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UNIVERSIDADE FEDERAL DO

TOCANTINS
HOSPITAL DE DOENÇAS TROPICAIS
Tipo do POP.DM.003 - Página 1/4
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Documento
Título do PUNÇÃO LOMBAR NA PEDIATRIA Emissão: 12/12/2020 Próxima revisão:
Documento Versão: 001 12/12/2022

1. OBJETIVOS
Padronizar as condutas no serviço de pediatria do Hospital de Doenças Tropicais da
Universidade Federal do Tocantins HDT/UFT para realização de punção lombar.

2. MATERIAL

 Luva estéril;
 Solução degermante (polvidine/clorexidine);
 Campo estéril;
 Gazes;
 Agulhas de punção;
 Frascos para coleta de material;
 Caso seja importante a medida da pressão liquórica, providenciar um manômetro.

3. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

 O procedimento pode ser realizado com o paciente sentado ou deitado em decúbito lateral.
Esse passo também é fundamental para o sucesso e a redução do risco de complicações. O
paciente bem posicionado facilita a inserção da agulha, torna o procedimento mais rápido e
potencialmente menos doloroso.

 Caso a criança seja cooperativa (normalmente após os 7 ou 8 anos) e não necessite de


sedação vigorosa para o procedimento, peça para ela ficar sentada, com as pernas cruzadas,
com o tronco fletido para frente e o queixo junto ao tórax. Caso essa posição não seja
possível, utiliza-se o decúbito lateral, com as pernas e cabeça fletidas de encontro ao tronco.
É aconselhável haver uma pessoa para imobilizar a criança nessa posição, evitando
movimentações bruscas, que aumentariam o risco de traumatismo, dor e insucesso do
procedimento.

 Com a criança posicionada, o próximo passo é o reconhecimento da anatomia. Palpe a


coluna e a crista ilíaca. O espaço intervertebral situado na altura da crista ilíaca costuma ser
o L4-L5. Sendo assim, é plausível a punção neste espaço, assim como num espaço
intervertebral acima ou abaixo deste ponto. Lembrar que como a medula termina na altura
da vértebra L1 (nos recém-nascidos ela termina entre L2 e L3), a punção é segura abaixo do
espaço L2-L3 em crianças além da idade pré-escolar e L3-L4 em recém-nascidos.
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 Ao palpar a coluna, neste ponto, o profissional estará sentindo os processos espinhosos das
vértebras. Tais processos espinhosos das vértebras lombares possuem uma angulação para
baixo com relação aos corpos vertebrais, angulação essa que se modifica naturalmente com
o avançar da idade.

 Escolhida a agulha e realizado correto posicionamento e analgesia, introduza a agulha de


punção com o mandril, com o bisel voltado para a espinha ilíaca. Isso é necessário porque,
teoricamente, tal posicionamento do bisel somente afasta as fibras da dura máter e não as
secciona, reduzindo o risco de complicações pós procedimento.

 Em adultos, parece haver correlação entre o calibre da agulha utilizada para punção e a
ocorrência de cefaleia. Porém, em crianças não há dados suficientes que suportem esse
raciocínio. A recomendação é que usemos uma agulha biselada com mandril de diâmetro
máximo de 22 gauge.

 O comprimento da agulha pode ser variável, mas lembramos que, quanto maior ela for, mais
instável ficará durante o procedimento e maior resistência à saída do líquor encontrará, ou
seja, poderá tornar o procedimento mais difícil e prolongado. Existem agulhas de diferentes
combinações de tamanho versus calibre, desenvolvidas exclusivamente para punção
lombar, que devem ser escolhidas de acordo com o tamanho do paciente.

 Puncione visando à introdução da agulha entre os espaços intervertebrais, ou inter


processos espinhosos. Caso haja contato da agulha com o osso, retroceda e reposicione a
agulha.

 Realize a introdução lenta e progressiva da agulha. Em adolescentes e adultos, o tecido com


maior resistência entre a pele e o canal medular é o conjunto dura-máter-ligamento
amarelo. Ao romper essa barreira, é possível sentir a mudança brusca de resistência. Porém,
quanto mais jovem for o paciente, menor será essa diferença de resistência, sendo comum
não ser possível perceber tal fato. Dessa maneira, deve-se introduzir a agulha lentamente,
retirando o mandril periodicamente, por inteiro, para observar se há saída de líquor, o que
indicará o sucesso no acesso ao espaço subaracnóideo.

 Pode ocorrer discreto sangramento pela agulha de punção, decorrente de traumatismo local
durante a inserção. Deixe algumas gotas de líquor drenarem espontaneamente. Caso o
líquor não esteja hemorrágico e a agulha esteja bem locada, haverá certo clareamento. Caso
o sangramento seja maciço e não haja suspeita de hemorragia subaracnóidea (que
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justificaria o líquor hemorrágico), retire a agulha e considere repunção em outro espaço


intervertebral.

 Após o término do procedimento, realize curativo compressivo no local. Em crianças, não há


recomendação de manter repouso em decúbito horizontal, pois isso não reduz a chance de
ocorrência de cefaleia pós-punção lombar.

4. REFERÊNCIAS

Lumbar puncture: Indications, contraindications, technique, and complications in children. Agosto,


2018. Disponível em: www.uptodate.com/contents
2. Local anesthetic and stylet styles: factors associated with resident lumbar puncture success.
Baxter AL et al. Pediatrics. 2006;117(3):876
3. A história do liquido cefaloraquidiano. Tuoto E.A. Anais do XI Congresso Brasileiro de
História da Medicina, outubro 2006
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VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO

01 12/12/2020 Elaboração do Procedimento Operacional Padrão (POP)

Elaboração Data: 12/12/2020


Anyelle Borges de Sousa Feliciana – Médica Pediatra

Validação Data: 30/12/2020


Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente

Aprovação (Nome, Função, Assinatura) Data: 18/12/2020


Maurício Teixeira Martins da Costa Filho – Chefe da Divisão
Médica

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte

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