radiografia:

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 Somente para objetos radiopacos;
 Ingestão de bateria: radiografia simples a cada 3 a 5 dias;
 Objetos com risco de impactação ou perfuração (perfurantes, maiores que 2,5 cm de
largura ou 6 cm de comprimento): radiografias diárias;
 Para objetos pequenos e com baixo risco de perfuração não é necessário seguimento com
radiografias seriadas, a menos que apresente algum sintoma de alarme na evolução.

4.3 Intervenção cirúrgica

As complicações que incluem obstrução, perfuração ou fístula são tratadas conforme as


particularidades de cada caso, podendo ter abordagem cirúrgica convencional ou por técnicas menos
invasivas (endoscopia, laparoscopia, toracoscopia, etc);
A não progressão de objeto perfuro-cortante por mais de 3 dias ou de outro objeto por mais de 1
semana também pode exigir algum tipo de intervenção invasiva.

4.4 Critérios para internação e/ou acionamento da retaguarda ou médico do paciente

São critérios para acionar retaguarda e internação do paciente:


 Após remoção endoscópica em que a complexidade do procedimento realizado exija
algum tempo de observação em regime de internação hospitalar;
 Necessidade de intervenção cirúrgica;
 Presença de complicações associadas.

Bases fundamentais

Radiografia simples para investigação do corpo estranho radiopaco deve incluir todo o trato
digestivo, especialmente a região cervical, uma vez que o esôfago proximal é o local mais frequente de
impactação de corpo estranho no esôfago.
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As condições de indicação da endoscopia, urgência ou emergência, leva em consideração o risco
para complicações, seja pelas características do objeto (cortante, perfurante, composição toxica),
impactação esofágica ou sintomas de complicação.
Nas situações de maior risco, o seguimento com radiografia é realizado em intervalos mais curtos
até a eliminação do objeto ingerido. Por outro lado, quando o objeto não oferece risco, não há
necessidade de exame de controle ou reavaliação para serem feitas no pronto atendimento.
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5.1 Ingestão de Corpo Estranho (não bateria)

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5.2 Ingestão de Bateria

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6 MEDIDAS DE QUALIDADE

 Retorno do paciente no PA para exame ou seguimento em desacordo com as diretrizes e sem


justificativa;

 Indicação adequada de endoscopia de emergência ou urgência;

 Qualquer evento adverso ou evolução com complicações em casos de ingestão de corpo


estranho;

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Litovitz T, Whitaker N, Clark L, White NC, Marsolek M. Emerging battery-ingestion hazard:


clinical implications. Pediatrics. 2010 Jun;125(6):1168–77.
2. Litovitz T, Whitaker N, Clark L. Preventing battery ingestions: an analysis of 8648 cases.
Pediatrics. 2010 Jun;125(6):1178–83.
3. Digoy G. Diagnosis and management of upper aerodigestive tract foreign bodies.
Otolaryngologic clinics of North America. 2008;41(3):485-96,
4. Smith MT, Wong RKH. Foreign bodies. Gastrointestinal endoscopy clinics of North America.
2007;17(2):361-82
5. Ikenberry SO, Jue TL, Anderson M a, et al. Management of ingested foreign bodies and food
impactions. Gastrointestinal endoscopy. 2011;73(6):1085-91.
6. Uyemura MC. Foreign body ingestion in children. American family physician. 2005;72(2):287-
91.

7. APÊNDICE

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Indicação de Endoscopia

QUANDO INDICAÇÃO

Emergência  Risco de aspiração ou obstrução VA


 Objetos perfurantes, cortantes ou baterias no esôfago
Urgência  Objetos no esôfago (não perfurocortantes ou bateria)
 Objetos grandes que não ultrapassam o duodeno
 Paciente sintomático
 Alimento no esôfago com obstrução parcial
 Ímãs
 Perfurocortantes ao alcance do endoscópico
 Baterias no estômago
Não-urgência  Objetos rombos e pequenos no estômago (indicação se persistir no
estômago)
 Baterias pequenas (≤12mm) no estômago
 Impactação de alimento resolvida

8. ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO

Autores: Carlos Eduardo Fonseca Pires, Israel Szajnbok.

RESUMO

Descrição em forma de resumo para acesso em meios alternativos de conectividade como tablets ou
celulares

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ANEXOS

DOCUMENTOS RELACIONADOS

DESCRIÇÃO RESUMIDA DA REVISÃO

00

Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires (21/08/2015 08:47:29 AM) - Diretriz de atendimento nas UPAs

Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires (21/08/2017 09:08:13 AM) - Diretriz atualizada.

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